PECADOS QUE LEVAM UM HOMEM À MORTE

1CR 10.1-13

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

INTRODUÇÃO

 

1. O presente texto da Palavra de Deus retrata a morte do primeiro rei de Israel. Quarenta anos haviam passados, quando diante da insistência do povo e com muita tristeza, Samuel seguindo a ordem e orientação de Deus, havia ungido Saul como rei.

 

2. O reinado de Saul foi um desastre. Embora, a princípio, tenha se mostrado humilde, posteriormente começou a cometer certos pecados que o distanciaram de Deus, que consequentemente, tiraram-lhe a autoridade e o reino. Um novo rei, Davi, foi escolhido, este sim, um rei segundo o coração de Deus.

 

Lucas fala sobre este fato:

 

E, tendo tirado a este, levantou-lhes o rei Davi, do qual também, dando testemunho, disse: Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade”, At 13.22.

 

3. Olhando para os vs.13-14 do texto lido, em outra tradução temos: “13 Assim morreu Saul por causa de sua infidelidade ao Senhor; não guardou a Palavra do Senhor, e até consultou uma adivinhadora, 14 e não buscou ao Senhor. Pelo que o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé”. Temos aqui descritos, alguns pecados entre a ascensão e a queda de Saul.

 

Vamos ver nesta noite:

  

“OS PECADOS QUE PODEM LEVAR UM HOMEM À MORTE”:

 

I. INFIDELIDADE AO SENHOR

 

“Assim morreu Saul por causa de sua infidelidade ao Senhor”, v.13.

 

1. A palavra infidelidade vem do hebraico “ma‘al” – “ato infiel ou traiçoeiro, ofensa”. Tal palavra era comumente usada no V.T., para se referir à traição conjugal, ao adultério, e à prática de sexo fora do casamento entre pessoas casadas.  Este tipo de pecado podia ser punido com a morte, 

 

Lv 20.10, “Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera”.

 

2. Mais tarde esta mesma palavra passou a se referir à infidelidade da nação de Israel em seu relacionamento com Deus, que era equivalente ao relacionamento entre marido e mulher:

 

a) Profecia de Jeremias, Jr 3.8-9, “8 E vi que, por causa de tudo isto, por ter cometido adultério a rebelde Israel, a despedi, e lhe dei a sua carta de divórcio, que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas se foi e também ela mesma se prostituiu 9 E sucedeu que pela fama da sua prostituição, contaminou a terra; porque adulterou com a pedra e com a madeira”.

 

Neste versículo, Deus está dando a Israel uma “carta de divórcio”, documento que um marido podia dar à sua mulher, quando esta praticava infidelidade conjugal. Deus procedia desta maneira em virtude da nação de Israel, figurativamente sua esposa ter adulterado e se prostituído com outros deuses.

 

O texto nos mostra que também Judá, o reino do sul, seguiu o mesmo caminho de seus irmãos do norte, adulterando com a “pedra e a madeira”, elementos representativos dos deuses cananitas. A idolatria, neste caso foi comparada por Deus ao adultério, tratando-se de uma traição espiritual.

 

b) Profecia de Oséias, Os 2.2, “Contendei com vossa mãe, contendei, porque ela não é minha mulher, e eu não sou seu marido; e desvie ela as suas prostituições da sua vista e os seus adultérios de entre os seus seios”.

 

O livro de Oseias traz uma história interessante, em que Deus manda o profeta se casar com uma prostituta. O casamento de Oseias com a prostituta, juntamente com os filhos gerados neste nesta união, é uma figura do casamento de Deus com a prostituta Israel. Ela se prostituiu com outros deuses (deuses cananitas).

 

c) Novo Testamento. Devemos lembrar que no N.T., a igreja é a noiva de Cristo, Ap 21.9, “Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro”.

 

Por ser a noiva de Cristo, a igreja deve se manter pura e não permitir que as contaminações mundanas possam envolvê-la. É muito triste quando olhamos para a igreja de Cristo nos dias atuais e detectamos que ela tem se corrompido com o mundo, e ferindo o coração de Deus.

 

Não podemos esquecer que Jesus virá buscar uma igreja pura, sem contaminação:

 

Ef 5.25-27, “25 Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, 26 para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, 27 para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.

 

Observe no texto alguns termos e expressões significativas:

 

- “... para que a santificasse”. Temos na língua original a palavra grega “hagiazo”, significando: “separar das coisas profanas e dedicar a Deus”, “limpar externamente”, “purificar por meio de expiação - livrar da culpa do pecado”, “purificar internamente pela renovação da alma”.

 

- “tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra”. No Antigo Testamento, havia uma bacia de bronze com água limpa, onde os sacerdotes precisavam lavar-se, para poderem oficiar os sacrifícios perante o Senhor.

 

Aquela água é uma figura da Palavra de Deus que nos purifica:

 

Jo 15.3, “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”.

 

Ef 5.26, “para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra”.

