UMA PROVA DE FOGO

1 RS 18.21

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

INTRODUÇÃO:

1. O ser humano não gosta de monotonia. Tem prazer em buscar novidades. Isto podemos observar quando vamos fazer compras num supermercado – novos itens nos atraem! No sentido religioso, também há pessoas que são ávidas por quaisquer novidades. Quando surge uma doutrina nova, um novo ensinamento, este "algo novo", é captado facilmente, embora, muitas vezes, isto pode ser perigoso, At 17.15-21, "15 E os que acompanhavam a Paulo levaram-no até Atenas e, tendo recebido ordem para Silas e Timóteo a fim de que estes fossem ter com ele o mais depressa possível, partiram. 16 Enquanto Paulo os esperava em Atenas, revoltava-se nele o seu espírito, vendo a cidade cheia de ídolos. 17 Argumentava, portanto, na sinagoga com os judeus e os gregos devotos, e na praça todos os dias com os que se encontravam ali. 18 Ora, alguns filósofos epicureus e estóicos disputavam com ele. Uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece ser pregador de deuses estranhos; pois anunciava a boa nova de Jesus e a ressurreição. 19 E, tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas? 20 Pois tu nos trazes aos ouvidos coisas estranhas; portanto queremos saber o que vem a ser isto. 21 Ora, todos os atenienses, como também os estrangeiros que ali residiam, de nenhuma outra coisa se ocupavam senão de contar ou de ouvir a última novidade".

2. Cremos que uma das razões da apostasia religiosa do povo de Israel no Antigo Testamento, foi a rotina religiosa, e consequentemente, a procura por novidades. Na época do nosso texto, Acabe, Rei de Israel, através de sua mulher Jezabel, introduziu na nação a adoração a Baal, um deus importado dos cananeus. Baal era o principal deus da fertilidade em Canaã. Ao escolher Baal como deus alternativo, Israel desprezou a adoração a Yaweh.

3. O que ocasionou a introdução ampla da adoração a Baal em Israel, nos dias de Acabe, foi o seu casamento com Jezabel, que era uma mulher idólatra, filha de um sacerdote-rei de Tiro, 1 Reis 16.31, "E, como se fosse pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, e foi e serviu a Baal, e o adorou". O nome do pai de Jezabel "Etbaal", significa "com Baal", o que nos sugere o seu vínculo religioso com esta divindade.

4. Elias, o profeta de Deus, não podia descansar, ao ver o seu povo atolado até ao pescoço, e sendo destruído por esta vil idolatria. Algo precisava ser feito. Diante do quadro visto, ele desafiou os profetas de Baal, para uma prova de fogo. De um lado, ele seria um defensor de Yaweh, o Deus Verdadeiro, e de outro lado, os profetas de Baal, tentariam provar que Baal era o verdadeiro Deus. Vejamos os pontos principais deste duelo:

 

I - OS PROFETAS DE BAAL (FALSOS)

1. Quem era Baal? A palavra "Baal" (leb), significa na língua hebraica "dono", "senhor". A palavra derivada de Baal, "Baalins", tinha uma conotação e um significado por regiões. Em cada região, era aplicada a um deus de acordo com suas crenças (deus da chuva, deus do sol, deus do fogo, etc.). Por esta razão há no A.T., nomes diferentes para identificar Baal: Baal-Zefon, Baal-Zebub, Baal-Berite, Baal-Tamar, etc.

2. Baal, foi adorado pelos cananitas e depois pelos fenícios. Nesta adoração, estavam presentes os abusos sexuais e o sacrifício de crianças, Jr 19.5, "E edificaram os altos de Baal, para queimarem seus filhos no fogo em holocaustos a Baal; o que nunca lhes ordenei, nem falei, nem entrou no meu pensamento".

