ALGUMAS BÊNÇÃOS QUE RECEBEMOS DE
DEUS EM RAZÃO DE NOSSA OBEDIÊNCIA
JOSUÉ 1.1-9
Pr. José Antônio Corrêa
"1
Depois da morte de Moisés, servo do Senhor, falou o Senhor a Josué, filho de
Num, servidor de Moisés, dizendo: 2 Moisés, meu servo, é morto; levanta-te pois
agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, para a terra que eu dou aos
filhos de Israel. 3 Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo dei, como
eu disse a Moisés. 4 Desde o deserto e este Líbano, até o grande rio, o rio
Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol,
será o vosso termo. 5 Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida.
Como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei.
6 Esforça-te, e tem bom ânimo, porque tu farás a este povo herdar a terra que
jurei a seus pais lhes daria. 7 Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo,
cuidando de fazer conforme toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; não te
desvies dela, nem para a direita nem para a esquerda, a fim de que sejas bem
sucedido por onde quer que andares. 8 Não se aparte da tua boca o livro desta
lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme
tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e
serás bem sucedido. 9 Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não te
atemorizes, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus está contigo, por onde
quer que andares".
INTRODUÇÃO:
1.
Por que será que muitos filhos de Deus são abençoados, vitoriosos, e outros
não? A razão que explica esta diferença entre aqueles que são chamados filhos
de Deus, está numa simples palavra – "obediência". Através da
obediência a Deus e aos princípios de Sua Palavra, podemos ter a convicção de
que seremos prósperos, abençoados com ricas bênçãos materiais e espirituais. É
desta maneira que entendemos a expressão "toda sorte de bênçãos
espirituais..." na carta de Paulo aos efésios (Ef 1.3). Notem que o
apóstolo fala que "...temos sido abençoados..." – um tempo verbal
"presente contínuo", com esta multiplicidade de bênçãos à nossa
disposição nos lugares celestiais.
2.
O texto da Palavra de Deus que lemos hoje, nos traz a experiência de Josué com
Deus, no momento em que ele estava sendo comissionado pelo Senhor para ser o
comandante do povo de Israel, quando este estava para ser introduzido na Terra
de Canaã. Josué, até então, havia servido a Moisés, e podemos dizer com
propriedade que ele foi obediente e submisso. Para confirmar este fato, basta
lembrarmos da expressão "Josué, servidor de Moisés", que aparece no v.
1, e em Números 11.28. A própria palavra "servidor", vem
do termo hebraico "trv" – sharath, vocábulo semelhante ao grego
"doulov" – doulos, e tem como significado "ministro",
"aquele que serve", "servente", "criado",
"escravo". Basta lembrarmos que uma das condições requeridas dos
servos, dos escravos era a obediência absoluta e incondicional. Não precisamos
dizer que Josué, como servidor de Moisés, foi-lhe submisso, obediente, e
consequentemente submisso e obediente ao Senhor.
4.
Não nos restam dúvidas, de que a promessa a Josué se estende a cada um de nós
que, como filhos de Deus, também vivemos na obediência à Sua Palavra. Para
obedecermos a Palavra condignamente, precisamos conhecê-la. Não nos esqueçamos
de que este processo de conhecimento das Escrituras nos vem somente através de
uma leitura meditativa diária. Queremos ver agora:
"O QUE ACONTECE QUANDO VIVEMOS
EM OBEDIÊNCIA A DEUS E À SUA PALAVRA"
I. QUANDO ESTAMOS EM OBEDIÊNCIA A
DEUS, PODEMOS TOMAR POSSE DA BÊNÇÃO
a)
Promessa a Abraão, Gn 12.1, 7, "1 Ora, o Senhor disse a
Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a
terra que eu te mostrarei. 7 Apareceu, porém, o Senhor a Abrão, e disse: À tua
semente darei esta terra. Abrão, pois, edificou ali um altar ao Senhor, que lhe
aparecera".
b)
Promessa a Isaque, Gn 26.2-3, "2 E apareceu-lhe o Senhor e
disse: Não desças ao Egito; habita na terra que eu te disser; 3 peregrina nesta
terra, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti, e aos que descenderem de
ti, darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que fiz a Abraão teu
pai".
c)
Promessa a Jacó, Gn 28.12-13, "12 Então sonhou: estava posta
sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus
subiam e desciam por ela; 13 por cima dela estava o Senhor, que disse: Eu sou o
Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra em que estás
deitado, eu a darei a ti e à tua descendência".