 

1Pe 1.22-23, “22 Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, 23 pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente”.

 

- “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante”. Temos aqui uma referência a uma igreja perfeita em tudo! “Gloriosa” – de alta reputação; “sem mácula” – sem mancha, sem falta, sem deformidade moral; “sem ruga” – perfeita.

 

- “santa e sem defeito”. Este deve ser o alvo principal da Igreja! Temos dois termos importantes aqui – hagios (santo), e amomos (moralmente: sem defeito, perfeito, irrepreensível).

 

3. O adultério espiritual equivale ao relacionamento infiel do homem com Deus.

 

Deus não quer que o coração de seu filho seja dividido entre ele e outras coisas:

 

a) Deus e Mamom, Mt 6.24, “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom”.

 

O deus Mamom, era o deus grego das riquezas. O texto é claro, não há como servir a Deus, tentando servir outro deus qualquer. Deus exige exclusividade!

 

b) Amizade com Deus e amizade mundana, Tg 4.4, “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”.

 

Deus chama de “adúlteros e adúlteras”, àqueles que se deixam contaminar através de uma amizade pecaminosa com o mundo. São aqueles que estão com um pé da Igreja e com outro pé no mundo. Querem as bênçãos de Deus, mas permanecem “vinculados”, “arraigados”, “presos”, aos prazeres do mundo.

 

c) Amor ao mundo e amor a Deus, 1Jo2 15-17, “15 Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; 16 porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. 17 Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente”.

 

O amor ao mundo nos levará a nos afastar do amor de Deus! Observe a expressão: “Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele”. Não podemos ficar divididos entre o mundo e Deus, pois ao fazermos assim adulteramos contra Deus, que é o esposo da igreja!

 

4. Foi por essa razão que Saul morreu - por ter sido infiel com o Senhor, por ter praticado alta traição. O crente infiel corre também o risco de morrer em sua fé. Risque a infidelidade de teu dicionário espiritual! 

 

  

II. DESOBEDIÊNCIA À PALAVRA DE DEUS

“não guardou a Palavra do Senhor”

 

1. Entendemos por desobediência, o ato de alguém se rebelar contra a autoridade.

 

Isto implica em ser insubmisso, quebrar princípios, desrespeitar, afrontar, e muitos outros “predicativos” correlatos.

 

Destacamos aqui algumas palavras: Na língua grega temos “apeitheia” e “parakoe”, cujos significados são “indisposição para ouvir”,obstinação”, “oposição obstinada à vontade divina”. Já na língua hebraica temos “marah” e “m@riy” que significam “ser controverso”, “ser rebelde”, “ser teimoso”, “ser desobediente a”, “ser rebelde contra”, tanto em relação aos pais, como  em relação a Deus.

 

2. Dois grandes pecados marcaram a vida de Saul:

 

a) Ofereceu sacrifícios em lugar de Samuel:

 

1Sm 13.5-14, “5 Reuniram-se os filisteus para pelejar contra Israel: trinta mil carros, e seis mil cavaleiros, e povo em multidão como a areia que está à beira-mar; e subiram e se acamparam em Micmás, ao oriente de Bete-Áven. 6 Vendo, pois, os homens de Israel que estavam em apuros (porque o povo estava apertado), esconderam-se pelas cavernas, e pelos buracos, e pelos penhascos, e pelos túmulos, e pelas cisternas. 7 Também alguns dos hebreus passaram o Jordão para a terra de Gade e Gileade; e o povo que permaneceu com Saul, estando este ainda em Gilgal, se encheu de temor. 8 Esperou Saul sete dias, segundo o prazo determinado por Samuel; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se foi espalhando dali. 9 Então, disse Saul: Trazei-me aqui o holocausto e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto. 10 Mal acabara ele de oferecer o holocausto, eis que chega Samuel; Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar. 11 Samuel perguntou: Que fizeste? Respondeu Saul: Vendo que o povo se ia espalhando daqui, e que tu não vinhas nos dias aprazados, e que os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás, 12 eu disse comigo: Agora, descerão os filisteus contra mim a Gilgal, e ainda não obtive a benevolência do SENHOR; e, forçado pelas circunstâncias, ofereci holocaustos. 13 Então, disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o SENHOR, teu Deus, te ordenou; pois teria, agora, o SENHOR confirmado o teu reino sobre Israel para sempre. 14 Já agora não subsistirá o teu reino. O SENHOR buscou para si um homem que lhe agrada e já lhe ordenou que seja príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o SENHOR te ordenou”.

 

Este foi um dos grandes problemas de Saul. Enquanto ele aguardava a chegada de Samuel para oferecer sacrifícios ao Senhor durante uma guerra contra os filisteus, foi impaciente e atropelou o profeta de Deus. Fez o que não podia ter feito – tomou o lugar de Samuel e fez sacrifícios ilegítimos! Não seria errado oferecer sacrifícios ao Senhor! Muitos outros homens de Deus já haviam feito isso no passado com a aprovação dele. Mas, ele tentou fazer o que não era da sua conta e foi reprovado. Deus o havia chamado para ser rei e não sacerdote ou profeta!

