ASPECTOS DO NOVO PACTO

HB 8.8-13

Esboço extraído de "Pontos Salientes", "Revista Anual da Juerp – JUNTA DE EDUCAÇÃO RELIGIOSA E PUBLICAÇÕES", CASA PUBLICADORA BATISTA, Rio de Janeiro, 1980, 3º Trimestre. Ampliado e adaptado pelo Pr. José Antônio Corrêa.

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

Texto: "8 Porque repreendendo-os, diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá um novo pacto. 9 Não segundo o pacto que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; pois não permaneceram naquele meu pacto, e eu para eles não atentei, diz o Senhor. 10 Ora, este é o pacto que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo; 11 e não ensinará cada um ao seu concidadão, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior. 12 Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados não me lembrarei mais. 13 Dizendo: Novo pacto, ele tornou antiquado o primeiro. E o que se torna antiquado e envelhece, perto está de desaparecer", Hb 8.8-13.

 

INTRODUÇÃO:

1. A palavra "pacto", vem dos termos "tyrb beriyth" – hebraico e "diayhkh diatheke" – grego, e tem como significado "aliança", "tratado", "acordo", "convenção", "testamento". O pacto sempre envolve duas pessoas. Não há como fazê-lo se não houver uma outra parte acordante. É o que acontece no casamento! Quando um homem e uma mulher se unem através do matrimônio, lavra-se um documento (condições de um acordo), que em nossa lei é chamado de "Certidão de Casamentos". No Antigo Testamento, Deus realizou muitos pactos com o homem. Basta lembrarmos dos pactos de Deus com Adão, Abraão, Isaque, Jacó, Noé e tantos outros. Porém um dos pactos mais importantes, foi o Pacto do Sinai, onde Deus estabelece condições para a nação de Israel, que sendo obedecidas por ela redundaria em bênçãos sem medida.

2. Hoje, como povo de Deus, também estamos debaixo de um pacto, de uma aliança. É a aliança que foi feita através do nosso Senhor Jesus Cristo, mediante o seu sangue derramado no Calvário. O Novo Pacto, como é chamado foi firmado pelo Senhor na noite em que foi traído, conforme relato de Paulo aos coríntios, 1 Co 11.23-25, "23 Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; 24 e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. 25 Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim". Evidentemente, o apóstolo fazia menção daquela última ceia que o Senhor realizou com seus discípulos, quando Ele proferiu as palavras deste Novo Pacto, Mt 26.27-28, "27 A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; 28 porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados".

 

3. No texto lido, observando o verso 9, temos: "Não segundo o pacto que fiz". Podemos dizer que o Novo Pacto nos apresenta aspectos bem diferentes da antiga aliança. Não há dúvidas de que pelo menos podemos encontrar quatro diferenças entre eles na palavra profética. Queremos ver nesta noite:

 

"AS DIFERENÇAS MARCANTES ENTRE O ANTIGO E O NOVO PACTO DE DEUS COM SEU POVO"

 

I. ENQUANTO QUE O VELHO PACTO ERA MATERIAL, O NOVO PACTO É ESPIRITUAL

 

1. "O velho era material. Era externo. A nova aliança é interna, escrita na mente, no coração. A velha não atingia o coração do homem. Um homem podia seguir o rito do Velho Pacto e fazer um sacrifício ao pé da letra e continuar a guardar todo o pecado em seu coração. Se ele obedeceu à forma externa, a lei o chamava justificado. O pecado o enganava. Isso não é possível no novo pacto. A referência ao entendimento e ao coração assegura uma mudança no desejo da mente e do coração. Não há tantas leis especificas, mas muito melhor, Deus orienta a mente e a consciência" (Pontos Salientes).

2. A materialidade do velho pacto foi mostrada através de leis e preceitos escritos e que precisavam ser cumpridos à risca, se o povo quisesse ser abençoado por Deus. A não observância de tais preceitos conduziria a nação, e consequentemente o cidadão individual às maldições transcritas pela lei. A lei era "seca". Obedecendo, o homem era feliz; desobedecendo caia em desgraça!

3. Porém, como sabemos, o povo de Deus não cumpriu a sua parte, até mesmo devido a intransigência da própria lei, incapaz de ser observado pelo homem pecador. A lei em si mesmo era santa, proclamada por um Deus Santo, mas não podia ser guardada, observada pelo homem pecador. Se a justificação do pecador era possível somente ao guardar os preceitos legais, isto se tornou impossível, pois o homem não cumpriu a sua parte em razão de sua natureza pecaminosa herdada de Adão. O mero ouvir dos preceitos legais não poderia levar o homem a qualquer lugar, mas sim uma postura de obediência irrestrita aos mandamentos escritos, "Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados", Rm 2.13.