2.
Depois da era dos patriarcas que terminou com José, e após quatrocentos anos de
escravidão egípcia, o povo de Deus, deixa o Egito e sai em peregrinação no
deserto em demanda à terra prometida. O tempo de deserto foi quarenta anos!
Contudo, agora havia chegado o tempo da promessa de Deus ser cumprida. Moisés
estava morto e Josué é convocado por Deus para assumir a liderança da nação.
Sobre seus ombros, estava agora a responsabilidade de entrar e possuir a terra
da promessa. Pela obediência de Josué, Deus ordena a posse!
3.
Há alguns pontos que precisamos observar aqui:
a)
A terra seria deles, mas precisariam conquistá-la! Muitas vezes deixamos de
receber o melhor de Deus, porque não ousamos conquistar o que já recebemos!
Você pode ser o herdeiro de uma grande fortuna, mas se não assinar a escritura
e tomar posse, você não poderá ser o seu dono legítimo! Assim ocorre no reino
espiritual! Precisamos nos apropriar, tomar posse, ocupar o espaço, do que Deus
nos tem prometido através de sua Palavra.
b)
Note a expressão: "Levanta-te", que nos traz a idéia de ação, de
tomada de decisão! Aquele que fica sentado, esperando a bênção vir dos céus, é
possível que nunca a receberá. Se o filho pródigo ficasse apenas mergulhado em
suas conjecturas, jamais teria ido ao encontro de seu pai para ser abençoado!
Mas quando pensou: "...levantar-me-ei e irei ter com meu pai",
notamos que ele realmente transformou seus pensamentos em ação e com isso pode
receber o bem-vindo de seu pai, Lc 15.20-24, "20 Levantou-se, pois,
e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de
compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. 21 Disse-lhe o
filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado
teu filho. 22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa,
e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés; 23 trazei também o
bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos, 24 porque este meu filho
estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a
regozijar-se".
c)
Outra expressão digna de nota em nosso texto é: "Todo lugar que pisar a
planta do vosso pé vo-lo dei...". Observe que Deus nos dá de acordo com
nossa ousadia para conquista, ou seja precisamos pisar o terreno da conquista
com os nossos pés. Isto equivale entrar nas bases de nosso inimigo e tirar-lhe
das mãos o que é nosso por direito. Precisamos manietar o valente e saquear-lhe
os bens, Mc 3.27, "Pois ninguém pode entrar na casa do valente e
roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente; e então lhe saqueará a
casa". Sabemos que o "valente" representa o diabo que tem
prendido com suas mãos sujas o que é nosso por direito. Vamos amarrá-lo e
saquear o inferno a nosso favor e a favor do Reino de Deus.
d)
Note ainda as palavras "...vo-lo dei...". Podemos observar que esta
expressão está num tempo verbal que enuncia uma ação passada, ou seja Deus está
declarando que já havia dado a terra. Certamente, ela foi dada a Abraão, Isaque
e Jacó. O que eles precisavam agora, era apenas conquistá-la, possuí-la! E
ainda para isso teriam sobre eles o poder de Deus, que seria o terror de seus
inimigos.
4.
Sim, irmãos, quando estamos na obediência, podemos conquistar a bênção que é
nossa!
II. QUANDO ESTAMOS EM OBEDIÊNCIA A
DEUS, NINGUÉM PODERÁ NOS RESISTIR
1.
Muitos seriam os inimigos do povo de Deus em sua caminhada para conquista da
terra! Naquela região havia povos devidamente preparados para a guerra, bem
como gigantes assustadores. Devemos nos lembrar da preocupação dos dez expias
enviados para analisar a terra e seus moradores há alguns anos antes, quando
trouxeram um relatório a Moisés, com aspectos tremendamente negativos:
a)
Nm 13.27-29, "27 Relataram a Moisés e disseram: Fomos à terra a que
nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e mel; este é o fruto dela. 28 O
povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, mui grandes e
fortificadas; também vimos ali os filhos de Anaque. 29 Os amalequitas habitam
na terra do Neguebe; os heteus, os jebuseus e os amorreus habitam na montanha;
os cananeus habitam ao pé do mar e pela ribeira do Jordão".