 

b) Deixou de cumprir a ordem de Deus para extermínio dos amalequitas:

 

- A ordem de Deus: “1 Disse Samuel a Saul: Enviou-me o SENHOR a ungir-te rei sobre o seu povo, sobre Israel; atenta, pois, agora, às palavras do SENHOR. 2 Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Castigarei Amaleque pelo que fez a Israel: ter-se oposto a Israel no caminho, quando este subia do Egito. 3 Vai, pois, agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupes; porém matarás homem e mulher, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos, 1Sm 15.1-3.

 

- O que ele fez: “7 Então, feriu Saul os amalequitas, desde Havilá até chegar a Sur, que está defronte do Egito. 8 Tomou vivo a Agague, rei dos amalequitas; porém a todo o povo destruiu a fio de espada. 9 E Saul e o povo pouparam Agague, e o melhor das ovelhas e dos bois, e os animais gordos, e os cordeiros, e o melhor que havia e não os quiseram destruir totalmente; porém toda coisa vil e desprezível destruíram”, 1Sm 15.7-9.

 

- A Palavra do Senhor: “10 Então, veio a palavra do SENHOR a Samuel, dizendo: 11 Arrependo-me de haver constituído Saul rei, porquanto deixou de me seguir e não executou as minhas palavras. Então, Samuel se contristou e toda a noite clamou ao SENHOR”, 1Sm 15.10-11.

 

- A Repreensão de Samuel: “22 Porém Samuel disse: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros. 23 Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei”, 1Sm 15.22-23.

 

A desobediência e rebeldia contra o Senhor e seus ungidos tem sido a ruína de muita gente. Quantas pessoas destroem sua vida em Deus, simplesmente porque não querem obedecer! Há um texto impressionante em Deuteronômio: “Como as nações que o SENHOR destruiu de diante de vós, assim perecereis; porquanto não quisestes obedecer à voz do SENHOR, vosso Deus”, Dt 8.20. Isso nos mostra que quando não queremos obedecer perecemos, assim como perecem aqueles que não andam nos caminhos do Senhor. Seremos como ímpios! Seremos punidos com a mesma medida destinada a eles!

 

Alguns problemas relacionados à desobediência e rebeldia:

 

a) Qualquer ato de desobediência e rebelião será sempre contra Deus: “1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. 2 De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus...”, Rm 13.1-2.

 

b) Todo ato de desobediência e rebelião terá certamente a influência de demônios: “... a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar”, 1Sm 15.23.

 

c) Todo ato de rebelião provoca a ira de Deus e consequentemente a sua punição: “Visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei”, 1Sm 15.23. Veja em Romanos: “De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação”, Rm 13.2.

 

3. A desobediência a Deus é um pecado que pode levar um homem à morte. O pecado de Adão que provocou sua queda, e consequentemente a queda da humanidade, não foi o simples fato dele juntamente com Eva, comerem do fruto da árvore da vida. Foi a sua desobediência à Palavra de Deus.

 

a) Olhe o que Deus disse quando colocou o homem no Jardim, Gn 2.16-17, “16 E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, 17 Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”.

 

b) Olhe agora o argumento da serpente, e consequentemente a posição assumida por Eva e Adão, Gn 3.1-5, “1 Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? 2 E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, 3 Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. 4 Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. 5 Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”. 

 

c) Olhe o que Eva fez, Gn 3.5, “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela”.

 

c) Olhe em seguida as consequências desta desobediência, Gn 3.17-19, “17 E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. 18 Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. 19 No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás”.

 

4. A desobediência a Deus e à sua Palavra tem sido a ruína de muitos cristãos.

 

Quando entramos por este caminho, estamos entrando pelo caminho da morte:

 

a) A desobediência impediu o povo de Deus no A.T., de possuírem a terra da promessa, Hb 3.18-19, “18 E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes? 19 E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade”.

 

A Palavra de Deus nos informa aqui que o povo de Deus que saiu do Egito não pode entrar e possuir a herança prometida em razão de sua desobediência.

 

Embora isso não transpareça na nossa tradução portuguesa, temos aqui mais duas perguntas retóricas, em que a segunda responde a primeira. Conforme diz a tradução inglesa de Williams: ‘A quem jurou que não seriam admitidos em seu descanso? não foram aqueles que lhe foram desobedientes?’ O pecado leva à desobediência e à infidelidade. Isso resultou em um juízo irreversível. A geração do deserto foi uma geração ‘desobediente’; se alguém faz parte de tal geração, participando da mesma desobediência, também não entrará no descanso de Deus” (R. N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado, Versículo por Versículo).

 

b) A mesma verdade pode ser aplicada nos dias de hoje, Hb 4.11, “Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência”.

