ENVOLVIMENTO PROFUNDO COM DEUS

AT 4.31-37

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

Texto: "31 E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus. 32 E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. 33 E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. 34 Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. 35 E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha".

 

INTRODUÇÃO:

1. Muitas vezes perguntamos a nós mesmos: Qual é o poder que estava presente na Igreja Primitiva, que fazia com que ela operasse numa dimensão aparentemente diferente do que nós, com milagres, curas, manifestações sobrenaturais do Espírito Santo?

2. O que de fato acontecia, é que os primeiros discípulos, tinham um envolvimento com a vida em Deus muito mais do que o envolvimento que temos hoje. Tal envolvimento os levava a ter uma vida mais profunda em Deus, e operavam com mais autoridade e poder.

3. No trecho lido, que relata experiências da Igreja Primitiva, há:

 

"Três Aspectos Deste Envolvimento Mais Profundo com Deus":

 

I - PODER NA ORAÇÃO.

VS. 31, "E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus".

1. Duas coisas aconteceram enquanto eles oraram:

a. "Tremeu o Lugar onde estavam reunidos". O que podemos deduzir é que Deus estando atento às orações deles, respondendo com este sinal externo.

b. "Todos foram cheios do Espírito Santo". Temos aqui outro sinal evidente de que suas orações estavam sendo acolhidas por Deus.

2. É preciso crer que quando oramos, as coisas acontecem. Vamos ver outros exemplos na Palavra de Deus:

a. At 12.1-10, "A Igreja fazia oração contínua a Deus por ele", Vs. 5. Temos aqui a oração praticada com insistência. O termo original para "insistência", é o mesmo termo usado para descrever a oração de Jesus no Getsêmani, Lc 22.44, "orava intensamente". É a palavra grega "ektenós". Veja o resultado desta "oração incessante":

Vs. 7-10 "7 E eis que sobreveio o anjo do Senhor, e resplandeceu uma luz na prisão; e, tocando a Pedro na ilharga, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias. 8 E disse-lhe o anjo: Cinge-te, e ata as tuas alparcas. E ele assim o fez. Disse-lhe mais: Lança às costas a tua capa, e segue-me. 9 E, saindo, o seguia. E não sabia que era real o que estava sendo feito pelo anjo, mas cuidava que via alguma visão. 10 E, quando passaram a primeira e segunda guardas, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si mesma; e, tendo saído, percorreram uma rua, e logo o anjo se apartou dele".

b. At 16.25-31, "...oravam e cantavam hinos a Deus". Novamente os discípulos estavam numa situação desesperadora. O recurso que tinham à disposição, era a oração. O Que aconteceu enquanto eles oravam e cantavam hinos a Deus? Ver Vs. 26, "E de repente sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos".

c. At 28.7-9, "7 E ali, próximo daquele lugar, havia umas herdades que pertenciam ao principal da ilha, por nome Públio, o qual nos recebeu e hospedou benignamente por três dias. 8 E aconteceu estar de cama enfermo de febre e disenteria o pai de Públio, que Paulo foi ver, e, havendo orado, pôs as mãos sobre ele, e o curou". Temos aqui a oração de Paulo pelo pai de Públio. Esta oração produziu efeitos extraordinários, uma vez que aquele homem foi curado, mediante a oração de Paulo.

d. Tg 5.17-18, "17 Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. 18 E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto". Elias orou para que não chovesse e por três anos e seis meses não choveu. Depois orou novamente e choveu. Ver ainda I Rs 17.1; 18.41-45.

3. É preciso aprender a orar, pois a "oração de um justo pode muito em seus efeitos", Tg 5.16.

 

II - TESTEMUNHO OUSADO

VS. 33, "31 E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus. 32 E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. 33 E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.".

1. No corpo da oração que fizeram a Deus, eles pediram ousadia no Espírito Santo, para anunciarem a Palavra de Deus, At 4.29, "Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra".

2. Aqui temos a resposta de Deus, "...anunciavam com intrepidez a Palavra de Deus", Vs. 31. Mais adiante vemos que estavam praticando a pregação ousada, Vs. 33, "Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor". A pregação e o ensino são pontos característicos no Livro de Atos:

a. At 5.21, 25, 29-32, 40-42.

"21 E, ouvindo eles isto, entraram de manhã cedo no templo, e ensinavam. Chegando, porém, o sumo sacerdote e os que estavam com ele, convocaram o conselho, e a todos os anciãos dos filhos de Israel, e enviaram ao cárcere, para que de lá os trouxessem". Isto faziam, mesmo sob ameaças das autoridades.

"25 E, chegando um, anunciou-lhes, dizendo: Eis que os homens que encerrastes na prisão estão no templo e ensinam ao povo". Libertos da prisão por mais uma vez passaram a ensinar o povo.

"29 Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens. 30 O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro. 31 Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. 32 E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem". Sob ameaças responderam com estas palavras.

b. At 8.1-8, "1 E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos. 2 E uns homens piedosos foram enterrar Estêvão, e fizeram sobre ele grande pranto. 3 E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão. 4 Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra. 5 E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo. 6 E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia; 7 Pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. 8 E havia grande alegria naquela cidade". Os discípulos dispersos e Felipe iam por toda a parte pregando e ensinando o povo.

3. Precisamos ter ousadia no testemunho.

 

III - COMUNHÃO AUTÊNTICA

1. A palavra "comunhão", vem do termo grego "koinonia", que significa, "participação", "quinhão", "comunicação", "auxílio", "intimidade", "cooperação", "sociedade".

2. Dentro do texto podemos ver que a "koinonia", envolvia três aspectos:

a. Aspecto físico: A participação nos bens físicos, Vs. 32, 34-37. Este tipo de comunhão, é vista em outras passagens do livro de Atos, At 2.44-45, "44 E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. 45 E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. Tal comunhão fez surgir no meio deles um sentimento de projeção, que foi tratado por Deus, At 5.1-11.

b. Aspecto Espiritual: Envolvimento do coração e da alma, Vs. 32. Ver ainda At 2.42, 46, "42 E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações 46 E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração". A própria Ceia do Senhor é tida como elemento de comunhão física, mas com uma conotação muito mais acentuada em termos espirituais, 1Co 11.23sess.

c. Aspecto Comunicativo: Testemunho cristão: Vs. 33, "E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Ver também At 2.47, "47 Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar".

3. Vamos praticar a comunhão verdadeira.

 

CONCLUSÃO:

1. Como Igreja de Cristo na terra, precisamos operar com o mesmo poder que os primeiros discípulos operavam. Para isto precisamos estar atentos aos princípios da Palavra de Deus:

a. Oração de Poder,

b. Pregação ousada,

c. Comunhão verdadeira entre irmãos.

2. Vamos reviver em nossos dias a vida e testemunho dos apóstolos.