O Caráter de Um Bom Casamento
por Allen Dvorak
Pr. José Antônio Corrêa
Diz-se
com freqüência que um bom casamento é uma "amostra do céu". O
companheirismo de que um homem e uma mulher podem gozar em relação ao casamento
é uma bênção imensa dada por nosso Criador (Gênesis 2:18-24). Certamente, Deus
destinou o casamento a ser benéfico e satisfatório para ambos, o esposo e a
esposa. Infelizmente, muitos casais não descreveriam seus casamentos como
"celestiais".
Estratégias Inaproveitáveis
O
que podemos fazer para termos "bons casamentos"? Homens e mulheres
têm tentado várias estratégias para assegurar casamentos bem sucedidos. Muitos
têm raciocinado que o modo de ter um bom casamento é casar-se com a pessoa de
melhor aparência possível. Conquanto não seja pecado ser fisicamente atraente,
a aparência pessoal não é garantia de que uma pessoa será uma boa companheira.
O homem extremamente elegante ou a mulher impressionantemente bela com
freqüência não dão bons esposos! Outros têm concluído que um casamento
espetacular e uma lua-de-mel dispendiosa são o ponto de partida de um bom
casamento. Contudo, estas são coisas que não duram muito tempo e quando a
grandiosidade da cerimônia e a emoção da lua-de-mel passam, é comum que o
esposo e a esposa descubram que sua relação não é realmente muito boa. Ainda
outros têm seguido a estratégia de acumular bens antes de casar ou, em alguns
casos, de procurar uma pessoa rica com quem casar! Tal segurança financeira
constituirá, pensam eles, o alicerce de um bom casamento. Algumas vezes
parceiros em al relação assentada sobre a riqueza material pagarão quase tudo
para escapar do casamento. O resultado de tais preparativos financeiros é que
há mais bens a serem divididos quando o casal se divorcia.
Deverá
ser notado que não há nada inerentemente pecaminoso em ser fisicamente
atraente, ter um grande casamento e uma lua-de-mel agradabilíssima ou mesmo
economizar dinheiro antes do casamento com a esperança de um padrão de vida
mais alto. Cada uma destas coisas pode ser uma bênção para um casamento.
Nenhuma destas coisas, contudo, resulta necessariamente em um bom casamento. Se
desejamos relações satisfatórias, precisamos abandonar as soluções e valores de
sabedoria humana e consultar o manual de casamento escrito por Aquele que criou
o casamento no princípio. Na Bíblia podemos encontrar toda a informação que
precisamos para construir casamentos bem sucedidos.
Instruções Divinas
As
Escrituras ensinam que o casamento é destinado a durar até que um dos cônjuges
morra (Romanos 7:1-3; Marcos 10:9). Se cada parceiro mantiver esta convicção, o
casamento terá uma possibilidade maior de dar certo. Quando aparecem problemas
(e sempre aparecem!), tanto o esposo como a esposa empenham-se em resolvê-los
em vez de procurar escapar facilmente através do divórcio.
Quando
Paulo escreveu sobre as responsabilidades dos cônjuges, ele observou que as
esposas deveriam ser submissas a seus esposos (Efésios 5:22-24). Ele ordenou
ainda mais que os esposos deveriam amar suas esposas (Efésios 5:25-29). Este
amor (na língua grega, "agape") não é de puro sentimento ou mesmo a
expressão de palavras vazias, mas é antes o resultado de uma escolha moral e
expressa-se em ação. Elcana, pai do profeta Samuel do Velho Testamento,
evidentemente amava profundamente sua esposa Ana (1 Samuel 1:1-8). Ele
expressou seu amor por ela através de sua generosidade. Além do mais, este tipo
de amor busca o bem estar de outros independente do tratamento com que eles
retribuem. O apóstolo Paulo descreveu o caráter deste amor em 1 Coríntios
13:4-7. As responsabilidades de amor e submissão incluem outras específicas.
Por
exemplo, para amar sua esposa, o esposo tem que se comunicar com ela. Para
procurar o melhor bem estar da esposa, ele precisa entender as necessidades e
desejos dela. Mais uma vez, observando o exemplo de Elcana e Ana, quando ela
estava triste por causa de sua esterilidade e da provocação de sua rival, Elcana
procurou descobrir a causa de sua angústia (1 Samuel 1:4-5, 8). Se o esposo
comunica a razão para suas decisões, torna-se muito mais fácil para a esposa
submeter-se. Sem comunicação adequada entre cônjuges, é extremamente difícil,
talvez impossível, ter-se um bom casamento. Comunicação franca entre esposo e
esposa permite a cada um entender melhor o outro, evitando muitos
desentendimentos. A participação nas opiniões, sonhos e temores através da
comunicação permite uma intimidade que ajuda a unir o casal.
Honestidade
Todos
os bons casamentos exigem honestidade e discrição de ambos. Tanto esposo como
esposa deverão empenhar-se em sempre falar a verdade um ao outro (Efésios 4:25;
Colossenses 3:9). Bons casamentos dependem da confiança e uma mentira
descoberta destrói essa confiança. A esposa que descobre que seu esposo mentiu
para ela em um assunto imaginará que ele no futuro estará mentindo também sobre
outros assuntos . . . mesmo que ele esteja falando a verdade. Infelizmente,
aqueles que praticam o engano com freqüência acreditam arrogantemente que são
muito inteligentes para "serem apanhados". O mentiroso pode
freqüentemente cobrir seu engano por algum tempo, mas as mentiras costumam ser
descobertas. A esposa que esconde informação de seu esposo está também
praticando o engano, uma forma de desonestidade. A suspeita que resulta quando
o engano é descoberto ameaça a bela intimidade possível num casamento.
