IDENTIFICAÇÃO COM CRISTO
I PE 4.1-19
Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
1.
Queremos começar a palavra desta noite com a experiência de um missionário nas
Índias, que se identificou de tal maneira com Cristo, que mais tarde, quando
outro missionário veio para pregar em suas tribos, os nativos ouviam a mensagem
de Cristo, como se ela fosse do missionário anterior.
2.
Aquele homem de fato vivia, Gl 2.20, "Não mais eu vivo, mas Cristo
vive em mim". Nesta noite, queremos discorrer sobre o texto lido, falando
sobre:
"ALGUMAS IDENTIFICAÇÕES COM
CRISTO":
I - IDENTIFICAÇÃO COM CRISTO NA SUA
CARNE
1.
Assim como Cristo sofreu na carne, deixando o pecado, devemos estar prontos
para sofre com Ele na carne, para não sermos dominados pelo pecado, Vs. 1,
"Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo
pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado". Paulo nos
alerta sobre a crucificação da carne,
Gl 5.24, "E os que são de Cristo Jesus
crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências".
Rm 6.6-7, "6 sabendo isto: que foi crucificado
com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não
sirvamos o pecado como escravos; 7 porquanto quem morreu está justificado do
pecado".
2.
Viver na carne, significa viver de acordo com as paixões dos homens (perversão
sexual, devassidão, vícios, gula, imitações, etc.). O crente deve caminhar pela
vontade de Deus, pela sua Palavra, Vs. 2, "para que, no tempo que
vos resta na carne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas
segundo a vontade de Deus". Ver ainda 1 Ts 4.3-5, "5 não com o
desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; 6 e que, nesta
matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas
estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador,
7 porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a
santificação".
3.
Antes de nós nos tornarmos filhos de Deus, este tipo de vida era natural.
Vivíamos na imoralidade, nos desejos da carne, nas bebedeiras, nas orgias, na
idolatria, Vs. 3, "Porque basta o tempo decorrido para terdes
executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências,
borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias". Já basta o
que vocês fizeram! Vamos caminhar agora no Espírito de Deus, Gl 5.25,
"Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito".
4.
Pedro nos alerta que esta vida em Cristo de identificação com a sua carne
(sofrimento para deixar o pecado), nos expõe a "difamações"
(blasfêmias, proferimento de palavras ofensivas, com o sentido de ferir,
degradar), pela razão de não vivermos como eles vivem, Vs. 4, "Por
isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de
devassidão".
5.
Devemos suportar tais investidas, sem perdermos de vista que Deus os julgará, Vs.
5-6, "5 os quais hão de prestar contas àquele que é competente para
julgar vivos e mortos; 6 pois, para este fim, foi o evangelho pregado também a
mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam no espírito
segundo Deus". Nenhum vivo, ou morto deixará de responder pelas suas más
ações, pensamentos e palavras diante do reto Juiz:
Tg 4.1-2, "1 De onde procedem guerras e
contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa
carne? 2 Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter;
viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis".
Hb 4.13, "E não há criatura que não seja
manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e
patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas".
Mt 12.36-37, "36 Digo-vos que de toda palavra
frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; 37 porque,
pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás
condenado".
At 10.42, "e nos mandou pregar ao povo e
testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de
mortos".
2 Tm 4.1, "Conjuro-te, perante Deus e Cristo
Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu
reino".
6.
Não importa que soframos em nossa carne. Tal sofrimento nos fará afastar do
pecado. Isto não significa que Deus vai nos colocar enfermidades para sofremos.
O sofrimento vem pelo controle forte que temos que exercer sobre a nossa carne.
II - IDENTIFICAÇÃO COM CRISTO NA
SUA SEGUNDA VINDA
1.
Certamente Cristo voltará, Vs. 7, "O fim está próximo". Esta
expressão nos alerta sobre a preparação para nos encontrarmos com o Senhor.
Devemos caminhar prudentemente, aguardando este glorioso encontro: "Sede
criteriosos", "Sede sérios e sóbrios de mente". Alguns pontos a
considerar:
a.
Devemos estar vigilantes na oração, Vs. 7, "Ora, o fim de todas as
coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas
orações". A falta de vigilância, pode nos levar à queda espiritual: ]
Mt 26.41, "Vigiai e orai, para que não entreis
em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca".
Mc 13.34-37, "34 É como um homem que, ausentando-se
do país, deixa a sua casa, dá autoridade aos seus servos, a cada um a sua
obrigação, e ao porteiro ordena que vigie. 35 Vigiai, pois, porque não sabeis
quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo,
se pela manhã; 36 para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo.
37 O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai!"
b.
Devemos viver o amor fraternal intensamente. Este amor nos levará a suportar as
falhas de nossos irmãos, tornando o nosso relacionamento envolvente, Vs. 8,
"Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o
amor cobre multidão de pecados". Ver ainda 1 Co 13.13 "Agora,
pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é
o amor".
c.
Devemos praticar a hospitalidade com alegria, Vs. 9, "Sede,
mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração". Ver ainda:
Rm 12.13, "compartilhai as necessidades dos
santos; praticai a hospitalidade".
Hb 13.2, "Não negligencieis a hospitalidade,
pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos".