4. Já no Novo Pacto, a Lei foi escrita não em tábuas de pedra, mas nos corações daqueles que o aceitaram, mediante o lavar regenerador do sangue do Cordeiro. Estas condições foram anunciadas por Deus através de seus profetas:

a) Jeremias, "33 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. 34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei", Jr 31.33-34.

b) Ezequiel, "26 Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. 27 Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis", Ez 36.26-27.

5. Olhando atentamente para estas profecias, podemos observar a singularidade deste Novo Pacto, que em sua essência, estava ainda a obediência do homem, mas não um obediência a preceitos legais secos, sem vida, e sim a obediência a Deus.

 

II. ENQUANTO QUE NO VELHO PACTO DEUS SE RELACIONAVA COM A NAÇÃO, NOVO PACTO É PESSOAL

 

1. "Os profetas do Velho Testamento reconheceram a falha da lei neste ponto. Não houve um relacionamento pessoal entre Israel e Deus. Deus era o Deus da nação, não das pessoas. A própria lei somente permitia ao sumo sacerdote entrar uma vez por ano na presença de Deus. No novo pacto "todos me conhecerão". A salvação é pessoal. Cabe a cada pessoa o privilégio de conhecer a Deus pessoalmente. por meio de Jesus Cristo — o grande mediador da nova aliança" (Pontos Salientes).

2. Que o relacionamento de Deus no Velho Testamento era nacional, não precisamos duvidar! Basta olhar para a História Bíblica, e o próprio comportamento dos profetas ao trazerem a revelação divina, que iremos constatar esta verdade sem quaisquer questionamentos. A Palavra de Deus com raras exceções, tinha cunho nacionalista. Sempre vemos Deus falando à nação, nunca ao indivíduo! Observemos alguns textos nos transmitem este caráter da revelação de Deus:

a) Jz 2.20, "Pelo que se acendeu contra Israel a ira do Senhor, e ele disse: Porquanto esta nação violou o meu pacto, que estabeleci com seus pais, não dando ouvidos à minha voz".

b) Is 1.4, "Ah, nação pecadora, povo carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos que praticam a corrupção! Deixaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, voltaram para trás".

c) Os 4.6, "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos."

3. Nos textos acima podemos notar a incidência das expressões "esta nação", "meu povo", que são expressões que designam o relacionamento de Deus, não com o israelita em particular, mas com seu povo em geral.

4. Já no Novo Pacto, o relacionamento de Deus com o homem é de maneira particular. Deus agora não trata com a nação, com o "povo", mas com o indivíduo, que pela cruz tem acesso direto ao Senhor. No Novo Pacto, a minha oração, intercessão e comunhão ocorre de maneira pessoal. Embora possamos ter comunhão com Deus como igreja reunida, como povo de Deus, nosso relacionamento será sempre na base pessoal, individual. Observe abaixo os seguintes textos:

a) Mt 6.6, "Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará".

b) Rm 5.2, "por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus".

c) Hb 10.19, "Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus".

5. Observando os textos em destaque, podemos ver que não mais aparece a figura do sacerdote, ou qualquer outro representante do povo diante de Deus, como acontecia no Velho Testamento, mas o filho de Deus no Novo Pacto, pode chegar à presença de Deus sozinho. Aliás, para que isto fosse possível, Deus já chegou até nós, através do seu Espírito Santo que habita em nosso corpo, facilitando assim, nossa comunhão pessoal com Ele, 1 Co 3.16, "Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" Mediante o Espírito de Deus, que hoje habita em nós, podemos entrar numa comunhão pessoal e direta com o Senhor, o que se torna difícil como povo, como igreja, uma vez que nem todos podem estar nos mesmo espírito.

 

III. ENQUANTO QUE O VELHO PACTO NÃO PODIA REMOVER O PECADO, NOVO PACTO É PERDOADOR

 

1. "O grande problema do Velho Pacto foi a sua incapacidade de remover o pecado. Por isso o homem nunca conseguiu alcançar a justiça ou o conhecimento de Deus. Os pecados sempre separavam de Deus. A provisão para a remoção ou perdão do pecado é enfática no grego, que emprega dois negativos na frase "de seus pecados não me lembrarei mais". A tradução quer dizer. "De seus pecados não me lembrarei nunca mais". É por causa de sua misericórdia atuante e poderosa na nova, aliança que as aspirações do Velho Testamento se tornam realidades no Novo Pacto. São verdades para o crente: "Lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados" (Is 38.17). "Quanto o oriente está longe do ocidente, tanto tem ele afastado de nós as nossas transgressões" (Sl 103.12).

