CONTAMINAÇÃO – ESTUDO PARA JOVENS
DN 1.8
Pr. José Antônio Corrêa
Texto: "Resolveu Daniel, firmemente, não
contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia;
então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se".
INTRODUÇÃO:
2.
Deus dava tanta importância às cerimônias de purificação, que aquele que não
observasse o ritual, seria morto em Sua presença. Observe a frase:
"...para que não morram", v. 20. Não que a água tenha a
propriedade para limpar pecados, mas estava em evidência a obediência do
sacerdote. Somente através da obediência a Deus é que estaremos qualificados
para permanecer em Sua presença. No texto inicial, podemos notar que a tônica
principal de Daniel não foi o simples fato dele recusar as comidas e as
iguarias oferecidas na mesa do rei, mas a sua total obediência e submissão a
Deus! Deus quer jovens que estejam dispostos a obedecê-lo num mundo pervertido
e corrupto!
3.
Hoje, como nos dias de Daniel, vivemos um mundo envolvido por elementos
altamente "contaminados". Para que um jovem genuinamente cristão
possa se manter puro frente às contaminações deste mundo, ele precisará buscar
uma vida de oração, num contato direto e constante com a Palavra de Deus. Caso
contrário, poderá ser envolvido pelos laços diabólicos e se tornará sujo,
imundo e consequentemente desqualificado para servir a Deus e permanecer em Sua
presença. Queremos ver nesta noite:
"A CONTAMINAÇÃO, E COMO MANTER
UMA VIDA LIMPA NUM MUNDO ALTAMENTE CONTAMINADO"
VAMOS ABORDAR O TEMA FAZENDO DUAS
PERGUNTAS:
I. O QUE TRAZ CONTAMINAÇÃO?
1.
Em linhas gerais sabemos que o que contamina o homem é o pecado. Como já vimos
em nossa introdução, vivemos num mundo altamente contaminado pelo pecado. Este
mundo, com suas concupiscências de certa maneira procura nos envolver, nos
enredar com seus laços pecaminosos. Paulo escrevendo aos Romanos fala
claramente sobre as características do homem mundano: "23 e mudaram a
glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem
como de aves, quadrúpedes e répteis. 24 Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia,
pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre
si; 25 pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a
criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! 26 Por causa
disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o
modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; 27
semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se
inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com
homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. 28 E, por
haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma
disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, 29 cheios
de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio,
contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, 30 caluniadores, aborrecidos
de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes
aos pais, 31 insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem
misericórdia", Rm 1.23-31.
Temos
neste texto um descrição detalhada de como vive o homem sem Deus neste mundo,
totalmente entregue às suas paixões pecaminosas. Em virtude de sua tendência ao
pecado, este homem sem Deus, foi abandonado e entregue às suas próprias paixões
lascivas. Duas frases no texto nos mostram como este homem está entregue e
submerso em uma prática pecaminosa desenfreada: "Por causa disso, os
entregou Deus a paixões infames...", v. 26 e "...o próprio
Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas
inconvenientes...", v. 28. Note que foi o próprio Deus quem os
deixou nesta situação lastimável! O que é interessante aqui é que o homem
mundano, abandonado a seu bel prazer, gosta deste tipo de vida! Sua busca se
concentra nisto! Há uma preferência pelos valores puramente mundanos e carnais,
o que não pode acontecer de maneira alguma com aquele que se torna filho de
Deus através do sacrifício de Jesus. Se fomos libertos do pecado, como
poderemos permanecer nele? Esta foi a advertência de Paulo aos romanos: "1
Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? 2 De modo
nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?, Rm
6.1-2.
2.
Quando Paulo, escreve aos Efésios diz: "17 Isto, portanto, digo e no
Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade
dos seus próprios pensamentos, 18 obscurecidos de entendimento, alheios à vida
de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, 19 os
quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com
avidez, cometerem toda sorte de impureza", Ef 4.17-19.
Observe
neste texto a palavra "impureza", v. 19, que tem a ver com
algo contaminado, deformado em suas características originais. Esta palavra é a
palavra grega "akayarsia" – akatharsia, que tem como significado
"sujeira física", "sujeira moral". A impureza é um das
obras da carne citadas por Paulo em Gálatas, "Ora, as obras da carne são
manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia", Gl
5.19. Não é por acaso que a palavra impureza foi colocada entre duas
palavras – "prostituição" e "lascívia" – que descrevem um
comportamento sexual pecaminoso. A impureza aqui, certamente se refere a um
comportamento sexual errado, distorcido que contamina aquele que assim procede.
Aquele que faz sexo com uma prostituta se torna um só corpo com ela! Sobre este
particular Paulo escreve aos coríntios: "15 Não sabeis vós que os vossos
corpos são membros de Cristo? Tomarei pois os membros de Cristo, e os farei
membros de uma meretriz? De modo nenhum. 16 Ou não sabeis que o que se une à
meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque, como foi dito, os dois serão uma só
carne", 1 Co 6.15-16. Observe ainda que estes "gentios",
no dizer de Paulo "...tendo tornado-se insensíveis (petrificados, duros),
se entregaram à dissolução (corrupção, libertinagem)".
