ABRAÃO, O AMIGO DE DEUS
TG 2.21-23
Pr. José Antônio Corrêa
Texto: "21 Porventura não foi pelas obras que
nosso pai Abraão foi justificado quando ofereceu sobre o altar seu filho
Isaque? 22 Vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi
aperfeiçoada. 23 E se cumpriu a escritura que diz: E creu Abraão em Deus, e
isso lhe foi imputado como justiça, e foi chamado amigo de Deus".
INTRODUÇÃO:
2.
De certa forma, amigo é alguém com o qual desfrutamos de uma grande intimidade,
a quem expomos nossos segredos sem a preocupação de ficarmos expostos! Jamais
teremos em nosso rol de amigos pessoas nas quais não confiamos! A relação de
amizade será também uma relação de confidências, onde se encontra apoio, consideração,
ajuda. É por esta razão que a traição vinda por um amigo é a pior das traições
– "E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e
matarão alguns de vós", Lc 21.16.
3.
Queremos abordar hoje, o relacionamento de amizade que existia entre o
patriarca Abraão e o Deus de Poder. Observe que não foi Abraão que se colocou
em lugar de "amigo de Deus", mas foi Deus quem o qualificou como
amigo. Deus reconhecia em Abraão um amigo para o qual podia confidenciar os
mais profundos segredos – "E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que
faço?" (Gn 18.17).
4.
Queremos analisar:
ALGUMAS VIRTUDES QUE QUALIFICARAM
ABRAÃO A SE TORNAR "AMIGO DE DEUS"
I. SUA FÉ INIGUALÁVEL
2.
Porém ao olharmos para Abraão iremos encontrar nele uma fé sem precedentes na
história! Não é por acaso que ele é chamado nas Escrituras de "Pai da
Fé" – "...para que fosse pai de todos os que crêem...", Rm
4.11. Sua fé foi demonstrada em muitos episódios narrados na Palavra de
Deus. Vejamos pelos menos dois fatos:
a)
Em sua saída para peregrinar em Canaã, Hb 11.8, "8 Pela fé
Abraão, sendo chamado, obedeceu, saindo para um lugar que havia de receber por
herança; e saiu, sem saber para onde ia. 9 Pela fé peregrinou na terra da
promessa, como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó,
herdeiros com ele da mesma promessa; 10 porque esperava a cidade que tem os
fundamentos, da qual o arquiteto e edificador é Deus".
-
Veja que como Abraão, deixou tudo – família, bens, propriedades, e partiu sem
saber para onde ia, apenas confiando naquele que lhe dera a missão. Aos olhos
humanos seria uma fé burra! Deixou todo conforto de uma classe média da época
para viver como peregrino em terra estranha!
b)
No sacrifício de Isaque, Hb 11.17-19, "17 Pela fé Abraão,
sendo provado, ofereceu Isaque; sim, ia oferecendo o seu unigênito aquele que
recebera as promessas, 18 e a quem se havia dito: Em Isaque será chamada a tua
descendência, 19 julgando que Deus era poderoso para até dos mortos o
ressuscitar; e daí também em figura o recobrou".
-
Todos sabemos das dificuldades de Sara para engravidar. Aos noventa anos,
quando sua vida fértil já havia cessado, Deus promete a Abraão que do ventre
estéril, infértil, nasceria um filho, de onde surgiria uma grande nação. Esta
promessa foi cumprida com o nascimento de Isaque Porém num determinado dia,
quando Isaque já era jovem, Deus o pede em sacrifício.
-
Qual foi a reação de Abraão? Poderia ele ter questionado, uma vez que o Senhor
iria agora destruir as esperanças de sua prole. Porém, Abraão ofereceu Isaque,
com a convicção de que Deus o poderia ressuscitar, não deixando que a promessa
se escoasse ralo abaixo. Ele se manteve firme naquele que lhe dera a promessa!
3.
