AS OFERTAS E OS SACRIFÍCIOS
LV 1-7
Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
Vimos
no estudo anterior os simbolismos que envolviam o Sumo-Sacerdote, juntamente
com suas roupas e indumentária. Sabemos que o Sumo-Sacerdote da Antiga Aliança,
era uma figura, um tipo de Cristo o Grande Sacerdote instituído sobre a Casa de
Deus. Assim como o Sumo-Sacerdote era o representante, o mediador entre Deus e
os filhos de Israel, Jesus é o representante, o mediador da Nova Aliança em
favor daqueles que hão de herdar a vida eterna! Porém há uma grande diferença
entre o Sumo-Sacerdote no Antigo Testamento e Jesus. Enquanto que o
Sumo-Sacerdote precisava primeiramente oferecer sacrifício pelos seus próprios
pecados para depois oferecer sacrifícios pelos pecados do povo, Jesus não
precisou de quaisquer sacrifícios por si mesmo, uma vez que não tinha pecados, 1Pe
2.21-22, "21 Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que
também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os
seus passos, 22 o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua
boca". Enquanto que o Sumo-Sacerdote oferecia sacrifícios de animais para
remissão de pecados, Jesus ofereceu-se a si mesmo pelos nossos pecados, Hb
9.28, "...assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre
para tirar os pecados de muitos...". Por esta razão Jesus foi feito
Sacerdote com um ministério muito mais excelente! Hoje queremos descrever as
ofertas do Tabernáculo e ver os simbolismos que estavam por detrás delas.
AS OFERTAS E OS SACRIFÍCIOS
Em
nossa apreciação sobre este tema, estaremos fazendo alusão às principais
ofertas e sacrifícios que eram praticados diariamente no Tabernáculo. O povo
comparecia perante seus representantes – os sacerdotes, que eram os
intermediários, os mediadores entre Deus e eles. Se o israelita levava a
oferta, ao sacerdote cabia oferecê-la ao Senhor que a aceitava como
"cheiro agradável" em sua presença. Esta era a tônica dos rituais
ofertórios. Sobre estas ofertas e sacrifícios não podemos deixar de considerar
a palavra de Barrow:
"As Ofertas que Deus falou a Moisés a
respeito, eram um meio de adoração, e também um sacrifício para perdão e
restauração pessoal diante de Deus. Muitas das ofertas estavam relacionadas com
o Altar de Holocausto.
Os sacerdotes sacrificavam várias ofertas à
Deus, que eram oferecidas pelos seus próprios pecados e também pelos pecados do
povo (tanto pecados conhecidos como desconhecidos). Algumas ofertas eram
oferecidas regular e frequentemente, enquanto outras eram oferecidas apenas em
certos casos de necessidade".(1)
Queremos
destacar principalmente as cinco principais ofertas e sacrifícios que são: A
Oferta do Holocausto, A Oferta de Manjares, A Oferta Pelo Pecado, A Oferta Pelo
Sacrilégio, O Sacrifício da Paz.
I. A OFERTA DO HOLOCAUSTO
LV 1.3-17; 6.8-13
I.1 DESCRIÇÃO
1.
Ao falarmos sobre a Oferta do Holocausto, precisamos entender que este tipo de
sacrifício corresponde a toda carne queimada sobre o altar do holocausto. A
palavra holocausto vem do termo hebraico "hle" - `olah, e tem como
significado "queimado que sobe". No dizer de Shedd:
O termo original ‘olah de significado ‘aquilo
que sobre’, tanto podia referir-se à oferta que subia ao Senhor, como ao
‘cheiro suave’ (Lv 1.17), ou ainda ao animal inteiro, e não apenas parte dele,
que era oferecido, ou erguido sobre o altar. Embora não seja o mais importante,
é no entanto este sacrifício o que se menciona em primeiro lugar, talvez por
ser o mais grandioso" (2)
2.
Alguns detalhes importantes relacionados aos holocaustos:
a)
Os holocaustos deveriam ser oferecidos a cada manhã e também ao cair da tarde.
Nos dias comuns deveria ser oferecido apenas um cordeiro com um ano de idade,
sem defeito, mas aos sábados, dois cordeiros deveriam ser oferecidos pela manhã
e outros dois à tarde, Nm 28.9-10, "9 No dia de sábado, oferecerás
dois cordeiros de um ano, sem defeito, e duas décimas de um efa de flor de
farinha, amassada com azeite, em oferta de manjares, e a sua libação; 10 é
holocausto de cada sábado, além do holocausto contínuo e a sua libação".
b)
Em virtude da frequência e regularidade em que ocorriam estes sacrifícios, eles
eram também chamados de "sacrifícios contínuos", Êx 29.42,
"Este será o holocausto contínuo por vossas gerações, à porta da tenda da
revelação, perante o Senhor, onde vos encontrarei, para falar contigo
ali". Os israelitas podiam somar aos holocaustos, ou sacrifícios contínuos
as chamadas "ofertas queimadas".
c)
O ofertante colocava as mãos sobre o animal destinado ao sacrifício,
reconhecendo nele o seu substituto. Um detalhe importante é que o próprio
ofertante abatia o animal na presença dos sacerdotes, os quais aspergiam o seu
sangue sobre o altar, Lv 1.4-5, "4 E porá a mão sobre a cabeça do
holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação. 5 Depois,
imolará o novilho perante o SENHOR; e os filhos de Arão, os sacerdotes,
apresentarão o sangue e o aspergirão ao redor sobre o altar que está diante da
porta da tenda da congregação". O animal inteiro, com exceção do seu
sangue era, então, queimado e a fumaça subia representando a consagração do
ofertante diante de Deus. Não podemos nos esquecer que o holocausto seria
sempre uma "... oferta queimada, de aroma agradável ao SENHOR", Lv
1.9.
