EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA

JO 11.25

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

INTRODUÇÃO:

1. No estudo anterior vimos a figura de Jesus como o "Bom Pastor", que deu a vida pelas suas ovelhas, diferentemente do pastor mercenário que ao aproximar-se o perigo, foge deixando o rebanho desprotegido. Vimos ainda que nesta qualidade, o Mestre cuida do rebanho, tratando da ovelha doente, muitas vezes ferida, cheia de carrapichos, etc.! Por último, vimos que através do relacionamento íntimo que mantém com o rebanho, o Senhor conhece cada ovelha pelo seu próprio nome e delas também é conhecido. Temos em Jesus o pastor por excelência, que cuida de cada um de nós de maneira pessoal, nos dando segurança, proteção, amor, carinho!

2. No estudo de hoje, estaremos analisando mais uma qualificação "Eu Sou" de Jesus. Veremos o Senhor colocando-se como a "Ressurreição e a Vida", mostrando o seu poder sobre a morte. Sabemos que as doutrinas da vida eterna e da ressurreição corporal, sempre ocuparam o interesse dos estudiosos e religiosos judaicos, principalmente os escribas, fariseus e saduceus. Já no Velho Testamento, este conceito de uma ressurreição corporal era difundido entre o povo de Deus. Pelo menos três profetas fizeram alusão ao fato:

a) Isaías, Is 26.19, "Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre a terra das sombras fá-lo-ás cair".

b) Daniel, Dn 12.2, "E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno".

c) Oséias – Ressurreição do Senhor, Os 6.2, "Depois de dois dias nos ressuscitará: ao terceiro dia nos levantará, e viveremos diante dele".

3. Queremos ver hoje de que maneira o Senhor sendo a "Ressurreição e a Vida", se relaciona conosco. Vejamos:

 

I. SENDO A RESSURREIÇÃO E A VIDA, JESUS DEMONSTROU O SEU PODER SOBRE A MORTE EM SEU MINISTÉRIO TERRENO

1. A morte é uma das experiências mais dolorosas do ser humano, isto porque, ela tolhe, rouba, arrebata de nós aqueles que amamos, nos ocasionando a dor da separação. Não há momentos mais tristes para nós, do que aqueles enfrentados pela perda de um pai, de uma mãe, de um filho, ou de um ente querido. O simples fato de sabermos que não veremos mais aquela pessoa durante esta vida, nos causa profundo sentimento de dor!

2. Evidentemente, durante seu ministério terreno, Jesus várias vezes precisou enfrentar a morte, ora de seus ente queridos, ora de pessoas com as quais sequer mantinha qualquer relacionamento. Contudo, o pior momento de sua vida, foi quando teve que enfrentar a sua própria morte. Mesmo sendo Deus, o Senhor precisava morrer! Morreu de uma forma trágica, levando as marcas do desprezo e da vergonha, ao ser pendurado no madeiro. Quem era condenado a este tipo de morte era considerado maldito, Dt 21.23, "o seu cadáver não permanecerá toda a noite no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto aquele que é pendurado é maldito de Deus. Assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em herança". Esta afronta e vergonha, o Senhor sofreu por nós.

3. Porém Jesus, não sucumbiu diante das pressões da morte! Ele tinha, e tem o poder e domínio sobre ela! Durante seu ministério, ele pode demostrar que podia vencer a morte, e a venceu de maneira triunfante! Vejamos alguns exemplos:

a) Ressuscitou o filho da viúva de Naim, Lc 7.12-15, "12 Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. 13 Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. 14 Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te. 15 O que estivera morto sentou-se e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe".

b) Ressuscitou a filha de Jairo, chefe da sinagoga, Lc 8.49-55, "49 Enquanto ainda falava, veio alguém da casa do chefe da sinagoga dizendo: A tua filha já está morta; não incomodes mais o Mestre. 50 Jesus, porém, ouvindo-o, respondeu-lhe: Não temas: crê somente, e será salva. 51 Tendo chegado à casa, a ninguém deixou entrar com ele, senão a Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da menina. 52 E todos choravam e pranteavam; ele, porém, disse: Não choreis; ela não está morta, mas dorme. 53 E riam-se dele, sabendo que ela estava morta. 54 Então ele, tomando-lhe a mão, exclamou: Menina, levanta-te. 55 E o seu espírito voltou, e ela se levantou imediatamente; e Jesus mandou que lhe desse de comer".

c) Ressuscitou Lázaro, morto há quatro dias, Jo 11.38-44, "38 Jesus, pois, comovendo-se outra vez, profundamente, foi ao sepulcro; era uma gruta, e tinha uma pedra posta sobre ela. 39 Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque está morto há quase quatro dias. 40 Respondeu-lhe Jesus: Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus? 41 Tiraram então a pedra. E Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, graças te dou, porque me ouviste. 42 Eu sabia que sempre me ouves; mas por causa da multidão que está em redor é que assim falei, para que eles creiam que tu me enviaste. 43 E, tendo dito isso, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora! 44 Saiu o que estivera morto, ligados os pés e as mãos com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir".