Como filhos de Deus, que tipo de fé temos praticado? Temos crido nas promessas
divinas exaradas nas páginas das Escrituras? Devemos ter a fé de Abraão, crer
no invisível. Em Romanos temos uma expressão significativa para descrever a fé
do patriarca – "...o qual, em esperança, creu contra a esperança, para que
se tornasse pai de muitas nações", Rm 4.18. Não havia qualquer
esperança para uma gravidez de Sara. Crer contra a esperança é crer que o
impossível poder ser realizado! Quando achamos que tudo está perdido, ainda nos
resta Deus e sua Palavra! Confiemos!
II. SUA OBEDIÊNCIA INCONDICIONAL
2.
Somente através da obediência podemos agradar a Deus! Deus não compactua com
rebeldes, com desobedientes. A palavra de Deus nos fala que "fomos eleitos
para a obediência" – "eleitos segundo a presciência de Deus Pai, na
santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus
Cristo", 1 Pe 1.2. Se somos de fato convertidos, renascidos pela
Palavra e Espírito de Deus, devemos nos portar como "filhos
obedientes".
3.
Na área da obediência, temos muito a aprender com Abraão. Analisemos as mesmas
passagens citadas acima envolvendo sua obediência a Deus:
a)
"Partiu, pois Abrão, como o Senhor lhe ordenara", Gn 12.4.
"Partiu sem saber para onde ia", Hb 11.8.
-
Alguma vez, pela ordem de Deus já fizemos uma loucura semelhante? No mínimo,
Abraão poderia perguntar: Para onde vou? O que fazer? Qual será a minha missão?
No entanto, ele saiu apenas obedecendo a ordem de Deus para peregrinar numa
terra estranha, na esperança de que aquela terra seria dada futuramente aos
seus descendentes. Abraão simplesmente creu na promessa divina!
-
Deus quer que seu filhos sejam obedientes em tudo, crendo que Ele tem o melhor
para nós. É este tipo de obediência que encontramos em Paulo, prostrado na
estrada de Damasco – "Que farei Senhor"?, At 22.10. Foi esta
também a postura de Maria ao receber a mensagem do anjo – "...Eis aqui a
serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra", Lc 1.38.
Embora Paulo não soubesse o que viria pela frente – seria transformado de
"perseguidor" em "perseguido" - e Maria tivesse vendo sua
reputação ir por água abaixo por gerar um filho sem pai, numa sociedade
repressiva, ambos obedeceram a Deus contra todas as circunstâncias.
b)
"2 Prosseguiu Deus: Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a
quem amas; vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos
montes que te hei de mostrar. 3 Levantou-se, pois, Abraão de manhã cedo,
albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho;
e, tendo cortado lenha para o holocausto, partiu para ir ao lugar que Deus lhe
dissera", Gn 22.2-3.
-
Observe a postura de Abraão frente à ordem divina para que entregasse seu filho
Isaque ao sacrifício. Novamente, encontramos Abraão sendo testado em sua
obediência. Alguns questionamentos poderiam ter lugar aqui, como por exemplo:
"Senhor, este não é o filho da promessa?". "Se ele morrer, não
morrerá também a esperança da ‘grande nação’?" Porém, Abraão simplesmente
obedeceu!
-
Precisamos deixar de reclamar, resmungar e atentarmos para a voz de Deus!
Muitos crentes acabam entrando pelo caminho da frustração, do descontentamento
e do desassossego por negligenciarem a obediência. Ao sermos desobedientes,
corremos o risco de perder privilégios, como aconteceu com muitos filhos de
Deus no passado, que não puderam desfrutar da terra da promessa – "E a
quem jurou que não entrariam no seu descanso, senão aos que foram
desobedientes?", Hb 3.18.
4.
Aprendamos com Abraão que vale a pena obedecer a Deus! Aquele que obedece é
honrado pelo Senhor!
III. SEU TEMOR A DEUS
1.
