AS SETE GRANDES ALIANÇAS E A NOVA ALIANÇA

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

Introdução:

 

1) Uma Aliança é um pronunciamento soberano de Deus através do qual ele estabelece um relacionamento de responsabilidade:

 

1. Entre ele mesmo e um indivíduo (Na Aliança com Adão, Gn 3.14-19);

2. Entre ele mesmo e a humanidade em geral (Aliança com Noé, Gn 8.20-9.27, cf. 9.11;

3. Entre ele mesmo e uma nação (Aliança com Israel, Êx 19-30, cf. 19.5-8;

4. Entre ele mesmo e uma família humana específica (Aliança com Davi, 2 Sm 7.5-19, cf. v. 16.

 

2) Uma Aliança pode sobrepor-se às outras, por exemplo, a Aliança com Davi, onde foi prometida uma contínua casa real com bênçãos no fim, não só a Davi, mas também a todo mundo no reino do descendente de Davi, Rei e Senhor, Jesus Cristo.

 

A Aliança pode ser:

 

1. Incondicional ou de declaração, Gn 9.11 "Eu estabeleço";

2. Condicional ou recíproca, Êx 19.5 "se guardardes".

 

As Alianças

 

1) Aliança no Éden, Gn 1.26-30; 2.15-17. Condicionava a vida do homem em seu estado de inocência. Seus elementos eram:

 

1. Multiplicar a raça humana;

2. sujeitar a terra;

3. dominar os animais;   4. cuidar do jardim, alimentando-se dos seus frutos e ervas;

5. não comer um único fruto, o que dava o conhecimento do bem e do mal, com a penalidade da morte para a desobediência.

 

1) Aliança com Adão, Gn 3.14-19. Condicionava a vida do homem após a queda, dando-lhe a promessa de redenção cf. Rm 8.21. Seus elementos eram:

 

1. A serpente, instrumento de Satanás, é amaldiçoada, v.14; Rm 16.20; 2 Co 11.3,14; Ap 12.9. Advertência dos efeitos do pecado, o mais lindo torna-se o mais repugnante. Em Nm 21.5-9 o mais profundo mistério da cruz de Cristo está tipificado pela serpente de bronze, Cristo feito pecado por nós ao assumir o castigo que nós merecíamos. Jo 3.14-15; 2 Co 5.21.

2. A primeira promessa de um redentor, v.15. Aqui começa o caminho da semente: Abel, Sete, Noé (Gn 6.8-10), Sem (Gn 9.26-27), Abraão (Gn 12.1-4), Isaque (Gn 17.19-21), Jacó (Gn 28.10-14), Judá (Gn 49.10), Davi (2 Sm 7.5-17), Cristo (Is 7.10-14; Mt 1.1,20-23; Jo 12.31-33; 1 Jo 3.8).

3. A condição da mulher mudou (v.16) em 3 aspectos:

a) Dor na concepção;

b) dor no parto;

c) senhorio do marido. cp. Gn 1.26-27. A desordem do pecado faz necessário que haja um senhorio, no lar ele é concedido ao homem. Ef 5.22-25; 1 Co 11.7-9; 1 Tm 2.11-14.

4. O trabalho leve do Éden (Gn 2.15) mudou para trabalho cansativo (3.18-19), por causa da maldição lançada sobre a terra (3.17).

5. O inevitável sofrimento da vida. v.17.

6. A brevidade da vida e a certeza trágica da morte física de Adão e de todos os seus descendentes (v.19; Rm 5.12-21). É importante destacar também a morte espiritual. Gn 2.17; Ef 2.5.

 

2) Aliança com Noé, Gn 9.1-19. Reafirma as condições do homem caído conforme anunciadas na Aliança com Adão, e institui o princípio do governo humano para reprimir a expansão do pecado, uma vez que a ameaça do juízo divino em forma de outro dilúvio havia sido removida. Os elementos da Aliança são:

 

1) O homem torna-se responsável pela proteção da santidade da vida humana, através de um governo ordeiro sobre o homem individualmente, até a pena capital. v.5-6; Rm 13.1-7.

2) Nenhuma maldição adicional sobre a terra e, a garantia de nunca mais haver outro dilúvio universal. Gn 8.21; 9.11-16.

3) A ordem da natureza é confirmada. Gn 8.22; 9.2.

4) A carne dos animais é introduzida na dieta dos homens (Gn 9.3-4). Presume-se que o homem fosse vegetariano antes do dilúvio.

5) Uma maldição é pronunciada sobre Canaã, um dos filhos de Cão, e seus descendentes. Seriam servos dos seus irmãos. Gn 9.25-26.