4. Através dos exemplos citados, não nos ficam quaisquer dúvidas de que o Senhor exerceu poderosamente o domínio, o controle, sobre a vida e a morte. Porém o seu poder sobre a vida e a morte ficou ainda mais evidente, quando Ele venceu a própria morte ao levantar-se dentre os mortos, com provas incontestáveis! No dizer de Pedro: "...ao qual Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, pois não era possível que fosse retido por ela", At 2.24. Os evangelhos e as epístolas descrevem de maneira clara a ressurreição de Cristo e seu aparecimento a muitos irmãos num corpo glorificado. Observe alguns exemplos de seu aparecimento:

a) A Maria Madalena, Mc 16.9;

b) Às outras mulheres, Mt 28.9;

c) Aos dois discípulos no caminho de Emaús, Lc 24.15;

d) Aos onze discípulos, Lc 24.36;

e) A Pedro, 1 Co 15.5;

f) A mais de quinhentos irmãos de uma só vez, 1 Co 15.6;

g) A Tiago e a todos os apóstolos, 1 Co 15.7;

h) A Paulo, 1 Co 15.8.

5. Aleluia, com provas evidentes, claras, incontestáveis, Jesus venceu a morte!

 

II. SENDO A RESSURREIÇÃO E A VIDA, JESUS É A NOSSA GARANTIA DA RESSURREIÇÃO FINAL

1. Temos aqui um fato digno de nota! Não podemos nos esquecer que a ressurreição do Senhor é a garantia de nossa ressurreição corporal no final dos tempos! Assim como Jesus venceu a morte, por ele, nós também haveremos de vencê-la no dia em que formos levantados do pó da terra para receber um novo corpo. Esta é a esperança de cada um que serve a Deus na terra.

2. Falando num contexto de ressurreição corporal, o apóstolo Paulo se expressa: "Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima", 1 Co 15.19. Observe que no versículo anterior (v. 18) o apóstolo afirma que, sem a garantia da ressurreição corporal, aqueles que morreram em Cristo "estão perdidos". Tais crentes "estariam perdidos", no dizer de Paulo, porque a esperança deles terminaria no túmulo! Mas, graças a Deus que não será assim! Jesus venceu a morte e nós também seremos vitoriosos sobre ela através dele.

3. Escrevendo sobre o arrebatamento da Igreja, e o destino final dos crentes, Paulo transmite com clareza todos os detalhes de como será o nosso retorno à vida no corpo, 1 Ts 4.16-17, "Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro 17 Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor".

a) Veja primeiramente o destino daqueles que estiverem mortos na ocasião: "...os que morreram em Cristo, ressuscitarão primeiro". Certamente acontecerá desta maneira! Nenhum daqueles que creram em Jesus e obedeceram sua Palavra, deixará de provar a ressurreição corporal. É verdade, porém, que os corpos recebidos na ocasião, terão características diferentes dos corpos originais que eram sujeitos ao pecado e corrupção. Podemos ver esta verdade ao lermos as palavras de Paulo aos coríntios: "35 Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e com que qualidade de corpo vêm? 36 Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. 37 E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como o de trigo, ou o de outra qualquer semente. 38 Mas Deus lhe dá um corpo como lhe aprouve, e a cada uma das sementes um corpo próprio", 1 Co 15.35-38.

b) Destino não diferente está reservado para aqueles que estiverem vivos quando o Senhor se manifestar nos céus! Embora Paulo afirme que os crentes vivos nesta ocasião, subirão juntamente com os mortos ressurretos ao encontro com o Senhor, isto não acontecerá sem que primeiro haja neles uma transformação, quando haverão de receber um novo corpo, um corpo celestial, 1 Co 15.52, "num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados". A palavra "transformados" – grego "allassw - allasso", nos traz a idéia de "trocar uma coisa por outra", o que nos sugere uma mudança física nas características de nosso corpo. Esta transformação não será apenas superficial, mas profunda! O novo corpo será um corpo glorificado, espiritual, incorruptível, 1 Co 15.42-44, "42 Assim também é a ressurreição, é ressuscitado em incorrupção. 43 Semeia-se em ignomínia, é ressuscitado em glória. Semeia-se em fraqueza, é ressuscitado em poder. 44 Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual".

Porém, algo é verdade: Para muitos a ressurreição final não será bem vinda:

a) Dn 12.2, "E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno". Observe a expressão: "...ressuscitarão ... para vergonha e desprezo eterno", que descreve a situação daqueles que não creram na Palavra de Deus e desprezaram o Salvador. Para estes será um dia de desespero, angústia, sofrimento e juízo!

b) Jo 5.28-29, "28 Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: 29 os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo". Como no texto acima, aqueles que vivem sem Cristo e praticam o mal neste mundo, ressuscitarão, não para receber o "bem vindo de Jesus" - Mt 25.34, "Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" – mas, para receberem a condenação de seus atos malignos, Mt 25.41, "Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos".

c) É por esta razão que a Palavra de Deus nos alerta a que façamos parte da primeira ressurreição, pois esta certamente será a ressurreição daqueles que foram justificados, remidos pelo sangue do Cordeiro, Ap 20.6, "Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos".

