Sobrevivendo ao Casamento
Pr. Ezequias Amancio Marins
Pr. José Antônio Corrêa
Quero
começar citando algumas frases extraídas da Revista Ultimato, deste mês, com o
tema: Casamento: Beleza e Transcendência:
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"O amor é como sarampo, todos temos de passar por ele."
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"Quando a pobreza bate à porta, o amor voa pela janela".
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"O amor faz muito, mas o dinheiro faz tudo."
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"O amor é eterno, enquanto dura."
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"O amor faz passar o tempo, e o tempo faz passar o amor".
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"Onde manda o amor, não há outro senhor".
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"O amor antigo não enferruja, e , se enferrujar, limpa-se".
Essas
frases que denunciam verdades e inverdades a respeito do casamento nos provoca
a uma séria reflexão sobre a importância de, em nossos dias, termos o casamento
como uma instituição séria e vital.
Vemos
em Eclesiastes 4.9-12 retratado a importância da vida a dois, e a superioridade
dessa forma de relacionamento em relação à solidão. Ninguém em sã consciência
preferirá deliberadamente a solidão, ao invés da companhia.
A
revista Veja, a quarta maior do mundo, anunciou em uma reportagem de Agosto do
ano passado, a reportagem: "O casamento não morreu: viva o
casamento". Na reportagem citada, um dado nos deixa a pensar: "Nos
Estados Unidos, 60% dos casamentos acabam em divórcio. Na Inglaterra, são 40%.
No Brasil a conta também não pára de subir. Segundo dados do IBGE, para cada
nove casamentos realizados em 1985 um casal se divorciava. Dez anos depois, a
proporção era muito maior: um divórcio para cada quatro uniões."
Mas
o texto que acabamos de ler resume duas situações de risco em que o casamento
precisa funcionar como barreiras de contenção ao amor. Digo isso, inspirado nas
palavras de Dietrich Borroefer quando celebrou o casamento de sua sobrinha;
"Até aqui o amor sustentou o casamento de vocês, agora, o casamento
sustentará o amor de vocês."
I. A primeira situação de risco é o
desânimo
O
texto fala no verso 10: "Pois, se caírem, um levantará o seu
companheiro..."
Quero
aplicar que são várias as áreas de queda ou de desânimo no casamento. Me
limitarei a citar algumas:
1.1 Desânimo na área financeira
O
Pr. Jaime Kemp em um capítulo de um dos seus livros diz que em muitos
casamentos a expressão "até que a morte os separe", deve ser
substituída por "até que as dívidas os separem".
Talvez
não exista situação mais embaraçosa para o casal do que o desmando nas contas
financeiras. O cuidado que devemos ter para com nossos gastos, caso não seja
levado a sério, certamente gerará fragilidade na confiança da mulher no homem.
E os gastos excessivos, gerará certamente desespero por parte do esposo.
O
que importa decisivamente, não é qual dos dois é o gastador, mas sim que a
unidade do casal não pode ser apenas no campo físico, emocional, social,
precisa ser assim no campo financeiro.
1.2 Desânimo na área de projetos para o futuro
É
comum em chegando uma determinada época da vida sermos confrontados com o
desânimo em relação ao futuro. O forte senso que temos para as conquistas se
finda diante das dificuldades de execução de nossos projetos. Daí uma queda.
Mas
quero remeter você novamente ao texto: "...se caírem, ( seria melhor
traduzido ‘se um deles cair’) um levantará o seu companheiro". Um cônjuge
deve estar sempre preparado para dar uma palavra de ânimo àquele que uma vez se
encontra desmotivado para continuar a caminhada.
As
palavras no casamento precisam ser recheadas da graça de Deus, e segundo uma
exortação de Paulo, "devem ser temperadas com sal".
É
incrível como que o modo em que pronunciamos as palavras é muito importantes.
Lembro
de uma história que ouvi recentemente. Numa cidade de Minas Gerais onde o
catolicismo impera violentamente um homem encheu-se de coragem e escreveu no
muro, depois de uma briga com o padre da cidade: MATAR O PADRE NÃO É PECADO.
Foi uma grande confusão, o padre resolveu então processar o homem, e toda a
cidade parou para assistir o julgamento do homem que havia tido a coragem de
blasfemar contra o padre.
Só
que a pressão foi tamanha, e o advogado do homem conseguiu convencer o homem de
que ele não ganharia nada na briga com o padre, e poderia até mesmo, caso fosse
condenado ser linchado pela população. Daí o homem autorizou a seu advogado a
fazer sua complicada defesa.
No
dia da reconstituição do "crime", estavam presentes o padre, o
delegado, o réu, e os advogados da acusação. Foi quando num lance de gênio o
advogado de defesa começou dizendo: "quero provar neste lugar que meu
cliente não deve a intenção de falar contra o reverendíssimo padre, muito pelo
contrário, quis preserva-lhe a vida.". Todos se entreolharam e não
entenderam absolutamente nada. Mas o advogado continuou: "Vejam aqui
comigo o que está escrito: MATAR O PADRE NÃO É PECADO. Só que meu cliente se
esqueceu de um detalhe importante, a vírgula entre as palavras NÃO, e É. A
verdadeira intenção do meu cliente era dizer: MATAR O PADRE NÃO, É
PECADO!"
Essa
história visa ilustrar que as palavras precisam ser ditas em todos os seus
detalhes, caso ela deseja abençoar, e não amaldiçoar. Por isso que Tiago vai
dizer para estarmos atentos a respeito de nossa língua.
II. Agora, a segunda situação de
risco é a frieza
O
verso 11 diz: "Também se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um
só como se aquentará."
Há
também vários momentos que podemos perceber frieza no casamento, mas me
remeterei a somente dois:
2.1 Doenças e enfermidades
Oh!
Como é importante a cobertura apaixonada num momento de doença física! Não se
pode certamente escolher quando se fica doente, mas se pode encarar esse
momento de fragilidade física como uma oportunidade do amor maduro se
estabelecer.
Nas
noites frias, nada substitui um corpo junto para o aquecimento amoroso, terno e
carinhoso!
As
doenças não podem ser encaradas como pertencentes à nossa própria estrutura de
ser. Tenho dito repetidas vezes que não se deve dizer: "minha
doença". Digo isto porque há pessoas que mantém uma relação de amizade com
doenças. Até mesmo, porque precisam dela para se manterem como alvo de todas as
atenções.
"O
verdadeiro amor lança fora todo o medo". Embora esse texto refira-se em
primeiro plano ao amor de Deus por nós, fico em paz para dizer que o amor
conjugal também deve lançar fora todo o medo provocado por males físicos e
emocionais.
Tenho
algumas frases aqui de pessoas que se descasaram, e aqui destaco algumas das
justificativas. Isso para nossa reflexão:
"Ele
não me deixava sair sozinha, trabalhar ou estudar."
"A
convivência foi ficando cada vez mais cansativa."
"Acabou
o amor, o encantamento, o respeito e a paixão."
"Não
nos beijarmos mais foi o início do fim".
"Eu
comecei a progredir na profissão e ele não deu conta do meu brilho".
"Nunca
achei que casamento fosse duradouro. Ninguém é de ninguém."
"Ela
queria comandar demais, eu aceitei e depois não agüentei".
"Dificuldades
financeiras acabaram com o respeito mútuo".
"Casamos
um pouco rápido e cedo demais".
Todos
esses depoimentos, extraídos da reportagem da Veja, 11/08/99, nos servem de
indicadores de que a convivência não deve de forma alguma se render à
monotonia. Pois poderá pagar um preço muito caro pela rotina: a frieza
romântica.
III. Quero terminar, percebendo no
verso
O
verso diz: "E, se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe
resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa".
3.1 Essas situações de risco podem ocorrer em qualquer
casamento.
Não
importa se os cônjuges são crentes ou não, se são líderes da igreja ou não, vez
por outra o desânimo e a frieza podem nos visitar. Por isso quero relembrar com
vocês um pensamento que disse no início: "O amor antigo não enferruja, e ,
se enferrujar, limpa-se".
3.2 Deus fará com que até mesmo essas situações de risco
contribuam para o bem do casamento.
Essa
é a maravilhosa doutrina da providência. Há um artigo de uma famosa declaração
doutrinária que me encanta: "Confio nele tão completamente que não tenho
nenhuma dúvida de que ele proverá de todas as coisas necessárias ao corpo e à
alma. Além disso, seja qual for o mal que me envie nessa vida conturbada, Ele o
mudará em bem para mim, pois Ele pode assim fazer, sendo Deus Onipotente, e
estando determinado a agir desta maneira como um Pai fiel."
Isso
me faz lembrar uma fantástica história:
Um
certo homem saiu em uma viagem de avião. Era um homem temente a Deus, e sabia
que Deus o protegeria. Durante a viagem, quando sobrevoavam o mar um dos
motores falhou e o piloto teve que fazer um pouso forçado no oceano.
Quase todos morreram, mas o homem conseguiu agarrar-se a alguma coisa que o
conservasse em cima da água. Ficou boiando à deriva durante muito tempo até que
chegou a uma ilha não habitada.
Ao
chegar à praia, cansado, porém vivo, agradeceu a Deus por este livramento
maravilhoso da morte. Ele conseguiu se alimentar de peixes e ervas. Conseguiu
derrubar algumas árvores e com muito esforço conseguiu construir uma casinha
para ele. Não era bem uma casa, mas um abrigo tosco, com paus e folhas. Porém
significava proteção. Ele ficou todo satisfeito e mais uma vez agradeceu a
Deus, porque agora podia dormir sem medo dos animais selvagens que talvez
pudessem existir na ilha. Um dia, ele estava pescando e quando terminou, havia
apanhado muitos peixes. Assim com comida abundante, estava satisfeito com o
resultado da pesca. Porém, ao voltar-se na direção de sua casa, qual tamanha
não foi sua decepção, ao ver sua casa toda incendiada. Ele se sentou em uma
pedra chorando e dizendo em prantos:
"Deus!
Como é que o Senhor podia deixar isto acontecer comigo? O Senhor sabe que eu
preciso muito desta casa para poder me abrigar, e o Senhor deixou minha casa se
queimar todinha. Deus, o Senhor não tem compaixão de mim?"
Neste
mesmo momento uma mão pousou no seu ombro e ele ouviu uma voz dizendo:
"Vamos,
rapaz?"
Ele
se virou para ver quem estava falando com ele, e qual não foi sua surpresa
quando viu em sua frente um marinheiro todo fardado e dizendo:
"Vamos,
rapaz. Nós viemos te buscar."
"Mas
como é possível? Como vocês souberam que eu estava aqui?"
"Ora,
amigo! Vimos os seus sinais de fumaça pedindo socorro. O capitão ordenou que o
navio parasse e me mandou vir lhe buscar naquele barco ali adiante."
Os
dois entraram no barco e assim o homem foi para o navio que o levaria em
segurança de volta para os seus queridos.
Vale
a pena acreditar que até mesmo nas situações de risco, Deus faz com que tudo
concorra para o benefício do casamento e o fortalecimento do casal!