Neemias, Preparando-se Para Reconstruir

Ne 1.1-2.1

por Rev. Misael - Igreja Presbiteriana Central do Gama

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

Introdução

O texto que terminamos de ler relata a experiência de Neemias, servo de Deus e funcionário de confiança do rei da Pérsia, Artaxerxes I, por ocasião dos meses quisleu a nisã do calendário judaico, provavelmente novembro-dezembro de 446 a março-abril de 445 a.C. Neemias recebe a visita de parente que lhe relatam a situação de seus conterrâneos e da cidade de Jerusalém.

Estamos diante de um relato introdutório para o grandioso tema deste livro. Grande parte da população judaica havia sido levada "para o exílio"; os que foram deixados em Jerusalém passavam por "grande miséria e desprezo". Quanto à cidade, estava desolada, com seus muros "derribados, e as suas portas, queimadas". Sião, a cidade de Deus, era agora uma caricatura daquilo que havia sido nos tempos de Salomão; a glória do Senhor havia partido; os alegres cânticos do templo estavam silenciados – aliás, o próprio santuário estava destruído; não se ouvia a leitura da Palavra de Deus, nem era confirmada a sua graça mostrada nos cerimoniais vespertinos. O centro de proclamação do juízo e da bondade divina estava maculado, destruído. O orgulho judaico estava lançado ao pó. Enfim, a realidade existente em Judá destoava das descrições grandiosas dos relatos escriturísticos. Jerusalém, trono de Davi, núcleo mundial de glorificação dos atributos divinos, estava exaurida, envergonhada e fulminada.

Esse registro preparatório serve de palavra inicial para o assunto do livro: Como reagir ao infortúnio ou como reconstruir o que foi derrubado. Reconstruir é mais difícil do que iniciar do zero. Qualquer construtor ou mesmo proprietário de um imóvel sabe que é mais complicado corrigir falhas do que construir a partir de um projeto em um terreno vazio. Isso se aplica a imóveis e se aplica à vida. É muito mais fácil iniciar um relacionamento do que encontrar novamente o caminho de entrada em um coração magoado. É excitante começar na vida profissional, mas extremamente difícil levantar novamente a cabeça e tentar de novo, depois de um fracasso. É maravilhosa a entrada nos estudos, mas o mais desafiador é voltar depois de parar por alguns anos. Começar a servir a Deus é uma bênção repleta de alegrias; porém, constatar que a vida com o Senhor está em ruínas, que os valores espirituais encontram-se carcomidos, que a glória do Altíssimo se foi e que agora é preciso reconstruir – eis uma tarefa a que muitos poucos se dispõem.

Um fato da existência é que todos nós – todos, sem exceção – temos áreas da vida que precisam de reconstrução e reforma. Apesar da abundante provisão divina, há aqueles que encontram-se em "grande miséria". Apesar do amor divino, que enche os céus e nos circunda em todo o tempo, há aqueles que experimentam "grande desprezo". Os muros de algumas vidas – seus limites de proteção – "estão derribados". Em outras, encontramos "portas queimadas".

Tais situações de vexame e desalento se fazem presentes na individualidade e na existência corporativa e orgânica que Deus chama de Igreja. A Igreja do Senhor encontra-se, em diversos aspectos, desolada. Dentre o povo de Deus, não são poucos os que estão, no que diz respeito aos seus recursos espirituais, "em grande miséria e desprezo". O lugar de adoração foi derrubado no coração de alguns e os muros de proteção, as barreiras da graça que deveriam estar firmes, separando e protegendo-nos dos ataques dos inimigos, tem sido sistematicamente derrubadas e queimadas.

Esta é uma palavra que se dirige a desalentados, a pessoas que olham para dentro de si mesmas – ou ao redor – e enxergam fatos que incomodam, perturbam, entristecem e desesperam. Estou falando com gente que olha dentro ou em torno de si e percebe que as coisas não estão como deveriam estar, que aquelas portas e aqueles muros estão faltando; que o santuário, morada do Espírito, foi maculado, que há evidências de destruição.

Pessoas reagem aos infortúnios de formas diferentes. Há quem fique paralisado. Ocorreu a destruição; o caos deixou sua marca e não há como apagá-la. Não há, absolutamente, nenhuma possibilidade de reconstruir. Os motivos para tal passividade podem ser vários: medo (reconstruir é amedrontador), incredulidade (a convicção ou sentimento de que não é possível reconstruir), vontade fraca (reconstruir dá trabalho); comodidade (tem gente que se acostuma a viver em meio às ruínas).

Há quem creia que reconstruir é possível. Esta segunda categoria de pessoas é muito bem representada por Neemias. Existe uma raça de seres humanos – denominada "raça eleita" (1 Pe 2.9) que é assessorada, orientada e capacitada pelo Criador para impactar a história, alterando quadros considerados irreversíveis. Há na Bíblia um grupo de pessoas – uns tais cristãos – que não se dobram diante do mal, que não se acostumam com a visão das portas queimadas e dos muros derribados.

Você pode encarar a vida de duas formas, sob o ponto de vista natural ou sob o ponto de vista de Deus. As ações resultantes destas duas maneiras de ver as coisas são muito diferentes. Quem enxerga a existência sob a ótica natural se torna fácil presa da desdita, da desgraça. Como os empreendedores de Babel, termina seu empreendimento em meio a grande confusão. Quem enxerga os fatos sob a ótica divina recebe a graça da fé, do arrependimento, da esperança. Impulsionado pelo Espírito Santo, prossegue confiante no Senhor, fortalecido pela "força do seu poder".

O que é necessário para reconstruir? Quais os recursos, as posturas, as definições da vontade que se tornam imprescindíveis para levarmos adiante as reformas, as reconstruções orientadas por Deus? O Soberano nos responde a tais perguntas, através do exemplo de Neemias.