5. Não somente Jesus venceu a morte ao levantar-se do túmulo, mas garantiu a nossa ressurreição final!

III. SENDO A RESSURREIÇÃO E A VIDA, JESUS OFERECE VIDA AOS MORTOS ESPIRITUAIS

1. Sabemos que o "...salário do pecado é a morte", Rm 6.23, condição esta herdada de Adão, quando pela sua desobediência, permitiu que o pecado entrasse na raça humana. Deus lhe havia dito que se ele comesse do fruto da "Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal", certamente morreria, Gn 2.17. Não resistindo a curiosidade e levada por uma forte sedução diabólica, Eva caiu em transgressão, arrastando também seu marido, comendo ambos do fruto proibido! Veio a maldição divina e a morte entrou neles, Gn 3.1-19.

2. Devemos lembrar que a maldição da morte não permaneceu somente em Adão, mas foi também extensiva a toda raça humana, Rm 5.12, "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram". Paulo já havia dito aos romanos: "10 Não há justo, nem sequer um. 23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus", Rm 3.10, 23.

3. Debaixo do domínio do pecado o homem permanece na condição de "morto espiritual", separado de seu Criador, e somente por um ato salvador do Todo-Poderoso, poderia libertar-se de sua condição pecaminosa e receber a vida de Deus novamente. Esta foi a missão de Cristo ao vir ao mundo, quando entregou-se ao sacrifício vicário. Seu único propósito e objetivo foi resgatar o homem! Analisemos alguns textos da Palavra de Deus sobre a condição do homem sem Deus, e de que maneira ele pode ser resgatado por Cristo:

a) Jo 11.23-25, "25 Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá; 26 e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês isto?" A libertação do pecado e do poder da morte, somente pode ocorrer através de uma fé autêntica em Jesus. Observe as palavras de Jesus: "...ainda que morra, viverá" e "jamais morrerá". Sabemos que a morte física atinge todos os homens, sem exceção. Contudo, ao crer em Cristo, mesmo não podendo escapar da morte física, o homem receberá vida permanente, a vida eterna!

b) Ef 2.1, 5-6, "1 Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, 5 estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), 6 e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus". A condição do homem sem Deus é a de "morto em delitos". Ele amarga o sabor da morte! Porém, crendo do sacrifício de Cristo, este homem arqueado, subjugado, pelo peso do pecado e condenado à morte, recebe "vida" juntamente com Cristo. Ao nos apropriarmos de Jesus, passamos a desfrutar de uma nova posição em Deus, ou seja, estamos agora, "sentados nas regiões celestes".

c) Jo 5.24, "Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida". No texto temos expressão: "...passou da morte para a vida", o que nos dá a idéia de uma mudança de estado. O estado natural do homem sem Deus em razão do pecado, é a "morte" – o seu salário. Porém ao ouvir a Palavra de Deus e recebê-la no coração, este homem miserável, é transportado de sua condição de morto espiritual para a condição de vivo espiritual. Ele recebe o antídoto contra a morte, Jesus Cristo, o Filho de Deus!

4. Diante destes textos das Escrituras Sagradas, podemos ter convicção de que Jesus ao declarar-se "eu sou a ressurreição e a vida", garantiu ao homem, que se este prestar-lhe obediência e fé, recebe a verdadeira vida!

 

CONCLUSÃO:

1. Sendo a Ressurreição e a Vida, Cristo:

a) demonstrou o seu poder sobre a morte em seu ministério terreno;

b) constitui-se a garantia de nossa ressurreição final;

c) oferece vida aos mortos espirituais.

2. Jesus é o único que pode dar vida ao homem morto em seus delitos e pecados! Quando em seu ministério terreno, Jesus ressuscitou o filho da viúva de Naim, a filha de Jairo, e Lázaro seu amigo, morto há quatro dias, demostrou que a morte pode ser vencida! Mas a grande demonstração de poder absoluto sobre o reino da morte, aconteceu quando Ele próprio ressuscitou ao terceiro dia! Como rei e soberano sobre a vida e a morte, Jesus pode libertar aqueles que estão prisioneiros na região da sombra da morte (Mt 4.16) e que vivem sob o comando satânico. O Mestre não somente venceu a morte, mas tirou-lhe o poder de ação nas vidas daqueles que pela fé, se tornaram filhos de Deus. No dizer do apóstolo Paulo o grande propósito de Deus "...agora se manifestou pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual destruiu a morte, e trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo evangelho", 2 Tm 1.10.