Crentes: Nenhum Álcool

Oficiais: Nenhuma Glutonaria

Por Hélio de M. Silva, cerca 1997.

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

INTRODUÇÃO

Ninguém se embriague drogue com álcool, crente seja abstêmio de álcool vinho cerveja fermento, oficiais pastores e diáconos também de qualquer glutonaria ou excesso, mesmo em suco de uva

a. É ponto pacífico que a Bíblia veementemente condena ao menos a embriaguez, o excesso do vinho alcoólico (vide c.a). E que os vinhos da época podiam ter muitos nutrientes e baixíssimo teor alcóolico. Mas a Bíblia proíbe até 1 gota desse vinho? Ou permite uma quantidade limitada (digamos, ½ copo de vinho tinto de baixo teor alcoólico?), em ocasiões super especiais?...

b. Pelo menos hoje e na nossa cultura, Rm 14 incontrovertidamente não deixa 1mm de espaço para um crente (que realmente queira servir e obedecer a DEUS o melhor que puder!) beber sequer 1 gota de qualquer bebida que contenha álcool na menor das proporções. Caso encerrado! Daqui em diante, veremos que os crentes de um país e época hipotéticos, onde toda a sociedade visse o álcool como elogiável e necessário e a abstinência total como vergonhosa e má, também não poderiam beber 1 gota de álcool.

b. A fermentação alcoólica nunca é espontânea (como a acética) na natureza, mas sim forçada pelo homem, em condições artificiais. Resulta de degeneração e simboliza o pecado. Josephus e a História mostram que os povos antigos sabiam conservar sucos por dezenas de anos, através de 5 métodos [1] . Até os anos 1600 (!), quase toda a uva da Palestina era transformada em suco não alcoólico e conservado por esses métodos!

c. - oinos (Grego) = YAYIN (Hebraico) = designação genérica para todo líquido direta ou indiretamente proveniente da uva. Pode designar: suco fresco de uva (semelhante a Gn 40:11); suco de uva, conservado e sem álcool; vinho alcoólico (fermentação etílica); ou vinagre (fermentação acética).

c.a. - Há muitos textos mostrando OINOS e YAYIN como tremendamente maus: Pv 4:17; 23:29-30; // Is 56:12; 28:7; Ha 2:5; // Dt 32:24,33; Pv 23:31-33; Sl 58:4; 115:3; Jó 6:4; Os 7:5; Ha 2:15; // Is 5:22; 1 Co 6:10; // Sl 60:3; 75:8; Ia 51:17,22; Jr 25:15; Ap 14:10; 16:19.

c.b - Há outros textos onde OINOS e YAYIN são imensamente bons: Nm 18:11-13; Ne 10:37,39; 13:5,12; Lv 2:11 + Êx 23:18 implicam que fermento era proibido como oferta; Gn 27:28,37; Dt 7:13; 11:14; Pv 3:10; Is 24:7; 65:8; Jz 9:13; Jl 3:18; Sl 104:14,15; Zc 4:7 + Sal 4:7;// Is 55:1; Sl 104:15; Jz 9:13; Ct 7:9; Pv 9:2-4; // Mt 26:26-28; Mc 14:22-24; 1 Co 10:16.

c.c - Conclusão de (c.a) e (c.b): Ou a Bíblia é totalmente inconsistente, ou as 1as. passagens se referem ao venenoso vinho alcóolico, e as 2as. só ao abençoado suco não fermentado da uva!!! [2]

d. Um sacerdote não bebia vinho quando ia ao santuário (Lv 10:8-11); Somos sacerdócio santo (1 Pe 2:5-12), o próprio templo do Espírito Santo de Deus (1 Co 3:16-17), não podemos beber!

e. Um rei não bebia (Pv 31:4-7); Somos reis e príncipes-juízes (Ap 1:4-6; 1 Co 2:14-16), não podemos beber!

f. Ver estudos sobre "Assuntos cinzentos".

Análise de 1 Tm 3:2-3 (Convém , pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma [só] mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; (3) não dado ao vinho):

- "Vigilante" (NEPHO) realmente significa ser abstêmio, ser [sempre] livre da influência de intoxicantes, ser [sempre] de mente alerta e vigilante, ser sóbrio, comedido, temperante.

- "Sóbrio" (SOPHRONA) realmente significa ser [sempre] de mente sã, prudente, em controle próprio.

- "Não dado ao vinho":

-- O caráter do vinho não é mencionado, nem dito único, nem condenado!... Porque não entendê-lo como não alcoólico, como emblema de bênção, de conforto e de abastança? Que motivos secretos você tem? Por que querer que este vinho seja o venenoso, o intoxicante, o contendo droga animalizante, o que altera o controle dos sentidos, mente, carne, e alma?...

