2 - ILUSTRAÇÕES DE CRISTO EM GÊNESIS

Extraído do livro "Personalidade em Gênesis", NAISMITH, JAMES , Edições Cristãs, Ourinhos, São Paulo com notas, acréscimos e supressões pelo Pr José Antônio Corrêa.

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

ISAQUE

 

INTRODUÇÃO:

 

1. Vimos na semana passada alguns aspectos figurativos entre Isaque e Cristo, que merecem ser recordados agora:

a. Tanto Isaque como Cristo tiveram seu nascimento predito. Vimos que O Senhor apareceu a Abraão para comunicar-lhe acerca do filho que nasceria em sua velhice e que seria cabeça de uma grande nação. Durante todo o Venho Testamento e parte no Novo encontramos predições proféticas sobre o nascimento de Cristo.

b. Tanto Isaque como Cristo, nasceram por uma intervenção sobrenatural de Deus. Vimos que embora Abraão tivesse 100 anos sem capacidade para gerar filhos e Sara 90 com o seu "ventre amortecido", isto não foi impedimento para o nascimento de Isaque, pois Deus operou sobrenaturalmente. O mesmo ocorreu com Cristo que nasceu sobrenaturalmente através de uma virgem e pela geração do Espírito Santo de Deus.

c. Tanto Isaque como Cristo foram odiados. Isaque foi odiado por Ismael, seu irmão por parte de seu pai com Hagar, a escrava de Sara. Este ódio permanece até hoje! Cristo foi odiado por Herodes e pelos judeus radicais que não o aceitaram como Messias.

2. Queremos continuar vendo mais alguns aspectos figurativos entre Isaque e Cristo:

O sacrifício de Isaque, Gn 22,

Nenhum acontecimento do Velho Testamento sugere mais o sacrifício do Cordeiro de Deus, a morte e a ressurreição de Cristo do que este. Como são significantes as frases usadas! Note:

1. Filho único.

a. Isaque era o único filho de Abraão e Sara, Gn 22.2, "E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi". Note a expressão "teu único filho, Isaque". Ver ainda, Hb 11.17, "Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito".

b. A palavra "monogenev" - monogenes (unigênito), também é usada na Bíblia em relação a Cristo:

 

b.1. Jo 1.14, 18, "14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. 18 Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou".

b.2. Jo 3.16, 18, "16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 18 Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus".

b.3. 1 Jo 4.9, "Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos".

b.4. Fato importante a ser destacado é que a mesma palavra grega "monogenes" também é usada em relação aos filhos únicos que aparecem no Novo Testamento: o "filho único" da viúva de Naim (Lucas 7.12), a "filha única" de Jairo (Lucas 8.42) e o "filho... único" possesso de um espírito imundo (Lucas 9.38).

2. Afeição profunda.

a. "A quem amas", Gn 22.2, "Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei". Sem dúvida, nenhum pai humano jamais amou um filho tanto quanto Abraão amou Isaque - em quem foram baseadas todas as suas alegrias e esperanças como também as promessas de Deus. Mesmo assim, aquele amor foi finito e não pode ser comparado ao amor de um outro Pai para com o Seu Filho amado.

b. Cristo é chamado de "o Filho do Seu amor", Cl 1.13, "Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor".

c. A Bíblia nos mostra que este amor de Deus por seu filho existia "antes da fundação do mundo", Jo 17.24, "Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo".

d. Este amor foi proclamado pelo Pai a céu aberto, Mt 3.17, "E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo". Ver ainda Mt 17.5, "Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi".

d. Foi também proclamado pelo Filho enquanto esteve na terra:

d.1. Jo 5.20, "Porque o Pai ama ao Filho, e lhe mostra tudo o que faz, e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis".

d.2. Jo 15.9, "Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor".

d.3. Jo 17.23. 26, "23 eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim. 26 Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja".

