NEEMIAS, O RESTAURADOR -
MANTENDO A RESTAURAÇÃO II
TEXTO: NE 9.1-37; 12.27-43; 13.1-30
Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
1.
No capítulo anterior tivemos a oportunidade de ver algumas providências tomadas
por Neemias para manter a restauração dos muros levantados. A primeira
providência, envolvia a vigilância constante. O risco de um ataque iminente de
seus inimigos fez com que ele organizasse um esquema de vigilância, de atenção,
para detectar e desestabilizar qualquer tentativa de invasão. Ao mesmo tempo,
levou o seu povo a um contato direto com a Palavra de Deus, para que eles
pudessem mudar suas atitudes e comportamento. Por último instituiu algumas
práticas de culto por eles abandonadas há muito tempo, como por exemplo, a
comemoração da Festa dos Tabernáculos, em que os filhos de Israel habitavam em
cabanas por sete dias, logo após o período das colheitas.
2.
Todas estas providências se aplicam à nossa vida espiritual. Quando nossa vida
é restaurada pelo Espírito Santo e queremos manter esta restauração, devemos
permanecer sob vigilância, lendo e meditando na Palavra de Deus e jamais
negligenciar a verdadeira prática de culto ao Senhor. Procedendo desta maneira,
com certeza teremos condições de confrontar o inimigo que anda ao nosso
derredor procurando ferozmente a quem possa engolir.
3.
No presente capítulo vamos continuar considerando mais alguns requisitos
básicos na manutenção de uma restauração diante do Senhor. A vitória de Neemias
frente aos seus inimigos somente foi conquistada através muita dedicação e luta
espiritual. Uma grande batalha é travada no reino do Espírito, quando como
filhos de Deus, desejamos levar uma vida em Deus vitoriosa! Nenhum cristão
alcançará proezas sem lutas! Além da oposição e da guerra travada contra nós
pelo diabo e seus demônios, há outro fator que devemos considerar, ou seja, a
guerra existente em nosso homem interior, onde combatem a carne e o espírito,
"Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e
estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis", Gl 5.17. Diante destas considerações,
queremos continuar descrevendo mais ALGUNS REQUISITOS PARA UMA RESTAURAÇÃO:
IV. RENOVANDO A CONFISSÃO E O
ARREPENDIMENTO DE PECADOS
NE 9.1-4
"1
Ora, no dia vinte e quatro desse mês, se ajuntaram os filhos de Israel em
jejum, vestidos de sacos e com terra sobre as cabeças. 2 E os da linhagem de
Israel se apartaram de todos os estrangeiros, puseram-se em pé e confessaram os
seus pecados e as iniquidades de seus pais. 3 E, levantando-se no seu lugar,
leram no livro da lei do Senhor seu Deus, uma quarta parte do dia; e outra
quarta parte fizeram confissão, e adoraram ao Senhor seu Deus. 4 Então Jesuá,
Bani, Cadmiel, Sebanias, Buni, Serebias, Bani e Quenâni se puseram em pé sobre
os degraus dos levitas, e clamaram em alta voz ao Senhor seu Deus".
1.
Muitos de nós acumulam pecados sem confissão no dia-a-dia. Acabamos por ser
envolvidos numa ciranda diabólica, em que a nossa vida como crentes fica
inoperante diante de Deus, indo por água a baixo todo esforço na manutenção de
uma restauração. Quantas vezes comparecemos diante de Deus como compareciam os
fariseus dos dias de Jesus, que praticavam um culto recheado de mentiras e
hipocrisia. Por esta razão, o Senhor, usando uma profecia de Isaías (Is 29.13), os advertiu com severidade:
"Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de
mim", Mt 15.8. Não se muda este
curso a não ser através de um verdadeiro reconhecimento de nossos pecados, num
quebrantamento, mediante a ação e o poder do Espírito em nós.
2.
Pelo relato de Neemias, podemos notar que o povo agiu movido pelo Espírito de
Deus, que os levou a uma verdadeira conversão de seus caminhos ímpios. Alguns
destaques no texto são dignos de nota:
a) Humilharam-se, "...se ajuntaram os filhos de Israel em
jejum, vestidos de sacos e com terra sobre as cabeças...", v.
b) Confessaram seus pecados, "...puseram-se
em pé e confessaram os seus pecados e as iniquidades de seus pais...", v. 2; "...outra quarta parte
fizeram confissão...", v. 3.
