O PACTO DE DEUS COM SEU POVO
GN 17.1-10
EXTRAÍDO DO "PONTOS SALIENTES", ANO
1979, 2T, LIÇÃO 5, COM NOTAS E ACRÉSCIMOS E SUPRESSÕES PELO PR JOSÉ ANTÔNIO
Pr. José Antônio Corrêa
A IMPORTÂNCIA DO PACTO DE DEUS COM
ABRAÃO - SEGUNDA PARTE
INTRODUÇÃO:
1.
No domingo passado, falando sobre o pacto de Deus com Abraão, vimos pelo menos,
três elementos importantes daquele pacto:
a) Foi Um Pacto Proposto por Deus. Em qualquer pacto
dentro da Palavra de Deus, é sempre o Senhor que propõe todos os termos. Ao homem
compete obedecer. Embora um pacto seja um acordo bilateral, ou seja, uma
aliança entre duas pessoas ou uma aliança entre Deus e o homem, Deus é quem tem
tudo para oferecer.
b) Foi Um Pacto Que Envolvia a Graça de Deus. A graça é o lado de
Deus. Tudo o que temos e o que podemos ter em termos espirituais, nos vem pela
graça de Deus, sem qualquer pagamento de nossa parte. Tudo nos é oferecido
gratuitamente, incluindo a maior bênção, que é salvação, Ef 2.8, "Pela
graça sois salvos por meio da fé".
c) Foi Um Pacto que Envolvia a Perfeição do Homem. Temos aqui o lado
do homem. Porém, sem a graça de Deus até mesmo o lado do homem fica
prejudicado. Não podemos atingir a perfeição, sem o agir do Espírito Santo em
nossas vidas. Esta perfeição vem a nós quando desfrutamos de uma comunhão com
Deus e literalmente "andamos com Ele".
2.
Nesta noite, queremos continuar analisando, os termos daquele pacto, e suas
aplicações a nós no tempo em que vivemos. Vejamos quais são elas:
IV - QUARTO ASPECTO: O PACTO DE
DEUS COM ABRAÃO, FOI UM PACTO DE ESPIRITUALIDADE.
1.
"Apareceu-lhe o Senhor... ao que Abraão se prostrou com o rosto em
terra", Vs. 1, 3.
2.
Houve da Parte de Abraão profunda humildade, reverência sincera e culto
espiritual. Deus está sempre à procura daqueles que estão dispostos a adorá-lo
desta maneira, Jo 4.23-24, "23 Mas a hora vem, e agora é, em
que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o
Pai procura a tais que assim o adorem. 24 Deus é Espírito, e importa que
os que o adoram o adorem em espírito e em verdade". Dois pontos
importantes:
a)
Os verdadeiros adoradores, não são aqueles que impressionam pela aparência
farisaica, hipócrita, e que fazem questão de "ser notados pelos
homens", Mc 12.38, "E, ensinando-os, dizia-lhes: Guardai-vos
dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas
praças". Mas os verdadeiros adoradores são aqueles que "adoram em
espírito". Adorar em espírito pode ser uma prática que não é visível
aos olhos humanos, mas é visível aos olhos de Deus, o que importa.
b)
O Pai vive à procura de vidas que adoram desta maneira. Enquanto que, Deus
repudia o hipócrita, pela sua falsa aparência de adoração, sai à procura
daqueles que se aproximam dele com um coração sincero, 1 Sm 16.7,
"...o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos
olhos, porém o Senhor olha para o coração".
a)
A palavra "andar", vem do termo grego "stoicew"
- stoicheo, e pode ser traduzida por "pôr em linha",
"concordar com", "ficar ao lado", "Seguir", o
que traz a idéia de andar em linha com o Espírito Santo de Deus, seguir suas
pisadas.
b)
Com este raciocínio, entendemos que Paulo está mostrando a vitória contra o
pecado, que somente pode ser conseguida por alguém que vive na dependência e
submissão do Espírito Santo, Rm 8.2, "Porque a lei do Espírito de
vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte".
4.
Precisamos mostrar nossa espiritualidade através de atos que repudiem ao pecado
e que ao mesmo tempo, demonstrem nosso amor para com a obra de Deus e nosso
amor para com os demais filhos de Deus, que fazem parte da mesma família que
nós, Rm 12.9, "O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos
ao bem".
V - QUINTO ASPECTO: O PACTO DE DEUS
COM ABRAÃO, FOI UM PACTO DE RESPONSABILIDADE
1.
"Guardarás o meu pacto, tu e a tua descendência depois de ti", Vs.
9.
2.
O homem tem deveres a cumprir nas suas relações com Deus. O maior compromisso
que temos, é tornar Deus conhecido tanto dos nossos descendentes diretos
(filhos, netos, bisnetos, etc.), como também do mundo em que vivemos, cumprindo
os termos do pacto de tal modo, que eles também sintam alegria em participar
dele.
3.