·
Notem
as expressões "povo ... poderoso", "cidades grandes e
fortificadas". Estas expressões nos mostram o tipo de inimigos que iriam
combater. O medo dos espias, tinha sentido. Como um povo nômade, com grande
contingente de mulheres e crianças poderia enfrentar inimigos tão fortes e
preparados? É o que acontece com muitos crentes que só vêem pela frente muros
intransponíveis, barreiras, obstáculos, gigantes, etc.. Com essa mentalidade,
jamais iremos conquistar algo em nosso favor, ou em prol do Reino de Deus.
b)
Nm 13.31-33, "31 Porém os homens que com ele tinham subido
disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que
nós. 32 E, diante dos filhos de Israel, infamaram a terra que haviam espiado,
dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra que devora os seus
moradores; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura. 33
Também vimos ali gigantes (os filhos de Anaque são descendentes de gigantes), e
éramos, aos nossos próprios olhos, como gafanhotos e assim também o éramos aos
seus olhos".
·
Novamente
podemos notar algumas frases: "...aquele povo é mais forte do que
nós", "...é terra que devora os seus moradores", "...filhos
de Anaque, descendentes de gigantes", "...éramos, aos nossos próprios
olhos como gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos". Olhando sob
a ótica humana, a conquista da terra seria impossível, inconcebível,
inimaginável! Haviam perambulado no deserto por quarenta anos por nada. Se
sentiam tremendamente fracassados, frustrados, espoliados, diante daquele
quadro que se desenhava à sua frente! Algo que podemos notar no texto está na
frase: "...infamaram a terra...". Desdenhamos aquilo que não podemos
ter! Quando percebemos que algo está fora de nosso alcance, achamos que
"as uvas estão verdes", e desistimos! Quem não expressar coragem,
ousadia, não terá vitórias em sua caminhada à Jerusalém celestial.
2.
Ainda podemos dizer que aqueles espias estavam se esquecendo das promessas de
Deus! Deus tinha um plano infalível para conquista da terra! Este plano não
dependia do esforço e capacidade da nação. Observe como era o plano divino:
a)
Dt 7.18-24, "18 Delas não tenhas temor; lembrar-te-ás do que o
SENHOR, teu Deus, fez a Faraó e a todo o Egito; 19 das grandes provas que viram
os teus olhos, e dos sinais, e maravilhas, e mão poderosa, e braço estendido,
com que o SENHOR, teu Deus, te tirou; assim fará o SENHOR, teu Deus, com todos
os povos, aos quais temes. 20 Além disso, o SENHOR, teu Deus, mandará entre
eles vespões, até que pereçam os que ficarem e se esconderem de diante de ti.
21 Não te espantes diante deles, porque o SENHOR, teu Deus, está no meio de ti,
Deus grande e temível. 22 O SENHOR, teu Deus, lançará fora estas nações, pouco
a pouco, de diante de ti; não poderás destruí-las todas de pronto, para que as
feras do campo se não multipliquem contra ti. 23 Mas o SENHOR, teu Deus, tas
entregará e lhes infligirá grande confusão, até que sejam destruídas. 24
Entregar-te-á também nas mãos os seus reis, para que apagues o nome deles de
debaixo dos céus; nenhum homem poderá resistir-te, até que os destruas".
b)
Dt 9.1-5, "1 Ouve, ó Israel, tu passas, hoje, o Jordão para
entrares a possuir nações maiores e mais fortes do que tu; cidades grandes e
amuralhadas até aos céus; 2 povo grande e alto, filhos dos anaquins, que tu
conheces e de que já ouvistes: Quem poderá resistir aos filhos de Enaque? 3
Sabe, pois, hoje, que o SENHOR, teu Deus, é que passa adiante de ti; é fogo que
consome, e os destruirá, e os subjugará diante de ti; assim, os desapossarás e,
depressa, os farás perecer, como te prometeu o SENHOR. 4 Quando, pois, o SENHOR,
teu Deus, os tiver lançado de diante de ti, não digas no teu coração: Por causa
da minha justiça é que o SENHOR me trouxe a esta terra para a possuir, porque,
pela maldade destas gerações, é que o SENHOR as lança de diante de ti. 5 Não é
por causa da tua justiça, nem pela retitude do teu coração que entras a possuir
a sua terra, mas pela maldade destas nações o SENHOR, teu Deus, as lança de
diante de ti; e para confirmar a palavra que o SENHOR, teu Deus, jurou a teus
pais, Abraão, Isaque e Jacó".
