A VISÃO DO CRISTO GLORIFICADO (3)
AP 1
Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
1.
Como temos visto, o Livro de Apocalipse, é o livro das visões de João, o
apóstolo, quando este esteve preso e exilado na Ilha de Patmos, por causa da
Palavra de Deus e do seu amor a Jesus. Patmos era uma pequena ilha no Mar Egeu,
para onde eram encaminhados os prisioneiros mais perigosos na época do Império
Romano. Podemos perceber como os pregadores da Palavra de Deus no primeiro
século eram tratados, uma vez que eram considerados como os piores criminosos.
2.
No capítulo 1 do livro, João está descrevendo sua primeira visão na ilha. Nesta
visão ele pode contemplar o Senhor Jesus em toda a sua manifestação de glória.
Ele nos traz uma das mais lindas descrições do Filho de Deus nos céus, aquele
que foi morto, mas ressuscitou e hoje esta à destra de Deus, vivendo sempre a
interceder pela sua Igreja, Rm 8:34, "Quem os condenará? É Cristo
Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de
Deus e também intercede por nós".
3.
Já vimos alguns pontos nesta visão: Suas vestes compridas, simbolizando sua
glória; seu cinto de ouro sobre o peito que tem como símbolo seu poder para
julgar; sua cabeça branca, simbolizando sua eternidade; seus olhos de fogo, seu
poder de penetrar todas as coisas, nada ficando escondido de sua presença. "QUEREMOS VER NESTA
NOITE, MAIS ALGUNS ASPECTOS DA APARÊNCIA DE CRISTO EM SUA GLÓRIA":
V - SEUS PÉS SEMELHANTE AO
BRONZE POLIDO
Vs. 15, "os pés, semelhantes ao bronze polido,
como que refinado numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas".
1.
Embora o Filho do Homem glorificado, estivesse vestido com uma roupa comprida,
seus pés não estavam cobertos, porém visíveis como o bronze reluzente,
(brilhante).
a.
A expressão "bronze polido", vem do termo grego "calkolibanov"
calkolibanos (calkos=bronze; laban=embranquecer), referência a "algum
metal como ouro, se não mais precioso" (Bíblia Online SBB). Seus pés,
estavam descalços, assim como ficavam descalços os pés dos sacerdotes durante a
ministração perante o Senhor em Israel.
b.
O brilho de seus pés resplandecia como o fino bronze incandescente numa
fornalha, debaixo de uma alta temperatura. A idéia aqui é de um latão branco,
grandemente aquecido até se tornar brilhante ao extremo e intolerável à vista
humana.
2.
O latão, ou bronze, simboliza algumas coisas na Palavra de Deus:
b.
Simboliza poder e perseverança:
-
Zc 6.1, "Outra vez, levantei os olhos e vi, e eis que quatro carros
saíam dentre dois montes, e estes montes eram de bronze". Pense na pujança,
na magnificência desses montes altos brilhando em função do bronze, matéria com
a qual foram construídos. É assim que Satanás, e nossos inimigos nos vêem.
Somos aos seus olhos "montes de bronze".
-
Ml 4.13, Levanta-te e debulha, ó filha de Sião, porque farei de ferro o
teu chifre e de bronze, as tuas unhas; e esmiuçarás a muitos povos, e o seu
ganho será dedicado ao SENHOR, e os seus bens, ao Senhor de toda a
terra". As unhas de bronze, nesta passagem das Escrituras, demonstram o
poder de guerra de Israel para esmagar as nações inimigas. Notem que este poder
de guerra não é nato da nação, mas sim dado pelo Senhor. É o Senhor quem nos
capacita para a Batalha, quando nos defrontamos com os nossos inimigos. É o
Senhor quem peleja por nós, Êx 14:14, "O SENHOR pelejará por
vós, e vós vos calareis".
b.