 

Da mesma forma que o povo de Deus do A.T. não pode entrar na terra da promessa em razão de sua desobediência, corremos o risco de ficar fora do repouso eterno se trilharmos pelo mesmo caminho. Temos no presente texto a palavra “exemplo”, que vem do grego “hupodeigma” – “padrão”, “algo a ser imitado”.

 

Veja o comentário de Champlin:

 

No grego temos o termo ‘upodeigma’, que indica ‘modelo’, ‘padrão’. Cada indivíduo exerce um exemplo silencioso; cada pessoa é um sermão ou uma diatribe em favor do mal; e algumas vezes somos uma coisa, e às vezes, outra. A ‘geração do deserto’ deu um mau exemplo. Não caiamos nas mesmas armadilhas e buracos, ao longo do caminho, em direção ao descanso; pois isso os tolheu e, finalmente, os destruiu. Com base no que ocorreu com eles, aprendamos quão séria era a inquirição, porquanto nada há de automático nisso. A piedade e a espiritualidade precisam ser nutridas, pois do contrário morrerão de fome e de sede. Esforcemo-nos, pois, por alimentá-las” (R. N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado, Versículo por Versículo).

 

c) A desobediência atrai o juízo de Deus, 1Pe 4.17, “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?”.

 

Temos aqui de forma clara o destino daqueles que são desobedientes ao Evangelho de Deus.

 

“Não obedecer ao evangelho é, primeiramente, recusar-se a confiar em Cristo: essa é a desobediência primária, porquanto Deus enviou ο Salvador para que os homens nele cressem. As ‘exigências morais’ do evangelho também estão em pauta. O evangelho requer do homem uma revolução moral, uma mudança radical. Isso se reflete na vida diária deles, em seus motivos e em seus alvos na vida. Mas os homens, ao negligenciarem e se oporem ao evangelho, não atendem às suas exigências morais, tornando-se desobedientes ao mesmo. A própria retidão de Deus deve tornar-se a retidão do homem, através da transformação deste segundo a imagem de Cristo (ver Rm 3.21); e sem isso ninguém jamais verá a Deus (ver Hb 12.14). No entanto, os homens se recusam a entregar-se aos cuidados de Cristo, para que na sua imagem sejam transformados - e assim desobedecem ao evangelho” (R. N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado, Versículo por Versículo).

 

5. A desobediência é outro pecado que pode levar um homem à morte. Seja obediente a Deus em tudo.

 

III. PRATICAR A NECROMANCIA, OU CONSULTA AOS ESPÍRITOS

“e até consultou uma adivinhadora”

 

1. A palavra “NECROMANCIA” vem do grego “nekromanteia”, que significa “Adivinhação pela invocação dos espíritos”, “consulta aos mortos”. Este tipo de prática foi condenada por Deus no Velho Testamento. Um texto clássico sobre a proibição desta prática é Dt 18.9-12, “9 Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. 10 Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; 11 Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; 12 Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti”.

 

a) Olhando o texto lido podemos notar que se trata de uma recomendação do Senhor ao seu povo, quando este fosse entrar para possuir a Terra da Promessa. Deus não queria que seu povo se envolvesse em algumas práticas pecaminosas comuns entre os cananitas, e entre estas práticas estava a “consulta aos mortos”, ou seja a “necromancia”.

 

b) Este tipo de prática se constituía em “abominação ao Senhor”. A palavra “abominação” significa algo “repulsivo”, “execrável”, que causa “enjoos”, “ânsia de vômitos”. Esta prática provoca em Deus um tipo de “ânsia de vômitos”.

 

c) Quem pratica a “consulta aos mortos”, juntamente com os pecados descritos no texto, é “lançado, vomitado, para fora do reino de Deus”.

 

Pecados semelhantes:

 

a) Feitiçaria, aliada à rebelião, 1Sm 15.23, “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei”.

 

Observe no texto a palavra “feitiçaria” que tem a ver também com “adivinhação”. Neste caso em particular, há o enfoque do pecado de rebelião contra Deus que está associado às práticas ocultas, e também está relacionado à influência de Satanás e seus demônios. Todo pecado de rebelião tem o dedo do diabo! Ele comandou a primeira rebelião no céu, e comanda todo ato de rebelião na terra!

 

b) Necromancia aliada à feitiçaria, Lv 20.27, “O homem ou mulher que sejam necromantes ou sejam feiticeiros serão mortos; serão apedrejados; o seu sangue cairá sobre eles”.

 

Temos neste texto a alusão a necromancia e feitiçaria. Tais pecados, de acordo com a Lei de Deus, quando detectados, deveriam ser punidos com a morte de seus praticantes. Ver também Lv 20.6, “Quando alguém se virar para os necromantes e feiticeiros, para se prostituir com eles, eu me voltarei contra ele e o eliminarei do meio do seu povo”. Ver ainda Êx 22.18, “A feiticeira não deixarás viver”.

