PROCURAM-SE HOMENS FRACOS

L. E. Maxwell

Extraído da Revista "Fé Para Hoje", nº 14, Ano 2002, Editora Fiel, São José dos Campos, sp

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

"Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos... diz o Senhor"

Isaías 55.8

 

Por todos os lados cerca-nos um mundo de poder — poder intelectual, poder atômico, poder comercial, poder político, poder incompreensível — não todo-poderosos, mas bastante assustadores.

Em contraste com esta época de poder, vemos a Igreja professa estupefata, a sofrer de uma paralisia motivada pela consciência de sua própria inaptidão, por não possuir o que "é preciso" para confrontar tal mundo. A menos que a Igreja sinta os recursos divinos — recursos invisíveis, não explorados e ilimitados — ficará tentada a apelar para quaisquer meios, corretos, mas carnais ou insensatos, para conquistar a atenção do mundo.

Em face da exibição de poder e grandeza por parte do mundo, a Igreja é pressionada a substituir a qualidade pela quantidade; a substituir o Espírito Santo pela organização; a substituir a graça de Deus pelos diplomas; a substituir o poder espiritual pelo prestígio; a substituir o fogo de Deus pelo fogo fátuo.

Numa época em que se adora cada vez mais o poder, precisamos retomar ao grande princípio-mestre da "loucura de Deus" — os métodos de Deus que parecem ridículos —"que é mais sábia que os homens", e da "fraqueza de Deus" — planos e operações que parecem inadequados — "que é mais forte que os homens".

Pregamos a Cristo crucificado, Cristo que foi "crucificado em fraqueza". Não obstante, tememos dizer do mesmo modo que Paulo declarou: "Porque nós também somos fracos nele" (2 Co 13.4). Por essa mesma razão, não podemos adicionar como fez o apóstolo: "Mas viveremos com ele para vós outros pelo poder de Deus". Evitamos a total identificação com o crucificado — na cruz e no trono. Talvez queiramos ser fortes para Cristo, mas pouco conhecemos do ser fracos com Cristo. A semelhança de Pedro, brandimos a espada da controvérsia para defender o Mestre. Quando a batalha se inicia, apelamos para o princípio temporal de que o diamante corta o diamante, e de que a força tem de ser repelida pela força.

O mundo é esperto? Possui credenciais? Nós, igualmente, pensamos que devemos provar que somos fortes, fortes para Cristo: credencial contra credencial, diploma contra diploma, serpente contra serpente. Temos dificuldades para crer que, no plano de Deus, é o cordeiro que abate o leão, é a pomba que ultrapassa a serpente em prudência.

Não obstante, a todo tempo proferimos com os lábios o princípio evangélico de que a fraqueza derrota a fortaleza, que a loucura confunde a sabedoria, que Deus escolheu vermes e fracos para conquistar montanhas. Deste modo, declaramos o método da cruz. O programa grão-de-trigo, de Deus, é por demais destrutivo para o bom-senso à nossa moda; por demais debilitante, por demais humilhante para o ser humano, nesta nossa era sábia e sofisticada.

O apóstolo Pedro passou por três estágios de experiência: primeiramente, brandiu a espada, cortando uma orelha em defesa da fé — forte para Cristo; em segundo lugar (tal como a Igreja de hoje em dia), aquecendo as mãos no fogo do mundo — fraco sem Cristo. Mas, em terceiro lugar (Atos 12), achamos Pedro dormindo na prisão, acorrentado entre duas sentinelas — fraco "com Cristo".

Qual a conseqüência disso? Deus interferiu. O cárcere resplandeceu. As cadeias caíram por terra. As portas da prisão se abriram. Pedro vivia "com Cristo pelo poder de Deus". Roma, com todo o seu rugido e poder, ficou confusa. Herodes ficou perplexo. "Houve não pouco alvoroço entre os soldados sobre o que teria acontecido a Pedro."

Qual foi o fim do representante daquele poder mundano tão cheio de presunção? Quão facilmente Deus se mostrou superior em tudo àquele mundo! "No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de vermes, expirou" (At 12.23).

"Entretanto a palavra do Senhor crescia e se multiplicava" — a despeito das prisões, dos reis e dos exércitos. Ali se encontrava a Igreja, aparentemente derrotada, de joelhos, apenas um pobre e frágil rebanho de povo. Mas, para aqueles que não têm poder, pois são "fracos com Cristo", Deus lhes renova as forças.

Falando sinceramente, precisamos de fortalecimento ou de enfraquecimento? Tal como o exército de Gideão, necessitamos da força do número ou da seleção dos mais espirituais? Não somos por demais numerosos? Não somos por demais poderosos aos nossos olhos? Continuará Deus peneirando a sua Igreja? Buscando um número mais reduzido de crentes? Porém, melhores?