A crucificação de Jesus - O
significado da Cruz
autoria desconhecida
Pr. José Antônio Corrêa
Muitos
pensam que uma aflição ou sofrimento significa a "cruz" que devem
levar. Mas vamos conhecer as Escrituras: 1 Jo 3:8 - "Quem comete o pecado
é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se
manifestou: para destruir as obras do diabo".
A
Crucificação de Jesus Cristo é o fim das obras do diabo, pois o Sangue
derramado na cruz nos limpa de todo pecado.
Mas
quem não crê na Crucificação possui as imundícias do pecado, e "quem
comete o pecado é do diabo". Diabo significa "adversário". Ou
seja, o diabo trabalha para o nosso mal, nos fazendo sofrer. E, por não
conhecerem as Escrituras, o sofrimento causado por um demônio é visto como
"a cruz que deve ser carregada". Assim carregam o adversário pensando
ser a cruz.
Embora
outros homens tenham sido crucificados por seus crimes, e alguns talvez por
crimes que não cometeram, Jesus foi crucificado por todos os pecados praticados
no mundo. Foi crucificado no seu lugar e no meu. As escrituras registram o
fato:
Lc
23:33 – "E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o
crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda".
Lc
23:34 – "E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E,
repartindo as suas vestes, lançaram sortes".
"Perdoa-lhes",
disse Jesus. Embora eles o estivessem crucificando, o Senhor orou ao Pai
pedindo que lhes perdoasse. E ao dizer: "Perdoa-lhes", orava também
por mim e por você. E foi para isto que ele morreu no Calvário: propiciar o
perdão a uma humanidade perdida e agonizante.
Não
é através de práticas religiosas, como penitência, orações a santos, karma,
etc., que obtemos o perdão de nossos pecados. Só obtemos o perdão por
intermédio do sacrifício vicário de Cristo na cruz do Calvário:
1
Pe 2:24 – "Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o
madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e
pelas suas feridas fostes sarados".
"pelas
suas feridas fostes sarados." O Senhor Jesus foi ferido em nosso lugar,
para nos sarar!
A Morte de Jesus
Jesus
tinha plena consciência de que Sua missão se cumpriria através de Sua morte:
Mt
16:21 – "Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que
convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais
dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro
dia".
Mt
20:28 – "Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para
servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos".
Jo
3:14 – "E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o
Filho do homem seja levantado".
Jesus
deixou-se prender e crucificar porque o quis; entregou-se voluntariamente, em
cumprimento da vontade do Pai para a salvação dos homens:
Jo
10:17 – "Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a
tomá-la".
Jo
10:18 – "Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder
para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu
Pai".
Conhecia
a hora:
Jo
12:23 – "E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho
do homem há de ser glorificado".
Jo
13:1 – "ORA, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a
sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que
estavam no mundo, amou-os até o fim".
Jo
17:1 – "JESUS falou assim e, levantando seus olhos ao céu, disse: Pai, é
chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique
a ti".
A
crucificação fazia a vítima incorrer na maldição da lei:
Dt
21:22 – "Quando também em alguém houver pecado, digno do juízo de morte, e
for morto, e o pendurares num madeiro".
Dt
21:23 – "O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o
enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de Deus; assim não
contaminarás a tua terra, que o SENHOR teu Deus te dá em herança".
Gl
3:18 – "Porque, se a herança provém da lei, já não provém da promessa; mas
Deus pela promessa a deu gratuitamente a Abraão".
A
morte de Jesus foi, do ponto de vista legal e moral, o maior dos crimes, o mais
hediondo desvio à justiça. O próprio governador que deu a ordem, confessava que
nenhum crime achava em Jesus (Lc 23:4,14). A culpa dos judeus foi ainda maior
(Jo 19:11); crucificaram "o Senhor da glória" (1 Co 2:8), seu próprio
e verdadeiro Rei (Jo 19:15).
O Significado da Cruz
A
teologia cristã é a Cruz:
1
Co 1:18 – "Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas
para nós, que somos salvos, é o poder de Deus".
Todo
o Novo Testamento testifica da verdade estarrecedora de Cristo crucificado,
porém triunfante. Seu tema constante é a paixão vitoriosa do Filho de Deus. Do
princípio ao fim está dizendo:
Jo
1:29 – "No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis
o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo".
Os
cristãos gloriavam-se no escândalo da Cruz:
1
Co 15:3 – "Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que
Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras".
1
Co 15:4 – "E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo
as Escrituras".
Que
significa tudo isso? Que vem a ser a Redenção? O tema é sem dúvida inesgotável;
vamos, contudo, salientar alguns de seus aspectos fundamentais, de acordo com a
Bíblia:
Na Cruz, Deus se revela aos homens
No
momento em que Jesus entregou Seu espírito, deu-nos o acesso direto a Deus,
rasgando-se o véu:
Mt
27:51; Mc 15:38; Lc 23:45 – "E eis que o véu do templo se rasgou em dois,
de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras".
O
véu ali se achava, há longos anos, vedando ao homem pecador os últimos
mistérios da religião e impedindo simbolicamente, a saída de Deus ao encontro
do pecador. Parecia que ali houvesse de permanecer para sempre e que, portanto,
o homem jamais pudesse conhecer de perto a Deus. Agora, é rasgado o véu; Deus
se dá a conhecer ao homem. A Cruz traz o homem para Deus, levando Deus ao
homem:
Hb
10:19 – "Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo
sangue de Jesus...".
Na Cruz, Deus toma a iniciativa e
entra em ação a favor do homem
A
pregação de Pentecoste afirmou que Jesus foi entregue pelo determinado desígnio
e presciência de Deus:
At
2:23 – "A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e
presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de
injustos".
