A PROPOSTA DIVINA PARA O SEU POVO –
PARTE I
ESCOLHA ENTRE A VIDA E A MORTE, O
BEM E O MAL, A BÊNÇÃO E A MALDIÇÃO
DT 30.15-20
Pr. José Antônio Corrêa
"15
Vê que hoje te pus diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal. 16 Se
guardares o mandamento que eu hoje te ordeno de amar ao Senhor teu Deus, de
andar nos seus caminhos, e de guardar os seus mandamentos, os seus estatutos e
os seus preceitos, então viverás, e te multiplicarás, e o Senhor teu Deus te
abençoará na terra em que estás entrando para a possuíres. 17 Mas se o teu
coração se desviar, e não quiseres ouvir, e fores seduzido para adorares outros
deuses, e os servires, 18 declaro-te hoje que certamente perecerás; não
prolongarás os dias na terra para entrar na qual estás passando o Jordão, a fim
de a possuíres. 19 O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que
te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a
vida, para que vivas, tu e a tua descendência, 20 amando ao Senhor teu Deus,
obedecendo à sua voz, e te apegando a ele; pois ele é a tua vida, e o
prolongamento dos teus dias; e para que habites na terra que o Senhor prometeu
com juramento a teus pais, a Abraão, a Isaque e a Jacó, que lhes havia de
dar".
INTRODUÇÃO:
2.
O texto em apreço nos mostra Moisés já velho, em fim de carreira, prestes a
passar a liderança do povo de Israel a Josué. Sua missão até ali, havia sido um
sucesso! Deus o abençoara profundamente à frente de seu povo! Agora, antes de
transmitir a incumbência a Josué, Moisés, através da instrumentalidade divina,
transmite princípios que se observados pelo povo, fariam deles uma nação
poderosa para desbaratar seus inimigos na conquista da terra da promessa. Porém
a negligência em observar tais princípios, traria sobre eles a derrota e o
fracasso.
3.
Quais são, então, as escolhas propostas? Vejamos:
DEVERIAM ESCOLHER:
I – ENTRE A VIDA E A MORTE
V. 15
"Vê que hoje te pus diante de ti a vida e o
bem, a morte e o mal..."
a) Morte:
1)
Veja como Jó em momento de estrema desgraça descreve a morte – "O
meu rosto está todo afogueado de chorar, e sobre as minhas pálpebras está a
sombra da morte", Jó 16.16. A sua desventura, fazia com que ele
presumisse a morte prematura. A expressão "...sobre as minhas pálpebras
está a sombra da morte", descreve de maneira clara o estado de Jó, que
antevia a morte, caso sua sorte não fosse mudada. Sua previsão é clara em 30.23:,
"Pois eu sei que me levarás à morte e à casa destinada a todo
vivente".
2)
Davi se assusta frente à morte, "Estremece-me no peito o coração,
terrores de morte me salteiam", Sl 55.4. Seu sofrimento era tão
intenso que Davi antevê o fracasso, que certamente o levaria à morte. Isto lhe
causava terror, pavor. Certamente a morte causa pavor naqueles que não tem vida
eterna! Porém, quanto aos verdadeiros filhos de Deus, temos a promessa da
Palavra de que somos libertos do pavor da morte: "...e livrasse todos que,
pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida", Hb
2.15.
3)
Porém existem pessoas que fazem aliança com a morte, "A vossa
aliança com a morte será anulada, e o vosso acordo com o além não subsistirá;
e, quando o dilúvio do açoite passar, sereis esmagados por ele", Is
28.18. Este trecho se refere aos acordos políticos de Israel com o Egito e
Samaria. Mais adiante estas nações seriam instrumentos de morte ao povo. Estes
acordos eram abomináveis ao Senhor, tanto é, que Ele tomava a iniciativa para
anulá-los. Certamente, temos aqui uma referência àqueles que não conhecem o
real significado da morte, e caminham no limiar do perigo! Fazer aliança com a
morte significa preparar-se para colher a calamidade, o infortúnio e desgraça.