·
Observando
as duas passagens das Escrituras acima podemos entender que o plano de Deus não
dependia do empenho e esforço da nação. O que Deus queria era apenas a
obediência! Se eles fosse obedientes, não iriam encontrar resistência, nem de
muros altamente fortificados, nem de cidades numerosas, nem de guerreiros
preparados, nem de gigantes. Até mesmo abelhas, animais ferozes, clima
desfavorável, etc., seriam elementos usados pelo Senhor para expulsar da terra
os seus moradores, facilitando deste modo, a sua posse. Além do mais, o Senhor
queria que eles entendessem, que Ele é quem estaria à frente deles e haveria de
ser para aqueles povos malignos como um "rolo compressor", um
"fogo consumidor".
·
Porém
algo deveria ficar claro! Deus estaria fazendo tudo isso, não por causa da
justiça própria de seu povo, mas sim, em virtude da maldade daqueles povos, que
havia enchido o cálice da ira divina, e também em razão de sua justiça como
Deus! O Senhor estava pronto para cumprir o seu juramento feito a Abraão,
Isaque e Jacó. Este fato nos mostra de uma maneira clara a graça de Deus sendo
aplicada em favor de seu povo. Nunca devemos nos esquecer de que a graça de
Deus independe de nossa fragilidade como pecadores, Rm 5.8, "Mas
Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por
nós, sendo nós ainda pecadores".
3.
Graças a Deus, que no meio dos espias havia dois homens, Josué e Calebe, que
diferentemente dos outros dez, trouxeram relatório positivo, Nm 14.6-9,
"6 E Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, que eram dos que
espiaram a terra, rasgaram as suas vestes; 7 e falaram a toda a congregação dos
filhos de Israel, dizendo: A terra, pela qual passamos para a espiar, é terra
muitíssimo boa. 8 Se o Senhor se agradar de nós, então nos introduzirá nesta
terra e no-la dará; terra que mana leite e mel. 9 Tão somente não sejais
rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo desta terra, porquanto são eles
nosso pão. Retirou-se deles a sua defesa, e o Senhor está conosco; não os
temais.
·
Se
quisermos que o Reino de Deus se expanda, precisamos ter em nossas fileiras
homens e mulheres que tenham a mesma ousadia e coragem demonstradas por Josué e
Calebe, que não olharam para os impedimentos, nem temeram seus inimigos, mas
viram a ação poderosa do Senhor que certamente destruiria aqueles povos ímpios,
e lhes daria com toda certeza a posse da terra.
4.
Notem a palavra que foi dada a Josué – "ninguém poderá te resistir".
Esta mesma palavra nos é dada hoje! Porém, há uma exigência que precisamos
cumprir, a fim de que, o Senhor possa validar Sua Palavra em nosso favor -
devemos estar dispostos a obedecer! Lembre-se de Elias que, mesmo sendo um
homem sujeito às mesmas paixões que nós, pode realizar feitos poderosos! Quem
podia resisti-lo? Veja o relato de Tiago sobre a vida deste homem de Deus,
grandemente temido em seu tempo por Acabe, rei de Israel: "17 Elias era
homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância,
para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu.
18 E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus
frutos". Observe que Elias fazia as coisas acontecerem! Se ele não queria
chuva, não vinha chuva; se ele queria chuva, vinha chuva; se ele invocava fogo
sobre seus inimigos, vinha fogo; etc., etc.! Qual era o seu segredo?
Certamente, Elias, como homem de Deus, era obediente ao Senhor e vivia na
prática de Sua Palavra!
4.
Obedeçamos, e ninguém poderá nos resistir! Sejamos desobedientes e vamos viver
como fracassados, espoliados, frustrados, magoados, etc., etc..
III. QUANDO ESTAMOS EM OBEDIÊNCIA A
DEUS, TEREMOS SUA PRESENÇA CONSTANTE CONOSCO
1.
O fato marcante da conquista da terra não seria o potencial de guerra do povo
de Israel, que não passava naquele tempo de um povo nômade, peregrinos do
deserto, com um grande contingente de mulheres e crianças. Como um povo
despreparado, enfraquecido pelos quarenta anos de caminhada desértica poderia
investir contra inimigos perigosos e poderosos? Certamente a visão carnal dos
dez espias fazia sentido! Seriam massacrados e pisoteados como gafanhotos!
Contudo, a grande vantagem do povo sob a liderança de Josué era a promessa de
que a presença do Todo-Poderoso estaria à frente deles. Uma vantagem e tanto!
2.