Simboliza a firmeza do Juízo divino, como visto no altar de bronze e na
serpente:
-
Êx 27.1-7, "1 Farás também o altar de madeira de acácia; de cinco
côvados será o seu comprimento, e de cinco, a largura (será quadrado o altar),
e de três côvados, a altura. 2 Dos quatro cantos farás levantar-se quatro
chifres, os quais formarão uma só peça com o altar; e o cobrirás de bronze. 3
Far-lhe-ás também recipientes para recolher a sua cinza, e pás, e bacias, e garfos,
e braseiros; todos esses utensílios farás de bronze. 4 Far-lhe-ás também uma
grelha de bronze em forma de rede, à qual farás quatro argolas de metal nos
seus quatro cantos, 5 e as porás dentro do rebordo do altar para baixo, de
maneira que a rede chegue até ao meio do altar. 6 Farás também varais para o
altar, varais de madeira de acácia, e os cobrirás de bronze". Devemos
pensar que o altar era o lugar onde acontecia os sacrifícios, e
consequentemente o lugar onde os pecados eram expiados, perdoados. Era ali que
a ira de Deus contra o pecado era aplacada, acalmada. Um fato interessante
sobre o altar estava nos quatro chifres, que servia de proteção a uma pessoa
fugitiva que ficava em segurança quando corria e se agarrava a eles.
-
Nm 21.8-9, "8 Disse o SENHOR a Moisés: Faze uma serpente
abrasadora, põe-na sobre uma haste, e será que todo mordido que a mirar viverá.
9 Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém
mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava". O contexto
desta passagem esboça a realidade da mortandade que estava ocorrendo no meio do
povo de Deus em razão de sua desobediência, por reclamar do alimento servido
por Deus (Maná), chamando-o de "pão vil" (v. 5), considerando como
melhores as comidas que comiam como escravos no Egito. Deus então, mandou para
o acampamento "serpentes venenosas", que picavam e espalhavam a morte
no meio do povo. A "serpente de bronze", construída pela ordem de
Deus, era o alívio, o escape, pois quem fosse picado por uma serpente venenosa
só escapava da morte quando olhasse para ela. Esta "serpente de
bronze", prefigurava Cristo, quando foi erguido no Monte Calvário, sendo a
salvação para aqueles que olhassem para ele, João 3:14, "E do modo
por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho
do Homem seja levantado".
3.
Outrora, os pés de Jesus palmilhavam as ruas de Jerusalém, em tarefas de
misericórdia, os quais Maria lavou com sua lágrimas, e que os homens cruéis
cravaram no Calvário. Estes pés, são agora os pés do vingador ao vir para pisar
seus inimigos, Ap 14.19-20, "19 Então, o anjo passou a sua foice na
terra, e vindimou a videira da terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de
Deus. 20 E o lagar foi pisado fora da cidade, e correu sangue do lagar até aos
freios dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos estádios". Temos
aqui a figura do lagar que era uma "Espécie de tanque grande, geralmente
cavado em rocha, no qual vários homens, com os pés descalços, pisavam as uvas
para extrair delas o suco usado para fazer vinho", Ne 13.15 (Bíblia
Online SBB). Da mesma forma que a uvas eram pisadas pelos homens, nesta
passagem vemos Jesus pisando os ímpios em sua ira de julgamento.
4.
Sim, os pés de Jesus como "latão reluzente", "bronze
polido", nos mostram o seu poder contra os inimigos, e ao mesmo tempo o seu
juízo que sobrevirá contra aqueles que o rejeitaram.
VI - SUA VOZ E SUA BOCA
Vs. 10, 12, 15, 16, "10 Achei-me em espírito, no dia do
Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta, 12 Voltei-me
para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro 15 os pés,
semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como voz
de muitas águas. 16 Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma
afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua
força". Dois pontos são importantes para serem destacados aqui:
a.