-- A Bíblia uniformemente condena o excesso sensual [3] (mesmo com o que é de natureza absolutamente benéfica, como o bom alimento) e condena o gasto excessivo, acima das posses, com coisas caras e evitáveis (idem).

-- Podemos perfeitamente entender "não dado ao vinho" como Deus ordenando que o pastor, o exemplo para o rebanho, não deve ser dado, não seja obcecado e dominado pelos prazeres sensuais do bom comer coroado com o puro e caríssimo suco de uva, Deus tolerando com tristeza que nem todo outro crente seja um exemplo nesta área. Mas como nem de longe entender que este vinho é o alcoólico, que o pastor não deve ser dado a ele, mas que aos demais crentes é tolerado que sejam dados ao vinho alcóolico??? Se o vinho daqui fosse mau e os crentes não pastores pudessem se intoxicar embriagando-se com ele, a ordem de Deus seria em tudo análoga a Deus dizer que o pastor tinha que ser homem de uma só mulher, mas os outros crentes podiam ter muitas mulheres!... O vinho ao qual os pastores de 1 Tm 3:3 não devem ser dados, é o puro suco de uva, fresco ou preservado, não fermentado.

Análise de 1 Tm 3:8 (Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância;): Além das 3 explicações, logo acima, para "Não dado ao vinho" (releia-as), temos:

- A ênfase pode ser posta na palavra muito, de "não dado a muito vinho". Isto posto, podemos muito bem entender que "vinho" se refira ao puro suco de uva, Deus ordenando que o diácono não se exceda neste líquido benéfico e delicioso, pois isto seria gula, seria mau exemplo para o rebanho, e, sendo bastante caro, poderia desequilibrar e comprometer seu salário e sua família. Deus toleraria com tristeza que os demais crentes não sejam um exemplo perfeito nesta área. Mas como poderíamos nem de longe entender que "vinho" se refira ao vinho alcoólico, Deus ordenando que o diácono não se embriague e se intoxique muito com a terrível droga do álcool (só poderia se etilizar "um pouco"...), deixando margem aos demais crentes muito se embriagarem e intoxicarem com tal veneno que, direta ou indiretamente, relaciona-se com 1/3 de todas as mortes [e outras terríveis tragédias]???!!!... Se o proibido foi a grande quantidade ("muito") do que é mau (se o vinho em pauta foi o alcoólico), então poderíamos ser cobiçosos de ganância não exatamente torpe, poderíamos ser dissolutos desde que não muito, poderíamos adulterar desde que não muito, etc.! Não, álcool está fora de questão. O vinho do qual os diáconos de 1 Tm 3:8 podem usar mas não se excederem, é o puro suco de uva, fresco ou preservado, não fermentado.

Em resumo: Um resgatado pelo Senhor não deve se drogar com sequer 1 gota de vinho ou outra qualquer bebida alcoólica. De todos os crentes Deus deseja, e dos pastores e diáconos exige, que não se excedam no desejar e no comer e beber mesmo dos mais puros e totalmente benéficos alimentos, sucos, etc., pois isto lhes faria sensuais glutões, seria mau exemplo e mau testemunho, e poderia desequilibrar e comprometer seus salários e suas famílias. Também se deseja de todos os crentes e se exige dos pastores e diáconos não terem relação alguma com o comércio dessas bebidas.

"Wines in the Bible, or the Fermentation Laws", de William Patton, apresenta excelente análise científica, histórica, gramatical e exegética do assunto, analisando todos os versos onde aparecem palavras relacionadas com vinho.


[1] O método que nos é mais familiar era o por o suco em garrafões (de cerâmica, metal, etc.), aquecer em banho maria e depois lacrar hermeticamente (com rolha fervida e com cera derretida). Odres de couro também podiam ser tratados com fumaça de enxofre e usados para viagens.

[2] Responda: por que muitos teimam que vinho é sempre alcoólico na Bíblia?... (um contra-exemplo perfeito: em Gn 40:11, Faraó toma é suco de uva espremida na hora. Quase nenhum egípcio provava álcool, mas todos eles deliciavam-se com suco de uva não fermentado, quer fresco, quer conservado).

[3] Existiam pessoas que, nos festins, se empanturravam com as melhores iguarias, até não poderem mais, depois iam para fora e provocavam-se vômitos para esvaziarem os estômagos, somente para então poderem se empanturrar novamente... Deus condena a glutonaria, o comer em excesso e somente por culto ao prazer sensual. Deus condena a gula e o glutão. Pena que isto seja tão negligenciado pelos crentes e pela pregação de hoje...