2 - ILUSTRAÇÕES DE CRISTO EM
GÊNESIS
Extraído do livro
"Personalidade em Gênesis", NAISMITH, JAMES , Edições Cristãs,
Ourinhos, São Paulo com notas, acréscimos e supressões pelo Pr José Antônio
Corrêa.
Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
1.
Temos visto no Livro de Gênesis em domingos anteriores algumas expressões
proféticas relacionadas a Cristo. Vimos o "Descendente da mulher", a
"Descendência de Abraão", o "Cordeiro", o "Leão da
Tribo de Judá" e "Siló, o Príncipe da Paz". Todas estas expressões
são expressões proféticas aplicadas ao Filho de Deus, cuja expansão e
cumprimento vemos claramente no Novo Testamento. Hoje queremos falar sobre
"algumas ilustrações ou tipos de Cristo dentro do Livro de Gênesis".
-
Um dicionário bíblico define um "tipo" como sendo "um símbolo de
algo futuro, como um acontecimento do Velho Testamento servindo como uma
prefiguração de acontecimento do Novo Testamento". O Dr. J. Sidlow Baxter
no seu livro "Explore the Book" (Examine o Livro), define um tipo
como "qualquer pessoa, objeto, acontecimento, ato ou instituição
divinamente adaptado a representar alguma realidade espiritual ou prefigurar
alguma pessoa ou verdade a ser revelada posteriormente".
a.
Embora a palavra "tipo" não apareça na Versão Almeida (Revista ou
Atualizada) da Bíblia, a palavra grega "tupov" - tupos" da qual
ela é derivada é usada em relação às ilustrações do Velho Testamento nos
ensinos do Novo Testamento. Esta palavra de acordo com o termo original
significa "a forma", "um exemplo a ser imitado", "uma
figura ou imagem", "o padrão em conformidade para o qual uma coisa
deve ser feita".
b.
Como por exemplo, Adão "prefigurava aquele que havia de vir" de
acordo com Romanos 5.14. A Versão Brasileira aqui neste texto de Romanos 5.14 usa
a palavra "tipo". Esta versão usa também no Novo Testamento, a mesma
palavra nos acontecimentos que ocorreram durante as jornadas dos filhos de
Israel desde o Egito até Canaã. Todos estes fatos são citados como
"exemplos", "tipos" para nós, 1 Co 10.6, 11, "6
Ora, estas coisas se tornaram exemplos (tipos) para nós, a fim de que não
cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. 11 Estas coisas lhes sobrevieram
como exemplos (tipos) e foram escritas para advertência nossa, de nós outros
sobre quem os fins dos séculos têm chegado".
c.
Outras palavras com significações semelhantes são usadas também para indicar o
ensino do Velho Testamento. Assim, no livro de Hebreus, muitas lições são
tiradas do Tabernáculo e do culto ligado a ele. Tanto o Tabernáculo como os
ofícios religiosos, foram construídos, idealizados, a partir de um modelo ou
padrão mostrado a Moisés no Monte Sinai: Vejamos duas referências bíblicas
alusivas a este fato:
-
Hb 8.5, "os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes,
assim como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para construir o
tabernáculo; pois diz ele: Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo
que te foi mostrado no monte". Este texto das Escrituras faz uma
comparação entre o ministério dos sacerdotes do Antigo Testamento e Jesus, o
nosso Sumo Sacerdote. Moisés deveria fazer tudo de acordo com o modelo (tipo)
lhe mostrado no monte.
-
At 7.44, "O tabernáculo do Testemunho estava entre nossos pais no
deserto, como determinara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o
modelo que tinha visto". Aqui, Estevão discorrendo sobre a construção do
Tabernáculo reafirmou a verdade de que Moisés o construiu segundo a orientação
do Senhor e de acordo com o modelo ou tipo daquele que tinha visto.
d.
Tudo que foi associado com o Tabernáculo foi uma "figura", uma
representação, e uma "sombra" lançada pelo objeto que representava:
-
Ver Hb 8.5, "os quais ministram em figura e sombra das coisas
celestes...". Veja também Hb 10.1, "Ora, visto que a lei tem
sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode
tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano,
perpetuamente, eles oferecem".
