CIDADES DE REFUGIO
JS 20.1-9
Extraído: http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/cidadesderefugio.htm
Pr. José Antônio Corrêa
“1 Falou mais DEUS a JESUS: 2 Dize aos
filhos de ISRAEL: Designai para vós as cidades de refúgio, de que vos falei por
intermédio de MOISÉS (Moisés), 3 a fim de que fuja para ali o homicida, que
tiver matado alguma pessoa involuntariamente, e não com intento; e elas vos
servirão de refúgio contra o vingador do sangue. 4 Fugindo ele para uma dessas
cidades, apresentar-se-á à porta da mesma, e exporá a sua causa aos anciãos da
tal cidade; então eles o acolherão ali e lhe darão lugar, para que habite com
eles. 5 Se, pois, o vingador do sangue o perseguir, não lhe entregarão o
homicida, porquanto feriu a seu próximo sem intenção e sem odiá-lo dantes. 6 E
habitará nessa cidade até que compareça em juízo perante a congregação, até que
morra o sumo sacerdote que houver naqueles dias; então o homicida voltará, e
virá à sua cidade e à sua casa, à cidade donde tiver fugido. 7 Então designaram
a Quedes na Galileia, na região montanhosa de Naftali, a Siquem na região
montanhosa de Efraim, e a Quiriate-Arba (esta é Hebrom) na região montanhosa de
Yaohudáh (Judá). 8 E, além do Yardayan (Jordão) na altura de Yericoh para o
oriente, designaram a Bezer, no deserto, no planalto da tribo de Ruben a
Ramote, em Gileade, da tribo de Gade, e a Golan, em Basan, da tribo de
Manassés. 9 Foram estas as cidades designadas para todos os filhos de Israel, e
para o estrangeiro que peregrinasse entre eles, para que se acolhesse a elas
todo aquele que matasse alguma pessoa involuntariamente, para que não morresse
às mãos do vingador do sangue, até se apresentar perante a congregação”.
Introdução
Quando DEUS PAI retirou Israel
(ISRAEL) do Egito, levando-o para Canaã, estabeleceu leis que regulassem as
relações do Altíssimo com os HEBREUS, e destes entre si. Dentre estas leis
estava a "Lei de Talião" - Lei antiga pela qual se vingava o delito
infligido ao culpado o mesmo mal que ele praticara - (Êx 21.23-25), que imputava ao homicida a pena de morte.
Mas o que fazer com aquele que matou
por acidente, sem intenção? Morreria como um homicida qualquer? Promoveu assim
DEUS PAI as cidades de refúgio.
O que eram as Cidades de Refúgio?
As cidades de refúgio representavam,
em linguagem jurídica hodierna, um "habeas corpus" a favor do
criminoso não culpado, ou cujo crime não tivesse sido apurado adequadamente. Em
caso de homicídio, pela lei, caberia ao parente mais próximo do falecido a
responsabilidade de aplicar a "Lei de Talião" ao homicida, e isto
poderia ser feito a qualquer hora e em qualquer lugar, exceto na cidade de
refúgio, onde o homicida que não matara intencionalmente poderia aguardar seu
julgamento em segurança, Nm 35.11,12.
O refugiado não poderia sair da
cidade. Se o fizesse, correria por sua conta o que acontecesse, pois o vingador
o apanharia, e não haveria apelo para ele. A cidade de refúgio protegia tanto
aos filhos de Israel quanto ao estrangeiro (Nm 35.15) e representava para o homicida perseguido e fugitivo,
segurança e descanso ao mesmo tempo, tornando-se assim, um tipo perfeito de
JESUS o Messias, que recebe todos quantos tiverem acesso a Ele (Jo 6.37) uma figura expressiva de JESUS
CRISTO Nosso Salvador. Somente estando em JESUS CRISTO, o refúgio de ULHIM, o
pecador estará para sempre livre da sentença mortífera do pecado (Jo 5.24).
As cidades de refúgio eram bem
fortificadas e muradas, com portas nas extremidades, que podiam ser fechadas
para impedir a chegada do vingador.
A localização das Cidades e seus significados
As cidades de refúgio, em número de
seis, simbolizam a Pessoa de JESUS CRISTO Homem. Seus nomes são simbólicos para
nós, como veremos abaixo. As cidades de refúgio estavam situadas da seguinte
forma: três cidades a oriente e três a ocidente, do lado do Yardayan (Jordão).