Dizendo Novo Pacto ele tornou antiquado o primeiro. E o que se torna antiquado envelhece e dá primazia ao novo.

Jeremias, no seu tempo, reconheceu a inutilidade da lei. Em sua época a lei estada caduca e fraca. O termo antiquado não se refere ao tempo, mas ao estado de uso. Uma outra boa tradução seria "gasta". O velho pacto está desvanecendo. Está envelhecido". (Pontos Salientes)

2. Certamente a lei com toda a sua indumentária de preceitos, observâncias, mandamentos, etc., jamais poderia resolver a questão crucial do homem, que é o seu estado de pecado e iniquidade, herdado de Adão. O apóstolo Paulo nos informa que a lei apenas nos serviu de "aio" em nossa busca de Deus, Gl 3.24, "De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados". A palavra "aio", vem do grego "paidagwgov" – paidagogos, e significa "tutor", "guardião". Uma boa explicação de como esta palavra era usada nos templos bíblicos, entre os gregos e os romanos, nos dá a Bíblia Online, SBB: "Entre os gregos e os romanos o nome foi aplicado a escravos confiáveis que foram encarregados do dever de supervisionar a vida e moralidade de meninos que pertencem à classe superior. Aos meninos não era permitido dar qualquer passo fora da casa antes que chegassem à idade adulta". Isto nos mostra a função principal da lei, que não era outra a não ser a de "tutora", nos conduzindo desta forma, à graça de Deus.

3. Paulo escrevendo aos romanos nos diz que a lei jamais poderia justificar os pecados humanos, embora ela venha a nos trazer o conhecimento do pecado, Rm 3.20, "porquanto pelas obras da lei nenhum homem será justificado diante dele; pois o que vem pela lei é o pleno conhecimento do pecado". Tornar o homem consciente de seu pecado diante de Deus, e condená-lo é a função primordial da lei. Porém tal função da lei não pode satisfazer o propósito de Deus que é a salvação do indivíduo, 2Pe 3.9, "O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se".

4. Porém com o Novo Pacto esta questão do pecado foi resolvida de forma plena. Com o seu sacrifício, Jesus liquidou definitivamente o pecado, cumprindo as exigências de Deus. Ele assumiu nossa culpa, e pagou a conta! Foi dentro desta ótica que João apresentou Jesus aos seus discípulos, Jo 1.29, "No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo". Podemos ver esta verdade olhando para outros textos das Escrituras:

a) Rm 5.19, "Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão constituídos justos".

b) Hb 1.3, "sendo ele o resplendor da sua glória e a expressa imagem do seu Ser, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo ele mesmo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas".

c) Rm 8.2-3, "2 Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. 3 Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne condenou o pecado".

d) 1 Co 5.21, "Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus".

5. Certamente, Jesus deu a solução definitiva para o pecado, tornando o homem justo diante de Deus. É evidente que esta justificação ocorrerá apenas para aqueles que a abraçarem com fé, crendo na obra que o Senhor realizou na cruz. A fé é o elemento principal em nossa reconciliação com Deus! É por esta razão que Paulo fala aos romanos: "1 Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, 2 por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus", Rm 5.1-2. Uma vez que "sem fé é impossível agradar a Deus" - Hb 11.6, torna-se necessário buscarmos a fé com insistência para nos relacionarmos com o Todo-Poderoso.

 

IV. ENQUANTO QUE O VELHO PACTO TEVE EXISTÊNCIA NUM TEMPO DETERMINADO, O NOVO PACTO É ETERNO

 

1. "Ele permanece. O homem pode viver eternamente se ele aceitar os termos deste pacto. Nele Deus oferece ao homem comunhão, comunidade, perdão e vida eterna. E muito superior ao velho. É um pacto que Deus deseja estabelecer com o homem. O necessário é que o homem creia. Somente crer, por causa do ministério (te Jesus, Crer em Jesus, o ministro no tabernáculo verdadeiro" (Pontos Salientes).