2
Co 5:19 – "Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo,
não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da
reconciliação". Deus estava agindo.
Cristo
encarou resolutamente sua ida a Jerusalém:
Lc
9:51 – "E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção,
manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém".
Para
realizar Sua missão:
Lc
12:50 – "Importa, porém, que seja batizado com um certo batismo; e como me
angustio até que venha a cumprir-se!"
A
graça é o amor em ação; é o amor tomando a iniciativa. Quando éramos ainda
pecadores, Cristo morreu por nós. Esse conceito vem desde o Antigo Testamento,
onde a atividade redentora de Deus se exprime através da história de Israel.
Ele não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante nossas
iniqüidades:
Sl
103:10 – "Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou
segundo as nossas iniqüidades".
Is
45:21 – "Anunciai, e chegai-vos, e tomai conselho todos juntos; quem fez
ouvir isto desde a antiguidade? Quem desde então o anunciou? Porventura não sou
eu, o SENHOR? Pois não há outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há
além de mim".
Na Cruz, o Filho de Deus consuma
Sua identificação com o homem pecador
Desde
o início, Jesus fez questão de identificar-se ao máximo com os homens. Por que
havia Ele de submeter-se ao batismo, símbolo da remissão de pecados? Que iria
fazer o Santo de Deus no confessionário?! Não podia Ele ficar de lado, dizendo:
"Isso é para os pecadores; para mim não tem sentido?" Se o fizesse,
não seria nosso Salvador. O que Jesus fez naquele dia, no Jordão, foi
identificar-se com os quebrantados e oprimidos, com os infelizes e deserdados,
fazendo Sua a dor que eles sofriam, a vergonha que sobre eles pesava, sendo
contado com os transgressores:
Is
53:12 – "Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos
repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado
com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu
pelos transgressores."
Nas
Suas amizades, colocou-se ao lado dos Zaqueus, das Marias Madalenas - não de
maneira forçada ou oficial, nem com a superioridade tácita dos moralmente
religiosos, porém, simples e diretamente, porque os amava e não se envergonhava
de lhes chamar de irmãos:
Hb
2:11 - Porque, assim o que santifica, como os que são santificados, são todos
de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos...".
Quando
morreu, foi colocado entre dois criminosos. Durante toda a Sua vida Ele
pertencera aos pecadores, e na morte não se apartou deles. É o lugar de Sua
escolha. Por vontade de quem, por ato de quem, está Jesus ali? De Pilatos, dos
sacerdotes, do povo, dos poderes das trevas: essa é uma partícula da verdade.
"Ninguém me tira a vida; Eu espontaneamente a dou." (Jo 10:18) Ele
podia ter-se esquivado. Foi tentado repetidamente a fazê-lo: no deserto (Mt 4);
por Pedro (Mt 16:22-23); no Getsêmani (Mt 26-42), até Seu suor era como se
fossem gotas de sangue (Lc 22:44). Morreu voluntariamente:
Mt
26:53 – "Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele
não me daria mais de doze legiões de anjos?"
Podia
- mas não quis esquivar da Cruz. Fez-se contar com os transgressores, para
levar os nossos pecados. Foi na paixão voluntária do amor, que Ele se
identificou comigo e se deu por mim.
Na cruz, é oferecido um sacrifício
representativo pelos pecados do mundo
O
que significa o brado de desamparo:
Mt
27:46 – "E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli,
Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?"
É
mistério - o mistério de Sua Pessoa; porém, uma coisa é certa: é o amor de
Deus, é a graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele, que não conheceu pecado, é
"feito pecado" por nós:
2
Co 5:21 – "Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que
nele fôssemos feitos justiça de Deus".
Levou
sobre si a carga inominável do pecado humano, e no Seu brado de desamparo
vemo-lo cambalear sob o peso. Em toda a história, somente este Último Adão
chegou a ver o pecado como Deus o vê. Como, pois, não hei de confessar, com
humildade, com adoração e na companhia da grande multidão dos remidos no céu e
na terra:
1
Pe 3:18 – "Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo
pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas
vivificado pelo Espírito".
Na Cruz, é oferecido um sacrifício
expiatório
Jesus,
o Cordeiro de Deus, se identificou conosco na Encarnação. É crucificado por
nós. E Ele mesmo, nosso Sumo Sacerdote, entra com Seu sangue, através do véu de
Sua carne ferida, à presença imediata do Pai. Assim fazendo, leva consigo nossa
vida, pois com Ele morremos: 2 Co 5:14 – "Porque o amor de Cristo nos
constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos
morreram."
Porque
estamos identificados com Ele, Cristo leva no coração de Sua humanidade divina,
toda a ignominia e toda a ferida do nosso pecado. Seu ato representativo é um
ato expiador.
Na Cruz, o pecador é identificado
com Cristo, e a Ele unido
Como
Cristo se identifica com minha dor, minha fraqueza, minha derrota, hei de
identificas-me agora com Seu sacrifício, Seu poder, Sua vitória. Nisso é que se
torna possível a transfusão da Sua vida: Ele leva meu fracasso, minha vergonha
e miséria; eu tomo Sua força, Sua pureza e paz. Não há Redenção para o pecador
sem a Sua identificação com o Redentor. Assim como não se pode traçar um arco
de um círculo, sem que seja côncavo e ao mesmo tempo convexo, assim toda a
verdade objetiva da obra expiatória de Cristo é incompleta e destituída de
sentido sem que haja a devida apropriação subjetiva da mesma pelo pecador. Se o
pecador não estiver em Cristo, para ele foi em vão, a obra redentora que Cristo
efetuou em seu favor. Está aí, objetivamente e para sempre, porém sem efeito,
até que o homem, remido, possa confessar:
Gl
2:20 – "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo
vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o
qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim".