CRISTO, PRESENÇA QUE SUPRE

IS 58.11

Extraído do "Caderno do Pastor" da Junta de Missões Nacionais, 1998, pags. 25-27. Artigo de Antônio Carlos Gonçalves Affonso, com notas acréscimos e supressões pelo Pr. José Antônio Corrêa.

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

Introdução:

1. Observando a Palavra de Deus com carinho, notamos que os capítulos 56 a 59 tratam do pecado de Israel. Algumas coisas se destacam no povo de Deus que faziam com que a indignidade do Senhor recaísse sobre a nação eleita: desrespeito ao Sábado do Senhor; ambição e glutonaria dos chefes de Israel; presença grandiosa de idolatria, com conseqüente afastamento do povo da presença de Deus; grandes injustiças sendo cometidas por aqueles que eram líderes naquela nação, sem falar no ponto deste capítulo que visa mostrar a meticulosidade do jejum praticado, mas com algo que não agradava a Deus.

2. Ao olhar para o povo de Israel da época de Isaías, posso ver o nosso Brasil do final do século XX. Da mesma forma que o grande profeta, estamos hoje no meio de grandes injustiças por parte de nossos governantes e líderes, numa ambição desenfreada pelo poder e pelo dinheiro; uma religiosidade falsa onde Deus nunca está de fato em primeiro lugar.

3. Dentre o povo de Israel haveria de ter um remanescente. Alguém que se levantaria no meio de tudo isso para que se apregoasse a vontade de Deus. A esse pequeno povo, Deus promete estar ao lado e fazê-lo prosperar em bênçãos incomparáveis.

4. Hoje, como Igrejas de Cristo em meio a um povo destruído pela idolatria e pelo materialismo corrompido, temos que sair para levar este Evangelho. Para tanto, precisamos de uma Igreja que confie nas promessas do Senhor, de uma Igreja que reconheça que somente em Cristo teremos tudo que precisamos. Urge a necessidade de fazermos ouvir a nossa voz no meio deste povo. E Deus, com absoluta certeza, estará conosco.

 

I - O SENHOR ESTARÁ MOSTRANDO DIREÇÃO

1. Batistas brasileiros, hoje temos a incumbência de fazermos conhecido o Evangelho em toda a terra, e também em nossa amada terra. Não podemos deixar que formalismos religiosos ou denominacionais nos atrapalhem o crescimento e a pregação da Palavra de Deus.

2. Creio que o planejamento antecipado seja de suma importância. Acredito firmemente que devemos estar buscando nos organizar melhor, mostrando que não estamos alheios ao que o mundo hoje está oferecendo. Mas, em contrapartida, não podemos estar confiando apenas nesta organização. Nossa capacidade vem inteiramente de Deus, II Co 3.5, de mais ninguém. Somente o Senhor, com sua soberana, onisciente e poderosa vontade poderá nos dirigir pelos caminhos e valados deste país de maravilhosas mil.

3. A Igreja moderna deve conscientizar-se de que sua confiança deve ser inteiramente no Senhor. Os caminhos que teremos que seguir devem ser fruto da vontade de Deus. Todo planejamento humano, e tudo que venhamos a fazer tem que ter a aquiescência de Deus. Porém, mais do que o consentimento do Deus de Abraão, necessitamos de sua direção.

4. O povo de Israel estava vivendo uma religiosidade de aparência. E Deus estava chamando seu povo para viver dentro de sua vontade, e assim ele mostraria a direção correta. Será que hoje não estamos sendo dirigidos por Deus? Você, pastor ou líder denominacional, será que tem sido dirigido pela Palavra de Deus? É muito fácil dizer que o que se está fazendo é da vontade de Deus quando não se tem como provar nada. É muito cômodo afirmar a necessidade de se levantar santuários suntuosos, afirmando que é da vontade de deus, quando milhares de almas perecem sem ouvir falar de Cristo, e a grande vontade de Deus é que o Evangelho seja pregado.

5. Também é muito simples declarar que, como membro comum da Igreja, abandona-se toda responsabilidade de pregar o Evangelho e de fazer missões nas mãos dos pastores e missionários. A obra missionária é para todos.

6. Sem dúvida, o verdadeiro remanescente será dirigido pelo Senhor. Esperamos que os batistas brasileiros sejam orientados pelo mesmo Deus de Isaías, para transforma este país.

 

II - SUSTENTADOS EM MEIO ÀS AFLIÇÕES E DIFICULDADES

1. Como a declaração de Isaías "E te fartará em lugares áridos" queremos dizer que é Deus quem nos sustenta em meio a aflições e dificuldades. Não quero de modo algum crer que este sustento de Deus tenha alguma coisa a ver com a prosperidade material ou coisa semelhante. Mas acredito que Deus nos sustenta exatamente para a proclamação de sua obra, para que o Evangelho seja conhecido até os confins da terra, e de nossa amada terra do Brasil.

2. Restam-nos agora as perguntas: Que aflições temos em um país onde o Evangelho pode ser pregado livremente? Qual a dificuldade que temos, se podemos chegar em uma praça pública e pregar à vontade? Há dois aspectos que destacamos. Esta tranqüilidade poderá não continuar para sempre.

3. Creio que um dia as coisas poderão sofrer sérias mudanças. Esta aparente tranqüilidade poderá se converter em grande aflição. Estaremos vivendo um governo mundial de um anticristo que trará para nós tristezas sem fim. E Deus nos promete, não tirar da tribulação, mas nos fartar no meio dos lugares áridos. Continuaremos no meio do deserto; todavia estaremos fartos, pois o Deus de Israel nos sustentará.

