BASES PARA MISSÕES
LC 10.1-20
Pr. José Antônio Corrêa
Lc 10.1- "1 Depois disso designou o Senhor outros
setenta, e os enviou adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e
lugares aonde ele havia de ir. 2 E dizia-lhes: Na verdade, a seara é
grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que
mande trabalhadores para a sua seara. 3 Ide; eis que vos envio como
cordeiros ao meio de lobos. 4 Não leveis bolsa, nem alforje, nem
alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho. 5 Em qualquer casa em que
entrardes, dizei primeiro: Paz seja com esta casa. 6 E se ali houver um
filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e se não, voltará para vós. 7
Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador
do seu salário. Não andeis de casa em casa. 8 Também, em qualquer cidade
em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós. 9
Curai os enfermos que nela houver, e dize-lhes: É chegado a vós o reino de
Deus. 10 Mas em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem,
saindo pelas ruas, dizei: 11 Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou
aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei isto: que o reino de Deus é
chegado. 12 Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma, do
que para aquela cidade. 13 Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida!
Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se
operaram, há muito, sentadas em cilício e cinza, elas se teriam arrependido. 14
Contudo, para Tiro e Sidom haverá menos rigor no juízo do que para vós. 15
E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o hades descerás. 16
Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a
mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou. 17 Voltaram depois os
setenta com alegria, dizendo: Senhor, em teu nome, até os demônios se nos
submetem. 18 Respondeu-lhes ele: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.
19 Eis que vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e sobre
todo o poder do inimigo; e nada vos fará dano algum. 20 Contudo, não vos
alegreis porque se vos submetem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os
vossos nomes escritos nos céus".
INTRODUÇÃO:
1.
Quando queremos empreender qualquer atividade no mundo, definimos as bases, sobre
as quais realizaremos aquele negócio, ou atividade. Suponhamos que fôssemos
construir uma casa. Deveríamos pensar:
a.
Na planta (quantidade de cômodos, tamanho, tipo de acabamento, etc.),
b.
Nos construtores (engenheiros, pedreiros, serventes, encanadores, eletricistas,
etc.),
c.
Nos recursos financeiros (quanto dinheiro temos e quanto podemos gastar).
2.
Estas seriam algumas bases, que precisaríamos estudar, se quiséssemos construir
uma casa.
3.
Na Missão dos Setenta, encontramos algumas bases
missionárias, em cima das quais eles deveriam empreender o seu trabalho:
Vejamos quais são elas:
I - COOPERAÇÃO
Vs. 1, "Depois disso designou o Senhor outros
setenta, e os enviou adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e
lugares aonde ele havia de ir".
1.
Sozinho, Jesus jamais poderia realizar o trabalho dos setenta discípulos. Eles
iriam visitar ao mesmo tempo trinta e cinco cidades e vilas de cada vez. A
exemplo de Moisés, que escolheu setenta homens para dividir o peso de sua
tarefa, em Nm 11.16-17, Jesus, compartilhou com estes setenta discípulos
o privilégio de sua própria missão.
Nm 11.16-17, "16 Disse então o Senhor a
Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem os
anciãos do povo e seus oficiais; e os trarás perante a tenda da revelação, para
que estejam ali contigo. 17 Então descerei e ali falarei contigo, e
tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão
eles o peso do povo para que tu não o leves só".
2.
O trabalho de missões é feito sempre na base da cooperação. Paulo fala desta
cooperação:
a.
Fp 1.3-5, "3 Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me
lembro de vós, 4 fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas
por todos vós com alegria 5 pela vossa cooperação a favor do evangelho
desde o primeiro dia até agora." - A expressão: "cooperação no
evangelho", provavelmente é uma referência às ofertas em dinheiro que
os filipenses enviavam a Paulo, para custeio de suas viagens missionárias. Em Fp
4.10, Paulo fala novamente destas ofertas: "Ora, muito me regozijo no
Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo; do qual na
verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade".
b.
1 Co 3.9, "Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura
de Deus e edifício de Deus". Quando investimos em missões, estamos não
apenas cooperando com os missionários, ou com o trabalho missionário, mas
estamos acima de tudo, cooperando com o Dono da Obra, "O Senhor dos
Exércitos".
3.
Vamos trabalhar no sistema de cooperação por missões!
II - ORAÇÃO
Vs. 2, "E dizia-lhes: Na verdade, a seara é grande, mas
os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que mande
trabalhadores para a sua seara".
1.
Sem oração, não há como fazer missões. O trabalho da Igreja pró-missões, deve
ser intensificado através da oração constante pelos missionários e por seu
trabalho, para que todas as barreiras, venham abaixo.
2.
No presente texto, nós observamos a preocupação de Jesus em que seus discípulos
estivessem envolvidos em oração pelo trabalho de missões. Vejamos alguns
motivos de oração:
a.
Orar pelo aumento de missionários no campo, Vs. 2,
"...rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua
seara". A maior dificuldade no trabalho missionário, é encontrar pessoas
que estejam dispostas a levar a mensagem, com sacrifício próprio.
b.
Orar pela vida espiritual do missionário. Em plena atividade missionária,
Paulo convoca os tessalonicenses a orarem por ele e pelo grupo que com ele
trabalhava, 1 Ts 5.25, "Irmãos, orai por nós".
c.
Orar para que as portas sejam abertas ao missionário, 2 Ts 3.1,
"Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se
propague e seja glorificada. como também o é entre vós".
d.
Orar pela proteção do missionário, 2 Ts 3.1-4, "1
Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e
seja glorificada. como também o é entre vós, 2 e para que sejamos livres de
homens perversos e maus; porque a fé não é de todos. 3 Mas fiel é o
Senhor, o qual vos confirmará e guardará do maligno. 4 E, quanto
a vós, confiamos no Senhor que não só fazeis, mas fareis o que vos mandamos.
Muitos são os homens pervertidos e maus".
e.
Orar pelo sustento financeiro do missionário. Sem dinheiro é impossível
fazer a obra de Deus. Os recursos para a obra do Senhor estão dentro de nossos
bolsos.
3.
Devemos colocar como alvo de nossas vidas, a oração constante pelo trabalho de
missões.
III - CORAGEM
Vs. 3, "Ide; eis que vos envio como cordeiros
ao meio de lobos".
Vs. 10-12, "10 Mas em qualquer cidade em que
entrardes, e vos não receberem, saindo pelas ruas, dizei: 11 Até o pó
da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo,
sabei isto: que o reino de Deus é chegado. 12 Digo-vos que naquele dia
haverá menos rigor para Sodoma, do que para aquela cidade.
1.
Os missionários, teriam que ser ousados, corajosos, pois estariam penetrando em
campo inimigo e muitas situações lhes eram adversas:
a.
Seriam enviados como "cordeiros para o meio dos lobos", V.
3, "Ide; eis que vos envio como cordeiros ao meio de lobos". Os
lobos, são animais ferozes e são os piores inimigos das ovelhas. Aqui, os lobos
são identificados como homens maus, verdadeiros instrumentos do Diabo, que
fariam tudo para destruí-los. Paulo fala destes tipos, At 20.29-30,
"29 Eu sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós
lobos cruéis que não pouparão rebanho, 30 e que dentre vós mesmos se
levantarão homens, falando coisas perversas para atrair os discípulos após
si".
b.
Seriam rejeitados, Vs. 10-12, "10 Mas em qualquer cidade em que
entrardes, e vos não receberem, saindo pelas ruas, dizei: 11 Até o pó da
vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei
isto: que o reino de Deus é chegado. 12 Digo-vos que naquele dia haverá
menos rigor para Sodoma, do que para aquela cidade". Evidentemente que a
rejeição, coloca em nós um sentimento de tristeza, angústia e revolta. eles não
deveriam se preocupar, pois os opositores seriam justiçados. Deveriam apenas
andar pelas ruas das cidades e clamar que o reino de Deus havia chegado e ainda
sacudir até o pó que se apegasse às suas sandálias, em testemunho contra seus
habitantes.
2.
Paulo enfrentou situações assim em seu ministério. Um exemplo: At 13.51-52,
"50 Mas os judeus incitaram as mulheres devotas de alta posição e
os principais da cidade, suscitaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé, e
os lançaram fora dos seus termos. 51 Mas estes, sacudindo contra eles o
pó dos seus pés, partiram para Icônio". Estavam em Antioquia da Pisídia e
ao serem confrontados pelos judeus, "sacudiram o pó de seus pés contra
eles".
3.
Para enfrentar situações adversas, os missionários devem ser audaciosos. Oremos
por eles.
IV - DEPENDÊNCIA DE DEUS
Vs. 4, "Não leveis bolsa, nem alforje, nem
alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho".
1.
Os aparatos que eles não deveriam levar: bolsa, alforje - saco duplo fechado
nas extremidades, sandálias, eram elementos imprescindíveis para os viajantes,
pois deles dependia sua sobrevivência. Os discípulos foram proibidos de
levá-los, para aprenderem a depender de Deus em todas as situações.
2.
Em qualquer atividade na obra de Deus, devemos estar inteiramente dependentes
dele. Quando não praticamos a dependência de Deus, certamente sofreremos
humilhações. Vejamos como o tema é visto na Palavra de Deus:
a.
Sl 127.1, "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a
edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela".
Deus deve guardar tudo o que é nosso.
b.
Jo 3.27, "Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma, se
não lhe for dada do céu". Tudo deve vir de cima.
c.
II Co 3.5, "não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa,
como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus". Nossa suficiência
vem de Deus.
3.
Devemos orar para que os missionários sejam dependentes de Deus em tudo.