DEUS PAI, em Sua misericórdia, não quis deixar o homicida sem um refúgio onde
pudesse escapar do vingador do sangue; pelo contrário, segundo o Seu amor
determinou que essas cidades, fossem situadas de forma a que, sempre que
houvesse necessidade de refúgio, pudesse estar à mão. Como se percebe, as
cidades estavam geograficamente bem distribuídas; além disso, tomou-se o
cuidado de se construir estradas bem pavimentadas, de forma a facilitar ao
máximo o acesso.
Estas cidades eram parte da herança
levítica de 48 cidades (Nm 35.6) e,
portanto, administradas pelos levitas. Segundo determinação do Altíssimo,
haveria seis cidades de refúgio (Êx 35.13;
Dt 19.2,7), três de cada lado do Yardayan (Jordão) (Êx 35.14).
Moisés escolheu as três primeiras (Dt 4.41-43; Js 20.8):
1)
Bezer, no deserto, na
terra plana, território de Rubén (Sudeste) (Dt 4.43; Js 10.8). O nome significa "fortaleza", e
aparece apenas cinco vezes na Bíblia. Para quem vinha do Egito a Canaã, logo ao
atravessar o território de Moabe, avistava Bezer, à distância, por sua
estratégia topográfica. Temos na cidade de Bezer a representatividade do
Odmorul JESUS CRISTO como a fortaleza de todos os que nele confiam. Para quem
sai do Egito e vem a Canaã de ULHIM, é necessário passar por JESUS o Ungido,
Nossa Fortaleza (SL 43.2; Is 52.1; 2Tm
1.7).
2)
Ramote, em Gileade, território
de Gade (Leste) Dt 4.43). Era uma
das cidades mais fortificadas do território gadita. O nome quer dizer
"altura", "exaltado", refere-se a JESUS CRISTO, o nosso
Ramote elevado a mão direita do Pai. O termo aplicado por Paulo
"exaltou" no seu sentido mais amplo quer dizer "elevar às mais
elevadas alturas", "exaltar excelsamente", "exaltar
supremamente", uma expressão enfática que indica a natureza elevadíssima e
grandiosa da exaltação do Ungido (Fp 2.9).
JESUS CRISTO é a principal autoridade universal, superior a todos os nomes que
possam ser mencionados agora e por toda a eternidade. Quando o pecador se aproxima
de JESUS CRISTO, o nosso Ramote espiritual, automaticamente assume uma posição
gloriosa. (Ef 2.5,6)
3)
Golã, em Basã,
território de Manasses (Nordeste) (Js
20.8). Era uma cidade situada numa belíssima planície. O nome de Golã
significa "gozo ou exilo". JESUS, o nosso Golã espiritual, pagou o
preço do desterro, ou seja, de rejeição, para tornar-nos cidadãos dos céus. Foi
rejeitado; pelo mundo (Jo 1.10); por
sua própria nação (Jo 1.21); pelo
seu próprio país (Mc 6.4); por sua
própria cidade (Lc 4.29); por seus
próprios familiares (Jo 7.5); pelos
escribas, sumo sacerdotes e anciãos (Lc
9.12) e pelos seus próprios seguidores (Mc 14.71).
As
outras três foram escolhidas por Israel, sob o comando de JESUS filho de Num (Josué)
(Js 20.7):
1)
Quedes, na região da Galileia,
território de Naftali (Norte) (Js 20.7)
Em quedes contemplamos JESUS CRISTO, o Santo de ULHIM, que é refugio para os
impuros (Ap 3.7). O atributo que
preconiza JESUS o Ungido como filho de DEUS é sua natureza santa (Jo 8.46). Ele é a santidade requerida
aos fiéis (1Pe 1.16).