Temor a Deus, eis algo difícil para nós! Dizemos que tememos a Deus, mas quando
temos oportunidade de demonstrar isto na prática, observamos o quanto
precisamos aprender sobre a questão. Quantas vezes fazemos a obra de Deus
fraudulentamente ("Maldito aquele que fizer a obra do Senhor
negligentemente...", Jr 10.48), pela falta de temor? Deus se alegra
quando seu povo O teme! Devemos lembrar que ter "temor" não é o mesmo
que ter "medo de Deus", mas sim reverenciá-lo com as honras que lhes
são devidas!
2.
Abraão demonstrou na prática o seu temor a Deus, quando deu Isaque em
sacrifício! Devemos lembrar que Isaque era tudo o que Ele tinha - seus
propósitos, sua esperança na velhice, a continuação de sua prole, etc. No
entanto, quando Isaque foi requisitado para o sacrifício, Abraão o ofereceu
instantaneamente. Quando amamos e tememos a Deus, oferecemos a ele tudo o que
somos e tudo o que temos!
3.
Um fato digno de nota foi o reconhecimento de Deus logo após o ato de Abraão
para sacrificar Isaque – "...porquanto agora sei que temes a Deus, visto
que não me negaste teu filho, o teu único filho", Gn 22.12. Eis o
temor demonstrado na prática – a entrega do arrimo, da muleta, do meu tudo! Temer
a Deus é acima de tudo, demonstrar confiança! É saber que embora possamos
perder tudo, ganhamos a graça de Deus, que nos é suficiente – "A minha
graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza", 2 Co
12.9.
4.
Não precisamos dizer que aquele que teme a Deus, é abençoado por Ele de todas
as maneiras. Senão, vejamos algumas delas:
a)
Quem teme a Deus é coroado com sabedoria, Sl 111.10, "O
temor do Senhor é o princípio da sabedoria; têm bom entendimento todos os que
cumprem os seus preceitos; o seu louvor subsiste para sempre".
b)
Quem teme a Deus, terá seus dias prolongados, Pv 10.27, "O
temor do Senhor aumenta os dias; mas os anos os ímpios serão abreviados".
c)
Quem teme a Deus será guardado dos laços da morte, Pv 14.27,
"O temor do Senhor é uma fonte de vida, para o homem se desviar dos laços
da morte".
4.
O grande segredo de uma vida vitoriosa na fé cristã é andar no temor do Senhor.
A igreja primitiva prosperava porque todos demonstravam temor na presença de
Deus – "Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos
pelos apóstolos", At 2.43. Note que os sinais e prodígios eram
provenientes do grande temor que abrangia a igreja!
Quando
há temor de Deus, grandes maravilhas acontecem, e a igreja de Deus sai da zona
do esquecimento, para o campo de reconhecimento! É por esta razão que a igreja
primitiva "caía na graça de todo o povo" e diariamente
"acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos", At 2.47.
CONCLUSÃO:
1.
Temos sido reconhecidos por Deus como seus amigos? Quando Jesus ensinava seus
discípulos, nos deu uma instrução importante: "14 Vós sois meus amigos, se
fizerdes o que eu vos mando. 15 Já não vos chamo servos, porque o servo não
sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu
Pai vos dei a conhecer", Jo 15.14-15. Como filhos de Deus
legítimos, Jesus nos reconhece como "seus amigos", nos levando a
conhecer as verdades de Deus!
2.
Como Abraão, precisamos trabalhar nossa intimidade com Deus, desenvolvendo a fé
em suas promessas, sendo-LHE obedientes em tudo e vivendo uma vida cheia de
temor. Se tivermos tais cuidados, com certeza nossa vida não será mais a mesma!
Iremos provar os milagres e prodígios de Deus em nós! Cairemos na graça
daqueles que circundam ao nosso redor, ao mesmo tempo em que o Senhor os estará
chamando para sua graça salvadora.