COMO ESTÁ SUA VISÃO?
Nm 13.1-33; 14.1-10
Por: Pr. Josias Almeida
Assembleia de Deus - Salto/SP
Pr. José Antônio Corrêa
Finalmente,
depois de pouco mais de dois anos andando em meio ao deserto, Israel estava no
limiar de por os pés na tão sonhada terra prometida. O sonho se realizava.
Apenas um monte os separava da terra.
Deus ordena
a Moisés que envie espias para observarem a terra. Doze homens que formavam a
elite de Israel. Eram destacados príncipes e maiorais do povo. Chefes das
tribos, com grande poder e influência entre eles. Foram designados para
entrarem em Canaã e secretamente espiarem a terra e trazerem a Moisés, um
detalhado relatório de tudo: "E vede que terra é, e o povo que nela habita,
se é forte ou fraco, se pouco ou muito..." (Nm 13:18).
Em um espaço
de quarenta dias, eles ficaram espreitando a terra, desde o deserto de Zim até
Reobe, e calhou que era exatamente os dias das primícias da uva. Colheram um
cacho da fruta que dois homens tiveram que levar.
Foi só isso?
Não. Para a infelicidade, viram ali algo que jamais deveriam ter visto. Três
homens aparentemente altos que habitavam na montanha de Hebrom: Aimã, Sesai e
Talmai, filhos de Anaque, que compunham um povo chamado Anaquins.
Voltaram
trazendo as frutas, e inauguraram até um local: Um produtivo e maravilhoso
vale, a quem deram o nome de Vale de Escol, que significa Belos Cachos de Uvas.
Até ai, a
confiança da conquista era total, pois até nome deram ao local. Só se dá nome a
algo, como por exemplo um filho que nasce ou mesmo um animal de estimação,
quando temos certeza que é nosso.
O problema
começou na chegada deles ao arraial. No momento da entrega do relatório, haviam
dois relatos. Um, feito por Josué e Calebe, que mostrava toda a pompa e beleza
do local, e que serviu para aguçar o desejo de conquista do povo, e outro,
produzido pelos dez espias restantes, que também enumerava as belezas do local,
mas terminava de forma funesta: "O povo porém que habita nessa terra é
poderoso, e as cidades fortes e mui grandes, e também ali vimos os filhos de
Anaque" (Nm 13:28).
Josué e
Calebe ainda tentaram argumentar, mostrando que nada estava perdido, pelo
contrário, a confiança e fé no Deus vivo, lhes levaria a vitória:
"...Subamos animosamente e possuamo-la em herança, por que certamente
prevaleceremos contra ela" (Nm 13:30). Mas não haviam argumentos
capazes de os convencer. A maledicência foi o fator determinante para
abalá-los.
Imagine, a
um passo da terra sonhada e almejada, a apenas poucos metros da vitória
prometida a mais de quatrocentos anos, eles fracassam e voltam a estaca zero.
Tudo por causa de uma visão errada e falsa daqueles espias.
Visão falsa atrapalha a vitória
Aqueles dez
espias fracassaram num momento crucial da história. Tiveram visões erradas e
falsas da terra. Eles mentiram ao povo ao dizer que a terra era infestada de
gigantes: "...a terra pelo meio da qual passamos a espiar, é terra que
consome seus moradores, e todo povo que vimos no meio delas são homens de grande
estatura" (Nm 13:32)
Isso era um
terrível engano, pois se lermos o versículo 22 veremos apenas três homens mais
altos um pouco: Aimã, Sesai e Talmai, os filhos de Anaque. Os demais, eram
pessoas aparentemente comuns, iguais as demais, mas a visão estava tão
desfocada da vitória que "pintaram o diabo mais feio do que ele é".
Aqueles dez
espias, simbolizam hoje os cristãos que tem a visão deturpada acerca da vida
espiritual. O raio de alcance de nosso visão, é o fator maior que determina
nossa fé, e desejo de conquistarmos algo para glória de Deus. Infelizmente, o
desânimo e a visão equivocada, tem poderes muito maiores de convencimento, do
que uma visão real e equilibrada da situação e circunstâncias.
Uma visão
errada, nos faz exagerar o foco de nosso alvo. Eles conseguem enxergar gigantes
onde não existiam gigantes. Apenas três homens um pouco maiores, faz eles verem
um exército de gigantes.
Se
observarmos atentamente, nem aqueles três: Aimã, Sesai e Talmai, eram gigantes
reais. O termo Anaque vem de Anaquins, que significa homens de pescoço
comprido. Eles na verdade eram é "gargantas". Só tinham papo. E uma
pessoa do pescoço comprido, sempre nos dá a impressão de serem altas (vide as
girafas como exemplo). Na verdade, é só papo, é só conversa.