2. Podemos dizer com certeza que o pacto antigo, era transitório, passageiro, tendo validade apenas para um tempo determinado, cumprindo assim os propósitos de Deus para aquele período da história. Descrevendo o comportamento de judeus radicais, Paulo escreve aos coríntios, "... mas o entendimento lhes ficou endurecido. Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto, permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido", 2 Co 3.14. Paulo está dizendo claramente que em Cristo o velho pacto foi abolido e não havia razão agora para que aqueles judeus continuassem com os antigos rituais. Eles não haviam entendido a revelação divina.

3. Um ponto importante a destacar aqui é o fato de que na hora em que Jesus morreu o véu do templo que separava o lugar santo do lugar santíssimo, rasgou-se de alto a baixo, significando rompimento definitivo da velha aliança, Mt 27.51, "E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam". O lugar de entrada proibida aos israelitas, com exceção do sumo sacerdote que ali comparecia uma vez por ano, agora podia ser pisado por qualquer pessoa, até mesmo os gentios! Um detalhe interessante é que o véu se rasgou de "alto a baixo", e não de "baixo para o alto", o que nos indica uma intervenção divina em sua busca do homem perdido.

4. Se o antigo pacto foi transitório, o Novo Pacto é permanente. Analisemos alguns textos da Palavra de Deus:

a) 2 Sm 23.5, "Pois não é assim a minha casa para com Deus? Porque estabeleceu comigo um pacto eterno, em tudo bem ordenado e seguro; pois não fará ele prosperar toda a minha salvação e todo o meu desejo?" Mesmo vivendo sobre a regência da velha aliança, Davi tinha consciência da promessa de Deus de que em tempos futuros Deus confirmaria o pacto eterno estabelecido com a sua descendência. É por isso que Jesus nasceu da descendência de Davi, e não da linhagem levítica, o que seria lógico, já que os levitas compunham a classe sacerdotal no antigo pacto, Rm 1.3, "...acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne". Observe ainda Lc 1.32-33, "32 Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai; 33 e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim".

c) Hb 13.20, "Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do pacto eterno tornou a trazer dentre os mortos a nosso Senhor Jesus, grande pastor das ovelhas". Observe neste texto novamente a expressão "pacto eterno". Aqui em Hebreus, esta expressão aparece ligada ao "sangue" de Jesus que é o elemento de vínculo deste pacto entre Deus e o homem. É por esta razão que em sua última ceia com seus discípulos Jesus falou sobre "aliança de sangue", Mt 26.28, "pois isto é o meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados". Outro fator interessante é que esta ceia de Jesus com seus seguidores foi um marco significativo e dali para a frente deveria ser observada por eles como igreja instituída, até ao retorno do Senhor em busca de sua Igreja. Similarmente, Paulo usa a expressão "até que Ele venha", 1 Co 11.26. Este fator teria como motivação a lembrança do sacrifício de Cristo, que jamais apagaria de suas mentes dali para a frente. Esta lembrança é tão importante e Jesus assegura que no Reino Eterno, partilharia com seus seguidores de ceia semelhante, Mt 26:29, "Mas digo-vos que desde agora não mais beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco o beba novo, no reino de meu Pai".

 

CONCLUSÃO:

 

1. Vimos a importância do Novo Pacto quando comparado ao Pacto do Sinai. As diferenças observadas entre eles são marcantes, conforme lembramos:

a) Enquanto que o velho pacto apresentou características materiais, o Novo Pacto apresenta aspectos espirituais;

b) No velho pacto Deus se relacionava com o homem de forma nacionalista. Se relaciona com a nação de Israel. Já no Novo Pacto, Deus procura relacionar-se não com um povo, mas com o indivíduo;

c) O velho pacto não podia remover o pecado do homem. O Novo Pacto, tratou com o pecado de forma definitiva;

d) O velho pacto durou apenas o período de Moisés até a vinda do Messias; Já o Novo Pacto tem existência permanente, ou seja sua duração é para sempre.

2. Tanto um pacto, como o outro nos mostra como o Deus de Poder demonstra seu interesse em buscar o homem destruído pelo pecado. Sem a ação de Deus, o homem jamais poderia escapar de sua condição de escravo de suas próprias iniquidades. Sabemos que "... o salário do pecado é a morte...", Rm 6.23. Esta "morte" tem características tanto físicas (morte física – separação do espírito do corpo), como também espirituais (morte espiritual – separação eterna do homem do Senhor). Somente através de Jesus, o Cordeiro imolado no Novo Pacto é que podemos ser restaurados, vivificados novamente. Lembremos que enquanto que o salário do pecado é a morte, "... o dom gratuito de Deus é vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor", Rm 6.23.