ALGUMAS EXIGÊNCIAS DE DEUS PARA
SEUS FILHOS
MQ 6.8
Pr. José Antônio Corrêa
Texto: "Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o
que o Senhor requer de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a
benevolência, e andes humildemente com o teu Deus?”.
INTRODUÇÃO:
1.
Miquéias escreveu seu livro provavelmente entre os anos 739-
2.
O profeta era do interior, mas sua família e ocupação não nos são conhecidas.
Como a cidade de Moresete ficava numa região predominantemente agrícola, é
possível que ele fosse um trabalhador do campo. Sua chamada para o ministério
profético parece clara em 3.8, quando diz: "Quanto a mim, estou
cheio do poder do Espírito do Senhor, assim como de justiça e de coragem, para
declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado".
3.
Observando atentamente o conteúdo do livro de Miquéias, podemos ver que na primeira
parte, a pregação profética expõe os pecados do povo; na segunda, o profeta
retrata o juízo de Deus que é iminente, está prestes a vir; já na última parte,
seus escritos anunciam a esperança de uma restauração, isto evidentemente, depois
de concluído o período da disciplina divina. Na verdade de fôssemos escolher
uma expressão chave para o livro, teríamos que escolher a seguinte: "o
julgamento e a restauração de Judá" (Bíblia de Estudo das Profecias).
4.
É no livro de Miquéias que temos uma das mais brilhantes profecias, que prediz
o local exato do nascimento de Jesus Cristo – 5.2, "Mas tu, Belém
Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me
sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade". Ao analisarmos o texto de Mt
2.5-6, iremos ver que os líderes religiosos judaicos dos dias de Jesus,
parafrasearam esta profecia: "5 Responderam-lhe eles: Em Belém da Judéia;
pois assim está escrito pelo profeta: 6 E tu, Belém, terra de Judá, de modo
nenhum és a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o
Guia que há de apascentar o meu povo de Israel".
5.
O versículo escolhido para nosso estudo retrata algumas exigências de Deus para
o povo de Judá, que de certa forma, são também exigências que cabem como luva
para os filhos de Deus de nosso tempo, já que vivemos numa sociedade tão
desumana e corrompida, assim como a sociedade corrompida e desumana dos dias de
Miquéias.
VEJAMOS QUAIS SÃO ELAS:
I. A PRÁTICA DA JUSTIÇA
2.
Ao olharmos com atenção para o conteúdo do livro de Miquéias, podemos perceber
claramente que os dias do profeta foram caracterizados por uma onda devastadora
de injustiça social. Um dos trechos que retratam o terrível quadro social
vivenciado pelo profeta de Deus, e que traduz a realidade daqueles dias é 2.1-2:
"1 Ai daqueles que nas suas camas maquinam a iniqüidade e planejam o mal!
quando raia o dia, põem-no por obra, pois está no poder da sua mão. 2 E cobiçam
campos, e os arrebatam, e casas, e as tomam; assim fazem violência a um homem e
à sua casa, a uma pessoa e à sua herança".
3.
O clamor do profeta por justiça se justifica ao se defrontar com atitudes de
homens malignos que em seu leito, maquinam e planejam o mal contra o seu
próximo. Para consumar seus planos opressores, tais homens promoviam uma onda
de violência, onde casas, campos, e outros bens familiares, eram tomados à
força, arrancados, sob a égide de uma cobiça sem limites! Somente a ação divina
poderia inibir tais práticas abusivas, violentas, desumanas e cruéis!
4.
Deus exige de seu povo a prática de uma justiça verdadeira. Olhando para a
Palavra de Deus, podemos encontrar subsídios importantes que nos alertam e
conclamam para uma justiça não pervertida e agradável ao Senhor:
a)
Como filhos de Deus, somos considerados como "servos da justiça",
"e libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça", Rm 6.18.
b)
Devemos apresentar nossos membros com instrumentos da justiça divina,
"nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de
iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como redivivos dentre os mortos, e os
vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça", Rm 6.13.
c)
Somos aconselhados a "acordar para a justiça", "Acordai
para a justiça e não pequeis mais; porque alguns ainda não têm conhecimento de
Deus; digo-o para vergonha vossa", 1 Co 15.34.
d)
Para termos uma vida pautada pela justiça divina, devemos usar a
"couraça da justiça" como parte de nossa armadura espiritual,
"Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e
vestida a couraça da justiça", Ef 6.14.
e)
Devemos ainda, apresentar o "fruto de justiça", "cheios
do fruto de justiça, que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de
Deus", Fp 1.11.
5.
Diante dos textos acima, não nos podem ficar quaisquer dúvidas de que a vida de
um servo de Deus deve ser permeada pela justiça de Deus. Nossos atos devem
expressar de uma maneira clara, o verdadeiro "censo de justiça". Deus
exige de nós a prática da justiça!
II. O AMOR À MISERICÓRDIA
1.
Começamos por definir misericórdia: A palavra vem do hebraico "dox –
checed", e significa "clemência", "bondade",
"compaixão". No Dicionário Michaelis UOL, temos: "pena causada
pela miséria alheia; comiseração", "graça ou perdão". Em outras
palavras significa o ato de exercermos compaixão para com aquelas pessoas que
estão numa situação de miséria, desgraça, carecendo de nossa ajuda.