O medo é exagerado
Querido
leitor, veja se você não está fugindo de um adversário irreal. Apenas mostra
grandeza sem ter. É só ilusão de ótica. O inimigo tenta vencer no grito. Mas
não tem a força que propaga ter. Apenas mostra algo que não é, se aproveitando
do pescoço comprido. Se você está enfrentando um inimigo assim, Isaías o
profeta tem uma mensagem para ti: "Toda ferramenta preparada para ti, não
prosperará, e toda língua que se levantar em juízo, tu a condenarás..." (Is.54:17).
É bom que se
diga, que por mais alto que o inimigo tente falar para nos amedrontar, ele usa
meios rudimentares, até medievais. Diz o texto ora citado acima, que ele usa
ferramentas, enquanto nós usamos armas (Ef. 6:11). Nossos meios são mais
eficientes.
Além de ter
o pescoço comprido, que nos causa a impressão de uma altura que não existe, os
três anaquins habitavam nas montanhas de Hebrom. Imagine, alguém pescoçudo,
morando num alto monte... A ilusão de ótica era completa mesmo. Pareciam
gigantes, mas não eram...
Mas o pior
vem agora. Enxergar gigantes onde não existem gigantes é algo complexo, mas
olhar para você, e contemplá-lo como um minúsculo gafanhoto, ai é demais:
"Também vimos ali gigantes, filhos de Anaque, descendentes dos gigantes, e
éramos aos nossos olhos, como gafanhotos, e assim também éramos aos seus
olhos" (Num.13:33).
Complexo de
inferioridade puro. Quando se comparavam a eles, os israelitas se viam como
gafanhotos. Se diminuíram ao extremo, a ponto de se verem como pequenos
insetos. E o pior é que eles se olhavam assim, além de acharem que os anaquins
também os via assim. Como é que descobriram isso? Veja o que o complexo de
inferioridade faz: Até vestir os óculos do adversário e olhar para si mesmo,
como se estivesse do outro lado. Que engano...
Isto custou
muito caro ao povo de Israel. Deus sentenciou que nenhuma daquelas pessoas
entrariam na terra. Apenas Josué e Calebe entrariam, como forma de recompensa
de não se intimidarem e crerem fielmente nas promessas de Jave-Jiré. Os demais,
ficariam peregrinando no deserto, até que seus cadáveres caíssem mortos por lá.
Não entrariam na terra sob nenhuma hipótese.
O sonho de Calebe
Penso eu cá
com meus botões, que Calebe foi quem mais sofreu com isso tudo. Tinha ele
quarenta anos, o auge da plenitude humana. Estava bem preparado para vencer a
guerra, e os pseudos-gigantes, mas teve seu sonho abortado pela incredulidade
dos demais. Isso doeu na pele.
Os anos se
passaram, e Moisés, usado por Deus, prometeu a Calebe que ele, diretamente iria
herdar aquele pedaço onde estavam Aimã, Sesai e Talmai, no alto do monte
Hebrom: "Porém meu servo Calebe, porquanto nele houve outro espírito e
perseverou em seguir-me, eu o levarei à terra em que entrou, e a sua semente a
possuirá em herança" (Num.14:24). Acredito que Calebe sonhou o
resto de seus dias com essa promessa. Afinal, ele esteve na terra, viu como a
terra era maravilhosa, e viu como seria simples vencer aqueles homens
"papudos", pescoçudos, que metiam tanto medo no povo. Ele acalentou esse
sonho por muitos anos.
Talvez assim
esteja acontecendo com você meu amado leitor. Seus sonhos foram embotados por
pessoas que duvidaram das promessas divinas sobre sua vida, e você perdeu a
noção de conquista, e hoje amarga tristezas, rumina o fim de seus ideais. Não
deixe o sonho morrer. Prepare-se, Deus fará cumprir na sua vida o que ele
prometeu. Nem a idade, nem circunstâncias, nem seus fracassos, nem suas
fraquezas, fará Deus desistir de você. Ele te conservará com vida e graça, para
a conquista da terra sonhada.
Termino
agora com Calebe no limiar do cumprimento do sonho: "E ainda hoje estou
tão forte como no dia em que Moisés me enviou; qual era a minha força então,
tal é agora a minha força, tanto para a guerra como para sair e entrar" (Js
14:11).
Nada, mas nada
mesmo era capaz de alterar o sonho de Calebe, nem a idade avançada. Aos oitenta
e cinco anos, subiu a montanha e venceu os atribulados "gigantes".
Ele tinha gana, raça, coragem e venceu: "Mas a Calebe, filho de Jefoné,
deu uma parte no meio dos filhos de Judá, conforme a ordem do SENHOR a Josué; a
saber, a cidade de Arba, que é Hebrom; este Arba era pai de Anaque. E Calebe
expulsou dali os três filhos de Anaque; Sesai, e Aimã, e Talmai, gerados de
Anaque" (Js 15:13, 14).