Adoração a Deus
Extraído de www.euqueroedeus.com.br
Pr. José
Antônio Corrêa
Ne
8.5-6 "E Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo; porque
estava acima de todo o povo; e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé. E
Esdras louvou o SENHOR, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém! Amém!,
levantando as mãos; e inclinaram-se e adoraram o SENHOR, com o rosto em
terra."
A
adoração consiste nos atos e atitudes que reverenciam e honram à majestade do grande Deus do céu e da terra. Sendo assim, a
adoração concentra-se em Deus, e não no ser humano. No culto cristão, nós nos
acercamos de Deus em gratidão por aquilo que Ele tem feito por nós em Cristo e
através do Espírito Santo. A adoração requer o exercício da fé e o
reconhecimento de que Ele é nosso Deus e Senhor.
O
ser humano adora a Deus desde o início da história. Adão e Eva tinham comunhão
regular com Deus no jardim do Éden (cf. Gn 3.8). Caim e Abel trouxeram a Deus
oferendas (Hb. minhah, termo também traduzido por "tributo" ou
"dádiva") de vegetais e de animais (Gn 4.3,4). Os descendentes de
Sete invocavam "o nome do SENHOR" (Gn 4.26). Noé construiu um altar
ao Senhor para oferecer holocaustos depois do dilúvio (Gn 8.20). Abraão
assinalou a paisagem da terra prometida com altares para oferecer holocaustos
ao Senhor (Gn 12.7,8; 13.4, 18; 22.9) e falou intimamente com Ele (Gn 18.23-33;
22.11-18).
Somente
depois do êxodo, quando o Tabernáculo foi construído, é que a adoração pública
tornou-se formal. A partir de então, sacrifícios regulares passaram a ser
oferecidos diariamente, e especialmente no sábado, e Deus estabeleceu várias
festas sagradas anuais como ocasiões de culto público dos israelitas (Êx
23.14-17; Lv 1-7; Dt 12; 16). O culto a Deus foi posteriormente centralizado no
templo de Jerusalém (cf. os planos de Davi, segundo relata 1Cr 22-26). Quando o
templo foi destruído, em
A
adoração na igreja primitiva era prestada tanto no templo de Jerusalém quanto
em casas particulares (At 2.46,47). Fora de Jerusalém, os cristãos prestavam culto a Deus nas sinagogas, enquanto isso lhes foi permitido.
Quando lhes foi proibido utilizá-las, passaram a cultuar a Deus noutros
lugares, geralmente em casas particulares (cf. At 18.7; Rm 16.5; Cl 4.15; Fm v.
2), mas, às vezes, em salões públicos (At 19.9,10).
MANIFESTAÇÕES DA ADORAÇÃO CRISTÃ
(1)
Dois princípios-chaves norteiam a adoração cristã. (a) A verdadeira adoração é
a que é prestada em espírito e em verdade (ver Jo 4.23), a adoração deve ser
oferecida à altura da revelação que Deus fez de si mesmo no Filho (ver Jo
14.6). Por sua vez, ela envolve o espírito humano, e não apenas a mente, e
também como as manifestações do Espírito Santo (1Co 12.7-12). (b) A prática da
adoração cristã deve corresponder ao padrão do NT para a igreja (ver At 7.44).
Os crentes atuais devem desejar, buscar e esperar, como norma para a igreja,
todos os elementos constantes da prática da adoração vista no NT.
(2)
O fato marcante da adoração no AT era o sistema sacrificial (ver Nm 28, 29).
Uma vez que o sacrifício de Cristo na cruz cumpriu esse sistema, já não há mais
qualquer necessidade de derramamento de sangue como parte do culto cristão (ver
Hb 9.1-10.18). Através da ordenança da Ceia do Senhor, a igreja do NT
comemorava continuamente o sacrifício de Cristo, efetuado de uma vez por todas
(1Co 11.23-26). Além disso, a exortação que tem a igreja é oferecer
"sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios
que confessam o seu nome" (Hb 13.15), e a oferecer nossos corpos como
"sacrifício vivo, santo e agradável a Deus" (Rm 12.1 nota).