I.2 SIMBOLISMOS
a)
No Holocausto, o animal sacrificado deveria ser entregue sobre o altar para ser
queimado. Isto era agradável a Deus, "cheiro suave": "Assim
queimarás todo o carneiro sobre o altar; é um holocausto para o Senhor; é
cheiro suave, oferta queimada ao Senhor", Êx 29.18. Da mesma
maneira, Cristo entregou-se por nós em sacrifício a Deus, Ef 5.2,
"... e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si
mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em "cheiro suave". A
expressão "cheiro suave", vem dos termos gregos: "osmh"
(osme) – cheiro, aroma e "euwdia" (euodia) – "cheiro doce",
"fragrância", "perfume agradável". O sacrifício de Cristo
pelos nossos pecados subiu a Deus como uma fragrância agradável a Deus. Falando
sobre o sacrifício de Cristo nos escreve Mesquita:
"Jesus, nosso holocausto, foi entregue,
nada reservando de sua santa personalidade, Seu sangue, sua mente, sua vontade,
sua alma, Ele entregou ao fogo da vida e da cruz. Não será repetição dizer que
o sacrifício de Cristo no Calvário reuniu todos os antigos sacrifícios numa
forma perfeita e infinita, Toda a vida de Jesus foi um holocausto, mas a morte
foi o seu clímax. É certo que ele não foi literalmente queimado, mas também
nada lhe faltou para que fosse consumido pelos sofrimentos da cruz. Ali, te se
deu todo inteiro em substituição, em obediência ao Pai. Nós, que agora vivemos
e levamos o resto das aflições de Cristo, também oferecemos diariamente o nosso
sacrifício. Nisso não fazemos mais que imitar o Senhor".(3)
b)
Assim como o animal era levado ao sacrifício sem oferecer qualquer resistência,
Cristo também, no dizer do profeta Isaías foi conduzido ao
"matadouro", não demonstrando qualquer resistência aos seus
opressores e algozes, Is 53.7, "Ele foi oprimido e afligido, mas
não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha
que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca". Pelo
contrário, as Escrituras nos dizem que Jesus entregou-se a si mesmo para o
sacrifício, Gl 2.20, "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não
mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé
no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim". Esta
entrega foi motivada pelo verdadeiro amor! No dizer de Paulo: "Mas Deus dá
prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo
morreu por nós", Rm 5.8.
c)
Um ponto importante a considerar é que nos sacrifícios, o animal era uma
representação do pecador; o sacerdote era representação da divindade. Homem e
Deus estavam presentes ali! Em seu sacrifício, Cristo cumpriu estas duas
exigências legais. Ele foi o "Cordeiro" oferecido em holocausto –
"... eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", Jo 1.29.
Mas, foi também ao mesmo tempo o Sacerdote, que conduz o homem à presença de
Deus. Como diz Mesquita:
"O sacerdote tinha de ser da própria
natureza do pecador, para poder interceder por ele e sentir todas as suas
necessidades; tinha também de ser da natureza divina, para poder aproximar-se
dela. De sua identidade com a raça em geral e com o pecador em particular, nada
se pode dizer em contrário, porque ele era homem como os demais. Sua relação
com a divindade era obtida por meios cerimoniais, que por sua vez eram
prototípicos. O sacerdote devia ser consagrado, conforme veremos nos capítulos
8-10 de Levítico, e, por essa consagração, era inteiramente separado, para fins
religiosos, dos demais homens. Era uma pessoa que, não obstante ser homem, era
olhada como vivendo acima dos homens, partilhando dos privilégios da divindade
mesmo. Assim, de um lado, ele era aceitável ao pecador como pertencente à mesma
raça; por outro, era aceitável a Deus em virtude de sua consagração. Era, pois,
para todos os efeitos, o mediador entre o pecador e Deus. A temporalidade deste
ofício é inquestionável, considerando-se que ele não podia simpatizar em toda a
extensão com a raça, nem podia partilhar perfeitamente da natureza divina. Sua
obra era, pois, para o tempo somente, e as lições dela, para a
eternidade".(4)
II. A OFERTA DE MANJARES
LV 2.1-16; 6.14-18
II.1 DESCRIÇÃO
1.
As ofertas de manjares (hxnm Nbrq - qorban minchah), eram oferecimentos de
cereais que os israelitas faziam ao Senhor. Observe o comentário de Shedd sobre
os componentes e os detalhes deste tipo de oferta:
"... consistia na oferta dum cereal, em
que entrasse sobretudo a flor de farinha, geralmente misturada com azeite (Lv
7:10; 5:11), ou com azeite e incenso por cima (Lv 2.6). Cozida ou não, o
sacerdote tomaria um punhado dela e a colocaria sobre o altar, desde que
contivesse todo o incenso indispensável. Tomava então e nome de memorial (Lv
2.2), talvez por causa do incenso sagrado (Êx 30:84) que oferecia no altar de
ouro duas vezes por dia o sacerdote à hora da oração, servindo para obter a
aprovação do Senhor, ou antes para que o Senhor não se esquecesse do oferente.