3. Quando Jezabel chegou em Israel, imediatamente introduziu a adoração a Baal, tomando algumas providências:

a) Edificou em Samaria um templo a este deus estranho, 1Rs 16.32, "...e levantou um altar a Baal na casa de Baal que ele edificara em Samaria".

b) Encorajou os profetas falsos, 1Rs 18.19-20, "19 Agora pois manda reunir-se a mim todo o Israel no monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, e os quatrocentos profetas de Asera, que comem da mesa de Jezabel. 20 Então Acabe convocou todos os filhos de Israel, e reuniu os profetas no monte Carmelo". Observe a expressão: "...comem na mesa de Jezabel", o que nos sugere o entrelaçamento de Jezabel com estes profetas falsos.

c) Mandou assassinar os profetas verdadeiros, 1Rs 18.3-4, "3 Acabe chamou a Obadias, o mordomo (ora, Obadias temia muito ao Senhor; 4 pois sucedeu que, destruindo Jezabel os profetas do Senhor, Obadias tomou cem profetas e os escondeu, cinquenta numa cova e cinquenta noutra, e os sustentou com pão e água)".

4. Podemos ver o caos em que se encontrava a vida religiosa da nação de Israel. Era preciso pôr um fim nesta adoração falsa.

 

II - O PROFETA DO DEUS VERDADEIRO, ELIAS

1. Quem era Elias? Seu nome, vem do termo hebraico "hyla " - 'Eliyah, que significa "Yaweh é Deus".

2. Quanto ao seu passado, sua família, sua origem, não há qualquer registro na Palavra de Deus. A Bíblia nos revela apenas que veio de Gileade, uma área de poucos moradores, além do Rio Jordão.

3. Elias foi um profeta, cujo ministério caracterizou-se pela realização de grandes milagres (multiplicação do azeite, ressurreição, fogo do céu, etc.).

4. Profetizou sobre uma grande seca que assolaria a nação, 1Rs 17.1, "Então Elias, o tisbita, que habitava em Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor, Deus de Israel, em cuja presença estou, que nestes anos não haverá orvalho nem chuva, senão segundo a minha palavra". De acordo com sua palavra, por três anos e seis meses, não choveu. Orando posteriormente, a chuva voltou novamente:

a) 2Rs 18.41-45, "41 Então disse Elias a Acabe: Sobe, come e bebe, porque há ruído de abundante chuva. 42 Acabe, pois, subiu para comer e beber; mas Elias subiu ao cume do Carmelo e, inclinando-se por terra, meteu o rosto entre os joelhos. 43 E disse ao seu moço: Sobe agora, e olha para a banda do mar. E ele subiu, olhou, e disse: Não há nada. Então disse Elias: Volta lá sete vezes. 44 Sucedeu que, à sétima vez, disse: Eis que se levanta do mar uma nuvem, do tamanho da mão dum homem: Então disse Elias: Sobe, e dize a Acabe: Aparelha o teu carro, e desce, para que a chuva não te impeça. 45 E sucedeu que em pouco tempo o céu se enegreceu de nuvens e vento, e caiu uma grande chuva. Acabe, subindo ao carro, foi para Jizreel:

b) Tg 5.17-18, "17 Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor para que não chovesse, e por três anos e seis meses não choveu sobre a terra. 18 E orou outra vez e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto".

5. Tornou-se fugitivo da Rainha Jezabel após o incidente do texto lido, 1Rs 19.1-4, "1 Ora, Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito, e como matara à espada todos os profetas. 2 Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se até amanhã a estas horas eu não fizer a tua vida como a de um deles. 3 Quando ele viu isto, levantou-se e, para escapar com vida, se foi. E chegando a Berseba, que pertence a Judá, deixou ali o seu moço. 4 Ele, porém, entrou pelo deserto caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, dizendo: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais".

6. Um incidente curioso de sua vida, foi o fato dele não provar a morte física, algo comum a todos os mortais, 2Rs 2.11, "E, indo eles caminhando e conversando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho".

 

III – O CONFRONTO

a) De um lado estavam os profetas de Baal e de outro lado, Elias, o profeta de Deus. A prova envolvia o uso do fogo, 1Rs 18.23-24, "23 Dêem-se-nos, pois, dois novilhos; e eles escolham para si um dos novilhos, e o dividam em pedaços, e o ponham sobre a lenha, porém não lhe metam fogo; e eu prepararei o outro novilho, e o porei sobre a lenha, e não lhe meterei fogo. 24 Então invocai o nome do vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor; e há de ser que o deus que responder por meio de fogo, esse será Deus. E todo o povo respondeu, dizendo: É boa esta palavra".