2)
Siquem, na montanha,
território de Efraim (Centro-oeste, cerca de 70 Km ao Norte de JERUSALÉM) (Js 20.7) Esta cidade está plantada num
vale fertilíssimo. E é a primeira cidade mencionada no livro de Gênesis (Gn 12.6). Foi ali que YAOHUcaf enterrou
os deuses estranhos, sob o carvalho Gn
36.1-4). Nesta cidade de refugio encontramos tipologicamente JESUS CRISTO
tendo o principado sobre os seus ombros (Is
9.6); Ele é o príncipe da vida (At
3.15); príncipe salvador (At 5.31);
príncipe e Juiz (At 7.27), príncipe
da salvação (Hb 2.10) e príncipe dos
reis da terra (Ap 1.5) Em Siquem
temos a vitória sobre todo principado e potestades da trevas.
3) Hebrom, na montanha, território de
Judá (Sul-sudeste, aproximadamente 36 Km ao Sul de JERUSALÉM)
(Js 20.7). Cidade de refugio
importantíssima ao sul de Canaã. O nome moderno de Hebrom é El-Kalil, "o
amigo". A Bíblia faz 69 referências a ela e significa "união",
"companhia", "camaradagem" - temos nesta cidade de refugio
um tipo de JESUS CRISTO como o nosso melhor amigo e companheiro (Lc 7.34; Jo 11.1; Jo 15.13,15; Sl 27.10). Muitas vezes as cidades de
refugio são mencionadas na Escrituras. Elas nos lembra JESUS o Ungido, o
perfeito refugio, que nos salva da ira de ULHIM. (Dt 19.1-14; 1Co 6.54-81;
Nm 35.9-28).
As cidades de refugio eram um
resultado da misericórdia de DEUS PAI, que dura para todo o sempre. Estejamos
sempre prontos a proclamar JESUS CRISTO a todos os povos, porque de todos os
povos Ele é o perfeito refúgio.
Segurança na Cidade
Ao determinar a construção das seis
cidades de refugio, DEUS PAI não estava querendo com isso proteger o assassino,
mas dar um lugar de refugio àquele que cometia homicídio involuntário. JESUS é
muito mais que aquelas cidades, é o refugio para os culpados. (Jo 1.29)
Todo Hebreu sabia que, caso matasse
alguém sem intenção de fazê-lo, o único lugar onde poderia estar seguro seria
numa cidade de refugio. Entretanto, os levitas, que as administravam, só lhes
davam abrigo uma vez satisfeitas algumas exigências que deveriam ser observadas
antes, durante e após o asilo. Se algum homicida caísse nas mãos do vingador de
sangue, não era por falta de um refugio, mas porque não tinha se utilizado
dele. Estavam tomadas todas as precauções necessárias: as cidades estavam
nomeadas e bem edificadas, e eram publicamente conhecidas. Tudo fora disposto
de forma simples.
No instante em que cruzava a soleira
da porta, o homicida involuntário estava tão seguro quanto a provisão de DEUS
PAI o podia tornar. Se um cabelo da sua cabeça pudesse ser tocado, dentro dos
limites da cidade, isso teria sido uma desonra e um opróbrio infligidos a
ordenação de ULHIM.. Verdade é que devia ter cuidado. Não devia atrever-se a
sair fora da porta. Dentro ele estava perfeitamente seguro. Fora estava
inteiramente exposto. Nem se quer podia visitar os seus amigos. Ansiava pela
morte do sumo sacerdote, que devia restitui-lo a sua herança e ao seu povo.
ULHIM é o nosso refugio (Sl 46.1).
Não somente este salmo, em foco, fala de ULHIM como sendo "nosso
refugio", mas outros textos da Bíblia falam a mesma coisa. (2Sm 22.3; Sl 9.9; 14.6; 18.2; 59.16; 61.3;
62.8; Jr 17.17; Jl 3;16; Hb 6.18). Neste sentido ULHIM é apresentado
metaforicamente como sendo um "lugar de refugio" "lugar de
proteção" e "esconderijo".
Condições para concessão do asilo
Qualquer um podia pedir asilo na
cidade de refugio, inclusive o estrangeiro (Nm 35.15). A concessão, todavia, estava condicionada a natureza do
crime: se culposo, concedia-se o asilo, se doloso, executava-se o homicida. Era
dever do homicida empregar toda a sua energia para alcançar os recintos
sagrados, pois sabia que se o vingador do sangue conseguisse por mão nele, não
haveria esperança. Só havia uma coisa a fazer e essa era escapar para não
morrer, fugir do castigo eminente e encontrar um abrigo seguro dentro das
portas da cidade do refugio. Uma vez ali, nenhum mal o podia alcançar.
