Quando o casamento é um drama
Por Suely Bezerra*
Pr. José Antônio Corrêa
O casamento só se torna um drama quando as diferenças não são
resolvidas, pois ele, mais do qualquer outra relação na vida, pode nos fazer
mais amargos ou nos tornar melhores. Podemos extrair o pior ou o melhor das
dificuldades do casamento.
O fato de nos tornarmos melhores ou piores nada tem haver com a
quantidade de dificuldades, diferenças ou ajustes em nosso casamento. Todos os
casamentos têm muitos desses entraves. Se bem conduzidas, as dificuldades e
diferenças podem aproximar o casal e acrescentar maior dimensão à vida. Ou
podem afastar e separar os parceiros, se eles conduzirem mal suas desavenças.
O surgimento dessas diferenças não é questão de amor. Falta-nos
uma compreensão realística do amor. Amar não é algo que nos tira da depressão e
da solidão e, a seguir, fica conosco para sempre. Embora possamos ser atraídos
à primeira vista, nunca amamos à primeira vista. O amor se parece mais com uma
planta. Se ela é cuidada e alimentada e continuamente cultivada, torna-se uma
bela planta. Sem isso, ela seca e morre, por melhor que seja o solo, por mais
perfeita que seja a semente, ou por melhor que tenhamos plantado no início.
"Se seu cônjuge é bonito ou atraente aos 25 anos, você pode
não ter nenhuma responsabilidade por isso. Mas se seu parceiro é bonito ou
atraente aos cinquenta e cinco anos, você pode ser parcialmente
responsável!"
As semelhanças são importantes
A formação
religiosa é importante, pois uma casa dividida não subsistirá, diz a Palavra de
Deus. É preciso muita renúncia e misericórdia de Deus. É um risco que pode ser
evitado (II Coríntios 6.14).
A formação
econômica também, pois muitos casais acham que "o amor resolve tudo",
mas descobrem que, na realidade, não é assim tão simples. Ninguém vive de amor
somente. A formação cultural sempre favorece a probabilidade de um ajustamento
satisfatório do casal.
A formação educacional, quando
um desenvolve um mundo intelectual vasto enquanto outro nada acrescentou. Ficam
quilômetros separados em termos de interesses e compreensão.
Os interesses, pois
quando são comuns, há uma probabilidade muito maior para um casamento feliz. Um
casal que tem poucos gostos em comum está em grande desvantagem, pois é difícil
encontrar de forma natural o prazer de participar das alegrias de seu parceiro.
Idades semelhantes é relevante. Casar-se com uma pessoa que seja muito jovem ou
mais idosa não torna um casamento necessariamente infeliz, mas torna mais
difícil a convivência.
De que modo essas semelhanças mencionadas estão presentes ou
ausentes em seu casamento? Você poderia mencionar outras importantes
semelhanças para tornar o casamento satisfatório?
Os opostos se atraem
Quando se trata de temperamento dos seres humanos, geralmente as
pessoas muito diferentes entre si é que acabam se casando. Na realidade, Deus
nos fez desta forma para que pudéssemos crescer juntos e nos tornar pessoas
melhores do que seríamos sozinhos.
As diferenças de temperamentos são motivos de muitas dificuldades.
Quando não sabem administrar essas diferenças, colocam a culpa na famosa
"incompatibilidade de gênios". Isso é um mito inventado por juristas
carentes de argumentos com o fim de requerer o divórcio. É, provavelmente, uma
desculpa comum que as pessoas usam para esconder seus próprios sentimentos. Não
há incompatibilidades, e sim divergências e erros que, entretanto, podem ser
corrigidos quando há vontade para fazê-lo.
As diferenças de temperamentos nos fazem fortes em nossos pontos
fracos, e assim o casamento se torna uma complementação importante e necessária
para os parceiros. Quando os parceiros continuamente valorizam e cultivam a
força que cada um traz ao casamento, eles têm numerosas possibilidades de
atingir maior desenvolvimento pessoal e conjugal e ser felizes.
As diferenças podem dividir... ou aproximar
Nunca houve um casamento que não pudesse ter sido um fracasso. Os
componentes da desarmonia estão presentes em todo casamento. Depois do
casamento, os casais que não viam tantas diferenças em seu namoro começam a se
dividir, ao invés de tentar crescer juntos e adaptar-se um ao outro.
A velha regra parece certa: "O que chamou atenção antes do
casamento cria tensão depois do casamento." Isto é verdadeiro, se não
permitirmos que nosso cônjuge continue a ser a pessoa que escolhemos. Se não
queremos que nosso casamento seja um fracasso, devemos esquecer o objetivo de
mudar um ao outro. Nunca funciona. Quando nos propomos a mudar um ao outro, em
vez de nos aceitar mutuamente, as coisas tendem a piorar no lugar de melhorar.
Além disso, podemos desenvolver sentimentos de culpa, desavenças e falta de
comunicação.
Esse é um caminho muito perigoso. A comunicação diminui e
começamos a imaginar que poderia ser diferente se tivéssemos nos casado com
outra pessoa (essa pessoa pode ser um colega, vizinho, líder ou até mesmo um
pastor). Quando chegamos a este ponto de sermos tentados no desejo de mudar de
cônjuge, precisamos de ajuda urgente, pois todo adultério começa na mente
(Mateus 5.27-28).
Dificuldade de comunicação é um dos primeiros sinais de um
casamento resvalando para o vazio. Tornam-se pessoas solitárias mesmo casadas,
não se abrem, não se falam, a não ser das coisas da casa. Não podemos deixar as
diferenças de nosso casamento chegar a este ponto, e isto não é difícil. Temos
um inimigo que colabora e muito para isto. Fiquemos atentos, pois onde seu
parceiro trabalha sempre aparecerá alguém que o compreende como ele é (I Pedro
5.8).
"Um bom casamento é um alvo a ser buscado, não um privilégio
que se possui automaticamente."
* Suely Bezerra é Pastora da Comunidade da Graça, em Vila Carrão, e líder nacional do
ministério Mulheres Intercessoras, integra a Comissão de Intercessão do
Conselho de Pastores e Ministros Evangélicos do Estado de São Paulo