MORTIFICANDO A CARNE

Cl 3.5-11

 

Extraído de http://revistadominical.sites.uol.com.br/intimidade/licao9.htm

 

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

 

“5 Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência e a avareza, que é idolatria; 6 pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; 7 nas quais também, em outro tempo, andastes, quando vivíeis nelas. 8 Mas, agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. 9 Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos 10 e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; 11 onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos”.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Se desejamos buscar ao Senhor para ter uma maior aproximação Dele, precisamos deixar a vida de pecado habitual. Se persistirmos em buscá-Lo sem abandonar todo mau caminho, não o acharemos, porque O estaremos buscando onde Ele não está.

 

Esta lição pretende dar orientações a todos os filhos de Deus que querem ter intimidade com o Senhor.

 

Veremos que a mortificação na vida diária do cristão é um mandamento, mas por causa dos meios simples que o Senhor disponibilizou para seus filhos, atender tal mandamento, se tornou em um forte estímulo:

 

 

I. RAZÕES PELAS QUAIS DEVEMOS ATENDER AO MANDAMENTO: “MORTIFICAI”

 

Somos salvos pela graça, por meio da fé (Ef 2.8). Isto pode parecer, à princípio, que a nossa salvação independe do nosso comportamento. No entanto, quando Deus salvou o homem, o fez com o propósito de, não somente livra-lo da condenação eterna, mas também, de resgatá-lo do pecado e apresentá-lo apto para o seu serviço e para adoração. Talvez por causa deste pensamento na igreja romana é que Paulo argumentou: “... Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante?” (Rm 6.1). E respondeu em seguida: “De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm 6.2).

 

Vejamos, então, a necessidade da mortificação:

 

1. Porque a natureza dos nossos membros sobre a terra, contrapõe a nova natureza celestial - “Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência e a avareza, que é idolatria” (v. 5) - O pecado de natureza sexual é: Prostituição – “porneia”, que envolve todos os tipos de comportamentos sexuais ilícitos, incluindo desvios e aberrações (Rm 1.24-27). A impureza se refere à intenção imoral. A paixão revela sensualidade, luxúria e lascívia. A concupiscência é o desejo por algo proibido, mas que se persegue para satisfação de desejos carnais impetuosos. Por último, a avareza que é idolatria.

 

Estas práticas se opõem às práticas do novo homem: “E vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24).

 

2. Porque vivendo segundo a carne nos tornamos alvo da ira divina - “pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” (v. 6) – A Palavra do Senhor nos adverte: Aquele que anda nos desejos da carne satisfazendo a sua vontade, atrai para si a ira de Deus.

 

Antes de conhecermos a Deus e de sermos salvos, praticávamos todos os desejos ilícitos da carne, por isto, “éramos por natureza filhos da ira” (Ef 2.3).

 

Podemos definir o que queremos para a nossa vida. Podemos ser filhos de Deus ou “filhos da ira”. Dependendo das nossas práticas diárias.

 

3. Porque viver segundo a carne é próprio de quem nunca nasceu de novo - “nas quais também, em outro tempo, andastes, quando vivíeis nelas” (v. 7) – O pecado é coisa do passado (Rm 6.20,21); corresponde a um estado de ignorância (1Pe 1.14); indica a posição de escravos do pecado (Jo 8.34); revela a condição de pecadores inimigos de Deus (Rm 5.10). No entanto, hoje conhecemos ao Senhor e a sua Palavra, portanto, não justifica mais estas práticas. “Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra”.

 

 

II. RAZÕES PELAS QUAIS SOMOS ESTIMULADOS A ATENDER AO MANDAMENTO: “MORTIFICAI”

 

Muitos cristãos enfrentam grandes dificuldades para viverem de forma vitoriosa sobre o pecado. É que eles tentam vencer a carne, fazendo resoluções e votos prometendo a Deus mudanças no comportamento. Apelam para jejuns e para a força de vontade, mas antes mesmo de saírem do lugar de oração, já voltam a pecar.

 

Veremos nos próximos itens a maneira bíblica de vencer o pecado:

 

1. Não temos que lutar contra a carne, mas apenas despojar dos seus feitos - “Mas, agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos” (vs. 8,9) - Os pecados internos são a ira, a cólera e a malícia. Os externos são a maledicência, as palavras torpes e a mentira. No primeiro caso, se refere aos pecados que se manifestam em nossos sentimentos interiores e, o segundo, a pecados que se manifestam verbalmente.

 

O texto diz que devemos nos despojar destes males do “ego”. Despojar é se desfazer das obras da carne. É se vestir de vestes brancas (Ap 3.4,5).

 

2. Não temos que martirizar o “velho homem”, apenas, num gesto simples, vestir-se do novo - “e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (v. 10) - No argumento contundente do apóstolo, já nos vestimos “do novo” “que se renova”. É uma renovação contínua, fundamentada em novos conceitos e novas virtudes.

 

Não é o abandono de alguns vícios e a aceitação de algumas virtudes. O novo homem é obra peculiar de Deus e segundo Ele “é criado em verdadeira justiça e santidade”.

 

Paulo combate a santidade baseada no ascetismo (realização da virtude, por meio de exercícios de combate ao corpo). Por exemplo: Guardar costumes e combater as paixões da carne, por meio da mutilação do corpo, do autoflagelo e das resoluções. É um esforço que busca controlar as paixões carnais e é totalmente ineficaz. O correto é revestir-se de Cristo e despir-se de tudo que é contrário à sua vontade.

 

A imagem de Deus é recriada no cristão pela aplicação da obra de Cristo em sua vida (2Co 3.18). O novo homem é a própria personalidade do Senhor implantada no cristão pelo Seu Espírito.

 

3. Não temos que vencer a carne com a nossa força, pois Cristo é tudo em nós - “onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos” (v. 11) - Os povos bárbaros e citas eram considerados indomáveis, assim como a nossa natureza.

 

A morte com Cristo na cruz e a união com Ele por meio do batismo, são verdades essenciais que fortalecem o cristão para “matar” o velho homem diariamente (Mc 8.34), como está escrito: “Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia...” (Rm 8.36).

 

Não existem no mundo inteiro desculpas para andarmos pecando, fazendo a vontade da carne e alimentando o nosso egoísmo, pois Cristo é tudo em e para nós. “E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” (2Co 3.4,5).

 

“Cristo não é absolutamente valorizado a menos que Ele seja valorizado acima de tudo” (Agostinho).

 

 

CONCLUSÃO

 

Vimos que a libertação das práticas mundanas e carnais é inteiramente possível, desde que estejamos dispostos a renunciar a nós mesmos.

 

A mortificação é uma necessidade. Não podemos andar fazendo a vontade da carne, pois já nos despimos do “velho homem” e nos vestimos do “novo”, criado por Deus para andar em santidade.

 

A mortificação não depende de esforço da nossa carne, mas da fé aplicada em Cristo que é tudo em todos. Graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo! (1Co 15.57).