(3)
Louvar a Deus é essencial à adoração cristã. O louvor era um elemento-chave na
adoração de Israel a Deus (Sl 100.4; 106.1; 111.1; 113.1; 117), bem como na
adoração cristã primitiva (At 2.46,47; 6.25; Rm 15.10,11; Hb 2.12; )
(4)
Uma maneira autêntica de louvar a Deus é cantar salmos, hinos e cânticos
espirituais. O AT está repleto de exortações sobre como cantar ao Senhor (1Cr
16.23; Sl 95.1; 96.1,2; 98.1,5,6; 100.1,2). Na ocasião do nascimento de Jesus,
a totalidade das hostes celestiais irrompeu num cântico de louvor (Lc 2.13,14),
e a igreja do NT era um povo que cantava (1Co 14.15; Ef 5.19; Cl 3.16; Tg
5.13). Os cânticos dos cristãos eram cantados, ou com a mente (num idioma
humano conhecido) ou com o espírito (em línguas; ver 1Co 14.15). Em nenhuma
circunstância os cânticos eram executados como passatempo.
(5)
Outro elemento importante na adoração é buscar a face de Deus em oração. Os
santos do AT comunicavam-se constantemente com Deus através da oração (Gn
20.17; Nm 11.2; 1Sm 8.6; 2Sm 7.27; Dn 9.3-19; cf. Tg 5.17,18). Os apóstolos
oravam constantemente depois de Jesus subir ao céu (At 1.14), e a oração
tornou-se parte regular da adoração cristã coletiva (At 2.42;
20.36; 1Ts 5.17;. Essas orações eram, às vezes, por eles mesmos (At
4.24-30); outras vezes eram orações intercessórias por outras pessoas (At 12.5;
Rm 15.30-32; Ef 6.18). Em todo tempo a oração do crente deve ser acompanhada de
ações de graças a Deus (Ef 5.20; Fp 4.6; Cl 3.15,17; 1Ts 5.17,18). Como o
cântico, o orar podia ser feito em idioma humano conhecido, ou em línguas (1Co
14.13-15).
(6)
A confissão de pecados era sabidamente parte importante da adoração no AT. Deus
estabelecera o Dia da Expiação para os israelitas como uma ocasião para a
confissão nacional de pecados (Lv 16; ver o estudo O DIA DA EXPIAÇÃO). Salomão,
na sua oração de dedicação do templo, reconheceu a importância da confissão
(1Rs 8.30-36). Quando Esdras e Neemias verificaram até que ponto o povo de Deus
se afastara da sua lei, dirigiram toda a nação de Judá numa contrita oração
pública de confissão (cap. 9). Assim, também, na oração do Pai nosso, Jesus
ensina os crentes a pedirem perdão dos pecados (Mt 6.12). Tiago ensina os
crentes a confessar seus pecados uns aos outros (Tg 5.16); através da confissão
sincera, recebemos a certeza do gracioso perdão divino (1Jo 1.9).
(7)
A adoração deve também incluir a leitura em conjunto das Escrituras e a sua
fiel exposição. Nos tempos do AT, Deus ordenou que, cada sétimo ano, na festa
dos Tabernáculos, todos os israelitas se reunissem para a leitura pública da
lei de Moisés (Dt 31.9-13). O exemplo mais patente desse elemento do culto no
AT, surgiu no tempo de Esdras e Neemias (8.1-12). A leitura das Escrituras
passou a ser uma parte regular do culto da sinagoga no sábado (ver Lc 4.16-19;
At 13.15). Semelhantemente, quando os crentes do NT reuniam-se para o culto,
também ouviam a leitura da Palavra de Deus (1Tm 4.13; Cl 4.16; 1Ts 5.27)
juntamente com ensinamento, pregação e exortação baseados nela (1Tm 4.13; 2Tm
4.2; At 19.8-10; 20.7).
(8)
Sempre quando o povo de Deus se reunia na Casa do Senhor, todos deviam trazer
seus dízimos e ofertas (Sl 96.8; Ml 3.10). Semelhantemente, Paulo escreveu aos
cristãos de Corinto, no tocante à coleta em favor da igreja de Jerusalém:
"No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder
ajuntar, conforme a sua prosperidade" (1Co 16.2). A verdadeira adoração a
Deus deve, portanto ensejar uma oportunidade para apresentarmos ao Senhor os
nossos dízimos e ofertas.
(9)
Algo singular no culto da igreja do NT era a atuação do Espírito Santo e das
suas manifestações. Entre essas manifestações do Espírito na congregação do
Senhor havia a palavra da sabedoria, a palavra do conhecimento, manifestações
especiais de fé, dons de curas, poderes miraculosos, profecia, discernimento de
espíritos, falar em línguas e a interpretação de línguas (1Co 12.7-10). O
caráter carismático do culto cristão primitivo vem, também, descrito nas cartas
de Paulo: "Quando vos ajuntais, cada um de vós
tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação"
(1Co 14.26). Na primeira epístola aos coríntios, Paulo expõe princípios
normativos da adoração deles (ver 1Co 14.1-33). O princípio dominante para o
exercício de qualquer dom do Espírito Santo durante o culto é o fortalecimento
e a edificação da congregação inteira (1Co 12.7; 14.26).