3. Comunhão íntima.

a. "Caminhavam ambos juntos", Gn 22.6, 8, "6 Tomou Abraão a lenha do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. Assim, caminhavam ambos juntos. 8 Respondeu Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto; e seguiam ambos juntos". Esta expressão é sugestiva em relação à comunhão entre Deus, o Pai, e Deus, o Filho.

b. Esta comunhão é vista na eternidade, Pv 8.30, "então, eu estava com ele e era seu arquiteto, dia após dia, eu era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo".

c. Esta comunhão é declarada por Jesus:

c.1. Jo 8.29, "E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada".

c.2. Jo 16.32, "Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo".

4. Devoção submissa de Isaque,

a. Sua submissão lhe permitiu ser amarrado e deitado no altar, Gn 22.9, "Chegaram ao lugar que Deus lhe havia designado; ali edificou Abraão um altar, sobre ele dispôs a lenha, amarrou Isaque, seu filho, e o deitou no altar, em cima da lenha". Isto nos demonstra claramente a dedicação completa do Filho à vontade do seu Pai

b. Hb 10.7, "Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade".

c. Jo 10.17, 18, "17 Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. 18 Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai".

d. Mt 26.39, "Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres".

5. Substituição sacrificial

Gn 22.7-10, 13, "7 Quando Isaque disse a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? 8 Respondeu Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto; e seguiam ambos juntos. 9 Chegaram ao lugar que Deus lhe havia designado; ali edificou Abraão um altar, sobre ele dispôs a lenha, amarrou Isaque, seu filho, e o deitou no altar, em cima da lenha; 10 e, estendendo a mão, tomou o cutelo para imolar o filho. 13 Tendo Abraão erguido os olhos, viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos; tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho". Os detalhes deste sacrifício são todos profundamente sugestivos do Calvário:

a. "a madeira" (Versão inglesa), "a lenha" (Versão Almeida) da cruz. Isaque seria sacrificado sobre a "madeira". Cristo foi sacrificado sobre o "madeiro", 1 Pe 2:24, "carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados".

b. "o fogo" do julgamento divino derramado sobre o carregador do nosso pecado, Is 53.8, "Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido".

c. "o cutelo" da espada de Jeová, despertada contra seu Pastor, Zc 13.7, "Desperta, ó espada, contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro, diz o SENHOR dos Exércitos; fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas; mas volverei a mão para os pequeninos".

d. O tipo, porém, carece muito do Antítipo. No caso de Isaque, uma voz do céu parou o cutelo prestes a cair, mas nenhuma voz impediu a espada de Jeová cair no Pastor. O filho de Abraão foi poupado, porém, Deus "não poupou a seu próprio Filho, Rm 8.32, "Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?"

e. Um substituto foi encontrado para Isaque, mas nenhum foi encontrado para Cristo, que tomou nosso lugar e morreu por nós.

6. Ressurreição gloriosa.

a. A certeza de Abraão que não somente ele, mas também "o rapaz" voltaria para seus servos, Gn 22.5, "Então, disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós". Esta certeza foi evidência, segundo o Espírito de Deus através do escritor aos Hebreus, de sua fé que Deus, que miraculosamente dera vida a Isaque em seu nascimento, também podia restaurar sua vida miraculosamente pela sua ressurreição de entre os mortos. Ele o recebeu de entre os mortos "figuradamente" - numa parábola, como já notamos, da ressurreição de Cristo de entre os mortos, Hb 11.19, "porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o recobrou". Temos neste fato uma figura perfeita da ressurreição de Cristo.

b. Cristo ressuscitou "dentre os mortos", At 13:34, E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos para que jamais voltasse à corrupção, desta maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as santas e fiéis promessas feitas a Davi".

c. A ressurreição de Cristo "dentre os mortos" é a garantia de nossa ressurreição, 1 Co 15:52, "num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados".

 

CONCLUSÃO:

 

1. Da palavras desta noite queremos destacar a questão do sacrifício voluntário de Cristo pelos perdidos. Isaías nos falar que Ele foi conduzido ao matadouro como um cordeiro, Is 53.7, "Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca".

 

2. Este sacrifício propiciou-nos a libertação de nossos pecados, 1 Co 15.3, "Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras". Esta é a única maneira de nos vermos livres de nossos pecados: Crendo do sacrifício de nosso Senhor!