4. Se estamos vivendo sem sermos incomodados, é porque também não estamos incomodando com a nossa mensagem o mundo que nos cerca.

5. Um ponto que entristece muito é ver uma pregação vazia. Creio que está passando da hora de começarmos a pregar com mais vigor e força. É momento de incomodarmos, como Isaías, a idolatria, a ganância e a mentira. Vejo líderes hoje que, em nome da ética humana, esquecem-se da Ética de Deus. Não precisamos, ao pregar as verdades do alto, nos preocupar tanto com detalhes terrenos. Deus nos sustentará em meio a esta aridez também.

6. Com relação ao detalhe acima, lembro-me agora que Isaías e Jeremias estavam no meio de um povo e de reis que, muitas vezes, não queriam ouvir certas coisas, mas eles falavam assim mesmo. Isaías tinha acesso livre ao palácio, e nem assim emudecia a sua voz. É hora de falarmos com a confiança de que Deus nos manterá firmes. É hora de levantar jovens que tenham um compromisso com o Deus que é sustentador. É o momento de termos Igrejas que estejam debaixo da ordem de Deus para pregarem o Evangelho dentro da Palavra divina.

7. Hoje a Igreja tem confiado muito em si mesma. Talvez por isto não pregue com autoridade. A Igreja tem-se preocupado muito em agradar a homens, por isto não necessite sentir o poder sobrenatural do sustento de Deus em meio às aflições. Ou ainda talvez a Igreja tem se preocupado muito consigo mesma, esquecendo-se que existem vidas necessitando do auxílio dela, pois ela já tem o sustento de Deus.

8. Missões faz parte da grande direção de Deus para o encerramento de tudo. Através da pregação do Evangelho, estaremos de fato contribuindo para acelerarmos o processo para a volta de Cristo, Mc 13.10. Os batistas brasileiros precisam ter uma consciência estimulada para a área de missões. Lembrando que, mesmo em meio a aflições, o Senhor nos sustentará como povo dele.


III - FORTALECIDOS PARA NOS MANTERMOS DE PÉ

1. Claro que, caso eu esteja certo, e se de fato um dia sofrermos perseguições e tribulações neste mundo, em que seremos sustentados? Seremos sustentados exatamente no fato de nos mantermos de pé, firmes nas promessas "daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz".

2. Parece estranho que em uma mensagem sobre missões se fale tanto deste sustento divino no meio das aflições. A questão é que hoje vivemos à base de relatórios e pregações de um avivamento que não é tão real assim. Fala-se que o Evangelho está sendo pregado pelo Brasil, mas a corrupção não é sequer abalada, os crentes não são nem mesmo citados nos jornais como pessoas que se levantam contra a corrução, pelo menos com sua mensagem, como fizeram Isaías e outros profetas. Não quero, de forma alguma, afirmar que os evangélicos têm que se filiar a um partido contrário a governos para mostrar sua indignação contra o pecado, mas levantar a bandeira de um Evangelho firme, que nos faz cônscios de que Deus estará sempre nos fortalecendo com sua Palavra.

3. Para nós, Batistas Brasileiros, resta-nos unirmos forças em todo o Brasil, para pregarmos o Evangelho verdadeiro, em todos os lugares deste país maravilhoso. Para "apregoarmos o ano aceitável do Senhor", com absoluta certeza, o Deus que nos sustenta, manter-nos-á de pé fortalecidos pelo seu poder.

 

IV - RADIANTES NA PRESENÇA DO DEUS VIVO

1. Por último, Isaías declara que o povo de Deus seria "como um jardim regado e como um manancial, cujas águas nunca falham". Aqui vemos toda a comprovação do Deus que, através de Cristo, supre, nutre e levanta seu povo. Esta certeza deve produzir em nós uma alegria sem igual.

2. É obvio que, para atingirmos estes estágio diante do Senhor, resta-nos apenas adquirirmos uma plena consciência de nossa tarefa. Não podemos esperar para sermos um jardim regado, se não permitirmos que o jardineiro cuide de nós, tirando matos e ervas daninhas que estão impedindo com que a beleza da santidade de Deus seja mostrada por completo.

3. Reconheço que parte desta profecia constatada no final deste versículo é para um futuro fora deste mundo. Mas nem por isso deixaremos de receber parte dela aqui neste mundo. Até porque nossa alegria fará a grande diferença. É hora de estarmos radiantes e alegres na presença do Cristo que supre, do Deus que sustenta, do Espírito que consola. Nossa alegria é sabermos que tais ações divinas levar-nos-ão a pregar o Evangelho a um povo carente de tudo, mas principalmente carente de Deus.

 

Conclusão:

1. Temos muito a agradecer a Deus sua fidelidade; entretanto, temos muito o que fazer ainda pelo nosso país e pelo nosso povo. A fome do nordeste, sua idolatria e seus problemas não podem passar despercebidos aos nossos olhos. A religiosidade prática e não espiritual do sul deve ser vista por nós com olhar de misericórdia. O animismo presente em nossos índios, bem como os costumes cheios de vícios que têm adquirido do homem branco necessitam de nossa atenção especial.

2. Tenho plena convicção que experimentaremos maravilhas sem para em nossas Igrejas, quando nos dispusermos a pregar o Evangelho como ele deve ser pregado. Quando nos colocarmos diante de Cristo, reconhecendo que ele é o supridor de, e para nossas vidas.

3. Que Deus possa estar nos auxiliando para compreendermos o sentido exato do Evangelho de Cristo. O Evangelho deve ser pregado com toda nossa força. E nós, Batista Brasileiros, temos que abraçar a força de Deus para sairmos a pregar em todo canto de nossa terra. Afinal, Cristo é a presença que supre! Amém.