Talvez es títulos dos Sl 88 e 70 indiquem que deviam ser recitados na ocasião
da oferta deste memorial".(5)
2.
Detalhes relacionados à oferta de manjares:
a)
Da mesma maneira que o holocausto, a oferta de manjares precisava ser
voluntária. A expressão "... Quando alguma pessoa fizer oferta de manjares
ao SENHOR" (Lv 2.1), implica em disposição e voluntariedade por
parte do ofertante.
b)
Era o único sacrifício em que as carnes não estavam envolvidas. Era oferecido
apenas farinha de trigo crua, grãos de cereais assados e bolos sem fermento.
Todos os ingredientes eram oferecidos sobre o fogo com sal, óleo e incenso. O
que sobrava era dos sacerdotes.
c)
Esta oferta era um tipo de "oferta de gratidão", uma vez que lembrava
aos israelitas de sua passagem pelo deserto, onde houve grande escassez de
alimentos, dos quais foram eles supridos por Deus através do maná, o pão que
caia do céu. Era uma forma de gratidão a Deus.
II.2 SIMBOLISMOS
a)
Inicialmente podemos dizer que a Oferta de Manjares, simboliza o nosso sustento
e provisão diária. Dependemos de Deus para ganhar o nosso pão-de-cada-dia. Foi
por esta razão que Jesus, na oração do Pai-Nosso, nos orientou a orar pelo
"pão": "... o pão nosso de cada dia nos dá hoje", Mt
6.11. Como filhos de Deus não precisamos conviver com a ansiedade e
preocupação características dos homens sem Deus. Como nos ensinou Jesus:
"Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que
haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo
que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do
que o vestuário?", Mt 6.25. Deus certamente suprirá cada uma de
nossas necessidades, incluindo a necessidade de pão, Fp 4.19, "Meu
Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em
Cristo Jesus". Queremos recorrer ao comentário de Mesquita:
"Antigamente, era o pão das Faces que
significava a presença de Deus na mesa e no sustento dos crentes. Era uma
mostra material, objetiva, de acordo com a capacidade dos crentes de antanho.
Agora, com um novo santuário não feito por mãos, com novos moldes religiosos,
novo sacerdócio, as antigas verdades se hão de crer e propagar de um modo
diverso. Assim é o fato em Cristo Jesus.
Por todos os ensinos do Novo Testamento se
encontram as promessas da presença real de Cristo em nós. Somos o seu templo, o
seu órgão de revelação aos perdidos, por meio do testemunho da vida, somos as
suas testemunhas. Vivendo de tal modo identificados nele, vivemos a vida dele. Paulo
chega a afirmar que não vivia mais o Paulo, mas Cristo vivia nele, pois que a
vida que agora vivia, vivia-a na fé do Filho de Deus (Gl 2:20). Deste modo,
Cristo é a nossa diária oferta, é o nosso pão, e as manifestações religiosas da
vida são outras tantas mostras dessa verdade. Não vamos mais levar um punhado
de farinha ao templo, mas vamos de outras maneiras públicas declarar que Me nos
tem sustentado e sustenta. Se um hebreu confiava na sua provisão diária, muito
mais nós, que vivemos mais diretamente ligados à divindade. Cristo é nossa
provisão diária".(6)
b)
Considerando que as Ofertas de Manjares não poderiam conter qualquer tipo de
fermento, ou mel, isto porque estas substâncias alteram as características do
produto ofertado, devemos entender que temos aqui um símbolo da vida cristã que
deve ser autêntica, transparente, sem qualquer hipocrisia. Embora no Novo
Testamento a figura do fermento foi usada para explicar o crescimento do reino
(Mt 13.33), ele também é usado para ilustrar os efeitos devastadores do pecado
que quando não tratado, se espalha rapidamente e contamina com facilidade (1Co
5.6). Sobre esta característica do fermento nos fala Harrison:
"No Novo Testamento (Mt 13:33) o reino
dos céus era assemelhado por Cristo ao fermento, presumidamente numa tentativa
de ilustrar os efeitos permeadores do evangelho enquanto operava na sociedade
para tomá-la cristã. Do outro lado, a natureza pervasiva do fermento era
assemelhada por Cristo ao caráter do ensino indesejável (Mt 16:6, 11-12; 12:1),
e por Paulo à propagação insidiosa do mal (1Co 5:6; Gl 5:9). Estas referências
tornam claro que o que há de importante no fermento é seu efeito permeador. O
próprio agente é moralmente neutro, mas os resultados da sua atividade podem
ser interpretados em termos de simbolismo positivo ou negativo, dependendo das
circunstâncias".(7)
c)
Outro detalhe importante a lembrar é que as Ofertas de Manjares deveriam ser
sempre temperadas com sal. Embora o sal seja muito usado na antiguidade, seja
para estabelecer alianças (Nm 18.19; 2 Cr 13.5), ou vínculos de amizade, o seu
maior uso sempre foi como condimento alimentar. Note que são duas as suas
principais características: Alterar o sabor dos alimentos e impedir que se
estraguem. É dentro deste contexto que o Senhor Jesus disse que seus discípulos
deveriam ser o "sal da terra", Mt 5.13. Como discípulos de
Jesus precisamos "salgar", este mundo dando-lhe o sabor do Evangelho
e impedir a corrupção do homem sem Deus. Devemos, no dizer de Paulo apresentar
ao mundo uma palavra "temperada com sal", Cl 4.6. "A
vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como
deveis responder a cada um". Se a Palavra de Deus estiver presente em
nossos lábios, o mundo à nossa volta certamente será atingido pelo poder de
Deus!