(10)
O outro elemento excepcional na adoração segundo o NT era a prática das
ordenanças - o batismo e a Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor (ou o "partir
do pão", ver At 2.42) parece que era observada diariamente entre os
crentes logo depois do Pentecostes (At 2.46,47), e, posteriormente, pelo menos
uma vez por semana (At 20.7,11). O batismo conforme a ordem de Cristo (Mt
28.19,20) ocorria sempre que havia conversões e novas pessoas ingressavam na
igreja (At 2.41; 8.12; 9.18; 10.48; 16.30-33; 19.1-5).
AS BÊNÇÃOS DE DEUS PARA OS
VERDADEIROS ADORADORES
Quando
os crentes verdadeiramente adoram a Deus, muitas bênçãos lhes estão reservadas
por Ele. Por exemplo, Ele promete (1) que estará com eles (Mt 18.20), e que
entrará e ceará com eles (Ap 3.20); (2) que envolverá o seu povo com a sua
glória (Êx 40.35; 2Cr 7.1; 1Pe 4.14); (3) que abençoará o seu povo com chuvas
de bênçãos (Ez 34.26), especialmente com a paz (Sl 29.11; ver o estudo A PAZ DE
DEUS); (4) que concederá fartura de alegria (Sl 122.1,2; Lc 15.7,10; Jo 15.11);
(5) que responderá às orações dos que oram com fé sincera (Mc
11.24; Tg 5.15; (6) que encherá de novo o seu povo com o Espírito Santo
e com ousadia (At 4.31); (7) que enviará manifestações do Espírito Santo entre
o seu povo (1Co 12.7-13); (8) que guiará o seu povo em toda a verdade através
do Espírito Santo (Jo 15.26; 16.13); (9) que santificará o seu povo pela sua
Palavra e pelo seu Espírito (Jo 17.17-19); (10) que consolará, animará e
fortalecerá seu povo (Is 40.1; 1Co 14.26;2Co 1.3,4; 1Ts 5.11); (11) que
convencerá o povo do pecado, da justiça e do juízo por meio do Espírito Santo
(ver Jo 16.8); e (12) que salvará os pecadores presentes no culto de adoração,
sob a convicção do Espírito Santo (1Co 14.22-25).
EMPECILHOS À VERDADEIRA ADORAÇÃO
O
simples fato de pessoas se dizendo crentes realizarem um
culto, não é nenhuma garantia de que haja aí verdadeira adoração, nem
que Deus aceite seu louvor e ouça suas orações. (1) Se a adoração a Deus é mera
formalidade, somente externa, e se o coração do povo de Deus está longe dEle,
tal adoração não será aceita por Ele. Cristo repreendeu severamente os fariseus
por sua hipocrisia; eles observavam a lei de Deus por legalismo, enquanto seus
corações estavam longe dEle (Mt 15.7-9; 23.23-28; Mc 7.5-7). Note a censura
semelhante que Ele dirigiu à igreja de Éfeso, que adorava o Senhor mas já não o
amava plenamente (Ap 2.1-5).(2) Outro impedimento à verdadeira adoração é um
modo de vida comprometido com o mundanismo, pecado e imoralidade. Deus recusou
os sacrifícios do rei Saul porque este desobedeceu ao seu mandamento (1Sm
15.1-23).
Isaías
repreendeu severamente o povo de Deus como "nação pecadora... povo
carregado da iniquidade da semente de malignos" (Is 1.4); ao mesmo tempo,
porém esse mesmo povo oferecia sacrifícios a Deus e comemorava seus dias
santos. Por isso, o Senhor declarou através de Isaías: "As vossas festas
da lua nova, e as vossas solenidades, as aborrece a minha alma; já me são
pesadas; já estou cansado de as sofrer. Pelo que,
quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as
vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue"
(Is 1.14,15). Semelhantemente, na igreja do NT, Jesus conclamou os adoradores
em Sardes a se despertarem, porque "não achei as tuas obras perfeitas
diante de Deus" (Ap 3.2). Da mesma maneira, Tiago indica que Deus não
atenderá as orações egoístas daqueles que não se separam do mundo (Tg 4.1-5; ). O povo de Deus só pode ter certeza que Deus estará
presente à sua adoração e a aceitará, quando esse povo tiver mãos limpas e
coração puro (Sl 24.3,4; Tg 4.8).