2 - ILUSTRAÇÕES DE CRISTO EM
GÊNESIS
Extraído do livro
"Personalidade em Gênesis", NAISMITH, JAMES , Edições Cristãs,
Ourinhos, São Paulo com notas, acréscimos e supressões pelo Pr José Antônio
Corrêa.
Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
1.
Falando sobre o simbolismo da vida de José quando comparada com a vida de
Jesus, vimos na semana passada dois pontos importantes:
a.
Jesus foi amado por seu Pai, assim como José gozava do amor de seu pai Jacó. O
amor de Jacó por José foi declarado e provado através da construção de uma
túnica de cores, recebida por José como presente valioso e honroso. Deus
declarou a céus abertos o amor que possuía pelo Filho, através da frase
repetida: "Este é o meu filho amado em quem me comprazo".
b.
Jesus foi odiado pelos seus irmãos de raça, assim como José foi odiado pelos
seus irmãos de sangue. O ódio contra Jesus foi motivado por uma inveja mortal
que muitas vezes se torna a razão principal das divisões e contendas que
ocorrem no meio do povo de Deus. Nunca devemos nos esquecer que por inveja os
homens condenaram e mataram Jesus.
2.
Hoje queremos observar mais alguns aspectos figurativos entre José e Jesus,
aplicando-os ao nosso viver diário:
III – HUMILHADO PELOS HOMENS
Gn 37.28, 29, "28 E, passando os mercadores
midianitas, os irmãos de José o alçaram, e o tiraram da cisterna, e o venderam
por vinte siclos de prata aos ismaelitas; estes levaram José ao Egito. 29 Tendo
Rúben voltado à cisterna, eis que José não estava nela; então, rasgou as suas
vestes".
1.
Depois de ser humilhado e vendido pelos seus irmãos, "José foi levado ao
Egito", Gn 37.28, e comprado por Potifar, um oficial de Faraó. Gn
39.1, "José foi levado ao Egito, e Potifar, oficial de Faraó,
comandante da guarda, egípcio, comprou-o dos ismaelitas que o tinham levado
para lá". De filho preferido, José foi transformado num escravo, descendo
para a mais baixa humilhação.
2.
Porém mesmo sendo humilhado no Egito, José mantinha sua pureza pessoal,
honrando a Deus e trazendo bênção para os homens, tanto na casa de Potifar como
na cadeia de Faraó. Desta maneira estava prefigurando o servo perfeito, Jesus,
que humilhou-se a si mesmo, mas sempre recebendo assistência do seu Pai:
a.
Fp 2.7, "antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo,
tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana".
José foi "forçosamente", humilhado por seus irmãos, porém Jesus
"humilhou-se a si mesmo", tornando um "servo".
b.
Is 42.1, "Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido,
em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará
o direito para os gentios". Ver ainda Is 52.13, "Eis que o meu
Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui
sublime".
3.
No seu lar no Egito, em seu estado de "escravo", de humilhação, José
foi o alvo dos ataques de Satanás, assim como o Senhor foi no deserto:
a.
Gn 39.7-12, "7 Aconteceu, depois destas coisas, que a mulher de seu
senhor pôs os olhos em José e lhe disse: Deita-te comigo. 8 Ele, porém, recusou
e disse à mulher do seu senhor: Tem-me por mordomo o meu senhor e não sabe do
que há em casa, pois tudo o que tem me passou ele às minhas mãos. 9 Ele não é
maior do que eu nesta casa e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porque és sua
mulher; como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus? 10
Falando ela a José todos os dias, e não lhe dando ele ouvidos, para se deitar
com ela e estar com ela, 11 sucedeu que, certo dia, veio ele a casa, para
atender aos negócios; e ninguém dos de casa se achava presente. 12 Então, ela o
pegou pelas vestes e lhe disse: Deita-te comigo; ele, porém, deixando as vestes
nas mãos dela, saiu, fugindo para fora".
b.
Mt 4.1-11, "
c.
Tal fato nos mostra como o diabo, nosso adversário tenta tirar proveito
daqueles que muitas vezes estão debilitados.
IV – ALVOS DAS FALSAS ACUSAÇÕES
1.