Muitas vezes elaboramos projetos, traçamos planos, empreendemos objetivos, mas
nos esquecemos de colocar Deus dentro deles. Não precisamos dizer que estes
projetos, planos, objetivos acabam nas gavetas do fracasso, ou nas escadas da
desilusão! Elaborar planos sem Deus, é loucura! Excluir Deus de nossos projetos
e realizações pessoais é dar palmatória ao diabo, é cair no descaso, é ir para
a zona do esquecimento! Quantos filhos de Deus estão sofrendo, porque caminham
sem a aprovação e a bênção do Senhor? Vamos percorrer alguns textos bíblicos:
a)
Não teremos a presença do Senhor conosco quando por deliberação própria o
abandonamos, 2Cr 24.20, "E o Espírito de Deus apoderou-se de
Zacarias, filho do sacerdote Jeoiada, o qual se pôs em pé acima do povo, e lhes
disse: Assim diz Deus: Por que transgredis os mandamentos do Senhor, de modo
que não possais prosperar? Porquanto abandonastes o Senhor, também ele vos
"abandonou".
·
Esta
profecia de Zacarias, filho de Joiada, aconteceu nos dias do rei Joás, rei de
Judá, que começara seu reinado de forma brilhante. Sob a influência de Joiada,
um grande conselheiro, Joás restaurou a vida religiosa do povo perante o
Senhor. Em seu reinado o Templo de Salomão foi devidamente restaurado! Porém
quando morreu Joiada, o rei acercou-se de conselheiros malignos que o convenceram
a abandonar ao Senhor e sua Casa em troca dos falsos deuses, os aserins e os
mais diversos ídolos, v. 18. Não precisamos dizer que Deus os abandonou!
·
Foi
neste contexto que Deus enviou seus profetas para falar ao rei e à nação.
Dentre esses profetas, estava Zacarias, que atestou com veemência que o Senhor
os tinha abandonado, porque eles haviam deixado de servi-Lo. Malignamente o rei
ordenou o assassinato do profeta! Com isso, a nação foi entregue ao fracasso e
mais adiante sofreu tremenda derrota diante de seus inimigos:
2 Cr 24.23-25, "23 Decorrido
um ano, o exército da Síria subiu contra Joás; e vieram a Judá e a Jerusalém, e
destruíram dentre o povo todos os seus príncipes, e enviaram todo o seu despojo
ao rei de Damasco. 24 O exército dos sírios viera com poucos homens, contudo o
Senhor entregou nas suas mãos um exército mui grande, porquanto abandonaram o
Senhor, Deus de seus pais. Assim executaram juízo contra Joás. 25 Quando os
sírios se retiraram dele, deixaram-no gravemente ferido; então seus servos
conspiraram contra ele por causa do sangue dos filhos do sacerdote Jeoiada, e o
mataram na sua cama, e assim morreu; e o sepultaram na cidade de Davi, porém
não nos sepulcros dos reis".
·
O
mesmo acontece hoje, quando como filhos de Deus, deixamos de servi-lo e o
abandonamos em troca de valores puramente mundanos, 1 Jo 2.15, "Não
ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não
está nele".
b)
Não teremos a presença do Senhor conosco quando praticamos o que é mal às
escondidas, Ez 8.12, "Então me disse: Viste, filho do homem, o
que os anciãos da casa de Israel fazem nas trevas, cada um nas suas câmaras
pintadas de imagens? Pois dizem: O Senhor não nos vê; o Senhor abandonou a
terra".
·
O
presente texto nos mostra o profeta Ezequiel tendo uma visão da parte do Senhor
que o orienta a olhar para o interior do Santuário, onde o profeta pôde ver as
grandes abominações praticadas pelos líderes e anciãos do povo, vs. 10-11,
"10 Entrei, pois, e olhei: E eis que toda a forma de répteis, e de animais
abomináveis, e todos os ídolos da casa de Israel, estavam pintados na parede em
todo o redor. 11 E setenta homens dos anciãos da casa de Israel, com Jaazanias,
filho de Safã, no meio deles, estavam em pé diante das pinturas, e cada um
tinha na mão o seu incensário; e subia o odor de uma nuvem de incenso".
·
Lendo
ainda os versículos que se seguem podemos ver que as abominações praticados
pelo povo de Deus, nada mais eram do que a prática desenfreada da idolatria.