III. A OFERTA PELO PECADO
4.1-5.13; 6.24-30
III.1 DESCRIÇÃO
1.
Pela sua própria natureza, o homem é pecador, condição esta herdada de Adão –
"Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus", "Não há
um justo, nenhum sequer", Rm 3.23, 10. Não há como livrar-se
do pecado a não ser através de uma intervenção divina, que tinha como seu
representante o sacerdote, o responsável para oferecer o animal em sacrifício,
para remissão dos pecados do ofertante. Este tipo de oferta, era oferta
obrigatória ao Senhor, diferentemente das ofertas voluntárias. Conforme nos diz
Shedd:
"As ofertas pelas culpas próprias ou
alheias eram obrigatórias como expiação por certos pecados, que podiam ser
derivados à ignorância ou ao erro. Embora involuntariamente, cometia-se um
pecado, se se praticasse algo ‘do que não devia fazer" (vs. 2.13, 22, 27),
sem poder recorrer-se muitas vezes à desculpa da ignorância. Assim sucedia com
os pecados mencionado sem 5.1-4. Tal como é descrito, por exemplo 11.24-28 e
17.15 e segs., afastava-se a impureza por meio de meras lavagens e ausência do
culto no Santuário até o pôr do sol. Mas se alguém contraísse tal impureza sem
o saber (ainda que lhe fosse oculto – (2) e, portanto cumprir com a lei da
purificação (11:27 e segs.), pecava e era culpado (2). Quando o souber depois
(4), faria a sua oferta pelo pecado. Trata-se, evidentemente, do pecado por
ignorância. Mas por outro lado a falta de comparência para atestar um crime,
quando eram citadas as testemunhas, pode ser derivada a várias razões, como por
exemplo no caso do "juramento, proferido temerariamente" (4). Estes,
sim, são pecados provenientes da fraqueza humana, exceto o pecado de teimosia
(a "alta mão"), para o qual não há remissão".(8)
2.
Veja a principais particularidades da Oferta Pelo Pecado:
a)
Era um tipo de oferta que era indicada para a condição geral do pecador diante
de Deus, já que todos os homens são pecadores, pois possuem uma natureza
pecaminosa; e também para os chamados "pecados não intencionais", ou
seja aqueles pecados feitos de maneira involuntária.
b)
Esta oferta deveria ser oferecida pelo Sumo-Sacerdote (8.12), pelo monarca
(8.22-26), pela congregação (8.13-21) e enfim, por qualquer membro do povo
(8.27-35). A culpa pelo pecado seria condizente com a posição daquele que o
havia cometido.
c)
Observando o capítulo 5.1-6, temos uma lista de pecados que careciam deste tipo
de oferta: Recusar ser testemunha, o contato com animal imundo, contato com
imundícies humanas e o julgamento precipitado.
III.2 SIMBOLISMOS
a)
Enquanto que o sacerdote oferecia a Deus um sacrifício insatisfatório,
insuficiente, uma vez que o sangue de animais não podia remover definitivamente
o pecado – Hb 10.4, "porque é impossível que o sangue de touros e
de bodes remova pecados", o sacrifício de Cristo foi completo e
suficiente, tratando definitivamente com o pecado do homem em sua profundidade
– Hb 9.11-12, "11 Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote
dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito
por mãos, quer dizer, não desta criação, 12 não por meio de sangue de bodes e
de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez
por todas, tendo obtido eterna redenção". Nos diz Mesquita:
"Jesus, como sacerdote, segundo a ordem
de Melquisedeque, ofereceu um sacrifício pleno, cujo conteúdo tinha valor e
mérito suficientes para perdoar os pecados dos maiorais entre os povos e os
maiorais entre os pecadores. Sabemos que o sumo sacerdote tinha de oferecer
primeiro sacrifícios por si mesmo, para depois aceitar o sacrifício do príncipe
ou do plebeu. Em Jesus, porém, não é necessária esta exigência, porque ele era
sacerdote sem defeito, sem pecado. Portanto, o seu sacrifício tinha poder
bastante para cobrir o maior pecado do maior pecador. Uma das graças da
religião cristã é sua gloriosa provisão para ricos e pobres. Não há distinção.
Um sacrifício só para todos".(9)
b)
Enquanto que no Tabernáculo, o sangue do animal era trazido para o interior do
Santuário, onde era espargido por sete vezes na presença do véu, Cristo
penetrou para dentro do véu e ali aspergiu o seu próprio sangue, Hb 9.12,
"... não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio
sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna
redenção". É através do sangue de Cristo que nos tornamos vitoriosos
contra o pecado, o mundo e satanás. Observe o que nos diz Mesquita:
"... quando o sangue de Cristo vem ao
nosso coração, temos força sobre o pecado e toda a vida se renova e revigora
pela abolição do pecado em nós, pois que ele não mais tem domínio sobre o
crente. Ainda mais: o sangue de Jesus derramado no madeiro da cruz é a realidade
da sombra do derramamento junto ao altar. Todo o sangue da vítima era ali
derramado, assim como também todo o sangue de Jesus foi derramado na cruz. Se
alguém quiser ver a Jesus no Velho Testamento, basta abrir o livro de Levítico
e ler estes maravilhosos capítulos. Não era uma brincadeira, todo este ritual.