2.
O profeta Miquéias vivia inconformado, até mesmo transtornado, com as atitudes
mesquinhas de seu povo, onde os mais ricos e abastados, ao invés de exercerem
misericórdia, pisoteavam os empobrecidos, os miseráveis, que eram atingidos por
uma avalanche de atos desumanos e cruéis, que os levavam ao desespero! A
injustiça social caminhava a passos largos! Veja o lastimo do profeta: "1
E disse eu: Ouvi, peço-vos, ó chefes de Jacó, e vós, ó príncipes da casa de
Israel: não é a vós que pertence saber a justiça?
3.
Quando nos deixamos envolver pela influência materialista de nossa sociedade
consumista, perderemos o censo de compaixão em relação àqueles que estão abaixo
de nós, e que carecem de atos de bondade de nossa parte. Não podemos nos
esquecer de que, se somos o que somos, devemos à misericórdia de Deus, que a
cada dia nos envolve com seu manto protetor! Ao negligenciarmos a prática da
misericórdia, podemos perder o favor da misericórdia divina. Observe a palavra
de Jesus na parábola do Credor Incompassivo: "não devias tu também ter
compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti?", Mt
18.33.
4.
Podemos ver ainda outros textos da Palavra de Deus sobre a prática da
misericórdia:
a)
É no exercício da misericórdia que alcançamos a misericórdia divina,
"Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia", Mt 5.7.
b)
Pedro nos aconselha a sermos misericordiosos e humildes,
"Finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, cheios de
amor fraternal, misericordiosos, humildes", 1 Pe 3.8.
c)
Judas nos alerta a praticarmos uma misericórdia com temor, "22 E
apiedai-vos de alguns que estão na dúvida, 23e salvai-os, arrebatando-os do
fogo; e de outros tende misericórdia com temor, abominação até a túnica
manchada pela carne", Jd 22-23.
III. O ANDAR HUMILDE
2.
Não nos ficam dúvidas sobre o fato de Miquéias notar que a tendência de povo de
Judá para a violência e consequentemente para o desrespeito com o próximo, não
poderia ser proveniente de vidas humildes. Quase sempre a violência, as ações
desumanas, estão atreladas ao pecado do orgulho. Atos de crueldade são
predicativos de pessoas orgulhosas, soberbas! Geralmente o que produz o orgulho
no coração do homem é a sensação de autossuficiência, de dono-do-próprio-nariz.
Esta tendência é que nos leva à petulância, à rebeldia e ao destrato para com
aqueles que estão a nosso redor, e que muitas vezes dependem de nós, até mesmo
para sua sobrevivência.
3.
O verdadeiro servo de Deus permitirá que o Espírito Santo em seu íntimo, molde
seu comportamento e suas ações, criando nele um sentimento profundo de
verdadeira humildade, característico daqueles que levam uma vida em Deus. A
Palavra de Deus nos fala sobre as bênçãos de possuir um espírito humilde, mas
ao mesmo tempo nos adverte sobre os perigos de uma vida recheada de orgulho.
Senão, vejamos:
a)
O Senhor atenta para os humildes, porém não se relaciona com os orgulhosos,
"Ainda que o Senhor é excelso, contudo atenta para o humilde; mas ao
soberbo, conhece-o de longe", Sl 138.6. Ver ainda Is 57.15,
"Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome
é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de
espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração
dos contritos".
b)
Ser soberbo é viver na desonra, ser humilde é mergulhar na sabedoria,
"Quando vem a soberba, então vem a desonra; mas com os humildes está a
sabedoria", Pv 11.2.
c)
O orgulhoso é abatido, o humilde obterá honra, "A soberba do homem
o abaterá; mas o humilde de espírito obterá honra", Pv 29.23.
d)
Veja ainda outros textos:
-
Lc 1.51-52, "51 Com o seu braço manifestou poder; dissipou os que
eram soberbos nos pensamentos de seus corações; 52 depôs dos tronos os
poderosos, e elevou os humildes".
-
Tg 4.6, "Todavia, dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos
soberbos; dá, porém, graça aos humildes".
-
Mt 5.3, "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o
reino dos céus". Ver ainda: "Portanto, quem se tornar humilde como
esta criança, esse é o maior no reino dos céus", Mt 18.4.
4.
Precisamos aprender a bênção da humildade! Nosso maior exemplo e aprendizado
nos vem do próprio Senhor. Observe o que Ele disse aos seus discípulos:
"Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração; e achareis descanso para as vossas almas", Mt 11.29.
CONCLUSÃO:
1.
Para desfrutarmos do melhor de Deus para nossas vidas, não podemos permitir que
a injustiça, a falta de amor e o orgulho tenham permanência em nossos corações.
Para sermos abençoados, precisamos praticar a justiça, amar os menos
favorecidos, e nunca permitir que o orgulho se acomode em nosso íntimo. Muitos
crentes estão sofrendo e perdendo o melhor de Deus, por levarem uma vida
contrária aos princípios divinos. É preciso fazer uma correção de comportamento
e estar disposto a mudar.
2.
Desta maneira teremos o iremos desfrutar da vida abundante, juntamente com
nossos irmãos de fé!