b) Vida:
1)
Jó reconhece que a vida está nas mãos de Deus, "Na sua mão está a
vida de todo ser vivente, e o espírito de todo o gênero humano", Jó
12.10. Ver também Jó 33.4, "O Espírito de Deus me fez, e o
sopro do Todo-Poderoso me dá vida". Quando morre uma pessoa
prematuramente, é comum ouvirmos alguém dizer: "Esta pessoa tinha muito
para viver". Ao pensarmos assim, nos esquecemos de que a vida está nas
mãos de Deus. É Deus quem permite que alguém continue a viver ou morra. Há
exemplos na Palavra de Deus de vidas que foram ceifadas prematuramente pela
interferência direta do Todo-Poderoso. Um desses exemplos sobre a ação de Deus
provocando uma morte antecipada, podemos ver em Atos 12.21-23, "21
Num dia designado, Herodes, vestido de trajes reais, sentou-se no trono e
dirigia-lhes a palavra. 22 E o povo exclamava: É a voz de um deus, e não de um
homem. 23 No mesmo instante o anjo do Senhor o feriu, porque não deu glória a
Deus; e, comido de vermes, expirou".
2)
O Temor a Deus é a fonte de Vida, "O temor do Senhor é uma fonte de
vida, para o homem se desviar dos laços da morte", Pv 14.29. Quando
alguém vive debaixo do cuidado e do temor do Senhor, sua vida é prolongada na
terra. Embora a expressão "...laços da morte", possa designar uma
ação de nosso arqui-inimigo, ou seus demônios usando pessoas para nos atingir,
é bem verdade que ela também descreve a morte iminente daqueles que não vivem
debaixo do temor do Senhor. Não raramente, os demônios provocam acidentes,
impulsionam guerras, devastações, etc., para destruir vidas humanas. Porém
aquele que vive pelo temor de Deus, será certamente preservado de muitas
situações de risco. Sua vida é guardada pelo Poderoso!
3)
A vida está associada à prática da justiça e à bondade, "Aquele que
segue a justiça e a bondade achará a vida, a justiça e a honra", Pv
21.21. Neste texto podemos ver claramente que o servo de Deus que vive na
prática da verdadeira justiça, e ao mesmo tempo é bondoso no trato com seus
semelhantes, encontrará a "vida, a justiça e a honra". Vale a pena
viver em justiça, que a colheita é farta!
3.
Pelas descrições acima acerca entre a morte e a vida, podemos dizer que uma
escolha sábia não penderá pelo lado da morte. O homem que deseja viver melhor,
ser próspero, abençoado, não andará nos caminhos da morte, mas buscará viver a
vida outorgada por Deus! Se o povo de Israel, ao avaliar a proposta de Moisés,
tivessem optado pela vida ao invés da morte, jamais teriam sido presas de seus
inimigos! Não teriam sido escravizados, castigados, envergonhados e mortos
pelos babilônicos, assírios, etc. Teriam sido vitoriosos em todas as batalhas!
O mesmo acontece hoje! Muitos estão morrendo espiritualmente, porque fizeram
opção errada. Escolheram o caminho da morte ao invés do caminho da vida!
II – ENTRE O BEM E O MAL
V. 15
"Vê que hoje te pus diante de ti a vida e o
bem, a morte e o mal..."
1.
Da mesma forma que no capítulo anterior, o homem precisa aprender a escolher
entre o bem e o mal. A palavra "bem", vem do hebraico "bwj -
towb" – Aquilo que é "bom", "agradável",
"amável", "que traz benefício", etc.. E a palavra
"mal", vem do hebraico "er - rá", significando
"ruim", "desagradável", "infeliz", etc.
2.
Desde o princípio, e isto podemos ver no livro de Gênesis, há uma descrição do
homem como sendo mau em sua natureza: "Viu o Senhor que era grande a
maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu
coração era má continuamente", Gn 6.5. Esta visão de Deus em
relação ao homem é compatível com as ações deste após a queda no Éden e a sua consequente
degradação. É certo, porém que a geração do início de Gênesis, foi engolida e
dizimada pelas águas do dilúvio. Porém a semente do mal não foi totalmente
erradicada, como podemos ver mais tarde no registo bíblico:
a)
Sl 5.9, "Porque não há fidelidade na boca deles; as suas entranhas
são verdadeiras maldades, a sua garganta é um sepulcro aberto; lisonjeiam com a
sua língua". Observe as expressões "suas entranhas são verdadeiras
maldades" e "sua garganta é um sepulcro aberto". Estas
expressões nos mostram claramente que o mal é residente no interior do homem.