Era para os tempos de antanho a coisa mais séria que podia haver, e não poderia
deixar de ser assim, porque a obra futura de Jesus estava sendo profetizada
ali".(10)
c)
Enquanto que a confissão no Tabernáculo deveria ser realizada sobre a cabeça do
animal, para assim o pecador ser aceito diante de Deus, hoje devemos confessar
nossos pecados diretamente a Jesus, se quisermos receber o verdadeiro perdão, 1
Jo 1.9, "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça". No Tabernáculo
o sacerdote era o intermediário da confissão; em Jesus não temos quaisquer
intermediários, ou mediadores. Conforme Mesquita:
"Nós devemos, hoje, colocar nossa mão
sobre a cabeça do Cordeiro de Deus e confessar sobre ele os nossos pecados,
para que então sejamos aceitos, Que cerimônia tocante não seria aquela, quando
um homem chegasse à porta oriental do Tabernáculo e fosse ao encontro do
sacerdote, levando sua vítima substitucionária pela mão. Ali, na presença do
representante de Deus, ele colocaria a mão direita com força sobre a cabeça da
vítima e confessaria o pecado que ele sabia tinha cometido, e, ato contínuo,
mataria ele mesmo a vítima como se fosse a si mesmo que se estivesse imolando
por suas culpas, apanhando então o sacerdote o sangue para ir fazer a expiação
diante do véu. Maior significação tem hoje o ato de um pecador jogar-se aos pés
de Jesus, confessar ali suas culpas e aceitar o sangue que foi derramado uma só
vez e ser incontinente perdoado. Que novas coisas surgem de tão singela
cerimônia! Uma vida em novidades, uma vida renascida!"(11)
d)
O contato com coisas, animais e pessoas imundas, era um tipo de transgressão
que exigia a Oferta Pelo Pecado. Este tipo de pecado exigia do ofertante uma
purificação; caso não observada, o infrator poderia ser morto, Nm 19.20,
"No entanto, quem estiver imundo e não se purificar, esse será eliminado
do meio da congregação, porquanto contaminou o santuário do SENHOR; água
purificadora sobre ele não foi aspergida; é imundo". Não podemos nos
esquecer de que o pecado nos torna "imundos", "impuros", e
precisamos ser purificados, lavados não pela água, mas pelo "sangue de
Cristo", Ap 22.14, "Bem-aventurados aqueles que lavam as suas
vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da
vida, e entrem na cidade pelas portas". No dizer de João: "Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça", 1 Jo 1.9. A palavra
"purificar" neste texto, vem do grego "kayarizw" –
katharizo, e significa "limpar-se da sujeira",
"purificar-se". Em quase todas as purificações judaicas usava-se a
água. Porém na Nova Aliança, não precisamos da água para nossa purificação
pessoal, e sim somos limpos através do sangue de Cristo e pela Palavra de Deus,
Jo 15.3, "Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho
falado".
IV – A OFERTA PELA TRANSGRESSÃO, OU
SACRILÉGIO
LV 5.14-6.7; 7.1-10
IV.1 DESCRIÇÃO
"Este sacrifício refere-se ao pecado que
exige uma restituição, mesmo antes da oferta, e apresenta-se sob duas formas:
uma, pela transgressão de faltar em dar as ‘coisas sagradas do Senhor’ (5.15)
isto é. nos dízimos, nas ofertas, nas primícias, etc., como pertencendo a Deus,
e exigindo a entrega ao sacerdote ou o resgate: outra, pela transgressão
‘contra os mandamentos do Senhor’ (5.17). Já que as mesmas palavras se encontram
várias vezes no cap. 4 (vs. 2, 13, 22 e 27), não há dúvida que o pecado em
causa exigia uma restituição".(12)
2.
Particularidades deste tipo de oferta:
a)
O produto do roubo ou defraudação deveria ser compensado, antes mesmo do
oferecimento de qualquer oferta a Deus, Lv 6.4, "... se, pois,
houver pecado e for culpado, restituirá o que roubou, ou o que obteve pela
opressão, ou o depósito que lhe foi dado em guarda, ou o perdido que
achou".
b)
Se o prejuízo fosse ocasionado por um juramento falso, além da restituição
inteira do prejuízo, deveria ser acrescentada a "quinta parte", que
seria entregue àquele que sofreu o prejuízo, no dia do oferecimento da oferta,
"... ou qualquer coisa sobre que jurou falso; por inteiro o restituirá, e
ainda a isso acrescentará a quinta parte; a quem pertence, lho dará no dia em
que trouxer a sua oferta pela culpa", Lv 6.5.
c)
A oferta exigia um carneiro "sem defeito", apresentado ao sacerdote
que faria a expiação, Lv 6.6-7, "6 E como a sua oferta pela culpa,
trará ao Senhor um carneiro sem defeito, do rebanho; conforme a tua avaliação
para oferta pela culpa trá-lo-á ao sacerdote; 7 e o sacerdote fará expiação por
ele diante do Senhor, e ele será perdoado de todas as coisas que tiver feito,
nas quais se tenha tornado culpado".