3.
Não somente podemos ser contaminados pelas ações às quais nosso corpo pode ser
exposto, mas também podemos ser contaminados pelos nossos pensamentos e
intenções do coração, as quais nos levam também a ações pecaminosas. Veja o
alerta do Senhor: "18 Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que
contamina o homem. 19 Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios,
adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. 20 São estas
as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos não o
contamina", Mt 15.18-20. E ainda Mt 5.28, "Eu, porém,
vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu
coração cometeu adultério com ela".
Quando
olhamos para o contexto de Mateus 15.18-20, iremos ver que os fariseus haviam
levantado uma questão em torno das leis cerimoniais do Antigo Testamento. Eles
haviam notado que os discípulos de Jesus estavam comendo sem lavar as mãos, de
forma contrária aos princípios legais ensinados pelos escribas, "1 Então,
vieram de Jerusalém a Jesus alguns fariseus e escribas e perguntaram: 2 Por que
transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos,
quando comem", vs. 1-2. Porém, Jesus, a partir desta discussão,
procura ensinar seus discípulos que há uma contaminação muito pior do que o
"não lavar-se". É contaminação que nos vem de dentro, do coração, dos
maus pensamentos, quando somos assediados e dominados pelo pecado. É por esta
razão que para se praticar o adultério não é necessário uma união física. Basta
apenas "olhar para uma mulher" com cobiça, ou com intenção impura, já
estará cometendo este pecado.
4.
Um outro exemplo de contaminação pode nos vir através do mau uso da língua, Tg
3.6, "A língua também é um fogo; sim, a língua, qual mundo de
iniqüidade, colocada entre os nossos membros, contamina todo o corpo, e inflama
o curso da natureza, sendo por sua vez inflamada pelo inferno".
A
língua quando mal usada pode nos trazer muitos transtornos! Lembre-se do dito
popular: "O peixe morre pela boca", uma referência àquele que fala
demais e fala o que não deve. A língua é o veículo de muitos pecados, como
"maledicência’, "mentira", "calúnias",
"difamações", "xingamentos", "palavras torpes",
blasfêmias, etc., etc.. Ela, quase sempre nos coloca em grandes embaraços! Pode
constituir-se para nós numa ferramenta de desgaste, de sofrimento, de
contaminação. Observe que a língua tem a característica de "contaminar
todo o corpo". Podemos também dizer que ela contamina outras vidas que nos
cercam, espalhando o mal! É um instrumento de alta contaminação!
II. COMO ESCAPAR DAS CONTAMINAÇÕES
QUE HÁ NO MUNDO?
1.
Já vimos que são muitas as maneiras pelas quais podemos ser contaminados pelo
pecado, e ao mesmo tempo nos tornarmos imprestáveis para Deus. Aquele que se
deixa levar pela atração deste mundo e se envolve em práticas erradas,
contamina-se, suja-se, e não poderá aproximar-se de Deus, pois Ele é Santo e
não pode ter comunhão com a sujeira e o pecado. Não nos esqueçamos: Deus ama o
pecador (deu a vida de seu Filho pelos pecadores), mas ao mesmo tempo, odeia o
pecado! Veja em Isaías
2.
Diante disto, precisamos nos purificar, ou melhor dizendo, tratar com os nossos
pecados! Sabemos que todo trato com o pecado envolve tanto o lado de Deus, como
o lado do homem. Deus oferece sua graça a todo pecador – "Cristo morreu
pelos nossos pecados", 1 Co 15.3; porém cabe a nós, pecadores,
assumir uma posição de entrega ao Senhor, permitindo que Ele nos limpe e trate
com os nossos pecados. Lembre-se "Se confessarmos os nossos pecados, ele é
fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça", 1 Jo 1.9. Observe neste texto a incidência da palavra
"purificar". É o mesmo sentido que temos visto, ou seja o de
"limpar", "varrer toda sujeira". Vamos ver qual deve ser o
nosso procedimento neste tratamento com o pecado:
a)
No conselho de Paulo a Timóteo, 2 Tm 2.19-22, "19 Todavia o
firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os seus,
e: Aparte-se da injustiça todo aquele que profere o nome do Senhor. 20 Ora,
numa grande casa, não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de
madeira e de barro; e uns, na verdade, para uso honroso, outros, porém, para
uso desonroso. 21 Se, pois, alguém se purificar destas coisas, será vaso para
honra, santificado e útil ao Senhor, preparado para toda boa obra. 22 Foge
também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a fé, o amor, a paz com os
que, de coração puro, invocam o Senhor".
Aqui
Paulo usa a figura do "vaso", que pode ser um instrumento tanto para
honra, como para desonra, dependendo de sua beleza e/ou feiura e ainda de sua
utilidade. Sabemos que o vaso é uma referência a cada um de nós. Dependendo da
vida que levamos, podemos ser considerados vasos para honra, ou vasos para
desonra. É por esta razão que Paulo aconselha Timóteo a purificar-se
"destas coisas" e a santificar-se para o Senhor. Que
"coisas" seriam estas? Paulo as chama de "paixões da mocidade".