Gn 39.14-19, "14 chamou pelos homens de sua casa e lhes disse:
Vede, trouxe-nos meu marido este hebreu para insultar-nos; veio até mim para se
deitar comigo; mas eu gritei em alta voz. 15 Ouvindo ele que eu levantava a voz
e gritava, deixou as vestes ao meu lado e saiu, fugindo para fora. 16 Conservou
ela junto de si as vestes dele, até que seu senhor tornou a casa. 17 Então, lhe
falou, segundo as mesmas palavras, e disse: O servo hebreu, que nos trouxeste,
veio ter comigo para insultar-me; 18 quando, porém, levantei a voz e gritei,
ele, deixando as vestes ao meu lado, fugiu para fora. 19 Tendo o senhor ouvido
as palavras de sua mulher, como lhe tinha dito: Desta maneira me fez o teu
servo; então, se lhe acendeu a ira". Compare com Mt 26.59-62,
"59 Ora, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum
testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte. 60 E não acharam,
apesar de se terem apresentado muitas testemunhas falsas. Mas, afinal,
compareceram duas, afirmando: 61 Este disse: Posso destruir o santuário de Deus
e reedificá-lo em três dias. 62 E, levantando-se o sumo sacerdote, perguntou a
Jesus: Nada respondes ao que estes depõem contra ti?"
2.
No caso de José a acusação da mulher de Potifar era mentirosa. Isto também na
acusações contra o Senhor Jesus, apesar de falsas testemunhas se apresentarem,
a inocência do homem do Calvário foi atestada durante as horas do seu
julgamento e de sua morte. Observemos o testemunho de algumas pessoas:
a.
A esposa de Pilatos, o juiz, "Esse justo", Mt 27.19, "E,
estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse
justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito".
b.
O próprio Pilatos, "Este justo", Mt 27.24, "Vendo Pilatos
que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandando vir
água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: Estou inocente do sangue deste
justo; fique o caso convosco!"
c.
O ladrão na cruz, "Este nenhum mal fez", Lc 23.41, "Nós,
na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem;
mas este nenhum mal fez".
d.
O centurião romano, "Verdadeiramente este homem era justo", Lc
23.47, "Vendo o centurião o que tinha acontecido, deu glória a Deus,
dizendo: Verdadeiramente, este homem era justo".
e.
O próprio traidor - Judas, "Sangue inocente", Mt 27.4,
"Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos
importa? Isso é contigo".
3.
Mesmo diante das falsas acusações, José prosperou na terra do Egito, tanto na
casa de Potifar como na cadeia, assim como Jesus também prosperou:
a.
Prosperidade de José
a.1.
Na casa de Potifar: Gn 39.2-6, "2 O SENHOR era com José, que
veio a ser homem próspero; e estava na casa de seu senhor egípcio. 3 Vendo
Potifar que o SENHOR era com ele e que tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava
em suas mãos, 4 logrou José mercê perante ele, a quem servia; e ele o pôs por
mordomo de sua casa e lhe passou às mãos tudo o que tinha. 5 E, desde que o
fizera mordomo de sua casa e sobre tudo o que tinha, o SENHOR abençoou a casa
do egípcio por amor de José; a bênção do SENHOR estava sobre tudo o que tinha,
tanto em casa como no campo. 6 Potifar tudo o que tinha confiou às mãos de
José, de maneira que, tendo-o por mordomo, de nada sabia, além do pão com que
se alimentava. José era formoso de porte e de aparência.
a.2.
Na Cadeia: Gn 39.21-23, "21 O SENHOR, porém, era com José, e
lhe foi benigno, e lhe deu mercê perante o carcereiro; 22 o qual confiou às
mãos de José todos os presos que estavam no cárcere; e ele fazia tudo quanto se
devia fazer ali. 23 E nenhum cuidado tinha o carcereiro de todas as coisas que
estavam nas mãos de José, porquanto o SENHOR era com ele, e tudo o que ele
fazia o SENHOR prosperava".
b.
Prosperidade de Jesus. Veja o que Deus declarou em relação a seu servo
perfeito: "Eis que meu servo prosperará", Is 52.13 (Versão
espanhola de Casiodoro de Reina).
6.
Com ele na cadeia havia dois malfeitores - o mordomo e o padeiro, um dos quais,
o mordomo, foi posteriormente exaltado e restaurado à sua posição; o outro, o
padeiro, foi condenado e enforcado (Gênesis 40).
a.
Nosso Senhor também, estando na cruz, "foi contado com os transgressores",
Mc 15.27-28, "27 Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua
direita, e outro à sua esquerda. 28 E cumpriu-se a Escritura que diz: Com
malfeitores foi contado". Ver ainda Is 53.12, "Por isso, eu
lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo,
porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores;
contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores
intercedeu".
b.
Os dois ladrões, um dos quais ouviu palavras de misericórdia infinita na cruz
central e foi ao paraíso, enquanto que o outro, persistindo na sua zombaria e
rejeição, foi à perdição, Lc 23.39-43, "39 Um dos malfeitores
crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti
mesmo e a nós também. 40 Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o,
dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? 41 Nós, na
verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem;
mas este nenhum mal fez. 42 E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando
vieres no teu reino. 43 Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje
estarás comigo no paraíso".
V – EXALTADO POR DEUS
1.