6) Sem terá um relacionamento peculiar com Deus e dominará os seus irmãos (Gn 9.26-27). Toda a revelação divina é através dos homens semitas, e Cristo, segundo a carne, descende de Sem.

7) Jafé teria o favorecimento especial de Deus, v.27. De um modo generalizado os povos jafistas, europeus e asiáticos, tem sido o berço de governos, ciências e artes, de modo que a história é o registro incontestável da verdade destas declarações.

 

3. Aliança com Abraão, Gn 12.1-3; confirmada em Gn 13.14-17; 15.1-7,18-21; 17.1-8. Trata da fundação física e espiritual de Israel, impondo condições aos que quisessem pertencer ao Israel espiritual. Possui os seguintes elementos:

 

1) Abraão tornar-se-ia uma grande nação:

a) De modo natural, Gn 13.16, Jo 8.37;

b) de modo espiritual, em todos os homens regenerados. Jo 8.39; Rm 4.16-17; 9.7-8; Gl 3.6,7,29;

c) como pai de outras nações que por ele vieram a existir: Ismael (árabes), Gn 17.18-20; e os descendentes de Esaú (tribos nômades).

2) A benção de Deus estaria sobre ele e os seus descendentes:

a) Em sentido temporal ou material, Gn 13.14,15,17; 15.18; 24.34-35;

b) em sentido espiritual, na vida eterna conferida aos remidos, Gn 15.6; Jo 8.56; Gl 3.13-14; Rm 4.1-5.

3) A exaltação do próprio nome de Abraão, Gn 12.2. A importância do homem Abraão é indiscutível.

a) Através dele variadas bênçãos seriam dadas para muitos, Gl 3.13-14.

b) Uma benção especial estaria com aqueles que fossem bondosos para com Abraão. Por implicação, à nação de Israel; e, por extensão, o grupo dos regenerados (igreja de Cristo), que são filhos espirituais de Abraão. Gn 12.3

c) Uma maldição cairia sobre os que de igual modo amaldiçoassem a Abraão, nas mesmas implicações do ponto acima.

d) "Na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra..." Gn 12.3. O filho de Abraão, Jesus Cristo seria o redentor da humanidade. Gl 3.16; Jo 56-58; At 2.5-11. O próprio crente seria transformado à imagem moral de Cristo e, ainda, participando da sua natureza divina. Rm 8.29; 2 Co 3.18; 2 Pe 1.4; Ef 1.23, 4.13.

 

4) A Aliança com Moisés, Êx 19-30. É apresentada para ensinar como se devia viver a vida, terminou por ser motivo de morte e condenação. É apresentada em duas partes:

 

1) Lei do dever. Os dez mandamentos.

2) Lei da misericórdia, sacerdócio e sacrifícios. Lv 4.27-31; Hb 9.1-7.

3) Foi dada aos filhos de Israel, Êx 19.3; e a todos os homens, Rm 2.12; 3.19.

4) Seu propósito era:

a) Negativo: condenar os homens, Rm 3.19-20; Gl 2.16-21.

b) Positivo: alertar sobre o pecado, Rm 3.19; 7.7-13.

4) A relação entre Cristo e a Aliança com Moisés:

a) Está debaixo desta Aliança, Gl 4.4; Mt 3.13.

b) Obedeceu-a, Jo 8.46; 15.10.

c) Suportou sua maldição pelos pecadores, Gl 3.10-13; 4.4-5; 2 Co 5.21.

d) Substituiu-a terminando com o sacerdócio e sacrifícios, Hb 9.11-15; 10.1-12.

e) A Nova Aliança providenciada para os crentes em Cristo, Rm 8.1; Gl 3.13-17.

 

5. A Aliança Deuteronômica, Dt 28-30. Prometeu a restauração de Israel no tempo devido. Apresenta as condições sob as quais Israel entrou na terra prometida. É importante notar que Israel ainda não havia tomado a terra sob a Aliança incondicional feita com Abraão (cp. Gn 15.18 c/ Nm 34.1-12). Possui sete elementos:

 

1) Dispersão por causa da desobediência, Dt 30.1; 28.63-68; cp. Gn 15.18.

2) futuro arrependimento de Israel quando estiver na dispersão, Dt 30.2.

3) A volta ao Senhor, Dt 30.3; Am 9.9-15; At 15.14-17.

4) A restauração da terra, Dt 30.5; Is 11.11-12; Jr 23.3-8; Ez 37.21-25.

5) A conversão de toda nação, Dt 30.6; Os 2.14-16; Rm 11.26-27.

6) julgamento dos opressores de Israel, Dt 30.7; Is 14.1-2; Jl 3.1-8; Mt 25.31-46.