Temos aqui o conteúdo missionário do pacto, ou seja a obrigatoriedade de
transmitirmos os princípios do Senhor à nossa geração e também às gerações
futuras.
a)
Nossa Geração: "tu", Vs. 9. "Em ti serão benditas
todas as famílias da terra", Gn 12.3. Devemos nos preocupar em
"fazer discípulos de todas as nações" no tempo em que estamos
vivendo. Em Mt 28.19, temos: "Portanto ide, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo".
b)
Geração futura: "...e a tua descendência depois de ti", Vs. 9.
Devemos ensinar nossos filhos, que por sua vez devem ensinar nossos netos, que
por sua vez devem ensinar nossos bisnetos, para que o Pacto de Deus esteja
sempre vivo e presente em nossas vidas. Daí a recomendação de Deus ao seu povo:
b.1)
Dt 6.7: "E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua
casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te". O ensino
deve ser dado em todas as oportunidades - fator local.
b.2)
Pv 22.6, "Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando
envelhecer não se desviará dele". O ensino deve ser dado desde a mais
tenra infância - fator tempo.
4.
Dentro do "Novo pacto", que é pacto de Deus para o nosso tempo
também há itens que precisamos observar. Porém o item principal é relacionado
ao trabalho missionário da Igreja:
a)
Mt 28.18-20, "18 E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo:
É-me dado todo o poder no céu e na terra. 19 Portanto ide, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; 20 Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos. Amém".
b)
At 1.8, "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir
sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e
Samaria, e até aos confins da terra".
5.
Não podemos nos esquecer de nossa responsabilidade com Deus!
VI - SEXTO ASPECTO: O PACTO DE DEUS
COM ABRAÃO, FOI UM PACTO PERMANENTE
1.
"Estabelecerei o meu pacto contigo... como pacto perpétuo", Vs. 7.
O pacto de Deus é bom tanto para um dia como para milênios. É um concerto que
se sobrepõe ao espaço e ao tempo.
3.
Observando esta "eternidade" do pacto através do tempo podemos
ver como Deus operou e continua operando para que seus propósitos sejam
cumpridos. Um dos exemplos mais significativos está na doutrina da salvação:
a)
Gn 3.15, "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua
semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o
calcanhar". Temos aqui a primeira promessa do Antigo Testamento, onde Deus
promete que da semente da mulher haveria de levantar aquele que esmagaria a
cabeça da serpente (Satanás), cumprindo seu propósito para salvar o homem.
b)
Depois de aproximadamente dois mil anos, Jesus nasceu, concretizando a promessa
de Gn 3.15, Gl 4.4, "4 Mas, vindo a plenitude dos
tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei 5
Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de
filhos". Muitas vezes o tempo de Deus não é o nosso tempo. Como para Deus
não existe o tempo, mas apenas a eternidade, as coisas acontecem sempre nesta "plenitude
dos tempos", que é o tempo de Deus para todas as coisas.
b.1)
Esta "plenitude do tempo" refere-se ao momento histórico em
que todo período pré-messiânico se completou. O sentido desta expressão
significa o "momento exato", para se inaugurar a nova dispensação
e a revelação da graça. Deus enviou seu Filho neste "momento
exato". Foi o tempo determinado pelo Pai.
b.2)
Para que a profecia fosse cumprida em todos os seus detalhes, Jesus precisava
nascer de uma mulher, mesmo sendo ele Deus. Temos aqui uma declaração sobre a
autêntica humanidade de Jesus, que se tornou o "Filho do Homem".
Jesus mesmo se intitulou "Filho do Homem", Mt 8.20, "E
disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho
do homem não tem onde reclinar a cabeça".
b.3)
Outro ponto importante é que Jesus precisava nascer sob a severas exigências da
lei, cumprindo-a em todos os seus pormenores, Mt 5.17, "Não cuideis
que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir". De
fato Jesus cumpriu toda a lei, para que nós pudéssemos nos livrar da maldição
da lei, 2 Co 5.21, "Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado
por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus".
4.
Porém o que vimos com esta "plenitude dos tempos", é apenas um
exemplo da eternidade de Deus e de seu pacto com o homem. Deus jamais falhou e
jamais falhará em todos os seus propósitos.
CONCLUSÃO:
1.
Abraão é chamado na Escritura de "o amigo de Deus", Tg
2.23, "E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e
foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus".
a)
"Ser amigo", implica num relacionamento profundo de amizade
entre duas pessoas, onde são comuns as "confidências", os
"segredos", etc. É isto que vemos em Gn 18.17, "17
E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço, 18 Visto que Abraão
certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas
as nações da terra?"
b.
Com certeza Abraão foi chamado o "amigo de Deus", em virtude
de sua intimidade com o Senhor. Esta intimidade pode ser observada no pacto que
Deus fez com ele, onde estão envolvidas:
b.1)
A graça,
b.2)
A perfeição,
b.3)
A espiritualidade,
b.4)
A responsabilidade,
b.5)
A eternidade.
3.
Por estas virtudes, podemos ver o nível do relacionamento de amizade que Abraão
desfrutava com o Senhor. Este deve ser o ideal de cada um de nós no "Novo
Pacto", que é o nosso pacto para hoje.