Gn 18.1-8, "1 Apareceu o SENHOR a Abraão nos
carvalhais de Manre, quando ele estava assentado à entrada da tenda, no maior
calor do dia. 2 Levantou ele os olhos, olhou, e eis três homens de pé em frente
dele. Vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro, prostrou-se em terra
3 e disse: Senhor meu, se acho mercê em tua presença, rogo-te que não passes do
teu servo; 4 traga-se um pouco de água, lavai os pés e repousai debaixo desta árvore;
5 trarei um bocado de pão; refazei as vossas forças, visto que chegastes até
vosso servo; depois, seguireis avante. Responderam: Faze como disseste. 6
Apressou-se, pois, Abraão para a tenda de Sara e lhe disse: Amassa depressa
três medidas de flor de farinha e faze pão assado ao borralho. 7 Abraão, por
sua vez, correu ao gado, tomou um novilho, tenro e bom, e deu-o ao criado, que
se apressou em prepará-lo. 8 Tomou também coalhada e leite e o novilho que
mandara preparar e pôs tudo diante deles; e permaneceu de pé junto a eles
debaixo da árvore; e eles comeram".
d.
Servindo aos outros de acordo com o que recebemos do Espírito de Deus, Vs.
10, "Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como
bons despenseiros da multiforme graça de Deus". Somos
"despenseiros" - mordomos, aquele que guarda para servir. Pedro aqui
alista três coisas importantes:
d.1.
Se o nosso ministério envolve fala, devemos falar de acordo com os oráculos de
Deus, Vs. 11, "Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de
Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as
coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a
glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!" Os oráculos de Deus,
são a própria Palavra de Deus. Ver ainda:
Rm 3.2, "Muita, sob todos os aspectos.
Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus".
At 7.38, "É este Moisés quem esteve na
congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os
nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir".
d.2.
Se o nosso ministério é servir, Vs. 11, "Se alguém fala, fale de
acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus
supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus
Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos.
Amém!" Devemos servir de acordo com a ação do Espírito Santo de Deus em
nós. O "servir" aqui, envolve em seu sentido amplo, o atendimento das
necessidades físicas, ou espirituais. Devemos fazê-lo pelo Poder de Deus, e não
servir mecanicamente, ou por obrigação, pois este tipo de serviço não agrada a
Deus.
d.3.
Tanto o falar como o servir ou qualquer outro ministério, quando realizados por
nós com alegria no Espírito Santo, glorificará e exaltará o nome de nosso Deus
de Poder.
3.
É assim que nos identificamos com Cristo na sua segunda vinda, aguardando
iminentemente, e praticando coisas que nos preparam, e ao mesmo tempo agradam
ao Senhor.
III - IDENTIFICANDO EM CRISTO NOS
SEUS SOFRIMENTOS
1.
Não queremos ficar alarmando com as duras provas que às vezes sofremos, como se
algo fora do comum estiver acontecendo, Vs. 12, "Amados, não
estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos,
como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo". Cristo já
alertara que os filhos de Deus sofreriam provações, Jo 16.33,
"Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo,
passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo". Paulo fala
sobre isto em At 14.22, "fortalecendo a alma dos discípulos,
exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas
tribulações, nos importa entrar no reino de Deus".
2.
Devemos nos alegrar por sermos participantes dos sofrimentos de Cristo, Vs.
13, "pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois
co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de
sua glória, vos alegreis exultando". Quantos vivem na lamúria, quando
estão passando por provações?, Tg 1.2-4, "2 Meus irmãos, tende por
motivo de toda alegria o passardes por várias provações, 3 sabendo que a
provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. 4 Ora, a
perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em
nada deficientes". Vejamos ainda:
a.
ensino de Cristo, Mt 5.4, 10-12, "4 Bem-aventurados os que
choram, porque serão consolados. 10 Bem-aventurados os perseguidos por causa da
justiça, porque deles é o reino dos céus. 11 Bem-aventurados sois quando, por
minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal
contra vós. 12 Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos
céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
b.
Paulo
e Silas, At 16.1sess.
3.
Esta perseguição, ou tribulação, é a prova de nossa filiação a Deus. Repousa
sobre nós o Espírito Santo, Vs. 14, "Se, pelo nome de Cristo, sois
injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória
e de Deus". Certamente que isto ofende o mundo, que é totalmente hostil a
Deus, por ser controlado por Satanás.
4.
O sofrimento cristão, não deve ser causa de vergonha, pelo contrário, devemos
agradecer a Deus, por sermos "chamados cristãos", por carregarmos o
peso deste nome, Vs. 15-16, "15 Não sofra, porém, nenhum de vós
como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios
de outrem; 16 mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes,
glorifique a Deus com esse nome". Devemos lembrar que este título era pejorativo
com é hoje o título de "Crentes", "Bíblias", "Pula
N'agua", etc. Esta palavra só aparece três vezes na Bíblia, e sempre neste
sentido. Outras duas, At 11.26; 26.28.
5.
Devemos estar confiantes no justo Juízo de Deus, que fará julgamento perfeito contra
aqueles que nos perseguem, e tentam destruir a Igreja de Deus, Vs. 17-18,
"17 Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora,
se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho
de Deus? 18 E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o
ímpio, sim, o pecador?"
6.
Devemos aprender a confiar nas promessas de Deus e depender exclusivamente
dEle, Vs. 19, "Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de
Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem". Vera ainda
2 Tm 1.12, "e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não
me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é
poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia".
CONCLUSÃO:
1.
Devemos nos identificar com Cristo em sua carne, para vencer o pecado.
2.
Devemos nos identificar com Cristo na sua segunda vinda, nos preparando para
aquele dia quando nos encontrarmos com Ele.
3.
Devemos nos identificar com Cristo nos seus sofrimentos, nos alegrando nas
tribulações.