Discrição
Quando
duas pessoas vivem juntas ainda que por curto período de tempo, elas podem
aprender algumas coisas nada lisonjeiras sobre um e outro. Num bom casamento, o
esposo não falará destas faltas de sua esposa com outros. Ele protegerá a
reputação dela à vista dos outros, enquanto trabalhará para ajudá-la a melhorar
nessas áreas. De modo semelhante, a esposa não discutirá as fraquezas de seu
esposo com outras pessoas. A prática de tal discrição encorajará maior
intimidade na comunicação dentro do casamento. Cada parceiro sentir-se-á bem
partilhando com o outro os pensamentos mais particulares porque ele ou ela sabe
que estes pensamentos não serão revelados a outros.
Fidelidade Sexual
Poucas
coisas destroem um casamento mais depressa do que a infidelidade sexual. Num
bom casamento, cada parceiro tem não somente de se abster de atos abertos de
impureza sexual, mas não deve dar ao outro causa para suspeita. O esposo
precisa evitar que seus olhos se fixem na direção de outras mulheres e a esposa
tem que ser cuidadosa para que seu comportamento a respeito de outros homens
seja puro (Mateus 5:27-28).
Respeito
O
resumo feito por Paulo das responsabilidades do esposo e da esposa em Efésios
5:33 revela que a submissão da esposa envolve respeito ao seu esposo. Do mesmo
modo, o esposo não deverá tratar sua esposa como inferior a ele porque ela
voluntariamente aceitou uma posição de submissão (1 Pedro 3:7). Em vez disso,
ele deverá tratá-la com dignidade e consideração. Ele não deve diminuí-la nem
tratá-la com aspereza ou amargura simplesmente porque Deus lhe deu autoridade
na família (Colossenses 3:19).
Altruísmo
O
egoísmo está na base de um número incrível de dificuldades matrimoniais. É
extremamente difícil viver com alguém que sempre pensa só em si mesmo. Cuidar
de uma criança é trabalho duro porque ela não tem consideração com as
necessidades e desejos dos outros. Suas necessidades precisam ser satisfeitas
imediatamente ou ela fará com que seus pais saibam de sua infelicidade por meio
de gritos estridentes! Como adultos, já deveremos ter ultrapassado tal egoísmo,
mas infelizmente alguns esposos agem bem dessa mesma maneira. Se as coisas não
são feitas como lhes serve, eles ficam trombudos ou têm ataques de cólera,
muito parecidos com os das crianças que não sabem de nada melhor. A mulher
virtuosa de Provérbios 31 sacrificava-se, trabalhando para prover a sua casa
(Provérbios 31:10-31). Cada cônjuge [amadurecido] deverá estar querendo pôr as
necessidades e desejos do outro antes do seu próprio, se necessário (Filipenses
2:4; 1 Coríntios 13:5), e os que são infantis não deveriam casar-se!
Paciência
A
paciência é o lubrificante que evita que o casamento se aqueça demais quando os
problemas provocam atrito entre os parceiros. Uma falta de paciência, no mais
das vezes, resulta em decisões insensatas ou irritação. Tiago deu bom conselho
quando escreveu "Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para
falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de
Deus" (Tiago 1:19-20). A paciência é aquela qualidade que permite a uma
pessoa suportar com calma serenidade uma situação que não é ideal ou desejável
(longanimidade; Gálatas 5:22; Efésios 4:2; Colossenses 3:12). A impaciência é
quase sempre uma forma de egoísmo na qual nos tornamos furiosos porque as
coisas não estão acontecendo do modo que queremos que aconteçam. Haverá muitas
ocasiões durante um casamento nas quais as coisas não serão ideais!
Humildade
Algumas
pessoas não querem admitir nenhuma falha. É inevitável que um cônjuge peque
contra o outro. A humildade é a qualidade que permite-nos reconhecer nossa
própria falibilidade, admitir nossas faltas e pedir perdão àqueles que tivermos
maltratado. A pressuposição de que sempre sabemos o que é melhor ou que nunca
cometemos nenhum erro é uma forma de arrogância. Tal arrogância é oposta ao
amor (1 Coríntios 13:4). Num bom casamento, ambos os parceiros servirão um ao
outro fazendo muitos pequenos favores. A arrogância não permite a "atitude
servil" (João 13:1-15). A humildade também ajuda a perdoar os outros que
pecam contra nós, porque nos lembra que nós mesmos somos falíveis e freqüentemente
necessitamos ser perdoados (Efésios 4:31-32; Colossenses 3:13). No decorrer de
um casamento, haverá muitas oportunidades para perdoar seu cônjuge! Ofensas não
perdoadas tendem a ser como feridas não curadas, inflamadas; elas afetam
severamente a saúde da relação.
Quando
alguém está procurando um bom companheiro ou simplesmente tentando melhorar uma
relação conjugal existente, estes princípios ajudarão a assegurar um casamento
bem sucedido. De fato, muitos desses traços característicos que promovem um
casamento bem sucedido podem ser aplicados praticamente em qualquer relação
humana para torná-la melhor!