IV.2 SIMBOLISMOS
a)
Um tipo de pecado dentre os pecados de transgressão, era o juízo temerário, um
tipo de pecado que atinge o nosso semelhante, o próximo. Temos aqui em pauta o
pecado da língua, um dos piores pecados. Certamente, o mau uso da língua pode
destruir uma vida! Harrison faz a seguinte observação:
"O cristão é relembrado que a língua é
um instrumento poderoso (Tg 3.5-6), e é especificamente advertido no Sermão da
Montanha contra o fazer juramentos (Mt 5.34-36) e nas repreensões de Cristo
dirigidas aos escribas e fariseus (Mt 23.16-22). Os servos do Senhor devem ser
completamente fidedignos e confiáveis como testemunhas dEle"(13)
b)
Devemos lembrar aqui também daqueles pecados que fazemos diretamente contra
Deus: a defraudação nas ofertas, nos dízimos, a entrega dos primogênitos, das
primícias, etc. Se defraudar o homem é pecado, muito mais o será quando
defraudamos a Deus, retendo o que é dEle. Muitos filhos de Deus não são
abençoados no mundo porque "seguram", para não dizer "roubam"
o que pertence ao Senhor. Basta lembrarmos que Malaquias chama a retenção do
dízimo de roubo, Ml 3.8, "8 Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me
roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas". Há ainda
muitas outras coisas nas quais roubamos a Deus. Disto nos fala Mesquita:
"Não estamos, é certo, sujeitos às
faltas a que estava sujeito o crente judaico, não satisfazendo às exigências da
entrega dos primogênitos, das primícias, da assistência a certas festividades
etc., e por isso não estaremos expostos a tantas falhas, mas, assim mesmo, há
umas tantas coisas que sabemos serem exigidas e que devemos praticar, e, se as
não praticamos, incorremos nas penalidades impostas aos hebreus. Digamos que o
crente não foi à igreja, ainda que nada o impedia disso; ficou preguiçosamente
em casa. Transgrediu, roubando o culto do Senhor. Deveria, neste caso, avaliar,
se pudesse, o dano cometido, as despesas que teria feito e não fez com o
transporte e coletas e pagar tudo isto com um quinto de multa. Seria isto mesmo
que Deus exigiria? O autor não dogmatiza, mas não teme afirmar que, se
transgredimos os preceitos da vida cristã, seja em não cumprirmos nossos
deveres, seja em não pagarmos nossos dízimos, devíamos fazer restituição e
pagar a multa. Os governos exigem pesadas multas dos contribuintes que não
pagam dentro do prazo legal; será que Deus nos trata de modo diferente?".(14)
V. O SACRIFÍCIO DA PAZ, OU OFERTA
PACÍFICA
LV 3.1-17. 7.11-34
V.1 DESCRIÇÃO
"O sangue da Oferta Pacífica era
espargido sobre o Altar de Holocausto, a gordura e as partes internas eram
removidas e o restante era assado. A gordura e as partes internas eram
queimadas; para satisfazer a Deus como cheiro suave. Por Deus havido mostrado
claramente o que lhe agradava, a pessoa que oferecia tal oferta estava fazendo
exatamente aquilo que agradava a Deus, e desta maneira tendo comunhão com Ele.
Havia também a ocasião em que a carne da
oferta era para o sacerdote e o oferente consumir, comerem juntos, com bolos
ázimos amassados com azeite, coscorões ázimos amassados com azeite de flor de
farinha, similar a Oferta de Alimentos.
A Oferta Pacífica era uma indicação de um
bom, saudável e amoroso relacionamento entre o oferente e Deus, e entre o
oferente e o sacerdote. Havia paz com Deus e paz entre as pessoas em
geral".(15)
2.
Como nas outras ofertas temos também algumas particularidades em relação às
Ofertas Pacíficas:
a)
Dentre as outras ofertas, a Oferta Pacífica era a que expressava uma grande
alegria e júbilo por parte do ofertante, já que ela era oferecida por aqueles
que se julgavam estar em comunhão e paz com o Senhor. A oferta se constituía,
então, numa forma de gratidão a Deus.
b)
Outro detalhe importante é que esta oferta era aquela que era observada em
último lugar, o que nos impulsiona a dizer que a paz certamente nos vem quando,
como filhos de Deus, praticamos a obediência incondicional ao Senhor e
procuramos andar em seus princípios.
c)
Esta oferta poderia ser oferecida publicamente ou privativamente. Um exemplo de
Oferta Pacífica pública está relacionado aos dois cordeiros que eram oferecidos
por ocasião da Festa de Pentecoste, a qual era considerada
"santíssima". Normalmente estas ofertas públicas ocorriam durante
grandes manifestações nacionais, ou solenidades coletivas, onde havia muita
alegria e regozijo.
d)
As ofertas privadas vinham de:
-
ações de graças, como reconhecimento do alcance de misericórdias, Lv 7.12,
"Se fizer por ação de graças, com a oferta de ação de graças trará
bolos asmos amassados com azeite, obreias asmas untadas com azeite e bolos de
flor de farinha bem amassados com azeite".
-
provenientes de votos, Lv 7.16, "E, se o sacrifício da sua oferta
for voto ou oferta voluntária, no dia em que oferecer o seu sacrifício,
se comerá; e o que dele ficar também se comerá no dia seguinte".
