DICAS PARA UM CASAMENTO FELIZ
Autoria: Sérgio Paulo da Silva
Pr. José Antônio Corrêa
“Como é que pode o
seu casamento estar dando certo? O que é que vocês fazem para o seu casamento
dar tão certo?” Esta pergunta foi feita por um casal de amigos que veio jantar
em casa. Eles explicaram a origem da questão: “É que nós conhecemos vários
casais de homens brasileiros casados com americanas que não deram certo. Quando
a mulher é brasileira e o homem americano, normalmente dá certo. Mas quando o
homem é brasileiro, dá problema. Deve ser o machismo dos brasileiros e a
independência das americanas”.
Esta pergunta não
é realmente fácil de responder. Não existe uma receita simples e que sirva para
todo mundo em qualquer contexto. Há uma série de fatores que nos ajudam a ter
um casamento extremamente feliz. Vou comentar aqui alguns sem a pretensão de
ser exaustivo ou autoritativo.
Quando se fala em
casamento feliz, a primeira palavra que nos vem à mente é amor. Mas, dizer que
o nosso segredo é o amor é o mesmo que dizer que a chuva chove molhada. É óbvio
que se não há amor não há relacionamento. O problema com a palavra “amor” é o
seu significado difuso. O homem moderno herdou modelos metafísicos e românticos
de amor. Mesmo depois da “revolução sexual”, milhões de jovens ocidentais ainda
sonham com o encontro de um amor etéreo, feito em algum lugar aquém do tempo e
do espaço, e que, conforme Vinícius, “seja eterno enquanto dure”. Isso nada tem
a ver com o conceito de amor que eu estou usando.
Talvez você possa
compreender melhor o que eu estou tentando comunicar, se eu expuser algumas das
nossas atitudes quanto ao casamento. Vou fazer isso através de algumas
palavras-chave.
I. MATURIDADE
A maturidade
começa a ajudar na hora de escolher o cônjuge. É muito comum a pessoa imatura
se apaixonar por alguém que não tem a mínima condição de construir um casamento
feliz. Quando minha esposa e eu nos encontramos já éramos adultos e
independentes. Encontramo-nos enquanto servíamos como missionários numa ilha do
Caribe (esta é uma história que, quem sabe, um dia eu conte). A nossa
experiência de vida nos havia preparado para a convivência conjugal.
II. DESPRENDIMENTO
Para que o
casamento seja feliz é necessário que ambos tenham a capacidade de abrir mão de
muitos dos seus desejos e de focalizar a atenção nas coisas que realmente
importam na vida. Na verdade, esta é uma manifestação de maturidade. É ser
capaz de pensar no bem estar do outro, e não apenas de si mesmo. A propósito,
esta também é a atitude mais fundamental para qualquer existência civilizada.
III. RESPEITO
Um casamento só
pode ser bom se houver respeito mútuo. Para que isto aconteça é necessário
abandonar atitudes, como o machismo, a arrogância, o orgulho de classe e cultura,
e uma série de outras doenças do Ego. A minha mulher está entre as pessoas a
quem eu mais respeito no mundo, como pessoa, como mulher, como cristã, como
mãe, e como companheira. E eu também me sinto respeitado por ela. Apesar de nós
compartilharmos praticamente tudo o que temos, o meu respeito me leva a não
invadir a privacidade dela. Isto implica em confiança, porque eu sei que ela
não vai usar os seus momentos de solicitude para fazer o que não deve. A
propósito, o respeito é como uma moeda: tem dois lados. Eu também preciso me
respeitar. Se eu não tiver respeito próprio, não vou inspirar o respeito do
outro, e nem fazer por merecê-lo. Respeito é fundamental.
IV. ADMIRAÇÃO
Esta é uma atitude
sutil, e que precisa ser desenvolvida. Foi a minha esposa quem me despertou
para esta necessidade. Ela tem muito a ver com o respeito, mas é diferente. O
respeito é mais uma maneira de pensar sobre o outro. O respeito negativo pode
gerar medo, e o positivo, admiração. Admiração é a disposição de focalizar a
atenção nas virtudes da outra pessoa, incentivando e elogiando o outro por
isso.
V. COMPROMISSO
O que você diz
para si mesmo determina uma grande parte da sua experiência de vida. Em outras
palavras, o seu casamento depende, em grande parte, das suas opiniões e
atitudes. Por exemplo, se você se convence de que o casamento é apenas uma
tentativa, a possibilidade de fracasso é altíssima. É preciso que você diga a
si mesmo que vai fazer todo o possível para que o casamento dê certo. É claro
que esta atitude implica numa escolha sensata, a qual depende da maturidade. Se
a moça se casa com um jogador compulsivo, não adianta se convencer de que vai
ser feliz no casamento. Não adianta usar a sua determinação mental para mentir
para si mesmo. Eu conheço muitos casos de pessoas que estavam vendo que a outra
pessoa era desequilibrada, mas diziam: “Eu vou conseguir mudar o Fulano”. Isto
não é determinação, é autoengano.
VI. AUTENTICIDADE
Aqui estou me
referindo a um conjunto de atitudes e comportamentos cujas várias facetas são:
vulnerabilidade, sinceridade, veracidade, transparência, caráter, honestidade e
humildade, entre outras. Onde há maturidade com respeito, não há perigo da
autenticidade se transformar em vulgaridade. Se não houver autenticidade de
caráter, não haverá nenhuma possibilidade do casamento se fortalecer em amor.
VII. CARINHO
Diferentemente de
todas as atitudes anteriores, o carinho é o único que não depende da maturidade
para existir, mas se nutre dele para se desenvolver por toda uma vida. Quando
eu digo “carinho”, não estou me referindo à paixão ardente dos namorados. Isso
é desejo. O carinho realizador no casamento engloba muito mais do que o sexo. É
o conjunto das formas de tratamento mútuo. Eis alguns exemplos de carinho
implícito: (a) O modo de falar, mesmo quando estão tratando das finanças da
casa. O seu tom de voz transpira os seus sentimentos. Eu tinha um colega que
quando falava com qualquer pessoa ao telefone era um veludo, mas quando falava
com a esposa, era uma pilha de nervos. (b) A ocupação do espaço na casa, pode
implicar em carinho - por exemplo, a distância física do casal nos momentos de
lazer. (c) As agendas do casal podem refletir carinho ou distância. Eles podem
abrir espaço um para o outro, ou podem estar ocupados demais para investir no
casamento.
CONCLUSÃO
Bom, chega de
tanto escrever. Só quero terminar dizendo o seguinte: sabe de onde eu tirei
todos estes princípios de vida conjugal? Da Bíblia. Procure lá que você vai
encontrar muito mais!