V - IDENTIFICAÇÃO
Vs. 5-8, "5 Em qualquer casa em que
entrardes, dizei primeiro: Paz seja com esta casa. 6 E se ali houver um
filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e se não, voltará para vós. 7
Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o
trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa. 8 Também, em
qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante
de vós".
1.
Esta identificação, é claramente vista no texto:
a.
Deveriam entrar nas casas, Vs. 5, "Em qualquer casa em que
entrardes...". Ver expressão semelhante no Vs.7, "Ficai nessa
casa... Não andeis de casa em casa".
b.
Deveriam comer com os moradores da casa, Vs.7, "7 Ficai nessa
casa, comendo e bebendo do que eles tiverem... Vs. 8 "...comei
do que puserem diante de vós".
c)
Deveriam criar vínculo, Vs. 7, "Não andeis de casa em
casa".
d.
Não deveriam ficar envergonhados, Vs.7, "...pois digno é o trabalhador
do seu salário."
2.
Ao ordenar-lhes que se hospedassem no meio do povo, compartilhando de um mesmo
teto, das mesmas refeições, Jesus mostrava-lhes a necessidade de uma
identificação com o povo no dia-a-dia. Somente assim, a mensagem de Deus, estaria
contextualizada com as necessidades e realidade do povo.
3.
De fato, uma das maiores preocupações de trabalho missionário, é a aculturação,
a identificação, com os costumes e a cultura do povo a ser alcançado. Se não
houver este cuidado, dificilmente o trabalho missionário será bem sucedido, I
Co 9.19-23, "19 Pois, sendo livre de todos, fiz-me escravo de
todos para ganhar o maior número possível: 20 Fiz-me como judeu para os
judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse
eu debaixo da lei (embora debaixo da lei não esteja), para ganhar os que estão
debaixo da lei; 21 para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei
(não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar
os que estão sem lei. 22 Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar
os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar
alguns. 23 Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me coparticipante".
VI - SERVIÇO
Vs. 9, "Curai os enfermos que nela houver, e
dizer-lhes: É chegado a vós o reino de Deus".
1.
Curar enfermos era uma maneira de suprir uma necessidade física que impedia a
pessoa de servir ao Senhor e adorá-lo verdadeiramente. Curar era uma maneira de
servir. O Missionário deve ser capacitado pelo espírito Santo, para suprir as
necessidades espirituais do povo.
2.
O melhor exemplo desta base missionária, está no Senhor Jesus:
a.
Curou enfermos, Lc 7.21, "Naquela mesma hora, curou a muitos
de doenças, de moléstias e de espíritos malignos; e deu vista a muitos
cegos".
b.
Alimentou multidões, Jo 6.1-13, "1 Depois disto partiu Jesus
para o outro lado do mar da Galiléia, também chamado de Tiberíades. 2 E
seguia-o uma grande multidão, porque via os sinais que operava sobre os
enfermos. 3 Subiu, pois, Jesus ao monte e sentou-se ali com seus
discípulos. 4 Ora, a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima. 5
Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com
ele, disse a Felipe: Onde compraremos pão, para estes comerem? 6 Mas
dizia isto para o experimentar; pois ele bem sabia o que ia fazer. 7
Respondeu-lhe Felipe: Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada
um receba um pouco. 8 Ao que lhe disse um dos seus discípulos, André,
irmão de Simão Pedro: 9 Está aqui um rapaz que tem cinco Pães de cevada
e dois peixinhos; mas que é isto para tantos? . 10 Disse Jesus:
Fazei reclinar-se o povo. Ora, naquele lugar havia muita relva. Reclinaram-se
aí, pois, os homens em número de quase cinco mil. 11 Jesus, então, tomou
os Pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos que estavam reclinados; e de
igual modo os peixes, quanto eles queriam. 12 E quando estavam saciados,
disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se
perca. 13 Recolheram-nos, pois e encheram doze cestos de pedaços dos
cinco Pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido".
3.
Tiago fala desta particularidade, Tg 2.15-17, "15 Se um
irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, 16
e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes
derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso? 17
Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma."
4.
O serviço do Reino deve acompanhar a tarefa missionária.
CONCLUSÃO
1.
Vimos nesta noite que o trabalho missionário para ser bem sucedido, deve ser
feito obedecendo algumas bases principais:
a.
Cooperação,
b.
Oração,
c.
Coragem,
d.
dependência de Deus,
e.
Identificação,
f.
serviço.
2.
Pelo menos três bases destas estão inteiramente relacionadas conosco:
a.
Oração pelos missionários,
b.
Cooperação financeira,
c.
Serviço ao nos colocarmos à disposição de Deus.
3.
Porque existe o trabalho missionário? Para alcançar você, que vive longe de
Deus e sem salvação, Mc 16.15-16, "15 E disse-lhes: Ide por
todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. 16 Quem crer e for
batizado será salvo; mas quem não crer será condenado".