-
Através de ofertas voluntárias, Lv 7.16, "E, se o sacrifício da sua
oferta for voto ou oferta voluntária, no dia em que oferecer o seu
sacrifício, se comerá; e o que dele ficar também se comerá no dia
seguinte".
e)
As Ofertas Pacíficas normalmente eram acompanhadas com uma libação e uma oferta
de cereais, onde eram oferecidos um bolo feito de cereais ralados e de farinha
de trigo misturada com azeite, além de bolos asmos, que eram preparados de três
formas diferentes, com azeite, Lv 7.11-14, "11 Esta é a lei das
ofertas pacíficas que alguém pode oferecer ao SENHOR. 12 Se fizer por ação de
graças, com a oferta de ação de graças trará bolos asmos amassados com azeite,
obreias asmas untadas com azeite e bolos de flor de farinha bem amassados com
azeite. 13 Com os bolos trará, por sua oferta, pão levedado, com o sacrifício
de sua oferta pacífica por ação de graças. 14 E, de toda oferta, trará um bolo
por oferta ao SENHOR, que será do sacerdote que aspergir o sangue da oferta
pacífica".
f)
Era exigido do ofertante que colocasse suas mãos sobre o sacrifício, através de
uma confissão de pecados e ainda que fizesse ação de graças a Deus. Após o
animal ser abatido pelo próprio ofertante, o seu sangue era aspergido sobre o
altar através do sacerdote; as entranhas e as gorduras eram queimadas ao
Senhor. Esta oferta culminava numa festa grandiosa e jubilosa, onde a carne do
animal, juntamente com os bolos asmos era comida pelos participantes.
g)
Outro detalhe significativo desta oferta é que o ofertante, juntamente com seus
amigos, os sacerdotes reuniam-se num relacionamento de feliz comunhão com o
Senhor, no átrio do tabernáculo, Dt 12.17-18, "17 Nas tuas cidades,
não poderás comer o dízimo do teu cereal, nem do teu vinho, nem do teu azeite,
nem os primogênitos das tuas vacas, nem das tuas ovelhas, nem nenhuma das tuas
ofertas votivas, que houveres prometido, nem as tuas ofertas voluntárias, nem
as ofertas das tuas mãos; 18 mas o comerás perante o SENHOR, teu Deus, no lugar
que o SENHOR, teu Deus, escolher, tu, e teu filho, e tua filha, e teu servo, e
tua serva, e o levita que mora na tua cidade; e perante o SENHOR, teu Deus, te
alegrarás em tudo o que fizeres". Essa refeição denotava a comunhão entre
os adoradores e Deus. E também simbolizava e prometia amizade e paz com Deus.
V.2 SIMBOLISMOS
a)
Como o próprio nome nos diz, a Oferta Pacífica, tem a ver com "comunhão e
paz", que somente pode vir através de um íntimo relacionamento entre Deus
e o ofertante. Através desta oferta, a comunhão entre Deus e o pecador se
tornava realidade. Nenhum homem poderia chegar ao Altar para oferecer a Oferta
Pacífica, sem antes haver passado pela Oferta da Expiação, ou seja, não poderia
haver qualquer comunhão do pecador com Deus, sem que antes, uma vítima substitutiva
pelo pecado fosse oferecida. Cumprindo esta exigência, o ofertante podia chegar
para oferecer a Oferta Pacífica, e gozar da paz oferecida pelo Senhor. Porém, a
paz com Deus nos dias do Velho Pacto não era absoluta, uma vez que havia
necessidade de se fazer constantes oferendas. Já, na Nova Aliança, a paz é
permanente e foi conquistada através do Senhor Jesus em nosso favor, Rm 5.1.
Conforme diz Mesquita:
"Cristo ofereceu por nós o sacrifício de
paz. Ele não nos salvou para ainda nos deixar no mesmo estado de ansiedade e
dúvida ou guerra com Deus. Certa vez Jesus disse que o Reino de Deus estava
dentro de nós, e o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas paz... Se há
coisa que um cristão deve gozar como resultado de sua salvação, é paz, e paz
com Deus. Não há dúvida de que ele terá muitas aflições, como Jesus mesmo
adverte, mas Ele também diz que venceu o mundo, e é certo que nos conforta,
para que vençamos também nossas lutas. A paz é o principal patrimônio do crente
em Jesus. De tudo ele poderá ter pouco. Poderá ter pouco talento para umas
tantas coisas; poderá ter pouco conhecimento das coisas desta vida; poderá ter
pouco de tudo que há em todo sentido, mas poderá ser enriquecido de paz. É a
única coisa em que todos podemos ser iguais e viver por igual nesta vida — na
paz conosco mesmos e com Deus. "Não se turbe o vosso coração...". Se
temos sido resgatados da maldição do pecado, tenhamos paz com Deus e paz dentro
de nós. Certo que corvejam sobre esta nossa riqueza espiritual milhares de
corvos. Sobre ela piam todas as corujas. Todavia, urge que não deixemos
arrebatar tão preciosa dádiva. Conservemos a paz".(16)
b)
Outro simbolismo envolvida na Oferta pacífica é o fato de que podemos erguer
nossa voz para dar ações de graças a Deus. Devemos ter em mente que inúmeros
dos sacrifícios que compunham as Ofertas Pacíficas, eram sacrifícios que
deveriam expressar por parte do ofertante uma gratidão ao Senhor, "Se
alguém o oferecer por oferta de ação de graças, com o sacrifício de ação de
graças oferecerá bolos ázimos amassados com azeite, e coscorões ázimos untados
com azeite, e bolos amassados com azeite, de flor de farinha, bem
embebidos", Lv 7.12. Como filhos de Deus, temos muitos motivos para
agradecê-lo! Falando aos crentes de Corinto Paulo não somente reconhece que
devemos dar "graças a Deus", mas que esta prática seja também
abundante, 2Co 4.15, "Pois tudo é por amor de vós, para que a
graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para
glória de Deus". Falando ainda aos efésios, afirma que devemos dar graças
continuamente, Ef 5.20, "sempre dando graças por tudo a Deus, o
Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo"
c)
Outro ponto importante de simbolismo está em que a gratidão a Deus, sempre vem
acompanhada com a alegria. Sabemos que a alegria é outro fator que deve ocupar
a vida do filho de Deus. Não se pode admitir crente carrancudo, emburrado, mal
humorado, pavio curto, etc., Em nós deve brilhar a alegria da salvação! Quando
Davi pecou, uma das coisas que ele lamenta ter perdido, foi o gozo da salvação.