 

c) Feiticeiros no mesmo nível dos adúlteros, perjúrios e defraudadores, Ml 3.5, “Chegar-me-ei a vós outros para juízo; serei testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o salário do jornaleiro, e oprimem a viúva e o órfão, e torcem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o SENHOR dos Exércitos”.

 

Deus certamente julgará com juízo implacável os feiticeiros, no mesmo nível em que julgará os adúlteros, os que juram falsamente, e ainda os que exploram o trabalhador e oprimem os órfãos e as viúvas. Este pecado nunca foi tolerado pelo Senhor!

 

Exemplo de Manassés: 2Cr 33.6, “queimou seus filhos como oferta no vale do filho de Hinom, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro, praticava feitiçarias, tratava com necromantes e feiticeiros e prosseguiu em fazer o que era mau perante o SENHOR, para o provocar à ira”. Veja o que Deus fez: “Pelo que o SENHOR trouxe sobre eles os príncipes do exército do rei da Assíria, os quais prenderam Manassés com ganchos, amarraram-no com cadeias e o levaram à Babilônia”, v.11.

 

Nota: “O sucessor de Senaqueribe no trono assírio e que habitou na Babilónia durante 13 anos (o único monarca assírio a reinar sobre a Babilónia) levou Manassés prisioneiro (681 a.C.) para Babilónia. Tais reis cativos eram geralmente tratados com grande crueldade. Eram trazidos perante o conquistador com um gancho ou uma argola presa aos lábios ou aos maxilares, com uma corda atada ao gancho ou à argola e pela qual eram conduzidos. Isto é referido em 2Cr 33.11, onde se lê que Manassés foi preso com cadeias, ou literalmente, “com ganchos” (comp. 2Rs 19.28)”.

(http://www.jesusvoltara.com.br/dicionariobiblico/manasses_2.htm).

 

2. No Novo Testamento, principalmente no Livro de Apocalipse, encontramos algumas passagens que fazem referência a este tipo de pecado, ou pecados semelhantes, bruxarias, feitiçarias:

 

a) Feitiçarias, Ap 9.21, “E não se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos”.

 

Este versículo está falando dos castigos que virão sobre os habitantes da terra por ocasião do toque da sexta trombeta. O motivo destes castigos é porque os homens não se arrependeram de suas más obras e entre elas está a “feitiçaria”, que envolve o trabalho com espíritos, que para alguns são espíritos de pessoas que já morreram, porém pelo que entendemos na Palavra de Deus, estes espíritos são demônios.

 

Ver também, Ap 18.23, “E luz de candeia não mais luzirá em ti, e voz de esposo e de esposa não mais em ti se ouvirá; porque os teus mercadores eram os grandes da terra; porque todas as nações foram enganadas pelas tuas feitiçarias”.

 

Temos aqui uma referência à Grande Babilônia, um império que dominará nos dias anteriores à segunda vinda de Cristo. Sua expansão e domínio contará com o engano da feitiçaria.

 

A palavra “feitiçaria” vem do grego “pharmakeia”, de onde temos a palavra “pharmacia”, e significa “mágica”, “droga”, “remédios”. As drogas eram associadas às práticas de artes ocultas. Isto pode ser comparado ao moderno “caldo das bruxas”, às “garrafadas”, produzidas por benzedores e feiticeiros.

 

Uso atual:

 

- Matéria da Super Interessante:

 

“Os rituais do Santo Daime ganharam destaque na mídia em março, com o assassinato do cartunista Glauco por um dos fiéis de sua igreja. O alvo de tanta atenção foi uma das tradições da seita: o consumo da ayahuasca. Bebida alucinógena, a ayahuasca pode ser considerada uma droga. E drogas, você sabe, são proibidas no Brasil. Mas a ayahuasca é liberada desde que utilizada durante os cultos religiosos. Isso faz sentido?

 

O motivo: a liberdade religiosa de cada um. Graças à liberdade religiosa, podemos escolher e exercer as crenças que quisermos. Não precisamos esconder crucifixos, estrelas-de-davi, um exemplar do Alcorão. Para proteger essa liberdade, às vezes é necessário criar exceções ao que se considera ético, moral ou mesmo legal na sociedade, como a feita à ayahuasca. O problema é que algumas exceções acabam prejudicando o bem coletivo. É nessa hora que a fé de cada um deve encontrar um limite” (Super Interessante, maio/2010).

 

- Resolução do STF sobre uso da maconha em cultos religiosos:

 

“Após a liberação das marchas pela descriminalização da maconha no país, o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá analisar o uso da droga em cultos religiosos. A proposta foi defendida pelo ministro Celso de Mello, que sugeriu uma ação a favor da legalização da substância em contextos litúrgicos baseada na “liberdade de crença, de culto, de organização religiosa e a liberdade contra a interferência do Estado”, garantida pela Constituição.

