DOUTRINA: DONS ESPIRITUAIS (DOM DE LÍNGUAS)
1CO 14
Extraído: http://doutrinas.blogspot.com.br/2007/07/doutrina-dons-espirituais-dom-de-lnguas.html
Pr. José Antônio Corrêa
Paulo diz que não devemos ser
ignorantes quanto aos dons espirituais (1Co
12.1).
Assim, o estudo de todos os dons,
inclusive o de línguas, é de suma importância para a igreja.
Dom de Línguas é a capacidade, dada
pelo Espírito Santo, de falar em uma língua desconhecida (estranha ao
conhecimento) daquele que fala. É concedida pelo Espírito Santo (At 2.4) e não aprendida. As palavras
não brotam da mente, mas do espírito.
A Bíblia fala de línguas dos homens e
dos anjos (1Co 13.1). Existem hoje,
no mundo todo, cerca de 5.600 idiomas e dialetos. O homem que fala o maior
número de idiomas, fala 55 deles. Ou seja, o maior especialista no assunto,
conhece apenas 1% dos idiomas mundiais. Nem ele está apto para julgar se uma
língua, por mais estranha que pareça, é um idioma falado em alguma parte do
planeta. No dia de Pentecostes, algumas das línguas que os discípulos falaram
foram reconhecidas (13 nações), mas outras possivelmente não.
O dom de línguas é um dos dons mais
característicos da igreja, pois outros dons foram manifestos no AT: Sabedoria (Dt 34.9; 1Rs 3.9-12), Conhecimento (Êx 31.3), Fé (Gn 15.6), Curar (1Rs
17.17-23; 2Rs 4.18-37), Milagres (2Rs
1.10; 6.4-7; Êx 7.10,20), Profecia (2Sm
23.2; Nm 24.2), Discernimento (1Rs
14.1-6; Êx 32.17-19). O dom de línguas, entretanto, é manifesto pela
primeira vez no dia de Pentecostes. No dia em que a igreja foi fundada, falou
em línguas. Isto é significativo!
A
manifestação do dom de línguas não elimina:
- a consciência e a inteligência
humana, ao contrário da possessão maligna;
- o bom-senso de usar o dom de forma
adequada;
- a necessidade de crescimento
espiritual e maturidade no uso dos dons;
- a possibilidade de pecar, se não
vigiar;
- a necessidade de humilhar-nos, pois
o dom não nos torna super-crentes, superiores.
Alguns teólogos afirmam que as línguas
no Pentecostes eram uma capacitação para pregação do evangelho, mas não há
evidências deste uso do dom. Nem isto era estritamente necessário, uma vez que
o grego Koinê era a língua mundial, falada por muitos (Deus preparou o ambiente
certo para a expansão do evangelho). As interpretações conhecidas são de
expressões de adoração e louvor a Deus. Os ouvintes, no Pentecostes, não
aceitaram a Jesus como resultado do dom de línguas, mas da pregação feita por
Pedro, em aramaico.
Paulo afirma que seu desejo era que
todos falassem em línguas (1Co 14.5)
e ao mesmo tempo, diz que nem todos falam em outras línguas (1Co 12.29,30). Assim, podemos entender
que existem alguns propósitos distintos para o uso deste dom:
I. COMO EVIDÊNCIA DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
É necessária uma evidência inicial
para que se tenha certeza do recebimento do batismo com o Espírito Santo, do
contrário, como se saberá que isto ocorreu?
Em três ocasiões, pelo menos, o batismo foi evidenciado pelo falar em outras
línguas: No dia de Pentecostes (At 2.4),
na casa de Cornélio (At 10.44-46) e
em Éfeso (At 19.6).
Em outras três ocasiões, o falar em
línguas não é mencionado. Mas podemos entender que esta omissão dá-se, talvez,
pela brevidade dos relatos:
Em
Samaria (At 8.14-19)
– Houve manifestação de sinais, que chamaram a atenção de Simão, o mágico, que
queria pagar por isto. Este sinal não seria o falar em línguas?
