Autoridade para ministrar
Paulo Macedo
Pr. José Antônio Corrêa
Nas
nossas igrejas, e em nossas cidades, existem todos os tipos de Ministérios
Musicais. Também incluo a dança nesse âmbito de Louvor e Adoração. Observando
algumas características, podemos classificar esses Ministérios em três níveis.
O
primeiro deles, são aqueles Ministérios que quando ministram, a presença do
Senhor vem de forma inconfundível, a nuvem da glória de Deus, o Shekiná, se
estabelece no local, e o poder e a unção contagiam todos os presentes, vidas
são libertas, corações são quebrantados e restaurados, pessoas se arrependem de
pecados e são salvas, enfermidades são curadas. Aí é poder, fogo do Espírito e
avivamento de Deus para o seu povo.
Já
no segundo tipo, até existe um mover de Deus, onde acontecem alguns milagres, o
Espírito opera, pessoas se quebrantam, mas não é uma manifestação de poder tão
forte como sabemos que o louvor deve trazer quando ministrado a Deus.
E
o terceiro é um Ministério "Musical", onde se tocam músicas bonitas e
de qualidade ou as vezes nem tão boas assim, e as pessoas assistem, até cantam,
e vão embora para casa satisfeitas ou não, dependendo da qualidade do
"show" ministrado.
Todos
esses ministérios existem em nossas igrejas e em nossas cidades, em maior ou
menor número, mas existem e são operantes.
A
dúvida que eu tinha em meu coração era porque acontece isso, por que essa
disparidade entre ministrações de poder e ministrações totalmente musicais, sem
manifestação do Espírito, sem poder. Estudei e através de inúmeras situações e
pregações que ouvi, pude chegar a uma conclusão e uma resposta de Deus.
Quero
mostrar através desse estudo que não é o que conhecemos como pecado o único
responsável pela falta de poder, existem outras causas que muitas vezes se
passam despercebidas.
Ministérios sem poder
Hb12:14 "Segui a paz com todos e a
santificação, sem a qual ninguém verá a Deus." / 1 Pe 1:16
"pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo."
Muitos
ministérios não tem nenhum poder e nenhuma autoridade espiritual simplesmente
porque seus integrantes não vivem em santidade. Não existe uma preocupação com
a parte espiritual - que é a mais importante de todas.
Em
muitos casos existe nestes ministérios uma preocupação excessiva com o lado
técnico, com a qualidade dos arranjos, com a musicalidade, e não sobra tempo
para se preocupar em orar, em buscar, em se humilhar, se quebrantar e
principalmente, se encher do Espírito.
Um
princípio importantíssimo que podemos aplicar aí é aquele de que "um saco
vazio não para em pé": não tem como ministrar o que você não recebeu, não
tem como ministrar poder se você não recebeu poder, não existe possibilidade de
ministrar conversão se você não for convertido. Precisamos nos encher do
Espírito, precisamos buscar o conhecimento de Deus e de seus propósitos e
precisamos buscar experiências cada vez mais profundas com Deus, fortalecendo a
nossa intimidade com o Espírito Santo.
Pastores
e líderes, só admitam em suas igrejas, Levitas que antes de
mais nada, tenham um compromisso com Deus de viver em santidade, que
sejam humildes, sinceros e que tenham uma vida de busca e coração tratável.
Essas são as características de um homem que pode ser moldado por Deus e ser
usado como um instrumento de benção para a congregação.
Em
outros ministérios, a qualidade técnica não existe e o problema é pecado mesmo.
E com esse mal não se negocia, ele precisa ser tratado, curado, extirpado -
lembrando que um pouco de fermento leveda toda a massa (Gl 5:9).
O
que deve ficar de lição para esse tipo de ministério é que se seus integrantes
não podem adentrar à presença de Deus por não estarem em santidade e não
estarem em comunhão com o Espírito Santo.
Deus
tem princípios inegociáveis, e pela sua santidade, Ele exige santidade das
pessoas se chegam a Ele. Se os levitas não estão vivendo este princípio, a
unção não vem e a ministração se toma um bom espetáculo, dependendo da
qualidade técnica dos músicos, cantores e dançarmos. Isso é uma tristeza, pois
sem a unção de Deus, sem o derramar do Espírito e sem a aceitação por parte de
Deus de nosso louvor, não existe o menor sentido de estarem ali.
Lembro da parábola das dez
virgens em Mateus 25 (recomendo a leitura). O que aconteceu com as virgens insensatas?
Elas deixaram acabar o óleo e por isso foram deixadas para fora das bodas. O
óleo representa o Espírito Santo, e quantos ministérios simplesmente deixaram
acabar o óleo e suas lâmpadas se apagaram? Ainda há tempo, se apressem em
encher as lâmpadas com o óleo puro do Espírito Santo, e transbordem do
Espírito, pois a meia noite está chegando.
Ministérios em que Deus opera
Nesses
ministérios, já existe um compromisso com Deus, e seus integrantes têm uma vida
de santificação e busca da presença de Deus. Têm uma vida de quebrantamento e
unção, e existe um operar de Deus através da ministração. Existe liberação de
poder, derramar de unção, quebrantamento, libertação e conversão.
Em
Marcos 16:17 diz assim: "E estes sinais hão de seguir aos que crerem: Em meu
nome expulsarão demônios, falarão novas línguas, pegarão em serpentes, e quando
beberem alguma coisa mortífera não lhes fará mal algum, imporão as mãos sobre
enfermos, e os curarão." Como a palavra diz, os sinais hão de seguir os
que crerem, mas crerem e buscarem com sinceridade. Assim sendo, num ministério
cujos integrantes estejam aos pés do Senhor, são humildes, sinceros e vivem em
santidade, o louvor ministrado vai atingir o trono de Deus e Ele vai aceitar e
responder com a sua unção, derramando bênçãos sobre o povo.
Só
que existe um "porém". Este tipo de ministério, às vezes, é marcado
por uma característica que infelizmente ainda é muito comum em nossas igrejas.
Seus integrantes dizem bem assim: "A minha forma de pregar a palavra, e
ganhar almas, é através da música." Desta forma, geralmente desprezam a
pregação pessoal e outros meios de evangelização. Se acham no direito de não
pregar a Palavra para seus vizinhos, para seus colegas de escola, amigos
familiares - pois ele só ganha almas "através da música".
Na
verdade é muito difícil mensurar as almas alcançadas por um ministério musical,
elas com certeza existem, e em grandes quantidades. Mas nosso papel não pode
ser apenas ganhá-las, mas também, discipulá-las. Então, a falha nessa classe de
ministérios é o fato de seus integrantes se eximirem da responsabilidade do
evangelismo pessoal e do discipulado. Mateus 28:19 diz "Portanto ide e
fazei discípulos de todos os povos..." Jesus nos mandou ir e fazer
discípulos, e antes de falar o texto de Marcos 16:17, Ele disse ide e pregai o
evangelho a toda a criatura. Jesus não falou: Ide e tocai louvores em toda a
terra. Nem disse: Em meu nome farei shows para grandes multidões. Não! Ele
mandou anunciar o evangelho e fazer discípulos, essa foi a ordem de Deus, e o
que acontece, é que muitas vezes fazemos de tudo na igreja, marcamos milhares
de ensaios, e não sobra tempo de fazer apenas o que Jesus mandou: ganhar as
almas.
Devemos
nos responsabilizar em ser testemunho e pregar para as pessoas que estão a
nossa volta, sendo missionários em nossas ruas, escola, serviço, e lugares por
onde passamos. Assim estaremos obedecendo a ordem de Jesus e com isso nosso
ministério fortalecido.
Ministérios que Deus usa
João
15:16: "Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, e
vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de
que tudo em que em meu nome pedirdes ao Pai, ele vos conceda."
Este
é m ministério que chega diante de Deus e ministra louvores com autoridade.
Quando os músicos elevam seus instrumentos e suas vozes, a manifestação do
Espírito se torna visual, o reino espiritual é abalado com os louvores, muitas
pessoas são tocadas, quebrantadas, outras curadas, outras libertas, espíritos
malignos são expelidos - semelhantemente quando Davi ministrava a Saul -, vidas
se convertem e são restauradas e pessoas são salvas.
Confesso
que muitas vezes pensei muito sobre a diferença desses ministérios. Porque
outros ministérios mesmo em santidade e pureza de propósito não têm o mesmo
êxito? Qual a diferença entre eles? Por que a diferença tão grande de
autoridade?
Essas
perguntas martelaram a minha cabeça por algum tempo e as reduzi à uma única: o
que confere autoridade para ministrar?
Comecei
a observar vários pastores, de várias denominações, e em suas pregações percebi
diferença na autoridade de pregar a palavra.
Os
pastores que ganhavam mais almas, que discipulavam e influenciavam mais
pessoas, tinham mais autoridade que os outros.
Também
já percebi evangelistas que têm muita autoridade na ministração da Palavra. E
percebi também que a vida dessas pessoas era de muito testemunho e busca
pessoal.
Concluí,
com tudo isso, que a autoridade espiritual é reflexo primeiro de uma vida reta
diante de Deus e de busca constante de comunhão e intimidade, e está
intimamente ligada ao ganhar almas e discipular - Cumprindo assim o mandamento
de Jesus de "Ide e fazei".
Analisando
um dos atributos de Deus, a sua justiça, nós sabemos que quem trabalhar mais
para Deus, ganhando mais almas, receberá maior galardão. Fazendo uma analogia,
essa pessoa também recebe mais autoridade para falar em nome de Jesus, já que
verdadeiramente segue os passos de Cristo, cumprindo a grande comissão. E
sabemos que a palavra ministrada usando o nome de Jesus tem poder, já que o
próprio Jesus é o verbo vivo de Deus (João 1).
Assim
sendo, a diferença entre um ministério em que Deus opera, e o ministério que
Deus usa, são os frutos individuais que seus integrantes dão. Quando mais frutos,
mais autoridade em ministrar.
Creio
que todos sonham com um ministério usado por Deus, então ainda há tempo de
entrarmos em seus propósitos e buscarmos santidade de vida, compromisso, e
ganharmos as almas para honra e glória de Jesus, e assim fazer de nossos
ministérios, manifestação de poder e derramar de unção, sendo uma fonte de
avivamento para todos os povos, para honra e gloria de Jesus. Amém.