Porém, Davi não deixou de reivindicar esta bênção, quando implorava pelo perdão
e restauração de seu pecado, Sl 51.12, "Restitui-me a alegria da
tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário". Como é bom servir a
Deus e viver na alegria da Palavra. Segundo Mesquita:
"Já se disse que a vida do cristão é de
festa. O que existe destoante deste postulado deve ser levado à conta de notas
desafinadas na sinfonia humana. Devemos viver em festa espiritual, e assim
vivem os que vivem verdadeiramente em Cristo. Há muitos cristãos tristes e
chorosos, como há muitos queixosos e descontentes, mas simplesmente porque não
vivem a verdadeira vida cristã. Pelo menos três vezes no ano deviam os crentes
judeus comparecer a Jerusalém, a sede do culto, para oferecerem seus
sacrifícios e fazerem festa. A nação não podia deixar-se matar de desânimo. Nós
não podemos comparecer três vezes ao centro de nosso culto, porque comparecemos
todos os dias e todos os momentos, pois que já chegou o dia quando nem em
Jerusalém nem em Samaria se adora a Jeová, mas em qualquer parte da terra.
Portanto, desta comunhão deve resultar maior alegria. Mesmo as melhores partes
do culto de domingo são estragadas pelo espírito de amargura e angústia.
Quantos crentes deixam a casa do Senhor em pior condição do que quando lá
entraram! Há coisas que não estão sendo feitas como desejamos? Lembremo-nos de
que tampouco as faríamos a contento de todos. O pregador não pregou como
gostaríamos? Lembremo-nos de que não pregaríamos melhor do que ele. Há um mundo
de coisas defeituosas e que não correm a nosso jeito, mas também nós somos um
amontoado de defeitos e imperfeições e, todavia, nosso Pai nos aceita. Só há
uma coisa que deve entristecer-nos: se andamos em pecado. Nenhuma outra coisa
deve levar-nos a deixar de dar graças ao Senhor e vivermos alegres".(17)
BIBLIOGRAFIA:
BARROW, Martyn. Artigo "O Altar dos
Holocaustos". http://www.domini.org/tabern.
martyn@domini.org. Tradução: Pastor
Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G.
Gardner 03/02.
BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01.
1999.
HARRISON, R. K., Ph. D., D. D., "Levítico,
Introdução e Comentário". Editora Mundo Cristão. São Paulo-sp, 1989.
LEA, LARRY. "Supremo Chamado", Editora Abba
Press. São Paulo.
SHEED, Russel, PhD. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida
Nova. São Paulo. Vol. I, págs. 157-163.
MESQUITA, Antônio Neves de. Estudo do Livro de
Levítico. Juerp (Junta de Educação Religiosa e Publicações da Convenção Batista
Brasileira). Rio de Janeiro-RJ. 1971.
NOTAS:
(1) BARROW, Martyn. Artigo "O Altar dos
Holocaustos". http://www.domini.org/tabern.
martyn@domini.org. Tradução: Pastor
Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G.
Gardner 03/02.
(2) SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia.
Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág. 158.
(3) MESQUITA, Antônio Neves de. Estudo do Livro de
Levítico. Juerp (Junta de Educação Religiosa e Publicações da Convenção Batista
Brasileira). Rio de Janeiro-RJ. 1971. Págs. 33-34.
(4) Id. ibid. pág. 35.
(5) SHEED, Russel. Op. cit., pág. 159
(6) MESQUITA, Antônio Neves de. Op. cit. págs.
47-48.
(7) HARRISON, R. K., Ph. D., D. D.,
"Levítico, Introdução e Comentário". Editora Mundo Cristão. São
Paulo-sp, 1989. Pág. 49.
(8) SHEED, Russel. Op. cit. pág. 160.
(9) MESQUITA, Antônio Neves de. Op. cit. pág. 71.
(10) Id. ibid. pág. 72.
(11) Id. ibid. pág. 73.
(12) SHEED, Russel. Op. cit., pág. 161.
(13) HARRISON, R. K., Ph. D., D. D. Op. cit.
pág. 63.
(14) MESQUITA, Antônio Neves de. Op. cit. pág. 83.
(15) BARROW, Martyn. Op. cit.
(16) MESQUITA, Antônio Neves de. Op. cit.,
págs. 61-62.
(17) Id. ibid. pág. 64.