-
O fato que o sumo sacerdote, sozinho, uma vez por ano e não sem sangue, podia
entrar no santuário santíssimo do Tabernáculo foi, em si, uma figura ou
"parábola", Hb 9.9, "É isto uma parábola para a época
presente; e, segundo esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora
estes, no tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que
presta culto".
-
O Espírito Santo estava declarando - de maneira clara com este quadro - que
naquela época não havia nenhum caminho de acesso para a presença imediata de
Deus, v. 8, "querendo com isto dar a entender o Espírito Santo que
ainda o caminho do Santo Lugar não se manifestou, enquanto o primeiro
tabernáculo continua erguido".
-
Em muitos casos, temos a autoridade definitiva e específica do Novo Testamento
em considerar pessoas, acontecimentos ou objetos do Velho Testamento como
tipos; por exemplo, Adão, Melquisedeque, a Arca de Noé, o Tabernáculo. Em
alguns casos, como por exemplo, José, embora não haja total indicação do ensino
típico, as analogias são tão fortes que a tipologia é inequívoca.
-
O livro de Gênesis abunda em muitos
tipos interessantes e instrutivos do Senhor Jesus Cristo e de sua obra a nosso
favor.
A. PESSOAS TÍPICAS:
I - ADÃO
2.
Este tipo difere em muitas maneiras dos demais tipos do Velho Testamento, os
quais geralmente apresentam semelhanças e comparações com o antítipo. No caso
de Adão, porém, somos impressionados com diferenças notáveis - os contrastes
são tão exatos que poderíamos chamá-los de "antíteses paralelas".
Note os seguintes pontos de contraste:
b.
Origem, 1 Co 15.47, "O primeiro homem, formado da terra, é
terreno; o segundo homem é do céu". Olhando para Gênesis 2.7, vemos
corroborada a primeira parte desta afirmação: "Formou o Senhor Deus ao
homem do pó da terra". O Senhor mesmo freqüentemente reiterou durante a
sua estadia aqui a segunda parte: "Eu desci do céu", Jo 6.38.
-
Somos, pela natureza do primeiro homem, terrenos e levamos a imagem do terreno,
1 Co 15.48, "Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também
os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os
celestiais". Pela graça, somos associados ao Segundo Homem e um dia
glorioso levarmos a sua imagem - a imagem do celestial.
b.
Natureza, 1 Co 15.45, "Pois assim está escrito: O primeiro
homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito
vivificante".
-
A natureza do primeiro homem é expressa pelas palavras "foi feito alma
vivente". "Vivente" quer dizer "que recebeu vida".
"Adão foi feito alma vivente", destacando-se como
"natural". Note que o primeiro homem não tinha vida em si mesmo
precisou receber a vida do Criador, mediante o sopro em suas narinas, Gn 2.7,
"Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas
narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente".
-
Esta declaração (alma vivente) entra em contraste com o último Adão (Cristo),
que é "espírito vivificante", isto é, "que dá vida". Jesus
não recebeu a vida de ninguém, pelo contrário Ele é o Senhor da Vida, tem vida
em si mesmo, Jo 5:26, "Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo,
também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo". Foi por causa desta característica
que Jesus venceu a morte através de sua ressurreição. Como Senhor da Vida, Ele
pode outorgar a vida a àqueles que o recebem com Senhor e Salvador.
-
Temos aqui em 1 Co 15.45, a forma adjetiva da palavra "alma".
Note o uso da forma adjetiva também no v. 44, "Semeia-se corpo
natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo
espiritual", e ainda em 1 Co 2.14, "Ora, o homem natural não
aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode
entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente".
-
Como podemos deduzir, este "corpo natural", este "homem
natural", entra em contraste com Cristo que é um "espírito
vivificante", uma vez que Deus é espírito. Note também que Cristo não é o
segundo Adão, mas, sim, "o último Adão" - não há nenhum outro a
seguir.
c.
Caráter e Feitos, Rm 5.12-19, "12 Portanto, assim como por
um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a
morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. 13 Porque até ao regime
da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há
lei. 14 Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles
que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele
que havia de vir.15 Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque,
se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom
pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.16 O
dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; porque o
julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre
de muitas ofensas, para a justificação. 17 Se, pela ofensa de um e por meio de
um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom
da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. 18 Pois
assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para
condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os
homens para a justificação que dá vida. 19 Porque, como, pela desobediência de
um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência
de um só, muitos se tornarão justos".
-
Este trecho enfatiza especialmente o contraste entre Adão e Cristo em caráter e
em ações, assim como os resultados destas. Esta verdade pode ser facilmente
discernida colocando, lado a lado, as palavras usadas acerca de cada um:
ADÃO: Pecado, ofensa, transgressão, desobediência;
CRISTO: Justiça, obediência.
-
Adão foi aquele que trouxe o pecado; Cristo o levou. A desobediência de Adão
foi um ato de auto-afirmação; a obediência de Cristo foi um ato de sacrifício
de si mesmo. Adão foi desobediente até à morte, perdendo a vida de si mesmo e
da raça da qual era o cabeça; Cristo foi obediente até à morte, entregando sua
vida a favor da raça dos redimidos, sobre a qual ele é o Cabeça, Fp 2.8,
"...a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de
cruz".
-
Adão, o homem, queria ser "como Deus", Gn 3.5, "Porque
Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus,
sereis conhecedores do bem e do mal". Já Cristo, sendo "em forma de
Deus", dignou-se ser feito "à semelhança de homem", Fp 2.7,
"antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em
semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana".
-
"A ofensa de um" foi cometida no jardim do Éden; "a justiça...
de um" - o ato culminante de uma vida de justiça - foi consumada no jardim
do Calvário, Jo 19.30, "Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse:
Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito".
d.
Resultados, Rm 5.12-19.
d.1.
Como resultado da desobediência e do pecado de Adão foram trazidos sobre a
humanidade:
-
Morte, Vs. 12, 15, 17, "12 Portanto, assim como por um só
homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, ‘assim também a morte
passou a todos os homens’, porque todos pecaram. 15 Todavia, não é assim o dom
gratuito como a ofensa; porque, se, ‘pela ofensa de um só, morreram muitos’,
muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo,
foram abundantes sobre muitos. 17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só,
‘reinou a morte’, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da
justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo".
-
Condenação, Vs. 16, 18, "16 O dom, entretanto, não é como no
caso em que somente um pecou; porque o ‘julgamento derivou de uma só ofensa,
para a condenação’; mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a
justificação. 18 Pois assim como, por uma só ofensa, ‘veio o juízo sobre todos
os homens para condenação’, assim também, por um só ato de justiça, veio a
graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida".
-
Julgamento, v. 16, "O dom, entretanto, não é como no caso em
que somente um pecou; ‘porque o julgamento derivou de uma só ofensa’, para a
condenação; mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a
justificação".
d.2
A obediência e a justiça de Cristo trouxeram àqueles que são dele:
-
Vida v. 17, "Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a
morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça
‘reinarão em vida por meio de um só’, a saber, Jesus Cristo".
-
Justificação, Vs. 16, 18, "16 O dom, entretanto, não é como no caso
em que somente um pecou; porque o julgamento derivou de uma só ofensa, para a
condenação; mas a ‘graça transcorre de muitas ofensas, para a justificação’. 18
Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para
condenação, assim também, por um só ato de justiça, ‘veio a graça sobre todos
os homens para a justificação’ que dá vida".
-
Graça, Vs. 15, 17, "15 Todavia, não é assim o dom gratuito como a
ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a ‘graça
de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre
muitos’. 17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito
mais ‘os que recebem a abundância da graça’ e o dom da justiça reinarão em vida
por meio de um só, a saber, Jesus Cristo".
CONCLUSÃO:
1.
Não resta dúvidas de que existe um contraste marcante entre o primeiro e o
último Adão. O primeiro Adão corresponde ao homem natural, sem Deus perdido em
seus pecados e vivendo debaixo da condenação de Deus. Já o último Adão – Jesus
Cristo, veio para restaurar o estrago feito pelo primeiro Adão, ou seja trazer
salvação e libertação ao homem perdido.
2.
Lendo 1 Co 15.22, temos: "Porque, assim como, em Adão, todos
morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo". Evidentemente que
esta vivificação em Cristo está condicionada à aceitação da Palavra de Deus
pelo homem perdido. Deus não vivificará aqueles que não crerem no sacrifício de
seu Filho.
3.
Ilustração: O pescador e o Doutor. (bacias hidrográficas, últimas
descobertas científicas, grandes obras de literatura, o melhor das artes, etc.).