b) Os profetas de Baal deveriam orar e sacrificar primeiro, 2Rs 18.25-29, "25 Disse, pois, Elias aos profetas de Baal: Escolhei para vós: um dos novilhos, e preparai-o primeiro, porque sois muitos, e invocai o nome do Senhor, vosso deus, mas não metais fogo ao sacrifício. 26 E, tomando o novilho que se lhes dera, prepararam-no, e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até o meio-dia, dizendo: Ah Baal, responde-nos! Porém não houve voz; ninguém respondeu. E saltavam em volta do altar que tinham feito. 27 Sucedeu que, ao meio-dia, Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; talvez esteja dormindo, e necessite de que o acordem. 28 E eles clamavam em altas vozes e, conforme o seu costume, se retalhavam com facas e com lancetas, até correr o sangue sobre eles.29 Também sucedeu que, passado o meio dia, profetizaram eles até a hora de se oferecer o sacrifício da tarde. Porém não houve voz; ninguém respondeu, nem atendeu".

- Baal não respondeu!

c) Elias faz seu sacrifício, 1Rs 18.30-39, "30 Então Elias disse a todo o povo: chegai-vos a mim. E todo o povo se chegou a ele. E Elias reparou o altar do Senhor, que havia sido derrubado. 31 Tomou doze pedras, conforme o número das tribos dos filhos de Jacó, ao qual viera a palavra do Senhor, dizendo: Israel será o teu nome; 32 e com as pedras edificou o altar em nome do Senhor; depois fez em redor do altar um rego, em que podiam caber duas medidas de semente. 33 Então armou a lenha, e dividiu o novilho em pedaços, e o pôs sobre a lenha, e disse: Enchei de água quatro cântaros, e derramai-a sobre o holocausto e sobre a lenha. 34 Disse ainda: fazei-o segunda vez; e o fizeram segunda vez. De novo disse: Fazei-o terceira vez; e o fizeram terceira vez. 35 De maneira que a água corria ao redor do altar; e ele encheu de água também o rego. 36 Sucedeu pois que, sendo já hora de se oferecer o sacrifício da tarde, o profeta Elias se chegou, e disse: Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque, e de Israel, seja manifestado hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra tenho feito todas estas coisas. 37 Responde-me, ó Senhor, responde-me para que este povo conheça que tu, ó Senhor, és Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração. 38 Então caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego. 39 Quando o povo viu isto, prostraram-se todos com o rosto em terra e disseram: O senhor é Deus! O Senhor é Deus!"

- Yaweh respondeu pelo fogo!

d) Elias ordena a destruição dos profetas de Baal, num total de 450, 1Rs 18.22, 40, "22 Então disse Elias ao povo: Só eu fiquei dos profetas do Senhor; mas os profetas de Baal são quatrocentos e cinquenta homens. 40 Disse-lhes Elias: Agarrai os profetas de Baal! que nenhum deles escape: Agarraram-nos; e Elias os fez descer ao ribeiro de Quisom, onde os matou". É possível que a mortandade dos profetas falsos tenha chegado a 850, já que estavam presentes ali também os 400 profetas de Asera, 1Rs 18.19-20, "19 Agora pois manda reunir-se a mim todo o Israel no monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, e os quatrocentos profetas de Asera, que comem da mesa de Jezabel. 20 Então Acabe convocou todos os filhos de Israel, e reuniu os profetas no monte Carmelo".

 

CONCLUSÃO:

1. Yaweh é o verdadeiro Deus, o único! Jesus Cristo é o Filho de Deus, que assumiu o plano de salvação, ao ser oferecido na cruz pelos nossos pecados.

2. A maior demonstração do poder de Deus, é a salvação do pecador.

3. Com a vitória de Elias, Deus eliminou o poder do mal, e a idolatria no meio de seu povo.

4. Muitas pessoas estão hoje servindo a deuses e coisas estranhas, deixando assim de servir ao Deus Eterno e Poderoso. Quero lembrar-lhe que você pode libertar-se da escravidão da idolatria e do poder de Satanás sobre a tua vida, mediante o sacrifício de Cristo por nós:

a) Rm 4.25, "...o qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação".

b) Gl 2.20, "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim".

5. Entregue sua vida a Cristo o Libertador, Jo 8.32, 36, "32 e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. 36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres".