por Ariovaldo Ramos, missionário da Sepal e editor da revista
Liderança
- a.ramos@sepal.com.br
Pr. José
Antônio Corrêa
Disse Jesus: “Toda autoridade me foi
dada no céu e na terra, ide portanto e pregai o evangelho a toda a criatura”.
Como Jerusalém reagiu à universalidade dessa convocação?
Reagiu de forma muito morosa.
Pedro vai a Cornélio
depois de um trabalho imenso do Espírito Santo para convencê-lo, com muita
relutância. Não bastasse isso, ainda é chamado pelos lideres da Igreja em
Jerusalém, onde é instado a apresentar um constrangido relatório sobre a
pregação do Evangelho a gentios. Eis a crise que Jerusalém teve com o chamado
de Cristo para a evangelização do mundo.
A
Igreja de Jerusalém só saiu para fazer missões quando foi perseguida. Isso se
deu logo após o martírio de Estevão, quando, principalmente, o pessoal ligado a
Estevão é caçado (O livro de Paulo, de Walter Wangerin, Editora Mundo Cristão)
e chega a Samaria e Antioquia pregando o Evangelho. São eles que começam a
pregar aos gentios.
Já Antioquia nasce
sob o signo da missão. Os seus presbíteros já trazem em si essa marca, são
oriundos de diferentes partes do mundo. Por isso, diferente do apóstolo Pedro,
que relutou, os presbíteros de Antioquia são absolutamente abertos ao Espírito
Santo, estão prontos para ceder os seus dois melhores homens para o serviço
missionário: Barnabé e Paulo.
A Igreja em Jerusalém
reluta em pregar aos gentios, a igreja em Antioquia já tem gentios em seu
conselho.
A Igreja em Jerusalém
sofre de preconceitos farisaicos, a de Antioquia tem a visão de Jesus Cristo
para todos os homens de todas as raças, de todas as tribos, de todas as
línguas, de todas as nações.
A Igreja de Jerusalém
desapareceu, a Igreja de Antioquia se tornou a mãe de todas as igrejas porque,
a partir do ministério de Paulo e dos seus discípulos, isso sem contar o que
Barnabé deve ter feito com Marcos, cuja memória perdemos, tem-se o
desenvolvimento do Evangelho por toda a Europa e Ásia e, conseqüentemente, por
todo o mundo.
Essa diferença
aparece na formação das escrituras, a grande maioria dos livros que compõem o
Novo Testamento foi escrita por missionários de Antioquia. Igreja que se
centraliza em missões é Igreja que influencia, que muda, faz e fica na
história.
E essa história
começa com a visão que se tem do missionário.
Jerusalém
via os missionários como uma espécie de aventureiros — e criticou seu líder
quando este foi nisso envolvido pelo Espírito Santo. Antioquia via os
missionários como os seus melhores homens.