 

Mello lembrou ainda que existem resoluções governamentais que permitem o uso de substâncias psicotrópicas, como o chá de ayahuasca, por igrejas como Santo Daime e União do Vegetal. Para que o tema seja avaliado pelo STF é necessária a apresentação de uma proposta pela Procuradoria Geral da República, entidades de classe com representatividade nacional, partidos políticos presentes no Congresso, Presidência da República ou governos estaduais. Informações do jornal Folha de São Paulo” (http://www.sudoestehoje.com.br - Junho, 2011).

 

b) Feiticeiros, Ap 22.15, “Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira”.

 

Aqui a Palavra de Deus está colocando os feiticeiros e todos aqueles que praticam feitiçarias, agouros, etc., no seu devido lugar: fora da cidade santa, lugar somente dos remidos pelo sangue de Cristo.

 

3. Praticar consulta os mortos, aos espíritos, aos médios, e outras práticas semelhantes, como leitura de cartas, búzios, pés-de-coelho, horóscopo, etc., levam uma pessoa à exclusão do Reino de Deus e  à morte eterna.

 

IV. NÃO BUSCAR AO SENHOR

“e não buscou ao Senhor”

 

1. Durante todo o seu reinado, Saul nunca buscou ao Senhor. A maior prova disto é que ele foi infiel a Deus, desobedecendo a sua Palavra e até mesmo andando por caminhos escusos como a necromancia, uma prática abominável aos olhos do Criador.

 

2. Nos momentos finais de sua vida, quando estava em grande desespero, Saul até mesmo ensaiou uma “consulta ao Senhor”, porém o Deus que nunca fora procurado, não tinha nenhuma obrigação de responder naquele momento: 

 

1Sm 28.5-6, “5 E, vendo Saul o arraial dos filisteus, temeu, e estremeceu muito o seu coração. 6 E perguntou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas”.

 

Observe que Saul tentou consultar ao Senhor nesta guerra contra os filisteus. Porém, a palavra de Deus nos informa que o Senhor não lhe respondeu “nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas”. Temos no presente texto três maneiras pelas quais o Senhor poderia responder a Saul:

 

- Por Sonhos.

 

Exemplos de Deus falando através de Sonhos podem ser vistos:

 

Na mulher de Pilatos: “E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito”, Mt 27.19.

 

Em José para fugir de Herodes: “Tendo eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em sonho, e disse: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar”, Mt 2.12.

 

Deus não respondeu a Saul com qualquer Sonho!

 

- Por Urim.

 

Para conhecer a vontade do Senhor em caso de dúvidas, o sacerdote fazia uso de duas pedras – o Urim e o Tumim.Também porás no peitoral do juízo o Urim e o Tumim, para que estejam sobre o coração de Arão, quando entrar perante o SENHOR; assim, Arão levará o juízo dos filhos de Israel sobre o seu coração diante do SENHOR continuamente”, Êx 20.30.

 

Sobre o uso destas pedra, veja o comentário abaixo:

 

Quando alguém em Israel estava em dúvida sobre qual decisão tomar deveria ir ao sacerdote e consultar ao Senhor através do Urim e Tumim. E então estas pedras brilhavam, acendiam de maneira sobrenatural indicando a vontade de Deus para aquele israelita. Urim significa Luz e Tumim Perfeição. Deste modo, quando o Urim acendia junto com o Tumim, Arão sabia que a luz e a perfeição haviam brilhado e a vontade de Deus era afirmativa. A questão estava resolvida. Deus estava aprovando o assunto que foi objeto da dúvida. Toda incerteza desaparecia. Toda insegurança terminava, o Senhor era com o homem para quem brilhou o Urim e o Tumim”. 

(http://www.ibanov.org/estudosbiblicos/e0001.html)

 

Deus também não respondeu a Saul através desta prática comum no meio de seu povo!

 

- Por Profetas.

 

Este meio de consulta era o mais comum entre o povo de Deus no Antigo Testamento. Em situações difíceis, como a de Saul, um profeta de Deus era consultado, para se saber a vontade de Deus.

 

Exemplo deste tipo de consulta temos em:

 

1Rs 22.7, “Disse, porém, Josafá: Não há aqui ainda algum profeta do SENHOR para o consultarmos?”.

 

O presente texto descreve um episódio por volta de 850 antes de Cristo. O reino de Israel estava dividido entre Reino do Norte (Israel) e Reino do Sul (Judá). Em Judá reinava Josafá, um bom rei. Em Israel reinava Acabe, marido de Jezabel, um péssimo rei, que levou o povo de Deus a pecar tremendamente contra o Senhor.

 

Acabe fez uma aliança com Josafá e deste solicitou ajuda para libertar Ramote-Gileade, uma cidade de Issacar, que neste tempo estava sob o domínio da Síria. Juntaram seus exércitos e se puseram em linha de batalha. Antes de partir, o rei Josafá pede a Acabe para que consulte a Palavra de Deus. Acabe, então mandou trazer perante eles 400 profetas faltos. Tais profetas, com grande veemência e eloquência garantem que eles sairiam vencedores na batalha. Os sírios seriam destruídos! Acabe ouve a palavra daqueles profetas e se dá por satisfeito. Josafá, porém, incomodado e não confiando naqueles falsos profetas, faz a pergunta crucial.

