PERDÃO NA FAMÍLIA
Extraído de www.jornalexpress.com.br
José Antônio Corrêa
Este estudo
pressupõe que há falta de perdão nos relacionamentos familiares. Será que essa
pressuposição é verdadeira?
Se olharmos
para as estatísticas de separações entre marido e mulher e entre pais e filhos
(abandono do lar), temos que admitir que o perdão não está sendo praticado.
A crise de
perdão na família reflete uma crise conjugal.
A crise
conjugal reflete uma crise espiritual. Os nossos relacionamentos horizontais
dependem de nosso relacionamento vertical.
I. A IMPORTÂNCIA DO PERDÃO
A. Uma
família não pode subsistir sem perdão, pois invariavelmente vamos errar uns com
os outros. O perdão é a possibilidade da convivência.
B. O perdão
é um indicador de nossa compreensão do amor de Deus por nós, Cl 3.13b,
"...assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também".
C. Todos nós
experimentamos ofensas: um amigo que nos trai, um filho ingrato, a parcialidade
dos pais, uma palavra áspera, uma acusação falsa, uma data pessoal esquecida, a
indiferença para comigo de alguém que me é importante. Perante a ofensa
exercemos a escolha. Podemos "perdoar ou tornar-nos ressentidos, amar ou
odiar, estabelecer relacionamentos ou rompê-los." A primeira escolha
leva-nos à liberdade constante, uma vida de sinceridade e opções. A segunda
escolha, inevitavelmente, leva-nos a uma escravidão dentro de nós mesmos. A
primeira resulta em crescimento espiritual, a segunda, em amargura. PERDÃO É
CURA.
II. OFENSAS COMUNS NA FAMÍLIA
A. Papéis
não assumidos
Maridos -
liderança em amor, disciplina dos filhos, direção espiritual, sustento do lar;
Esposas -
submissão e respeito, cuidado da casa, apoio e estímulo para o marido,
orientação aos filhos;
Filhos -
honra e obediência aos pais;
Pais -
orientação e disciplina firme, amorosa e coerente, amizade, suprimento
emocional, material e espiritual.
B.
Negligência às necessidades básicas
Dos maridos
- respeito, realização sexual;
Das esposas
- carinho, proteção, atenção e amizade;
Dos filhos -
atenção, tempo, amizade;
Dos pais -
obediência, boa conduta.
C. Falhas
pessoais:
1.
Esquecimentos. (datas, promessas, etc.);
2. Egoísmo;
3. Ira;
4. Agressões
(físicas, verbais);
5.
Infidelidade (quebra dos votos conjugais - quais?)
III. O QUE É O PERDÃO?
A. O perdão
não é basicamente uma emoção mas uma decisão! É um ato de minha vontade, não de
minhas emoções, Cl 3.13, "Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos
uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos
perdoou, assim fazei vós também".
B. O perdão
é a decisão de não levantar mais a ofensa perante três pessoas : Deus, os
outros (inclusive o ofensor), e eu mesmo.
C. Perdão é
diferente de absolvição. Absolvição relaciona-se com as conseqüências da
ofensa, enquanto perdão relaciona-se com a nossa atitude (reação emocional)
para com a ofensa e para com o ofensor.
D. Perdão é
portanto uma questão de obediência a uma ordem do Senhor Ef 4.32, "Antes
sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos
outros, como também Deus vos perdoou em Cristo".
Lc 17.3-4,
"3 Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e,
se ele se arrepender, perdoa-lhe. 4 E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e
sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe".
E. Perdão é
unilateral; ele não depende dos "méritos" do ofensor. (Ilustr. Coren
TenBoom e o carrasco nazista.)
F. Não há
limite para se perdoar, Mt 18.21-22, "21 Então Pedro, aproximando-se dele,
disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe
perdoarei? Até sete? 22 Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até
setenta vezes sete".
IV. ALGUNS ESCLARECIMENTOS SOBRE O
PERDÃO
A. Perdão é
uma reação positiva para com a ofensa, ao invés de uma reação negativa para com
o ofensor.
Ofensas são
oportunidades para ou perdoar ou ficar amargurado. Uma reação positiva
significa olhar aquela ofensa como oportunidade para crescer na vida e/ou para
refletir as qualidades de Cristo para com o ofensor.
B. Ao
perdoar podemos ver o ofensor como instrumento de Deus em nossa vida, Gn
50.15-21, "15 Vendo então os irmãos de José que seu pai já estava morto,
disseram: Porventura nos odiará José e certamente nos retribuirá todo o mal que
lhe fizemos. 16 Portanto mandaram dizer a José: Teu pai ordenou, antes da sua
morte, dizendo: 17 Assim direis a José: Perdoa, rogo-te, a transgressão de teus
irmãos, e o seu pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, rogamos-te que perdoes
a transgressão dos servos do Deus de teu pai. E José chorou quando eles lhe
falavam. 18 Depois vieram também seus irmãos, e prostraram-se diante dele, e
disseram: Eis-nos aqui por teus servos. 19 E José lhes disse: Não temais;
porventura estou eu em lugar de Deus? 20 Vós bem intentastes mal contra mim;
porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar
muita gente com vida".
C. O perdão
significa cooperar com Deus na vida do ofensor.
D. Ao
perdoar reconhecemos o direito que só Deus tem de julgar, Rm 12.19,
"Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está
escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor".
V. CONSEQÜÊNCIAS DA FALTA DE PERDÃO
A.
conseqüências Físicas: amargura prolongada causa alguns efeitos físicos tais
como úlceras, pressão alta, descargas de adrenalina (por causa da associação
com a ira) e outras complicações.
B.
conseqüências Emocionais: depressão é a maior conseqüência. Uma amargura
prolongada pode gerar um foco emocional em nossa mente que tira de nós uma
grande dose de energia por causa de força que precisamos para manter nossas
"broncas" contra aqueles que nos ofenderam.
C.
conseqüências Espirituais: nosso relacionamento com Deus é sensivelmente
prejudicado, visto que estamos em desobediência à Sua Palavra.
Ef 4.31-32,
"31 Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a
malícia sejam tiradas dentre vós 32 Antes sede uns para com os outros benignos,
misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em
Cristo".
Mt 18.22,35,
"22 Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes
sete. 35 Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não
perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas".
Tudo isso
aparecerá inevitavelmente no contexto familiar.
VI. COMO PERDOAR
A. Decida
perdoar. Primeiro vem a obediência e depois o sentimento.
B. O perdão
pode implicar em confrontação, Mt 18.15, "Ora, se teu irmão pecar contra
ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu
irmão".
C. Motive-se
no exemplo de Cristo, Cl 3.13, "Suportando-vos uns aos outros, e
perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como
Cristo vos perdoou, assim fazei vós também".
Dependa da
Sua Graça. (Rapaz crente que perdeu a esposa e o filho baleados em um assalto
ao Banco) - Fp 4.13, "Posso todas as coisas em Cristo que me
fortalece"
D. Busque o
bem do ofensor (Rm 12.20). Isso significa, no mínimo, oração, mas pode
significar muito mais.
E. Faça um
compromisso com Deus de jamais levantar a(s) ofensa(s) perante Ele, perante os
outros (inclusive o ofensor), e perante você mesmo.