IGREJA DE ÉFESO
AP 2.1-7
Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
1.
Éfeso era a cidade mais importante da província romana da Ásia. Na cidade havia
uma magnífica estrada de vinte e dois metros de largura, ladeada por colunas.
Esta estrada cortava toda a cidade até um ótimo porto marítimo.
2.
Havia na cidade teatros, bibliotecas, mercados, etc.. Suas calçadas eram de
mármore. Em Éfeso ficava o grande Templo de Diana, ou Artemis, a deusa grega da
fertilidade, que foi uma das sete maravilhas do mundo antigo, At 19.23-28,
"23 Por esse tempo, houve grande alvoroço acerca do Caminho. 24 Pois um
ourives, chamado Demétrio, que fazia, de prata, nichos de Diana e que dava
muito lucro aos artífices, 25 convocando-os juntamente com outros da mesma
profissão, disse-lhes: Senhores, sabeis que deste ofício vem a nossa
prosperidade 26 e estais vendo e ouvindo que não só em Éfeso, mas em quase toda
a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente, afirmando não
serem deuses os que são feitos por mãos humanas. 27 Não somente há o perigo de
a nossa profissão cair em descrédito, como também o de o próprio templo da
grande deusa, Diana, ser estimado em nada, e ser mesmo destruída a majestade
daquela que toda a Ásia e o mundo adoram. 28 Ouvindo isto, encheram-se de furor
e clamavam: Grande é a Diana dos efésios!"
3.
Em Éfeso, havia o culto ao Imperador, uma prática comum nos dias do Império
Romano, e templos foram erguidos por Cláudio, Adriano e Severo. Moedas e
inscrições demonstram através das descobertas arqueológicas, que a cidade
orgulhava-se em ser um santuário de Artemis, como também um santuário do culto
ao Imperador.
4.
Em Éfeso, Paulo fundou uma Igreja que floresceu e teve dias de grande alegria
na presença de Deus. A carta que lemos nesta noite, foi enviada por Jesus ao
"Anjo da Igreja"- provavelmente o Pastor. Vejamos os detalhes desta
carta:
I – A IDENTIFICAÇÃO DO REDATOR
DA CARTA - CRISTO
1.
Cristo é descrito como "Aquele que tem na sua destra as sete
estrelas". Estas sete estrelas são os "anjos das Igrejas", Ap
1.16, 20, "16 Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe
uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força.
20 Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos
sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os
sete candeeiros são as sete igrejas".
a.
A palavra "destra"- significa "à direita". Cristo tem à sua
mão direita os verdadeiros líderes da sua Igreja. Isto significa proteção,
cuidado, amparo, direção, etc.
2.
Cristo também é descrito como o que "anda no meio dos sete candeeiros de
ouro". Ap 1.12, 20, nos mostra que os candeeiros, são as Igrejas:
"12 Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros
de ouro 20 Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita
e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas,
e os sete candeeiros são as sete igrejas".
a.
O candeeiro tinha a função de levar a luz. Como Igreja de Cristo nós somos os
responsáveis para conduzir a luz ao mundo em trevas:
Mt 5.14-16, "14 Vós sois a luz do mundo. Não se
pode esconder a cidade edificada sobre um monte; 15 nem se acende uma candeia
para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se
encontram na casa. 16 Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para
que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos
céus".
Fp 2.15, "...para que vos torneis irrepreensíveis
e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e
corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo".
II – A APROVAÇÃO DE CERTA OBRAS
1.
Fidelidade No Viver Diário, Vs. 2: - "Conheço as tuas obras,
o teu trabalho e a tua perseverança". A palavra "obras",
refere-se aos serviços espirituais que a Igreja prestava ao Senhor. Era uma
congregação ativa e agressiva. A palavra "trabalho", tem a ver com o
esforço que produz serviço, à custa de sofrimento. E a palavra "paciência",
ou "perseverança", revela a atitude de persistência no esforço que
conduz às obras. Significa persistência e não atitude agressiva.
2.
Fidelidade Doutrinária, Vs. 2: "não podes sofrer os
maus", ver também o Vs. 6 – "...odeias as obras dos
nicolaítas...". A palavra nicolaítas, vem do grego "Nikolaithv"
– Nikolaites e significa "destruição de pessoas". Estes
"nicolaítas", ou "destruidores de vidas", tinham
conquistado algum terreno em Éfeso. Haviam chegado lá proclamando serem
apóstolos de Cristo, porém a Igreja os provou, vendo-os como falsos mestres e
os reprovou.
3.
Surge aqui uma questão importante para qualquer tempo da igreja: Como
identificar os falsos mestres? Vejamos alguns pontos:
a.