A Reclusão
Uma vez conduzido a uma cidade de
refugio, o homicida cumpria sua pena de reclusão por tempo indefinido, enquanto
durasse a vida do sumo sacerdote. Caso o vingador do sangue o encontrasse fora
dos limites da cidade de refugio poderia mata-lo (Nm 35.26,27)
A Duração do Refúgio
Um assassino não podia comprar a vida
por dinheiro, assim também o homicida não podia comprar a sua liberdade. Ambos
haviam concebido a morte de um ser humano e só a morte de um homem podia fazer
a expiação pela morte. O sumo sacerdote de Israel prefigurava o Ministério
Sacerdotal de JESUS (Hb 4.9). Com a
morte do Ungido, o sumo sacerdote, podemos voltar a vida de pureza espiritual e
não temer as acusações de satã. Assim meus amados estamos livres dos vingadores
espirituais e amparados pela lei da liberdade encontrada no sangue revificador
de Nosso Sumo sacerdote JESUS CRISTO (Jo
8.35,36)
A Liberdade do Refugiado
Pela lei, a reclusão na cidade de
refugio estava condicionada a morte do sumo sacerdote (Nm 35.25), quando e somente então o homicida poderia deixar o asilo
sem perder a proteção legal. Se o vingador do sangue o ferisse depois da morte
do sumo sacerdote, cometeria homicídio doloso e seria punido com a morte.
O Sacerdote e o Culpado
É importante ressaltar a harmonia do
simbolismo aqui encontrado. Aquele que por acaso, matasse o seu semelhante,
dependeria, para retornar a liberdade, da morte do sumo sacerdote. JESUS CRISTO
consumou esta obra suprema morrendo pelos pecados do mundo inteiro (Mt 1.12; Jo 1.29). Nesta obra
expiatória figuram a sua morte, ressurreição e ascensão. Com a morte do
sacerdote Ele garante nossa vitória. Como sacerdote vivo e ressurreto Ele nos
garante proteção eterna. Ele não somente morreu por nós como também vive por
nós (Rm 8.34; 4.25; 5.10).
A MORTE DE SUMO SACERDOTE JESUS E NOSSA LIBERDADE
JESUS sendo
o Filho de DEUS, pode oferecer um sacrifício de valor eterno e infinito,
conquistando nossa liberdade espiritual. Ele assumiu a natureza humana,
identificando-se com o gênero humano e assim sofreu o castigo que era nosso, a
fim de que pudéssemos escapar da situação de culpados. Ele, que era sem pecado
por natureza, que nunca havia cometido um pecado sequer em sua vida, se fez
pecado, tomando nosso lugar. "Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado
por nós" (2Co 5.21). Em
primeiro lugar, o homicida, na cidade de refugio, não estava isento de Juízo, (Js 20.5). Mas para o renascido em JESUS
o Ungido não existe e não pode haver juízo, pela razão mais simples de todas as
razões. JESUS CRISTO sofreu o juízo em seu lugar. Por outro lado, havia também
a possibilidade de o homicida cair nas mãos do vingador ao sair fora das portas
da cidade. O renascido em JESUS CRISTO não pode perecer jamais: está tão seguro
como o próprio Salvador. Por fim, quanto ao homicida, era uma questão de
segurança temporária e de vida neste mundo. Quanto aos renascidos em JESUS
CRISTO é uma questão de eterna salvação e vida eterna no mundo vindouro.
Conclusão
Há pelo menos dois aspectos distintos
nas cidades de refúgio que se tomados na sua menção simbólica, nos dão duas
boas lições práticas para a Oholyao de hoje. A primeira diz respeito a cidade -
único refúgio possível contra o vingador do sangue - assim como JESUS é o único
refúgio possível contra as consequências dos nossos pecados (Rm 7.11; 6.23; Jo 3.15). A outra lição
relaciona-se a morte do sumo sacerdote - condição necessária para a liberdade -
que é um tipo claro da liberdade proporcionada pela morte do Ungido (Hb 4.15; 5.9).
Então meu irmão: é tempo de fugir.
Escapa-te para ali. Escapa-te para um lugar de amor e aceitação. JESUS CRISTO.
Nossa cidade de refúgio.