 

Um profeta por nome Micaías foi chamado e a princípio, aparentemente confirmou a mesma palavra dos falsos profetas: “E, vindo ele ao rei, este lhe perguntou: Micaías, iremos a Ramote-Gileade à peleja ou deixaremos de ir? Ele lhe respondeu: Sobe e triunfarás, porque o SENHOR a entregará nas mãos do rei”, 1Rs 22.15.

 

Porém, quando foi inquirido insistentemente pelo rei que insistia sobre a verdadeira palavra de Deus, ele falou a verdade.

 

Veja o que ele disse:

 

17 Então, disse ele: Vi todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o SENHOR: Estes não têm dono; torne cada um em paz para a sua casa. 18 Então, o rei de Israel disse a Josafá: Não te disse eu que ele não profetiza a meu respeito o que é bom, mas somente o que é mau?”, 1Rs 22.17-18.

 

Tem pessoas que só buscam ao Senhor quando as coisas não vão bem. Tão logo melhoram, ou saem de suas dificuldades somem! Abandonam a igreja, esquecem-se de Deus e de tudo quando ele fez em suas vidas. São ingratos e maus. Há um texto impressionante nas Escrituras Sagradas que falam daqueles que se esquecem de Deus:

 

Pv 8.11-13, “11 Pode o papiro crescer sem lodo? Ou viça o junco sem água? 12 Estando ainda na sua verdura e ainda não colhidos, todavia, antes de qualquer outra erva se secam. 13 São assim as veredas de todos quantos se esquecem de Deus; e a esperança do ímpio perecerá”.

 

O presente texto faz uma referência ao junco, uma planta da qual se fazia o papiro, que forneceu à humanidade um dos principais instrumentos do progresso: o papel. Para ser útil nessa finalidade o junco era cortado ainda na sua verdura, o que fazia com que esta planta secasse mais rapidamente do que qualquer outra planta. O escritor de provérbios compara a brevidade da vida desta planta com a nulidade e brevidade da vida de todos aqueles que se esquecem de Deus.

 

Diz o salmista:Os perversos serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus”, Sl 9.17.

 

O Exemplo dos leprosos: “12 Ao entrar numa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, 13 que ficaram de longe e lhe gritaram, dizendo: Jesus, Mestre, compadece-te de nós! 14 Ao vê-los, disse-lhes Jesus: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. Aconteceu que, indo eles, foram purificados. 15 Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz, 16 e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe; e este era samaritano. 17 Então, Jesus lhe perguntou: Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove? 18 Não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?”, Lc 17.12-18.

 

Sobre este leproso que voltou para agradecer, escreve Champlin:

 

Esse ex-leproso era um ‘samaritano’ ou ‘estrangeiro’, porquanto o vocábulo ‘samaritano’, com frequência era usado com esse sentido. Não era um cidadão de Israel, mas era seguidor de uma religião herética, não podendo participar da adoração formal dos judeus. Não obstante, foi curado, tendo sido o único dos dez leprosos curados a demonstrar a sua gratidão ao Senhor Jesus. Os outros nove, que presumivelmente seriam todos judeus, não sentiram qualquer gratidão; ou. pelo menos, esta foi tão superficial que não os impulsionou a retomarem a Jesus, esforçando-se por expressar tal agradecimento. E assim, de quem menos se poderia esperar, desse mesmo é que Jesus recebeu a demonstração de gratidão. E daqueles de quem muito se poderia esperar, da parte desses não houve qualquer manifestação de gratidão” (R. N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado, Versículo por Versículo).

 

3. De nada adianta você buscar ao Senhor somente nos momentos de grandes dificuldades. É necessário buscar ao Senhor diariamente, constantemente. A Palavra de Deus nos mostra que quem busca ao Senhor nunca é decepcionado, desde que o busque de uma forma correta:

 

a) Quando decidimos buscar a Deus, certamente o encontraremos, Jr 29.13, “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração”.

 

A condição essencial para você buscar ao Senhor e ser ouvido por Ele, é que você o busque de todo o teu coração. Se você não se envolver de coração e alma na busca ao Senhor, certamente você não o encontrará. Ao buscarmos a Deus precisamos fazê-lo de todo o coração.

 

O homem que tem o coração centralizado nas bênçãos divinas, dentro dos limites da vontade de Deus, certamente será um buscador diligente e com certeza obterá aquilo que busca, Mt 7.7, “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á”.

 

Oséias fala daqueles que buscam a Deus sem o envolvimento de coração, “Não clamam a mim de coração, mas dão uivos nas suas camas; para o trigo e para o vinho se ajuntam, mas contra mim se rebelam”, Os 7.14. Certamente, perderemos o nosso tempo quando buscamos a Deus apenas racionalmente! O envolvimento de coração é essencial numa busca a Deus!.

