CHARLES
THOMAS STUDD
Autor: Marcelo
Dutra
Pr. José Antônio Corrêa
Charles Thomas Studd (1860-1931) poderia ter sido mais um atleta
que gastou seus dias em árduas competições e apenas isso. Entretanto, sua
biografia demonstra que quando Deus toca o coração de alguém, seus rumos e
planos são mudados dramaticamente, de uma maneira maravilhosa.
O inglês Charles Studd era considerado um dos maiores desportistas
do final do século 19. Milionário, ele herdara da família a importância de 29
mil libras esterlinas, uma fortuna naquela época, mas se recusara a tirar
proveito dela, temendo que o dinheiro pudesse atrapalhar seus nobres ideais.
Determinado a investir na obra de Deus, enviou cinco mil libras esterlinas para
o missionário James Hudson Taylor, que se tomou uma lenda ao ser o primeiro a
levar a Palavra ao interior da China; outras cinco mil libras para um pastor,
William Booth, fundador do Exército da Salvação; cinco mil para Dwight L.
Moody, para que este iniciasse o estabelecimento do Instituto Bíblico Moody.
Studd doou ainda outras importâncias, sobrando-lhe apenas
Studd viajou para a China, onde trabalhou como missionário.
Posteriormente, foi para a Índia e para o continente africano. Seu pensamento
era: "Se Jesus é Deus e Ele morreu por mim, então nenhum sacrifício pode
ser muito grande para nós". Como resultado de seus esforços, foi fundada,
um pouco antes de sua morte, a Cruzada de Evangelização Mundial, que hoje conta
com mais de mil missionários em todo o mundo. A mensagem deixada por Studd foi
simples: enquanto a maioria investe em bens materiais, outros investem no Reino
de Deus.
Família - Essas lições de Charles Studd foram aprendidas desde muito
cedo. Ele era filho de um fazendeiro de origem indiana, Edward Studd, que se
havia aposentado na Índia e mudado para uma casa rural no município de
Tidworth, em Wiltshire, Inglaterra.
O pai de Studd, curiosamente, tinha-se convertido em 1877, quando
um amigo o levou para ouvir uma pregação de Moody, o mesmo pastor que seria
ajudado por seu filho, Charles Studd, anos mais tarde. Após a conversão,
Edward, imediatamente, deixou as atividades seculares e passou a usar sua casa
para reuniões evangelísticas até o dia de sua morte, em 1879.
Charles Studd e seus dois irmãos, Kynaston e George, estudavam
longe de casa. Curiosamente, os três converteram-se a Cristo em um culto
doméstico, e terminaram apaixonados pelo Evangelho. Os três irmãos eram
campeões de críquete, um dos esportes mais tradicionais da Inglaterra. As
habilidades excepcionais mostradas por Charles Studd naquele esporte fizeram
com que ele ganhasse um lugar na seleção inglesa, em 1882, época em que a
equipe havia perdido uma partida para a Austrália e estava desacreditada. Sob a
liderança de Charles Studd, os ingleses jogaram na Austrália, no ano seguinte,
e recuperaram o troféu.
Tempo de confrontação - Dois anos após a conquista do
campeonato, no entanto, com a doença e morte de George, Charles Studd sentiu-se
confrontado pela seguinte pergunta: De que adiantam toda a fama e valor de
lisonja quando um homem tem de enfrentar a eternidade? Ele percebeu, então, que
sua conversão, ocorrida seis anos antes, não havia produzido frutos. Resoluto,
ele declarou: O críquete não vai durar; a honra também não, bem como nada neste
mundo. Mas tenho que viver para o mundo que há de vir.
A partir de então, Charles começou a testemunhar de Jesus aos
amigos e jogadores da mesma equipe. Sua intenção era captar recursos para o
ministério de seu irmão, Kynaston, que tinha fundado uma organização
missionária entre estudantes. Logo, ele teve a alegria de conduzir outros a
Deus.
Até aquele momento, Studd testemunhara entre os próprios sócios e
amigos. Contudo, depois de ouvir, na China, uma pregação na qual um missionário
falara da necessidade de os servos de Deus agirem como pescadores de almas,
tudo mudou. Ele sentiu que Deus o estava chamando. Embora seus amigos e
parentes tentassem dissuadi-lo, Charles começou a considerar a pregação que
ouvira e marcou uma reunião com o Pr. James Hudson Taylor, o diretor da missão
no interior da China.
Rumo à China - A decisão de Studd foi seguida por mais
seis amigos dele. Ao mesmo tempo em que o grupo se preparava, uma onda de
conversões ocorria entre os estudantes das maiores Universidades da
Grã-Bretanha, graças à missão fundada por Kynaston, anos antes. Alunos de
Edimburgo, Londres, Oxford e Cambridge entregavam-se ao Senhor como jamais
ocorrera antes. Eles se transformariam, anos depois, nos missionários que
difundiriam a Palavra de Deus pelo mundo. Em pouco menos de dois meses, Studd e
alguns amigos já estavam prontos para a viagem à China.
Lá, Charles Studd passou dez anos. Quando, finalmente, retomou à
Inglaterra, ele foi convidado a visitar a América, onde Kynaston havia
organizado um movimento evangelístico entre os estudantes locais. Durante
aquela excursão, ele testemunhou o derramar de bênçãos poderosas em muitas
faculdades e igrejas. Aquilo mexeu tanto com Studd, que ele iniciaria uma sequência
de viagens missionárias impressionante.
Missões na Índia e na África - De
Em sua primeira viagem ao Congo Belga*, em 1913, ele
estabeleceu quatro missões em uma área habitada por oito tribos diferentes. A
partir dali, Charles começaria a viajar sozinho — sua esposa ficara doente.
Entretanto, o trabalho do Senhor e o chamado da família não mudaram. De sua
casa, na Inglaterra, ela e as quatro filhas do casal coordenavam o ministério
de Studd. Sua esposa era a responsável por missões em diversos países da
África, do Oriente Médio e da China.
Ela fez uma última visita ao Congo em 1928, reviu o marido e
faleceu pouco tempo depois. Em 1931, aos 70 anos, Charles Thomas Studd morreu,
entretanto, até os seus últimos dias, ele pregou a salvação pela fé em Jesus
Cristo, no campo missionário, em Málaga, na África. Foi, de fato, um gigante.
Um herói da fé.
* (Até 1971, este país tinha o nome de Congo Belga. Depois, Mobuto
Sese Seko o batizou com o nome de Zaire. Em 1997, passou a se chamar República
Democrática do congo)