Sabemos que a idolatria é o pecado que mais ofende ao Senhor! Deus não aceita
ser trocado por imagens de escultura! Esta adoração aos ídolos era praticada às
escondidas, nas trevas, nas caladas da noite! O fato que chama a nossa atenção
é que, mesmo procedendo de maneira néscia, pecaminosa, tais líderes e o próprio
povo, ainda ousavam reclamar que o Senhor os havia abandonado. Falavam como se
nada estivesse acontecendo! Eles havia ofendido grandemente ao Senhor, que
agora os abandonara às mazelas de seus pecados!
·
Não
há coisa que ofende mais a Deus do que os pecados praticados às ocultas, às
escondidas! Aqueles que assim procedem, podem esconder sua vida errada da
Igreja, dos pastores, dos irmãos, mas se esquecem que o Deus que tudo vê, os
observa atentamente! Não podemos nos esconder de Deus, pois Seus olhos
percorrem todos os cantos e recantos da a terra, Pv 15.3, "Os olhos
do Senhor estão em todo lugar, vigiando os maus e os bons". Foi dentro
desta ótica que Davi expressou: "1 Senhor, tu me sondas, e me conheces. 2
Tu conheces o meu sentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.
3 Esquadrinhas o meu andar, e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos.
4 Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces",
Sl 139.1-4.
c)
Não teremos a presença do Senhor conosco quando praticarmos o pecado
abertamente, Ez 9.9 " Então me disse: A culpa da casa de Israel
e de Judá é grandíssima, a terra está cheia de sangue, e a cidade cheia de
injustiça; pois eles dizem: O Senhor abandonou a terra; o Senhor não vê".
·
O
povo de Deus nos dias de Ezequiel, não somente pecava ocultamente, mas também
abertamente. É o que podemos ver na denúncia do Senhor ao profeta! Denuncia o
Senhor, que tanto a casa de Israel, como também a casa de Judá, estavam vivendo
de maneira dissoluta, envolvidos em práticas pecaminosas que O desagradavam. A
declaração do Senhor era de que a "terra estava cheia de sangue", a
"cidade cheia de injustiça". Observe o adjetivo "cheia". No
hebraico temos a palavra "alm" - male', e significa
"pleno", "completo", "realizado",
"abundante". "Sangue" e "injustiça", nos indicam
extrema violência e corrupção. Isto nos mostra o quando a nação estava atolada,
envolvida em iniquidade! Sabemos que quando uma sociedade é corrupta,
certamente será também violenta. Não há respeito à dignidade e à vida humana!
Corrupção e violência andam de mãos dadas, entrelaçadas entre si, e quando
praticadas, causam a extrema deterioração e o caos de uma sociedade!
·
Porém
não podemos nos esquecer de que o Senhor também punirá aqueles que praticam o
pecado abertamente. Deus certamente intervirá "para executar juízo sobre
todos e convencer a todos os ímpios de todas as obras de impiedade, que
impiamente cometeram, e de todas as duras palavras que ímpios pecadores contra
ele proferiram", Jd 15. É evidente que este texto de Judas nos fala
do Juízo Final, mas o juízo de Deus ocorre também agora, hoje, sobre aqueles
que andam na desobediência, e desconhecem os caminhos do Senhor.
3.
Para termos a presença de Deus conosco em nossa vida diária, em nossos projetos
pessoais, em nossos objetivos, precisamos trilhar o caminho da obediência à Sua
Palavra. Desta maneira seremos bem-aventurados, felizes, prósperos.
CONCLUSÃO:
1.
Como povo de Deus, precisamos aplicar em nossas vidas, os princípios extraídos
da experiência de Josué com o Senhor. Se formos obedientes ao Senhor e
praticarmos Sua Palavra:
a)
Podemos tomar posse da bênção;
b)
Ninguém poderá nos resistir;
c)
Teremos a Sua presença constante conosco.
2.
Para muitos filhos de Deus que estão acostumados ao fracasso, às desilusões e
que vivem em eternas frustrações, parece que estes princípios estão longínquos,
inatingíveis. Porém, quero dizer-lhe, que é tempo de deixarmos para trás a vida
de fracasso! O Deus que cremos é fiel em todas as suas promessas para conosco e
não permitirá que qualquer delas fique no esquecimento! Todas as promessas de
Deus tem dEle o "sim" e o "amém", 2 Co 1.20,
"Pois, tantas quantas forem as promessas de Deus, nele está o sim;
portanto é por ele o amém, para glória de Deus por nosso intermédio". Ou
seja, temos aqui a confirmação de que tais promessas são reais e não
imaginárias, distantes, como muitos pensam!