Finalmente, os propósitos soberanos e sábios de Deus para com José
frutificaram. Aquele que honrou ao Senhor no Egito, foi honrado por ele no
mesmo lugar e foi feito "autoridade sobre toda a terra do Egito", Gn
41.41, 43, "41 Disse mais Faraó a José: Vês que te faço autoridade
sobre toda a terra do Egito. 43 E fê-lo subir ao seu segundo carro, e clamavam
diante dele: Inclinai-vos! Desse modo, o constituiu sobre toda a terra do
Egito".
2.
Assim, todos os habitantes tinham que ajoelhar-se perante ele. José podia dizer
mais tarde aos seus irmãos: "Deus me pôs por senhor em toda a terra do
Egito", Gn 45.9. Assim, falando de Jesus que, a fim de exaltar ao
Pai, se humilhou, mas Deus "O exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que
está acima de todo nome". Está chegando o dia quando todo joelho se
dobrará perante Ele "e toda língua confessará que Jesus Cristo é Senhor".
a.
Fp 2.5-11, "5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em
Cristo Jesus, 6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como
usurpação o ser igual a Deus; 7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a
forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura
humana,
b.
At 10.36, "Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel,
anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor
de todos".
VI – PROVEDOR DE DEUS
1.
O exaltado José foi o provedor de pão para um mundo necessitado. O mandamento
de Faraó foi: "Ide a José; o que ele vos disser, fazei"; "todas
as terras vinham ao Egito para comprar de José", Gn 41.55-57,
"55 Sentindo toda a terra do Egito a fome, clamou o povo a Faraó por pão;
e Faraó dizia a todos os egípcios: Ide a José; o que ele vos disser fazei. 56
Havendo, pois, fome sobre toda a terra, abriu José todos os celeiros e vendia
aos egípcios; porque a fome prevaleceu na terra do Egito. 57 E todas as terras
vinham ao Egito, para comprar de José, porque a fome prevaleceu em todo o
mundo".
2.
Jesus é provedor de seu povo:
a.
"Eu sou o pão da vida", disse o José celestial, "o que vem a
mim, jamais terá fome", Jo 6.35, "Declarou-lhes, pois, Jesus:
Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim
jamais terá sede".
b.
Os que comeram do pão de José (como no caso do maná no deserto) já morreram, Jo
6.49, "Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram". Porém,
Jesus afirmou: "Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele
comer não pereça", Vs. 50-51.
c.
Assim, o mandamento é dado para todos os que querem ter a sua necessidade
eterna satisfeita: "Fazei tudo o que ele vos disser" (João 2.5).
VII – RECONHECIDO POR SEUS IRMÃOS
1.
Por fim, José foi reconhecido pelos seus irmãos, que anteriormente o
desprezavam e rejeitavam e que o tinham vendido ao Egito. Aquele que eles
rejeitaram se tornou o meio de sua bênção! Num dia que logo há de chegar,
"todo olho o verá (a Jesus), até quantos o traspassaram" e sua
própria nação, que rejeitou ao Senhor, será abençoada através dele.
2.
No entanto, enquanto esperamos aquele dia quando a glória do Senhor será
exposta a um mundo admirador, podemos discernir, no mandamento de José a seus
irmãos "anunciai... toda a minha glória", Gn 45.13,
"Anunciai a meu pai toda a minha glória no Egito e tudo o que tendes
visto; apressai-vos e fazei descer meu pai para aqui", a responsabilidade
que nos é confiada, de proclamar a glória de Jesus àqueles que, como Jacó, não
sabem que aquele que foi morto "ainda vive", Gn 45.28, "E
disse Israel: Basta; ainda vive meu filho José; irei e o verei antes que eu
morra". O mesmo mandamento ("Anunciai a meu Pai toda a minha glória"),
pode ser aplicado ao privilégio que temos de adorar seu Pai, que tem prazer em
ouvir seu povo falar bem de seu Filho.
CONCLUSÃO:
1.
Vimos que comparativamente a José o Senhor Jesus foi humilhado, vilipendiado,
acusado falsamente, preso e morto. Porém, após seu sofrimento, o Deus o Pai, o
exaltou soberanamente e lhe deu o nome que está acima de todo nome. Jesus
Cristo, ocupa ao lado do Pai, uma posição de destaque e chegará o dia em que
todas as nações e indivíduos o reconhecerá com "Senhor Absoluto".
2.
Como servos de Deus, não poucas vezes também passamos por humilhações,
escárnios. Porém da mesma maneira que Deus exaltou a José na terra do Egito,
Deus pode nos exaltar neste mundo em que vivemos, se permanecermos fiéis a Ele,
Mt 25:21, "Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel;
foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu
senhor".
3.
Não crente: A vida cristã nem sempre é um mar de rosas, mas o Deus a
quem servimos nos exaltará, em muitos casos, ainda neste mundo e em todos os
casos na eternidade. Vale a pena ser filho de Deus!