 

A profecia de Azarias filho de Obede a Asa rei de Judá, “1 Veio o Espírito de Deus sobre Azarias, filho de Odede. 2 Este saiu ao encontro de Asa e lhe disse: Ouvi-me, Asa, e todo o Judá, e Benjamim. O SENHOR está convosco, enquanto vós estais com ele; se o buscardes, ele se deixará achar; porém, se o deixardes, vos deixará. 3 Israel esteve por muito tempo sem o verdadeiro Deus, sem sacerdote que o ensinasse e sem lei. 4 Mas, quando, na sua angústia, eles voltaram ao SENHOR, Deus de Israel, e o buscaram, foi por eles achado”, 1Cr 15.1-4.

 

O ensino de Tiago, “8 Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. 9 Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. 10 Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará”, Tg 4.8-10.

 

b) Devemos buscar a Deus, enquanto é tempo, Is 55.6, “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”.

 

De acordo com este texto, há grande provisão para todos quantos quiserem se beneficiar dela. Os homens terão de buscar a Deus enquanto Ele estiver presente para distribuir Suas bênçãos graciosas. Para receber desta provisão, será preciso invocar o Senhor em fé e sinceridade. Temos aqui a salvação escatológica, e não a mera participação nas glórias próprias da era do Reino.

 

A salvação está às portas, Is 49.8-10, “8 Diz ainda o SENHOR: No tempo aceitável, eu te ouvi e te socorri no dia da salvação; guardar-te-ei e te farei mediador da aliança do povo, para restaurares a terra e lhe repartires as herdades assoladas; 9 para dizeres aos presos: Saí, e aos que estão em trevas: Aparecei. Eles pastarão nos caminhos e em todos os altos desnudos terão o seu pasto. 10 Não terão fome nem sede, a calma nem o sol os afligirá; porque o que deles se compadece os guiará e os conduzirá aos mananciais das águas”.

 

A profecia de Oséias, “Então, eu disse: semeai para vós outros em justiça, ceifai segundo a misericórdia; arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao SENHOR, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós”, Os 10.12.

 

Embora estejamos com a porta aberta para buscarmos ao Senhor pode chegar o tempo em que esta porta se fechará e Deus não mais será encontrado. Hoje é tempo de buscar a Deus!

 

c) Devemos buscar a Deus para ter vida, Am 5.6, “Buscai ao Senhor, e vivei, para que ele não irrompa na casa de José como um fogo, e a consuma, e não haja em Betel quem o apague”.

 

Você precisa buscar ao Senhor para receber a verdadeira vida. Não há vida em nenhum outro a não ser em Deus, At 4.12, “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.

 

d) Devemos buscar ao Senhor se não quisermos ser estúpidos, Jr 10.21,“Porque os pastores se tornaram estúpidos e não buscaram ao SENHOR; por isso, não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos”.

 

O cúmulo da estupidez e insensatez é tentar levar a vida sem o favor de Deus! Tem muitas pessoas que até mesmo não creem na existência de Deus – “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem”, Sl 14.1.

 

A palavra “insensato” vem do hebraico “nabal”, e do latim “insensãtu” e também significa “estúpido”, “falto de inteligência”, “incapaz de compreender”, “incapaz de discernir ou julgar”, “que não tem inteligência suficiente ou delicadeza de sentimentos”, “grosseiro”, “bruto”, “muito desagradável”.

 

e) Devemos buscar ao Senhor e seu reino em primeiro lugar, Mt 6.33, “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.

 

A busca do reino de Deus deve ser nosso alvo principal! Vivemos num mundo materialista, onde as pessoas correm atrás apenas do dinheiro, do poder, das posições, dos primeiros lugares, do destaque, etc. Porém, os valores do presente mundo vão ficar aqui, enquanto que a alma tem duração eterna. Cuida-se muito daquilo que é material, descuida-se da alma! Jesus disse certa vez: Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?”, Mt 16.16.

 

A corrida deste mundo se não for cautelosa, cuidadosa, terminará com perda dos valores eternos e consequentemente com a perda do que o homem tem de mais precioso, a sua alma. Já dizia Paulo: “não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”, 2Co 4.18. 

 

4. Quem não busca ao Senhor da maneira certa corre o risco de também morrer espiritualmente.

 

CONCLUSÃO

 

1. Vimos nesta noite algumas causas que podem levar um homem à morte:

 

a) Infidelidade a Deus,

b) Desobediência a sua Palavra,

c) Praticar a necromancia,

d) Não buscar ao Senhor.

 

2. Se estes pecados estiverem ocupando o teu coração, certamente você estará caminhando para a morte. Como você pode ser liberto deles e receber vida e não morte? Deixo com você Am 5.4: “Porque assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me, e vivei”.