TIPOS DE
CASAMENTOS
Por: Pr. Roberto Lugon
Pr. José Antônio Corrêa
Diferentes, mas feitos para se
complementarem, o homem e a mulher assumem um compromisso mútuo quando se unem
pelo casamento. O relacionamento marido e mulher, ao longo da história, passou
por muitas transformações. Se hoje a mulher luta por seus direitos, é por que
sempre foi considerada na religião e na sociedade um ser “inferior”. No
entanto, diante de Deus, não existe distinção entre as pessoas, todas têm a
mesma dignidade.
O mesmo precisa ocorrer entre marido e
mulher. Ambos possuem diferenças que a própria natureza lhes concedeu, não com
o objetivo de supremacia a um dos dois. Tais diferenças tendem à complementação,
não à separação, não devendo gerar barreiras, muralhas, mas laços que
fortifiquem a união, a fraternidade e o desejo de construir um verdadeiro lar.
Segundo Rubem Alves afirma que os casamentos
podem ser de dois tipos: há os do tipo tênis e os casamentos do tipo frescobol,
jogos iguais que usam os mesmos instrumentos para jogar, ou seja, duas
raquetes, uma bola e dois jogadores, mas com objetivos e finalidades distintas.
Os casamentos tipo tênis são fonte de raiva e de ressentimento e acabam sempre mal,
pois o tênis, é um jogo extremamente feroz, onde o objetivo é a vitória custe o
que custar, sobre qualquer circunstância. O erro do adversário faz a felicidade
do oponente. No frescobol, apesar de alguma semelhança, não existe interesse em
derrotar o outro. Os dois ganham, o desejo é para que os dois acertem. No tênis
procura-se destruir o outro, os sonhos, busca-se razão, ganha-se
distanciamento; no frescobol, há crescimento, diálogo, respeito e conhecimento
mútuo, os dois ganham. (1)
É preciso que no relacionamento conjugal,
como em qualquer outro, haja uma cumplicidade que leve a uma integração, uma
participação/colaboração, sociedade/parceria/solidariedade.
Cumplicidade é estar e fazer juntos, é
vibrar/sonhar, sentir/participar das alegrias, das tristezas, vitórias ou
derrotas um do outro.
O casamento é um processo que supõe a
aceitação de limites e diferenças, bem como o aceitar-se provisório, não feito,
pois, não existem casamentos perfeitos, existem casamentos funcionais. Só quem
consegue observar os próprios limites, consegue propiciar pontos de apoio,
proporcionando certo nível de segurança, ou seja, o casamento é uma experiência
de viver com o outro, de partilhar a luta, de caminhar juntos diante das
dificuldades e necessidades do cotidiano,
Nenhum dos cônjuges pode pretender possuir
todos os meios para construir a família. Deve antes, sentir necessidade dos
meios complementares do outro. É uma questão de humildade, ou seja, de visão
realista de si mesmo e do outro (a). (2)
Por este prisma, o casal em nossos dias,
parece precisar estar na contra mão da história, do momento social e político.
Unido a partir de uma cumplicidade, de uma afetividade, transmitindo alegria,
coragem, solidariedade, compreensão e respeito mútuos.
Aliás, a afetividade, a cumplicidade e a
comunicação, são palavras essenciais para o casamento.
Na vida de um casal, isso é maravilhoso. Os
dois podem passar a ter um profundo conhecimento e se compreenderem, entendendo
o que o outro está pensando, querendo ou sentindo, propiciando confiança plena
entre os parceiros, fazendo prevalecer a fidelidade , o carinho e a arte do
ouvir, do dialogar. Isto é amor, parceria e incentivo. É a forma mais eficaz de
cumplicidade. Sem a qual, ninguém consegue chegar a nenhum lugar, seja no trabalho,
nos estudos, nas amizades e, principalmente, no casamento.
O casamento é um engajamento, uma inserção,
um compromisso com a vida do outro. É um engajamento que leva a uma comunhão de
vidas. (3)
No entanto, um resultado feliz no casamento
não é uma coisa fácil e nem tão pouco conseguida no primeiro dia do casamento
ou na lua de mel. É um processo delicado e bastante paciente, que transcorre
durante a vida, não excluindo de forma alguma possibilidades reais de tristezas
e momentos de crises, provações e incertezas.