"Voz como de Trombeta". "A trombeta fala de
"ruído" e "poder", anunciando acontecimentos prodigiosos
que sucederão ... era usada para alertar os exércitos romanos, colocando-os em
estado de prontidão militar" (Novo Testamento Interpretado – Champlin). As
trombetas anunciavam para os israelitas eventos como "Dia da
Expiação", Lv 29.9; "empreendimentos militares", Jz
3.27, 7.18; "posse de novo rei", 1 Rs 1.34, 2 Rs 9.13;
"festividades religiosas", Sl 81.3; etc. Usava-se trombetas
para que o povo escutasse seu som e pelo tipo de toque pudesse saber o que
estava acontecendo. A segunda vida de Cristo será incrementada com um forte
toque de trombeta, 1 Ts 4.16, "Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua
palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus,
descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro". Aqui em
apocalipse, a voz de Cristo pela sua clareza, assemelha-se ao toque forte de
uma trombeta.
b.
"Voz como de muitas águas". O termo original "udwr"
– hudor nos sugere que barulho produzido por estas "muitas águas", é
semelhante ao barulho de uma grande cachoeira ou das ondas do mar quando
agitadas. Normalmente nos chamados livros "apocalípticos",
"águas", são símbolo de nações enraivecidas e turbulentas, Ap
17.15, "Falou-me ainda: As águas que viste, onde a meretriz está
assentada, são povos, multidões, nações e línguas". Quando Cristo aparecer
no Juízo Final, sua voz clara, distinta e autoritária, abrangerá toda a terra,
não ficando nenhuma nação sem ouvi-la. Ninguém poderá resistir ao poder
sobrepujante de sua expressão. O salmista nos mostra que a terra se derreterá,
quando Senhor proferir sua voz, Sl 46.6, "Bramam nações, reinos se
abalam; ele faz ouvir a sua voz, e a terra se dissolve".
c.
Quando Cristo andou na terra, sua voz se fazia ouvir através de seus ensinos
com autoridade e homem nenhum falou como Ele, como nos descreveu João em seu
evangelho: Jo 7.46, "Responderam eles: Jamais alguém falou como
este homem". Porém algum tempo depois sua voz foi ouvida pela última vez,
como um forte brado no momento cruciante na cruz no Calvário, Mc 15.37,
"Mas Jesus, dando um grande brado, expirou". É verdade que na
cruz os inimigos do Senhor silenciaram sua voz, por meio de sua morte física.
Porém, agora é diferente. Sua voz é poderosa e silencia todas as vozes dos
poderosos da terra.
a.
Ap 2.12, "Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Estas coisas diz
aquele que tem a espada afiada de dois gumes".
b.
Ef 6.17, "Tomai também o capacete da salvação e a espada do
Espírito, que é a palavra de Deus".
c.
Hb 4.12, "Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais
cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e propósitos do coração".
d.
A expressão "espada de dois gumes", ou "espada do
Espírito", que ocorre nos textos lidos, nos dá a idéia de um instrumento
que possui corte em dois lados, como um punhal. Ela alude ao alto poder de
penetração que possui a Palavra de Deus. É por esta razão que no texto de
Hebreus, temos a verdade de que a "Palavra Viva", penetra até as
entranhas do homem (divisão entre alma e espírito, juntas e medulas), fazendo
vir à tona até os mais profundos pensamentos e intenções do coração.
Conclusão:
1.
Não resta dúvida. O Cristo apocalítico, tem muito a nos dizer em sua
manifestação de glória a João. Tantos seus pés como "latão reluzente",
com a sua "voz", nos trazem aspectos de sua personalidade e de seu
tratamento com o homem. O ímpio estará provando seu poder e será pisado no
lagar de sua ira.
2.
Para escapar ao juízo de Jesus, o pecador deve crer na Palavra de Deus,
reconhecendo seu estado pecaminoso, Jo 3.17-18, "17 Porquanto Deus
enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o
mundo fosse salvo por ele. 18 Quem nele crê não é julgado; o que não crê já
está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus".