A AUTORIDADE DE JESUS

MC 1.21-2.12.

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

TEXTO: "21 Entraram em Cafarnaum; e, logo no sábado, indo ele à sinagoga, pôs-se a ensinar. 22 E maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas. 23 Ora, estava na sinagoga um homem possesso dum espírito imundo, o qual gritou: 24 Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus. 25 Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. 26 Então o espírito imundo, convulsionando-o e clamando com grande voz, saiu dele. 27 E todos se maravilharam a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Uma nova doutrina com autoridade! Pois ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem! 28 E logo correu a sua fama por toda a região da Galiléia. 29 Em seguida, saiu da sinagoga e foi a casa de Simão e André com Tiago e João. 30 A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a respeito dela. 31 Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a febre a deixou, e ela os servia. 32 Sendo já tarde, tendo-se posto o sol, traziam-lhe todos os enfermos, e os endemoninhados; 33 e toda a cidade estava reunida à porta; 34 e ele curou muitos doentes atacados de diversas moléstias, e expulsou muitos demônios; mas não permitia que os demônios falassem, porque o conheciam. 35 De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava. 36 Foram, pois, Simão e seus companheiros procurá-lo; 37 quando o encontraram, disseram-lhe: Todos te buscam. 38 Respondeu-lhes Jesus: Vamos a outras partes, às povoações vizinhas, para que eu pregue ali também; pois para isso é que vim. 39 Foi, então, por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios. 40 E veio a ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava, dizendo: Se quiseres, bem podes tornar-me limpo. 41 Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo. 42 Imediatamente desapareceu dele a lepra e ficou limpo. 43 E Jesus, advertindo-o secretamente, logo o despediu, 44 dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho. 45 Ele, porém, saindo dali, começou a publicar o caso por toda parte e a divulgá-lo, de modo que Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todos os lados iam ter com ele".

INTRODUÇÃO:

1. Queremos nesta noite falar sobre "A Autoridade de Jesus". A palavra autoridade é definida pelo Dicionário Aurélio da seguinte maneira: "Direito ou poder de se fazer obedecer, de dar ordens, de tomar decisões, de agir, etc. Aquele que tem tal direito ou poder. Os órgãos do poder público. Aquele que tem por encargo fazer respeitar as leis; representante do poder público. Domínio, jurisdição. Influência, prestígio; crédito. Indivíduo de competência indiscutível em determinado assunto."

2. Quando pensamos na Autoridade de Jesus, devemos nos ater ao fato de que Ele exercia domínio sobre coisas e circunstâncias, de tal maneira que suas ações causavam espanto naqueles que o cercavam. Sua autoridade foi demonstrada no seu domínio sobre a natureza, na sua palavra de comando aos demônios, em seu poder de cura de enfermidades, em seu ensino, etc.

3. Nesta noite queremos percorrer o texto lido, analisando alguns aspectos desta Autoridade do Senhor:

I - SUA AUTORIDADE PARA ENSINAR

1. Mc 1.21-22, ""21 Entraram em Cafarnaum; e, logo no sábado, indo ele à sinagoga, pôs-se a ensinar. 22 E maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas."

a. Como judeu, Jesus tinha o costume de freqüentar a sinagoga no sábado, Lc 4.16, "Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler".

b. O Culto nesta época não era revestido de fervor, sendo muito formal, por causa da situação política do povo. Os encarregados do serviço religioso, faziam mais por obrigação do que por amor a Deus.

c. Neste contexto, Jesus começa a ensinar nesta sinagoga em Cafarnaum. Ele impressionou seus ouvintes pela forma em que colocou os seus ensinos.

d. Seus ouvintes puderam notar que havia uma grande diferença entre o ensino de Jesus e o ensino dos escribas. Os escribas, também chamados de doutores da Lei, baseavam-se na autoridade da lei e de Moisés. Jesus trazia autoridade em si mesmo, e penetrava o coração dos seus ouvintes, pois Ele praticava o que ensinava.

e. Seus ensinos eram confirmados por milagres extraordinários.

f. Ele conhecia o interior dos homens.

2. Outro texto: Mt 7.28-29, "28 Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam da sua doutrina; 29 porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas".

a. Devemos observar que este texto aparece no final do chamado "Sermão da Montanha", ou "Sermão do Monte", onde Jesus falou com grande sabedoria sobre os problemas da vida e as situações mais comuns que enfrentamos em nosso dia a dia.

b. Tal foi a seu conhecimento e autoridade sobre os problemas da vida que seus ouvintes "se maravilhavam de sua doutrina", e perceberam logo que o seu ensino era diferente do ensino dos escribas e fariseus.

3. Daí, podemos ver como Jesus exercia grande autoridade em seu ensino. Era um ensino novo, vivo, diferente do habitual.

II - SUA AUTORIDADE PARA LIBERTAR

"23 Ora, estava na sinagoga um homem possesso dum espírito imundo, o qual gritou: 24 Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus. 25 Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. 26 Então o espírito imundo, convulsionando-o e clamando com grande voz, saiu dele. 27 E todos se maravilharam a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Uma nova doutrina com autoridade! Pois ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!"

1. O ensino de Jesus foi interrompido pelo grito de um homem possesso de um espírito imundo. Se o comportamento daquele endemoninhado fosse analisado pelos psicólogos atuais, certamente eles iriam dizer que este homem não possuía qualquer demônio, mas que possuía, isto sim, uma psicose, um neurose, ou qualquer outro distúrbio mental. Contudo a experiência e o ensino bíblico comprovam existência dos demônios.

2. Os demônios, ou espíritos malignos, são anjos caídos e não espíritos de pessoas que já morreram, como ensina a doutrina espírita e as religiões ligadas ao espiritismo.

3. Os demônios exercem influência sobre as pessoas que não tem Cristo, tomando posse de seus corpos:

a. Mc 5.8, "Pois Jesus lhe dizia: Sai desse homem, espírito imundo". Podemos notar pela ordem de comando de Jesus, quando disse "sai deste homem", que o demônio estava no corpo daquele homem, e se olharmos para o relato bíblico vamos ver que a influência do demônio alterou radicalmente a vida e o comportamento daquele infeliz.

b. Mt 12.43-44, "43 Ora, havendo o espírito imundo saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra. 44 Então diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, chegando, acha-a desocupada, varrida e adornada". Aqui, Jesus fala sobre o domínio que os demônios podem exercer sobre a vida daqueles que não "conhecem" a Deus e nem obedecem à sua Palavra e que podem ter seus corpos transformados em "casas de demônios".

4. Em Ef 6.12, Paulo nos mostra que "nossa luta, não é contra a carne e o sangue, mas contra os Principados e Potestades, nos lugares celestiais", o que nos mostra que existe uma infestação de demônios no mundo em que vivemos, contra os quais devemos lutar em espírito.

5. Estes demônios, são inimigos de Jesus e da obra de Deus. Veja o que o demônio disse a Jesus: "Que temos nós contigo...?".

6. Eles sabem quem é Jesus e o declara logo, "Tu és o Santo de Deus".

7. Veja como Jesus lidou com o espírito:

a. O repreendeu,

b. Não argumentou, nem debateu com ele,

c. Não tenta convencê-lo à fé.

8. O poder de Jesus é tal que o espírito tem que obedecê-lo e sair do homem. O poder do mal não consegue fazer frente ao poder de Jesus.

III - SUA AUTORIDADE PARA CURAR

No final do capítulo um de Marcos encontramos Jesus realizando duas curas importantes:

1. A cura da sogra de Pedro:

"29 Em seguida, saiu da sinagoga e foi a casa de Simão e André com Tiago e João. 30 A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a respeito dela. 31 Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a febre a deixou, e ela os servia".

Alguns detalhes quanto à enfermidade e sua cura:

a. O texto nos mostra que a mulher estava prostrada em sua cama. No grego original, temos uma palavra que é sempre traduzida por "fogo", o que nos transmite a idéia de que ela "queimava de febre", como costumamos dizer em nossa língua.

b. Notamos que a cura foi realizada com certa espontaneidade e imediatismo: "Tomando-a pela mão, a levantou, e a febre a deixou". Quase em todas as vezes que Jesus curava, a cura era instantânea, ou seja bastava uma ordem e o enfermo recebia em seu corpo a cura imediata, Mc 3.5, "E olhando em redor para eles com indignação, condoendo-se da dureza dos seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele estendeu, e lhe foi restabelecida".

2. A cura de um leproso:

"39 Foi, então, por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios. 40 E veio a ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava, dizendo: Se quiseres, bem podes tornar-me limpo. 41 Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo. 42 Imediatamente desapareceu dele a lepra e ficou limpo. 43 E Jesus, advertindo-o secretamente, logo o despediu, 44 dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho. 45 Ele, porém, saindo dali, começou a publicar o caso por toda parte e a divulgá-lo, de modo que Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todos os lados iam ter com ele"

Alguns detalhes relacionados à cura:

a. A lepra era nos dias de Jesus uma doença altamente contagiosa, e considerada imunda de acordo com as leis do Antigo Testamento, daí a razão do homem dizer a Jesus: "Se quiseres, bem podes tornar-me limpo...". Por este motivo, os leprosos eram excluídos da sociedade e dos cultos religiosos, e obrigados a viver em colônias próprias para eles, Lv 13.1-3, "1 Falou mais o Senhor a Moisés e a Arão, dizendo: 2 Quando um homem tiver na pele da sua carne inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, e esta se tornar na sua pele como praga de lepra, então será levado a Arão o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes, 3 e o sacerdote examinará a praga na pele da carne. Se o pêlo na praga se tiver tornado branco, e a praga parecer mais profunda que a pele, é praga de lepra; o sacerdote, verificando isto, o declarará imundo". Veja agora o Vs. 46, "Por todos os dias em que a praga estiver nele, será imundo; imundo é; habitará só; a sua habitação será fora do arraial."

b. Marcos registra que "Jesus se compadeceu dele". Isto mostra o fato de que Jesus se interessava profundamente pelas pessoas e seus problemas em particular. A palavra "compadecer", na linguagem original significa "íntima compaixão", "misericórdia", "empatia". Jesus ama o pecador profundamente. Ele te ama.

c. "Jesus o tocou". Jesus quebrou todos os protocolos da lei, uma vez que ninguém poderia tocar um leproso, sob o risco de se tornar imundo como ele. Nós também éramos imundos em razão do pecado, mas Jesus tornou-se imundo, para que nós nos tornássemos limpos.

d. Jesus o curou mediante o toque. Veja o que Jesus disse: "Quero. Sê limpo. Imediatamente desapareceu dele a sua lepra". Notamos a razão pela qual Jesus curava as pessoas. Não era para demonstrar o seu poder como Messias, ou para se exaltar sobre os homens e dar um espetáculo. Ele curava porque amava as pessoas, tinha íntima compaixão delas.

3. Jesus tem poder para curar. É Ele quem levanta os coxos, os paralíticos, dá vista aos cegos, faz com que os surdos voltem a ouvir. Porém Ele quer curar principalmente a sua alma.

CONCLUSÃO:

1. Jesus tem autoridade:

a. Em seu ensino;

b. Sobre os demônios;

c. Sobre as enfermidades.

2. Tem autoridade para perdoar pecados, Jo 10.28, "Eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão".

3. Lembre-se que os teus pecados te conduzirão à morte eterna e consequentemente ao inferno.