Todos que negligenciam tais situações acabam
por sucumbir, já que construir uma vida conjugal não se constituí uma coisa
automática, é uma tarefa que necessita ser montada com delicadeza, onde a
aceitação do outro significa saber que ele é diferente e que existem qualidades
que faltam em um, mas que se completam no outro.
Além disso, existem outros fatores que podem
complicar um relacionamento conjugal, entre outros, às vezes pode ser a
história de vida de cada um, a forma de criação ou a educação que cada um
recebeu, o machismo extremado, que aliás, é um problema seriíssimo na
sociedade, baseando-se na ideologia que o homem é superior à mulher, cabendo a
ele a decisão sobre o melhor e o pior.
Por vezes, no seu machismo, fruto de
condicionamentos culturais, o marido se opõe a que a mulher se realize através
de uma função remunerada, de um curso que aprimore sua cultura. Quando esse
anseio existe e é impedido sem mais nem menos, sem uma reflexão ponderada,
cria-se uma situação a mais que coopera com o afastamento. (4)
A diferença de instrução pode ocasionar
brigas, causando insatisfações, pois, os gostos são diferentes. A diferença
social, pobre casando com rico, ou vice - versa, pode ocasionar sérios
problemas, já que um pode vir a se tornar muito dependente do outro, ou quem
sabe, se sentir inferior, impedindo desta forma, toda liberdade necessária para
uma harmonia no casamento.
As diferenças de religião e de idade, podem,
não necessariamente, também gerar sérios conflitos. O primeiro, porque quando
duas pessoas pensam de maneira diferente em relação à religião, o casamento é
visto por ângulos opostos, podendo trazer conflitos na área da educação dos
filhos. A diferença de idade pode se tornar um grande risco (quando a diferença
é acentuada) ao casamento. O risco de querer coisas diferentes, falta e
maturidade, dependência.
Entretanto, é bom ter em mente que as
diferenças individuais não se constituem impossibilidade para um bom
relacionamentos, pois até, se bem administradas, podem enriquecer e
proporcionar o amadurecimento do casal.
A síntese das diferenças de relacionamento e
de comunicação existentes na vida interior de casais que se compreendem ou
casais em dificuldades, pode ser representada na citação abaixo, que apesar de
longa, é de grande relevância para esta pesquisa:
A
COMUNICAÇÃO ENTRE CASAIS SINTONIZADOS
-
A comunicação favorece o conhecimento dos dois, dos problemas, das expectativas
recíprocas.
-
Tom, voz, gestos estão em sintonia com o que se diz.
-
Os intercâmbios são procurados porque proporcionam satisfação e são eficazes.
-
Os problemas do casal são descritos e aprofundados. Não há digressões.
-
Os esposos falam um com o outro e são um com o outro.
-
Os esposos se aceitam como cônjuges e como companheiros.
-
Não se comunicam apenas verbalmente, mas também com carinhos, com sexualidade,
com o pensamento, com a lembrança...
A COMUNICAÇÃO ENTRE CASAIS NÃO
SINTONIZADOS
-
A comunicação é defesa/ofensa e não favorece o entendimento mútuo.
-
Coisas banais são ditas com agressividade e coisas agressivas com o sorriso.
-
Os intercâmbios são cansativos e inexistentes.
-
Todo problema põe outros em discussão e até mesmo a relação conjugal. Digressões
numerosas.
-
Cada um procura convencer , ou evitar, ou manipular o outro.
-
O outro não é aceito, antes, é considerado como adversário e fonte de
frustração.
-
A comunicação limita-se a sinais verbais convencionais, ou é substituída pela
escrita. (5)
*****
1) ALVES, Rubem. O Retorno e Terno. Campinas, Papirus, 1994, pp. 51-53.
2)
MANENTI, Alessandro. O Casal e a Família. São Paulo, Paulinas, 1991, pág. 29.
3)
COSTA, Luíz Gonzaga. Comunidade de Vida e Amor. Petrópolis, Vozes, 1975, pág.
25.
4)
MINERVINO, J. Matrimônio: Casais OK ou Solidão a Dois? São Paulo, Paulinas,
1980, pág. 43.
5)
CARMAGNANI, Rossana. O Casal, amor e planejamento. São Paulo, Paulos, 1995,
pág. 53.