Em
Jerusalém, após serem confrontados pelo conselho dos judeus (At 4.31) – Poderiam ser os mesmos que foram
batizados antes, num momento de renovação?
Em
Damasco, quando Saulo recebeu a visita de Ananias (At 9.17). O relato não diz que ele falou em
línguas, mas Paulo tinha este dom (1Co
14.18).
II. NA ADORAÇÃO E ORAÇÃO PARTICULAR
Muitas vezes enfrentamos ocasiões
difíceis, sobre as quais não sabemos como orar. Então o Espírito Santo nos
ajuda (Rm 8.26-28). A mente é
superada e o espírito se comunica diretamente com Deus.
Devemos orar no espírito (Ef 6.18) e também com a mente.
O falar em línguas promove a
edificação própria (1Co 14.2,4,5; Jd 20)
e, portanto, deve ser usado preferencialmente na adoração particular. Paulo
afirma que, na igreja, é preferível falar de modo a edificar o Corpo de Cristo
e não apenas a si mesmo (1Co 14.19).
Neste aspecto, o dom é concedido
amplamente aos crentes, para comunicação com Deus, edificação particular,
adoração e gratidão.
III. LÍNGUAS COM
INTERPRETAÇÃO = MENSAGEM PROFÉTICA
Quando a língua é interpretada,
edifica a igreja (1Co 14.26-28, 12,13).
O valor funcional das línguas com interpretação é igual à profecia. Tem o
propósito de ensino (1Co 14.6-12),
adoração (1Co 14.13-19), evangelismo
(1Co 14.20-25) e no ministério (1Co 14.26-33).
Nada substitui a Palavra de Deus, a
Bíblia Sagrada, mas Deus também fala às necessidades individuais, através de
mensagens específicas.
O uso público das línguas deve ser
controlado. Sem interpretação, causa confusão. A profecia é preferível à língua
interpretada, pois fala diretamente os homens, sem depender de outro dom.
Quem fala em línguas deve orar para
também receber o dom de interpretação.
Esta interpretação não é
necessariamente das palavras (literal), mas do sentido da mensagem, do seu
significado (explicação). Como a profecia, esta mensagem deve ser julgada.
Aqui
percebemos alguns pontos no uso do dom de línguas:
a) Neste aspecto, o dom é limitado na
sua distribuição (1Co 12.11,30).
b) Deve ser empregado um por vez..
c) Deve ser interpretado.
d) Se não houver interpretação, não
deve ser pronunciada em alta voz no culto público. Alguns pregadores se
empolgam e falam muito em línguas no microfone, sem que se receba nenhuma
mensagem.
IV. LÍNGUAS COMO
UM SINAL PARA OS INCRÉDULOS
As línguas também são usadas por Deus
como um sinal de julgamento, para os incrédulos, como fizera no AT (Is 28.11), deixando o descrente
consciente de que está separado de Deus, não compreendendo sua expressão e nem
estando apto a expressá-la. É apenas um sinal, não uma mensagem. O efeito
cessará logo. É necessário que haja também a exposição do evangelho, que gera
fé (Rm 10.17).
É necessário um cuidado com a
falsificação deste dom. Só o Espírito Santo pode concedê-lo ao crente. Não pode
ser ensinado ou aprendido.
Uma vez que é concedido pelo Espírito,
não confere status de espiritualidade para ninguém. O fruto do Espírito é a
demonstração genuína de vida consagrada.
O dom de línguas não deve ser um fim
em si mesmo, que uma vez alcançado revela que todo o crescimento espiritual já
ocorreu na vida do crente, mas deve ser um meio de se continuar buscando cada
vez mais a perfeição em Cristo.
Obras
consultadas:
HAYFORD, Jack. A Beleza da Linguagem
Espiritual. São Paulo: Vida.
DUFFIELD, Guy P., VAN CLEAVE, Nathaniel M.
Fundamentos da Teologia Pentecostal. São Paulo: Quadrangular, 2000.
HORTON, Stanley M. O que a Bíblia diz Sobre
o Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 1993.