Reconhecer nossos pecados contra Deus e confessá-los é uma atitude sábia para
mudar nossos caminhos. Não podemos fazer vista grossa, ignorando nossos pecados
pois "o que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as
confessa e deixa, alcançará misericórdia", Pv 28.13.
c) Clamaram a Deus, "...e clamaram em alta voz ao
Senhor seu Deus", v.
3.
Com certeza, estes ingredientes nos mostram com clareza, uma nova atitude, um
novo comportamento, uma verdadeira humilhação diante do Senhor, uma autêntica
confissão de pecados presentes e passados e um grande clamor pela misericórdia
divina. Diante desta grande disposição Deus não poderá deixar de agir. Assim o
Senhor disse a Salomão: "...e se o meu povo, que se chama pelo meu nome,
se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus
caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua
terra", 2 Cr 7.14.
a) Jl 2.13, "E rasgai o vosso coração, e não as
vossas vestes; e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é
misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se
arrepende do mal".
b) Jn 3.10, "Viu Deus o que fizeram, como se
converteram do seu mau caminho, e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes
faria, e não o fez".
c) At 3.19, "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos,
para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de
refrigério, da presença do Senhor".
5.
Porém quando não há arrependimento, perecemos:
a) Galileus sacrificados por Herodes, Lc 13.1-3, "1 Ora, naquele
mesmo tempo estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue
Pilatos misturara com os sacrifícios deles. 2 Respondeu-lhes Jesus: Pensais vós
que esses foram maiores pecadores do que todos os galileus, por terem padecido
tais coisas? 3 Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de
igual modo perecereis".
-
O presente texto nos mostra algumas pessoas tentando recriminar certos galileus
que foram assassinados por Pilatos de uma foram cruel, tendo Pilatos misturado
o sangue deles com seus sacrifícios. Por terem morrido desta formam pensavam
tais pessoas que esses galileus eram grandes pecadores. Porém vejam a colocação
de Jesus: "...se não vos arrependerdes, todos de igual modo
perecereis".
b) Esaú, Hb 12.17, "Porque bem sabeis que, querendo ele
ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado; porque não achou lugar de
arrependimento, ainda que o buscou diligentemente com lágrimas".
-
Esaú é um vivo exemplo de alguém que tenta "manipular" a graça de
Deus, alguém que brinca com o pecado! Sua atitude nos mostra que o pecado deve
ser tratado seriamente, sob o risco de perdermos a oportunidade para
arrependimento.
c) Igreja de Éfeso, Ap 2.5, "Lembra-te, pois,
donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não,
brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te
arrependeres".
-
A igreja de Éfeso permitiu que o esfriamento espiritual a abatesse e a lançasse
num profundo abismo. Havia abandonado o "primeiro amor", v. 4. O conselho de Cristo é que ela se
lembre de onde começou sua queda, se arrependa e volte urgentemente a praticar
suas obras em amor diante de Deus. Quantos de nós vivemos enredados pelo pecado
e mundanismo, onde o amor pela obra de Deus já se foi há muito tempo!
Precisamos voltar ao primeiro amor!
6.
Nada mais toca o coração de Deus do que uma alma humilhada, arrependida de seus
pecados, disposta a mudar de vida. Davi provou o perdão e a misericórdia de
Deus e pode exclamar com alegria: "O sacrifício aceitável a Deus é o
espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó
Deus", Sl 51.17. Ele já se
expressara anteriormente assim: "Perto está o Senhor dos que têm o coração
quebrantado, e salva os contritos de espírito", Sl 34.18.
V. MANTENDO UMA VERDADEIRA ADORAÇÃO
A DEUS
NE 9.5-31
"E
os levitas Jesuá, Cadmiel, Bani, Hasabnéias, Serebias, Hodias, Sebanias e
Petaías disseram: Levantai-vos, bendizei ao Senhor vosso Deus de eternidade em
eternidade. Bendito seja o teu glorioso nome, que está exaltado sobre toda
benção e louvor", v. 5.
1.
Certamente, esta é uma área que temos grandes dificuldades em nosso
relacionamento com o Deus Criador. Talvez em razão do corre-corre de nosso
dia-a-dia, do acúmulo de tarefas que nossa sociedade exige, do tempo que passa
repentinamente, não nos detemos para um tempo suficiente de adoração em nossos
cultos públicos ou pessoais. Mesmo quando estamos cultuando, parece que nossa
mente compromissada, tão envolvida pelas coisas deste mundo, não se desativa,
não se desliga, e perdemos o melhor da adoração e comunhão com o Senhor. A
verdadeira adoração, como já vimos anteriormente só pode ser alcançada "em
espírito e em verdade", Jo 4.23-24,
e ela exige tempo, momentos de comunhão sem pressa. Como isto é quase
impossível para nós! Porém, precisamos parar, arrumar tempo, para começar a
aprender o que é adorar a Deus verdadeiramente.
2.
No nosso texto em apreço, podemos perceber como o povo "parou" e um
sentimento de adoração real desceu sobre eles abundantemente. Como isso:
a) Bendisseram a Deus, v. 5, "E os levitas
Jesuá, Cadmiel, Bani, Hasabnéias, Serebias, Hodias, Sebanias e Petaías
disseram: Levantai-vos, bendizei ao Senhor vosso Deus de eternidade em eternidade.
Bendito seja o teu glorioso nome, que está exaltado sobre toda benção e
louvor".
-
Bendizer significa "dizer", "louvar",
"dignificar". Precisamos aprender a expressar em palavras as
qualificações do Deus Eterno. Em nossos momentos de adoração, devemos abrir
nossos lábios para dizer que o Senhor é poderoso, criador, benigno, bondoso,
santo, e tantas outros predicativos que elevam o Seu nome.
b) Reconheceram que Deus é poderoso em obras:
- Na criação, v. 6, "Tu, só tu, és Senhor; tu
fizeste o céu e o céu dos céus, juntamente com todo o seu exército, a terra e
tudo quanto nela existe, os mares e tudo quanto neles já, e tu os conservas a
todos, e o exército do céu te adora". Enquanto que o cientista ateu
procurar explicar a criação através de falsas teorias, nós reconhecemos tudo
foi criado por Deus, "...porque nele foram criadas todas as coisas nos
céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações,
sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele", Cl 1.16.
-
Em favor de seu povo, vs. 7-31, - A história foi relembrada desde a
chamada de Abraão até a introdução em Canaã. Veja o v. 31, "Contudo pela tua grande misericórdia não os destruíste
de todo, nem os abandonaste, porque és um Deus clemente e misericordioso".
Deus não apenas dirige a história, mas se preocupa com a história de seu povo!
Embora em muitas situações venhamos desagradar a Deus, Ele não nos abandona à
nossa própria sorte, pelo contrário cuida de cada um de nós! Como nos diz o
escritor da Carta aos Hebreus: "...não te deixarei, nem te
desampararei", Hb 13.5.
3.
No processo de adoração, precisamos aprender a dignificar a Deus com as
palavras que saem de nossa boca. Vejamos como nos ensina a Palavra de Deus:
a) Bendizer pela consagração de bens pessoais, 1 Cr
29.10,
"10 Pelo que Davi bendisse ao Senhor na presença de toda a congregação,
dizendo: Bendito és tu, ó Senhor, Deus de nosso pai Israel, de eternidade em
eternidade. 11 Tua é, ó Senhor, a grandeza, e o poder, e a glória, e a vitória,
e a majestade, porque teu é tudo quanto há no céu e na terra; teu é, ó Senhor,
o reino, e tu te exaltaste como chefe sobre todos".
-
O apelo de Davi solicitando ofertas para a construção do templo, foi respondido
positivamente pelo povo, o que foi motivo dele bendizer ao Senhor com palavras
dignificantes.
b) Bendizer continuamente e perpetuamente, Sl 145.1, "Eu te
exaltarei, ó Deus, rei meu; e bendirei o teu nome pelos séculos dos
séculos".
-
A expressão "pelos séculos dos séculos", tem a conotação de uma prática
contínua, ininterrupta, para sempre.
c) Bendizer com expressão corporal, Sl 63.4, "Assim eu te
bendirei enquanto viver; em teu nome levantarei as minhas mãos".
-
Não devemos levantar as mãos apenas por levantar, mas fazer isso de coração
aberto, expressando nossos sentimentos através de palavras de elogio.
e) Bendizer reconhecendo os atributos divinos, Dn 2.20, "Disse Daniel:
Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque são dele a sabedoria e a
força".
-
Daniel poderia ter sido morto juntamente com todos os sábios da Babilônia, caso
o sonho do rei não fosse revelado, juntamente com sua interpretação. Nesta
situação de risco de vida, diante da revelação de Deus, Daniel reconhece a que
verdadeira sabedoria e o poder são provenientes do Todo-Poderoso.
4.
Devemos dedicar tempo em nossa devoção pessoal para com Deus, expressar em
palavras nossos sentimentos. Quando de coração assim agimos, Deus se agrada de
nós, derramando benesses a nosso favor. Grandes batalhas espirituais serão
ganhas através do louvor e adoração a Deus! Utilizemos este recurso amplamente!
VI. RENOVANDO A ALIANÇA COM O
SENHOR
NE 9.32-37; 10.1-39
"Contudo,
por causa de tudo isso firmamos um pacto e o escrevemos; e selam-no os nossos
príncipes, os nossos levitas e os nossos sacerdotes", Ne 9.37.
1.
Como podemos ver no capítulo 9, os levitas, relembram em detalhes a história do
povo de Israel, mostrando como Deus em todo o tempo esteve presente abençoando,
cuidando, amparando e os conduzindo até aquele momento. No entanto, mesmo sendo
abençoados grandemente pelo Senhor, o povo passou por diversas rebeliões, e nos
dias de Neemias, a aliança com Deus estava totalmente esquecida,
descaracterizada. Havia necessidade de uma renovação, de um novo propósito,
onde o povo se propusesse à obediência aos mandamentos e ordenanças divinas e
Deus continuasse a abençoá-los.
2.
É muito fácil para nós nos esquecermos de bênçãos passadas, procurando ignorar
momentos em que a ação de Deus em nosso favor foi abundante! Ou, pelo menos,
fazemos de conta que nada de extraordinário nos aconteceu e vivemos uma vida
espiritual à deriva, açoitados de um lado para outro por ventos mundanos,
egoístas, materialistas. Não podemos esquecer que ao entregarmos nossa vida a
Jesus, firmamos com Ele uma aliança que teve como ingrediente principal o
sangue do Cordeiro imaculado. No dizer de Pedro "...não foi com coisas
corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de
viver... ...mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem
mancha, o sangue de Cristo", 1Pe
1.18-19. Este foi o custo do pacto de Deus conosco! Se a lembrança desta
aliança está desgastada e vivemos aleatoriamente nossa vida cristã, se faz
necessária a renovação. Como podemos agir?
a) Voltando nosso olhar para a cruz do Senhor, Gl 6.14, "Mas longe
esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela
qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo".
-
Muitas vezes nossos olhares se voltam para a cruz, apenas no dia da Ceia, ou
quando ouvimos uma mensagem acerca da crucificação de Cristo. Contudo,
deveríamos nos lembrar do precioso sacrifício todos os dias. Talvez seja esta a
razão de nossa visão míope da obra redentora do Salvador!
b) Reconhecendo o amor de Deus, 1 Jo 4.9, "Nisto se
manifestou o amor de Deus para conosco: em que Deus enviou seu Filho unigênito
ao mundo, para que por meio dele vivamos".
-
É certo que temos um conhecimento mental pelas Escrituras do amor que Deus
demonstrou ao enviar seu Filho como nosso substituto. Contudo, ao analisarmos
nossa vida como súditos do Reino, entendemos que falta em nós aquela disposição
para reconhecer o amor eterno de Deus para conosco.
c)
Renovando o nosso amor a Deus, Lc 10.27, "...Amarás ao Senhor teu
Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de
todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo".
-
Renovar nosso amor a Deus, significa assumir uma atitude que O agrade em tudo.
Quando amamos, queremos agradar de todas as formas e maneiras a pessoa que é
objeto de nosso amor. Porque não agimos assim com Deus? Pela maneira como
fazemos nossa escala de valores, é que sabemos o real lugar que Deus ocupa em
nossa vida. Não será o momento de corrigirmos nossas atitudes? Observe que o
amor a Deus deve ser demonstrado com tudo o que somos e tudo o que temos!
d) Tendo uma nova disposição para obedecer, 1Pe 1.2, "...eleitos
segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a
obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo".
-
A obediência é um sério problema para muitos cristãos! Dizemos obedecer a Deus,
mas quando temos que mostrar isso na prática, percebemos o quanto somos
devedores! Não podemos perder de vista que fomos "eleitos" para a
obediência, e quando trilhamos os caminhos da desobediência, ficamos mais
parecidos com os filhos do mundo, do que com os filhos de Deus. Devemos saber
que éramos "filhos desobedientes", quando ainda não conhecíamos a
graça de Deus, e estávamos debaixo da ira divina, "...pelas quais coisas
vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência", Cl 3.6. Porém agora nossa qualificação foi mudada para "filhos
obedientes", 1Pe 1.14. Vivamos como tal!
3.
Se nossa aliança com Deus está desgastada, devemos ser conscientes de que a
culta é nossa, nunca de Deus. Deus jamais falha em cumprir sua parte! Nós somos
infiéis. Deus, porém, é fiel. Como nos diz a Palavra de Deus: "se somos
infiéis, ele permanece fiel; porque não pode negar-se a si mesmo", 2Tm 2.13. A fidelidade de Deus para com
seu povo, é motivo mais do que suficiente para refletirmos, voltarmos atrás,
abraçarmos com firmeza a aliança do Calvário!
VII. INICIANDO UM PROCESSO DE
CONSAGRAÇÃO
NE 12.27-43; 13.1-30
"27
Ora, na dedicação dos muros de Jerusalém buscaram os levitas de todos os
lugares, para os trazerem a Jerusalém, a fim de celebrarem a dedicação com
alegria e com ações de graças, e com canto, címbalos, alaúdes e harpas. 28
Ajuntaram-se os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de
Jerusalém, como das aldeias do netofatitas; 29 como também de Bete-Gilgal, e
dos campos de Geba e Azmavete; pois os cantores tinham edificado para si
aldeias ao redor de Jerusalém. 30 E os sacerdotes e os levitas se purificaram,
e purificaram o povo, as portas e o muro", vs. 27-30.
2.
Certamente, não poderá haver qualquer consagração, sem que primeiro nossos
pecados sejam tratados. De acordo com os rituais do Velho Testamento, as
purificações normalmente eram realizadas através da água. Sabemos que a água
simboliza a Palavra de Deus que nos purifica, nos limpa, tornando-nos aptos
para entrar na presença de Deus. Quando Jesus lavou os pés de seus discípulos,
numa lição de humildade, percebendo Pedro o valor daquela cerimônia, pediu ao
Senhor que não somente lhe lavasse os pés, mas suas mãos e sua cabeça (Jo 13.1-9). Jesus, porém, lhe
respondeu: "Aquele que se banhou não necessita de lavar senão os pés, pois
no mais está todo limpo; e vós estais limpos...", v. 10. Mais adiante Ele completa: "Vós já estais limpos pela
palavra que vos tenho falado", Jo
15.3. Ao ingerirmos Palavra de Deus, somos limpos, purificados e
qualificados a uma consagração a Deus!
3.
Após o cerimonial de purificação, o povo de Neemias estava agora pronto para
consagrar os muros e suas próprias vidas ao Senhor. Podemos ver esta
consagração:
a) Na dedicação dos muros, Ne 12.27-43.
-
Uma grande convocação foi realizada envolvendo os levitas de todos os lugares,
cantores das campinas e arredores de Jerusalém, das aldeias, etc. Ordenou-se a
purificação dos sacerdotes, levitas e o povo em geral, juntamente com as portas
e os muros. Foram também convocados os príncipes de Judá. Dois grandes coros
foram formados e saíram em procissão percorrendo a cidade até à Casa de Deus.
Finalmente, ofereceram grandes sacrifícios em meio a muita festa, júbilo e
alegria.
b)
Ao estabelecerem sacerdotes e levitas, Ne 12.44-47; 13.10-14.
-
O trabalho dos levitas e sacerdotes foi novamente organizado, com homens
ocupando postos em todos os serviços no Templo. Foram restabelecidos os dízimos
e as ofertas para sustento do Templo, da classe levítica e sacerdotal.
Anteriormente os levitas e sacerdotes, haviam deixado o ministério do Tempo, em
razão da falta de recursos, pela negligência do povo às contribuições.
c) Extirpando a estrangeirice – mundanismo, Ne 13.1-9,
23-29.
Uma
da grandes dificuldades enfrentadas na restauração do povo foi a questão do
casamento misto. Esta prática remontava aos dias de Balão, profeta mercenário,
contratado por Balaque, rei de Moabe – nação inimiga de Israel, para corromper
o povo de Deus (Números 22-25). Esta
mistura, trouxe ao povo de Deus costumes errados, práticas pagãs, corrupção da
linguagem, pecado, etc. Às duras penas, o povo teve que romper com o
"elemento misto". Até mesmo locais construídos e frequentados por
estes "elementos mistos", tiveram que ser purificados, e adequados
novamente para o serviço de Deus.
d) Restabelecendo princípios, Ne 13.15-22.
-
A lei acerca da guarda do Sábado não estava sendo observada. Através de uma
conscientização, Neemias ordenou que as portas da cidade fossem fechadas no
Sábado e somente abertas no dia seguinte, colocando guardas às portas da
cidade, que não permitiam a entrada ou saída de mercadorias. Os levitas foram
purificados, e o Sábado foi novamente santificado!
e) Reconhecendo a graça de Deus, Ne 13.30-31.
-
Após as reformas e o ritual de consagração, Neemias concluiu seu livro de
maneira maravilhosa com a seguinte frase: "Lembra-te de mim, Deus meu,
para o meu bem", Ne 13.31. Esta
frase aparece também nos vs. 14 e 22. Dizendo assim, Neemias não está
manifestando sua preocupação com o fato de Deus se esquecer dele, como se isso
fosse possível. Mas "lembrar" aqui nos sugere a ideia de concessão de
bênçãos, da manifestação do favor de Deus. Temos em Isaías uma brilhante promessa
de Deus em relação ao seu povo acerca desta verdade: "...pode uma mulher
esquecer-se de seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do
seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de
ti", Is 49.15.
4.
Uma verdadeira consagração jamais acontecerá se não estivermos dispostos a
perder privilégios, deixar posições estáveis, renunciar coisas adquiridas,
abandonar estrangeirices (mundanismo), etc.. Precisamos de uma grande limpeza,
extirpando de nossa vidas o vil, o desnecessário, os embaraços, o pecado. Como
nos alerta Hebreus 12.1:
"Portanto, nós também, pois estamos rodeados de tão grande nuvem de
testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e
corramos com perseverança a carreira que nos está proposta". Muitas vezes
não estamos literalmente envolvidos com o pecado, mas mantemos uma certa
proximidade, uma afinidade com ele, ignorando que a qualquer momento podemos
ser envolvidos num caminho sem retorno, prejudicando a carreira que nos foi
proposta pelo Senhor.
CONCLUSÃO:
1.
Como vimos, no presente capítulo, a confissão de pecados, a adoração
verdadeira, a renovação da aliança e a consagração de nossas vidas, são
requisitos importantes para mantermos uma restauração. Todos estes requisitos
precisam ser trabalhados e desenvolvidos por nós com seriedade, pois só assim
seremos vitoriosos!
2.
É verdade que nesta luta não estamos sozinhos. Podemos contar com a ajuda e o
poder do Espírito Santo que nos aponta os caminhos a serem trilhados. Ele não
somente nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8), mas também nos santifica. Sabemos que "...Deus vos
escolheu desde o princípio para a santificação do espírito e a fé na verdade",
2Ts 2.13. Também é através do
Espírito Santo que podemos adorar verdadeiramente a Deus. Já que a adoração é
um ato espiritual (Jo 4.23-24),
somente podemos agradar a Deus quando O adoramos, se nosso espírito estiver
ligado ao Espírito Santo. Não podemos também negligenciar o fato de que estamos
em aliança com Deus mediante o sangue de seu Filho. Sabendo que Deus é fiel e
que honrará sua parte nesta aliança, devemos cuidar para não sermos infiéis
descumprindo nossa parte, não levando uma vida de consagração no Seu altar.