No original temos para "paixão" o termo "epiyumia" –
epithumia, que quer dizer "concupiscência", "desejo para o que é
proibido", "luxúria". É necessário abster-se destas práticas
pecaminosas e enganosas, 1 Ts 4.3, "Porque esta é a vontade de
Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição".
Devemos fugir destes desejos impuros e lutar por uma vida de santidade na
presença do Senhor!
b)
Em nossa aproximação de Deus, Hb 10.22, "cheguemo-nos com
verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má
consciência, e o corpo lavado com água limpa".
Para
nos aproximar de Deus, precisamos saber que não o faremos sem um tratamento com
a sujeira de nossa vida pecaminosa. Há necessidade de uma purificação, uma limpeza.
Neste trecho de Hebreus, a limpeza sugerida deve ser tanto interior (coração,
consciência), como também exterior (corpo). A ação da Palavra de Deus (a água)
juntamente com a ação do Espírito Santo, somadas à vontade humana, são
elementos imprescindíveis para que esta limpeza ocorra e agrade ao Deus Santo.
É dentro desta ótica que nos escreve Tiago: "Chegai-vos para Deus, e ele
se chegará para vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante,
purificai os corações", Tg 4.8. A aproximação a Deus através da
Palavra, mediante o auxílio de seu Espírito, com o desejo de mudar, nos levará
certamente à purificação, à limpeza tanto do corpo (mãos), como também da alma
(coração).
c)
Em nossa manutenção da vida cristã, 2 Pe 2.20, "Porquanto
se, depois de terem escapado das corrupções do mundo pelo pleno conhecimento do
Senhor e Salvador Jesus Cristo, ficam de novo envolvidos nelas e vencidos,
tornou-se-lhes o último estado pior que o primeiro".
Há
pessoas que até começam bem o viver cristão e por um certo tempo se mantêm
limpos, puros, dando um bom testemunho. Porém com o passar do tempo, se deixam
envolver pelos laços diabólicos e retrocedem! É deste tipo de crente que Pedro
está falando. Note que o apóstolo diz que tais indivíduos já haviam "escapado
das corrupções do mundo", contudo se deixaram envolver por elas novamente
e foram "vencidos". Não é de se admirar que o estado destas pessoas
se tornou bem pior do que quando ainda não tinham conhecimento da verdade de
Deus. É por isso que se cumpre nestas vida o adágio popular: "Volta o cão
ao seu vômito, e a porca lavada volta a revolver-se no lamaçal", v. 22.
Não há coisa pior para o homem do que o retrocesso na vida cristã!
3.
Porém algo não podemos nos esquecer: A purificação é somente para aqueles que
são verdadeiros filhos de Deus, 1 Jo 3.3, "E todo o que nele tem
esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro". Quem é de
Deus, fará tudo para limpar-se! A esperança que está em nós, nos motivará a
levar uma vida que de fato agrade ao Pai Celeste. É algo que levamos sem peso,
pois dependeremos do poder do Espírito Santo e da ação da Palavra em nós, nos
corrigindo, alertando, nos cortando profundamente, até que estejamos aptos para
servir de maneira agradável ao Deus Eterno. Certamente, aquele que é verdadeiro
procurará descobrir através da Escritura a vontade de Deus e a praticará sem
questionamentos. Este cristão legítimo, estará atento ao dizer de Paulo:
"E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da
vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita
vontade de Deus", Rm 12.3. Descobrir da vontade de Deus e
obedecê-la é um desafio a todos nós que aspiramos as Jerusalém Celestial, onde
não mais haverá impurezas, "E não entrará nela coisa alguma impura, nem o
que pratica abominação ou mentira; mas somente os que estão inscritos no livro
da vida do Cordeiro", Ap 21.7.
CONCLUSÃO:
1.
Diante de tudo o que vimos, certamente precisamos levar uma vida limpa,
purificada, santificada, pois sem isso não poderemos agradar a Deus,
"Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor", Hb 12.14. Esta é uma exigência de Deus! Se queremos
servi-LO, precisamos nos adequar aos princípios de Sua Palavra. Caso contrário
estaremos tentando enganar a Deus, porém, sem qualquer sucesso. Algo porém é
certo: estaremos, enganando a nós mesmos, Tg 1.22, "E sede
cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós
mesmos".
2.
Vale a pena viver uma vida santificada, guardando-se das contaminações do
mundo. Aquele que se deixa enredar pelas atrações mundanas, certamente não
ficará sem a devida punição. Se agirmos displicentemente estaremos sujeitos à
manifestação da ira divina, "Mas, segundo a tua dureza e teu coração
impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da revelação do justo juízo
de Deus", Rm 2.5.
3.
Vamos viver de maneira que agrademos a Deus!