No dizer de Jesus ele vem de dentro, do coração, exteriorizando ações
destrutivas, "18 Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que
contamina o homem. 19 Porque do coração procedem os maus pensamentos,
homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e
blasfêmias", Mt 15.18-19.
b)
Ec 9.3, "Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol:
que a todos sucede o mesmo. Também o coração dos filhos dos homens está cheio
de maldade; há desvarios no seu coração durante a sua vida, e depois se vão aos
mortos". Novamente podemos observar como Salomão descreve o mal como sendo
algo ligado ao "coração dos filhos" e há "desvarios no seu
coração". Certamente é através do coração do homem que o mal é irradiado,
provocando ações pecaminosas!
c)
Rm 7.18-20, "18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne,
não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo
não está. 19 Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse
pratico. 20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que
habita em mim". Neste texto, Paulo nos apresenta o dilema de sua vida e
consequentemente o dilema da vida de todo filho de Deus. Como filho de Deus,
ele desejava praticar somente o bem, porém em razão de sua natureza pecaminosa
propensa para o mal, se vias às voltas com atos contrários à sua vontade.
3.
Com esta inclinação para o mal, a raça humana tem caminhado a passos largos
para a destruição e a morte. Não há quem busque o bem! No dizer de Paulo aos
romanos, "todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem
faça o bem, não há nem um só", Rm 3.12.
4.
Voltando nossos olhares para proposta divina em nosso texto básico, o homem
precisa fazer uma escolha entre o bem e mal. É evidente que por si só, em razão
de sua natureza pecaminosa, este homem não poderá chegar a lugar algum. Porém
através de Cristo, uma nova possibilidade surgiu! Temos a garantia de que
através dEle, podemos trilhar o caminho do bem. Veja nos textos abaixo como o
retorno ao bem é possível:
a)
Lc 6.45, "O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e
o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no
coração, disso fala a boca". É verdade que não há qualquer homem bom na
terra. Um só é bom (Mt 19.17), e este "um" é Deus. O "homem bom"
nas palavras de Jesus é aquele que passou pela sua cruz. Através da cruz de
Cristo, podemos agora nos tornar bons e praticar atos de bondade.
b)
Jo 5.29, "...os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da
vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo".
Observe a expressão: "os que tiverem feito o bem", que é uma
expressão alusiva àqueles que foram salvos pela graça de Deus. Somente se
levantarão na "ressurreição da vida", os redimidos, aqueles que
tiveram suas vestes lavadas no sangue do Cordeiro, "Bem-aventurados
aqueles que lavam as suas vestes no sangue do Cordeiro para que tenham direito
à arvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas", Ap 22.14.
c)
Rm 2.5-8, "5 Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente,
entesouras ira para ti no dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, 6
que retribuirá a cada um segundo as suas obras;
5.
De acordo com os textos acima, podemos ver que existe uma possibilidade do
homem deixar o mal e praticar o bem. Esta possibilidade nos vem através do
Senhor que derramou seu sangue como remissão de nossos pecados. Ao nos
entregarmos a Cristo sem restrições, Ele criará em nós pelo seu Espírito,
condições reais para praticarmos o bem e nos prepararmos para a
"ressurreição da vida". Lembramos e insistimos, que somente poderá
praticar o bem, aquele que foi lavado e remido pelo sangue de Cristo. O homem
natural, sem Deus, embora possa desejar a prática do bem, isto não lhe será
possível, devido à semente do pecado herdada de Adão.
III – ENTRE A BÊNÇÃO E A MALDIÇÃO
V. 19
"O céu e a terra tomo hoje por testemunhas
contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a
maldição..."
1.
Temos ainda o contraste entre duas palavras significativas: a bênção e a
maldição. A palavra "bênção", nos vem do terno hebraico "hrkb - Barakah",
e quer dizer "prosperidade", "presente", "dom"; a
palavra "maldição", é o hebraico "hllq - qalalah", e
significa "difamação", "execração".
a)
Dt 28.20, "O Senhor mandará sobre ti a maldição, a derrota e o
desapontamento, em tudo a que puseres a mão para fazer, até que sejas
destruído, e até que repentinamente pereças, por causa da maldade das tuas
obras, pelas quais me deixaste". Ao entrar na terra da promessa, o povo de
Israel seria visitado com maldições, se desobedecesse aos princípios
estabelecidos por Deus.
b)
Is 24.6, "6 Por isso a maldição devora a terra, e os que habitam
nela sofrem por serem culpados; por isso são queimados os seus habitantes, e
poucos homens restam". Temos aqui o cumprimento relativo ao texto
anterior. Houve desobediência ao Senhor e a nação teve que amargar grandes
maldições, como a invasão inimiga, queimando suas casas juntamente com seus
habitantes.
c)
Jr 23.10, "Pois a terra está cheia de adúlteros; por causa da
maldição a terra chora, e os pastos do deserto se secam. A sua carreira é má, e
a sua força não é reta". Aqui até mesmo os animais sofrem, pois as pastagens
secaram deixando-os sem alimentos, fruto da maldição lançada sobre o povo.
3.
Já a palavra bênção, descreve a bem-aventurança do justo, daquele que teme a
Deus e anda em seus caminhos:
a)
Gn 12.2, "Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei
o teu nome; e tu, sê uma bênção". Temos aqui uma descrição da chamada de
Abraão, onde Deus promete abençoar-lhe, perpetuando seu nome na terra,
transformando-o numa bênção para outras nações.
b)
Gn 39.5, "Desde que o pôs como mordomo sobre a sua casa e sobre
todos os seus bens, o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a
bênção do Senhor estava sobre tudo o que tinha, tanto na casa como no
campo". José, um símbolo de Cristo, enfrentou o dissabor e a revolta de
seus irmãos, que o venderam como escravo. No Egito, na casa de Potifar, que o
comprara dos ismaelitas, começou a provar a bênção de Deus, bênção esta, também
extensiva ao seu dono.
c)
Dt 28.8, "O Senhor mandará que a bênção esteja contigo nos teus
celeiros e em tudo a que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que o
Senhor teu Deus te dá". Note como a bênção divina atinge não somente nossa
vida espiritual, mas tudo quanto possuímos, como nosso trabalho, produção,
etc., além de estar presente em tudo quanto colocarmos as nossas mãos.
d)
Is 44.3, "Porque derramarei água sobre o sedento, e correntes sobre
a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha
bênção sobre a tua descendência". Aqui, temos a promessa da bênção divina,
não somente sobre nós, mas também sobre nossa posteridade. Quando caminhamos
debaixo da bênção de Deus, nossos filhos e netos também serão abençoados. A
promessa divina é que a sua misericórdia atingirá "...até mil gerações
daqueles que me (o) amam e guardam os meus (seus) mandamentos", Êx 20.6.
4.
Quando escolhemos a maldição em lugar de bênção, não precisamos dizer que
fizemos uma escolha desastrosa!
CONCLUSÃO
1.
Pudemos ver nesta noite o contraste entre "vida ou morte", "bem
ou mal", "bênção ou maldição". Tais palavras e conceitos foram
colocados ao povo de Israel como opção de escolha. Teriam eles liberdade para
escolher entre viver ou morrer, praticar o bem ou o mal, serem abençoados ou amaldiçoados.
Porém ao optarem pelo lado mal, iriam sofrer as consequências da funesta
escolha.
2.
Hoje também, como povo de Deus, a mesma opção nos é dada pelo Senhor. Muitos
acabam trilhando o caminho da morte, do mal e da maldição. Por esta razão,
estão em constante sofrimento e dor. Que sejamos sábios para escolher a vida de
Deus para gozarmos dos privilégios de sua Palavra!