7) A prosperidade nacional, Dt 30.9; Am 9.11-15.

 

6. A Aliança com Davi, 2 Sm 7.8-17. Estabeleceu a perpetuidade da família e do reino de Davi, cumprido em Cristo como Rei, Mt 1.1; Lc 1.31-33; Rm 1.3. Isso inclui o reino milenar,(Zc 12.8; At 15.14-17; 1 Co 15.24) que tipifica o reino eterno de Cristo. Suas previsões principais são as seguintes:

 

1) Garantia de posteridade à família de Davi, v.12,16.

2) Haveria um trono, isto é, autoridade real, v.16.

3) Haveria um reino, isto é, uma esfera de governo, v.16.

4) Esse governo e reino se estenderiam para sempre, v.16.

5) A obediência era exigida; e por causa da desobediência da descendência de Davi veio a punição divina e a linhagem real quase se perdeu para sempre, não fora a misericórdia de Deus, 2 Sm 7.15.

6) Salvação universal, dos judeus e dos gentios, pelo Rei, Rm 15.12.

7) O Rei legítimo foi coroado de espinhos e crucificado; mas ainda haverá de reinar, At 2.29-30. Essa Aliança foi renovada a Maria, Lc 1.26-38; pelo anjo Gabriel. É imutável, Sl 89.30-37. O Senhor Deus ainda entregará esse trono ao Salvador ressurreto, Lc 1.31-33, At 2.29-32; 15.14-17.

 

7. A Nova Aliança, Hb 8.6-13. Repousa sobre a obra sacrificial e sacerdotal de Cristo, tendo por objetivo garantir a benção eterna e a salvação para os homens. Apesar dos homens não poderem produzir nada que esta Aliança exige, por si mesmos, a verdade é que ela esta condicionada à fé e à entrega da alma nas mãos de Cristo. A Aliança com Moisés fazia exigências difíceis aos homens e não era capaz de dar-lhes força para viverem à altura destas exigências. Na Nova Aliança foi dada a lei do Espírito de Deus que opera no coração e aí as operações íntimas do Espírito dão garantia do cumprimento das condições exigidas. Seus elementos são:

 

1) Moralmente igual a Aliança com Moisés, porém, muito mais eficiente, Hb 7.19 cp. Rm 8.3-4.

2) Estabelecida sobre promessas melhores, isto é, incondicionais. Na aliança com Moisés existe o "se...", Êx 19.5; na Nova Aliança, Deus diz "Eu farei...", Hb 8.10,12.

3) Na Aliança com Moisés, a obediência brotava do temor, Êx 12.25-27; sob a Nova Aliança, a obediência brota de uma mente e um coração dispostos a isso, Hb 8.10.

4) A Nova Aliança garante a revelação pessoal do Senhor a cada crente, Hb 8.11.

5) A Nova Aliança assegura esquecimento completo dos pecados, Hb 8.12; 10.17 cp. 10.3.

6) A Nova Aliança repousa sobre uma redenção consumada, Mt 26.27-28; 1 Co 11.25; Hb 9.11-12,18-23.

7) A Nova Aliança garante a perpetuidade, conversão futura e benção de um Israel arrependido, com o qual a Nova Aliança ainda será ratificada, 10.9 cp. Jr 31.31-40.

 

A Relação de Cristo com as 8 Alianças

 

1. Na Aliança no Éden, Cristo, o "segundo homem" e o "último Adão" (1 Co 15.45-47), retoma todas as coisas que o primeiro Adão perdeu, Cl 2.10; Hb 2.7-9.

2. Na Aliança com Adão Ele é a semente da mulher (Gn 3.15; Jo 12.31; Gl 4.4; 1 Jo 3.8; Ap 20.10) e cumpre suas condições de trabalho penoso (Mc 6.3) e de obediência (Fp 2.8; Hb 5.8).

3. Na Aliança com Noé, Ele cumpre em si de maneira suprema as promessas feitas a Sem, Gn 9.10.

4. Na Aliança com Abraão Ele é a semente, o filho de Abraão obediente até à morte, Gn 22.18; Gl 3.16; Fp 2.8.

5. Ele viveu sem pecado na Aliança com Moisés e levou por nós a sua maldição, Gl 3.10-13.

6. Ele viveu obediente como um judeu na terra sob a Aliança Deuteronômica, e vai realizar suas graciosas promessas, Dt 28.1-30.9.

7. Ele é a semente, o herdeiro e o rei da Aliança com Davi, Mt 1.1; Lc 1.31-33.

8. O seu sacrifício é o fundamento da Nova Aliança, Mt 26.28; 1 Co 11.25.