Pelos seus frutos, Mt 7.15-23, "15 Acautelai-vos dos falsos
profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são
lobos roubadores. 16 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura,
uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? 17 Assim, toda árvore boa produz
bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. 18 Não pode a árvore boa
produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. 19 Toda árvore que
não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. 20 Assim, pois, pelos seus
frutos os conhecereis. 21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no
reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22
Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome
não fizemos muitos milagres? 23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade".
b.
Pela sua maneira de praticar da Palavra de Deus, Mt 23.1-4,
"1 Então, falou Jesus às multidões e aos seus discípulos: 2 Na cadeira de
Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus. 3 Fazei e guardai, pois, tudo
quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e
não fazem. 4 Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre
os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem
movê-los".
c.
Pela sua maneira de oprimir o povo de Deus, Cl 2.16-23, "16
Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua
nova, ou sábados, 17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de
vir; porém o corpo é de Cristo. 18 Ninguém se faça árbitro contra vós outros,
pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem
motivo algum, na sua mente carnal, 19 e não retendo a cabeça, da qual todo o
corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o
crescimento que procede de Deus. 20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos
do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: 21
não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, 22 segundo os
preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se
destroem. 23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de
si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor
algum contra a sensualidade".
III - UMA REPROVAÇÃO
VS. 4
1.
"Tenho, porém, contra ti, que deixaste o primeiro amor". A Igreja não
estava mais conservando aquele amor caloroso e fervoroso a Deus, que
caracterizara suas primeiras experiências na vida cristã. Tinham deixado de
lado o verdadeiro motivo da vida cristã. Tudo quanto fazemos para Deus, passa a
ser mero ativismo, se não for feito com amor e de coração:
1 Co 13.1-3, "1 Ainda que eu fale as línguas dos
homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o
címbalo que retine. 2 Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os
mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de
transportar montes, se não tiver amor, nada serei. 3 E ainda que eu distribua
todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo
para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará".
Ef 6.5-6, "5 Quanto a vós outros, servos,
obedecei a vosso senhor segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do
vosso coração, como a Cristo, 6 não servindo à vista, como para agradar a
homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de
Deus".
IV - UM CONSELHO
a.
Lembrar: Deveriam recordar do início de sua vida cristã, do entusiasmo
que caracterizava suas reuniões, do amor ardente entre eles. As lembranças
devem nos levar a corrigir passos errados.
b.
Arrepender-se: Arrepender-se de um serviço feito sem amor, de uma vida
cristã vazia.
c.
Voltar: Voltar àquele primitivo espírito de serviço, que brota dum
coração cheio de amor.
2.
Cristo avisa que se não houver uma correção, um retorno ao primeiro amor, um
retorno às práticas cristãs no Espírito Santo, perderiam o direito de existir
como Igreja. Cristo ameaça removê-la de seu lugar. O Candeeiro, é a Igreja, Ap
1.20.
3.
No Vs. 7, há uma expressão interessante: "Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça o que o Espírito diz ...". Aqueles que têm percepção
espiritual são aconselhados aqui a escutar. Deveriam estar alertas à voz de
Deus, e se porem em guarda contra a apatia espiritual, o inimigo mortal da
Igreja.
4.
Não há coisa pior do que uma Igreja indiferente ao plano de redenção de Deus,
para a humanidade. Uma Igreja que faz as coisas apenas por fazer, sem amor e
consciência da real vontade de Deus, não pode ficar impune, Rm 12.1-2,
"1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o
vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional. 2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus".
IV - A PROMESSA
VS. 7b
1.
"Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do
Jardim de Deus".
a.
A idéia de vitória é uma das principais características do livro de Apocalipse.
Significa sair vitorioso das circunstâncias em que nos encontramos, Ap 6.2,
"Vi, então, e eis um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e
foi-lhe dada uma coroa; e ele saiu vencendo e para vencer". Eles deveriam
sair vitoriosos no combate às doutrinas falsas, no retorno ao primeiro amor e
às primeiras obras, e manter a pureza da fé.
b.
No contexto do livro, viver uma vida de vitória, significa viver uma vida de
serviço para Deus, com o coração cheio de amor. A quem estiver vivendo assim, o
Senhor promete os frutos do Jardim de Deus. Deus não deixa de atender ao seu
povo em tempos de necessidade.
CONCLUSÃO
1.
Cristo não está indiferente às atividades de sua Igreja:
a.
Ele aprova o que fazemos de bem,
b.
Repreende as nossas más obras,
c.
Coroa os vencedores.
Esboço extraído do Livro "A Mensagem do
Apocalipse" de Ray Summers, com notas acréscimos e supressões pelo Pr.
José Antônio Corrêa.