 

Verifique O Que Precisa Ser Reconstruído

A primeira ação necessária é definir o que precisa ser reconstruído. Neemias recebeu informações claras sobre o estado de Jerusalém (vv. 2-3). Ele mostrou interesse em saber como as coisas estavam e tudo lhe foi dito por Hanani e seus companheiros. As notícias não foram nada agradáveis, mas foram fundamentais para que se iniciassem no coração de Neemias as disposições para a obra de reconstrução.

O levantamento de dados negativos é uma tarefa desagradável e por isso mesmo evitada por muitas pessoas. O levantamento detalhado de informações mostra o real estado de um problema. É comum sentir-se ameaçado com o desvendamento desses detalhes. Deixar de considerá-los dá uma falsa impressão de que eles não existem ou são menores do que realmente são.

É mais fácil cobrir uma trinca ou rachadura com uma cortina do que quebrar a parede e refazer as cintas ou fundações. É aparentemente mais simples fingir que a necessidade de reconstrução não existe. Há quem finja não saber dos fatos. Neemias podia receber os amigos, oferecer-lhe uma refeição, conversar sobre diversos assuntos e dispensar o tema "desgraça de Jerusalém". Podia despedir seus amigos com alegria depois de uma tarde agradável e depois envolver-se em suas tarefas profissionais, como alto funcionário da corte de Artaxerxes. Por que tocar em assuntos desagradáveis, por que tomar conhecimento de fatos que o arrancariam de sua zona de conforto? Esse é o raciocínio de alguns que preferem "não avaliar, não conhecer, não verificar as necessidades de reconstrução".

Note aquela área de sua vida – totalmente "derribada" e ao mesmo tempo totalmente desconsiderada por você. Você finge que está tudo bem, que não é preciso tomar nenhuma providência. Você acorda e se deita todos os dias com aquela sensação de peso, aquele incômodo, aquela espetada da consciência, aquele desconforto, aquela "azia" existencial, uma sensação de queimação, de angústia indefinida. Algo precisa ser mudado, precisa ser reformado, precisa ser reconstruído, mas você insiste em não encarar os fatos de frente, você os nega fingindo que não os vê. O Espírito Santo lhe incomoda diariamente mas você volta as costas para os fatos e retorna para a sua "corte Persa", sem "tomar pé" das verdades importantes que podem produzir mudanças em sua alma.

Note aquela área da igreja que precisa ser reconstruída. As portas de devoção estão queimadas; Jerusalém foi tomada e deixada em ruínas; o santuário foi profanado e torna-se urgente a tarefa de reconstrução – mas você continua impassível, indiferente a este lastimável estado de coisas.

A orientação apostólica, lembrada na Ceia, "examine-se, pois, o homem a si mesmo" (1 Co 11.28a) é muito pouco praticada em profundidade. Não de trata de fazer um rápido levantamento sobre as "escorregadas" da última semana, nem listar aquelas falhas cerimoniais ou transgressões superficiais. No auto-exame, não somos chamados a analisar os riscos existentes na pintura de nossa alma, mas para checar seus alicerces, suas muralhas e suas portas. Precisamos fazer isso para constatar as verdadeiras necessidades de reforma e reconstrução.

A carne e o diabo farão de tudo para dissuadi-lo desta verificação. Eles estarão contentes com sua auto-indulgência. O pecado vai lhe estimular a plantar girassóis diante dos muros derribados e a disfarçar as portas queimadas com agradáveis cortinas de seda.

O problema é que você continuará sem defesa ou segurança alguma. Girassóis e cortinas não contém o avanço de exércitos inimigos. É preciso reconstruir os portões e as muralhas. Temos de abrir os olhos para perceber tais necessidades. Para verificar o que precisa ser reconstruído, conte com o auxílio do Espírito Santo:

"Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado" (Jo 16.8-11).

"Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno" (Sl 139.23-24).

"Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas. Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão" (Sl 19.12-13).

Entenda claramente que Deus quer ajudá-lo a reconstruir. O Senhor faz todas as coisas com beleza, santidade e harmonia. Ele é o Senhor da Criação – Ele é o Senhor da Nova Criação, aquele que "faz novas todas as coisas".

Para as pessoas que desejam contar com a ajuda divina para reconstruírem, eis uma sugestão de oração: "Deus Triúno, digno de toda honra e louvor, mostra-me as áreas de minha vida que precisam ser reconstruídas. Senhor e Redentor meu, sonda-me, desperta-me, revela a mim o que precisa ser mudado. Mostra-me também, em tua Igreja e em meu compromisso com o teu reino, o que precisa ser reconstruído. Em nome de Jesus, amém".

 

Deixe-se Tocar Pelo Infortúnio

Não apenas Neemias obteve informações sobre a ruína de Jerusalém – ele deixou-se impactar por elas (v. 4a): "Tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias".

Conhecer, encarar os fatos sobre aquilo que está derribado, demolido e queimado; esse é um primeiro passo abençoado, mas ainda não é o suficiente para produzir reconstrução. É preciso algo mais. Principalmente para nossa geração televisiva, não é incomum receber informações e permanecer impassivo. Assistimos a cenas de violência em uma grande capital brasileira ou vemos crianças morrendo de fome na África. Ficamos superficialmente chocados, desligamos a TV e vamos jantar. É assim que as coisas funcionam. Recebemos notícias terríveis mas não somos pessoalmente envolvidos por elas. O mesmo ocorre com relação às coisas espirituais. Sabemos que determinada área de nossa vida precisa ser reconstruída, está arruinada, precisando de obras urgentes e pensamos: "quando Deus quiser ele muda isso" ou "não há problema algum em ter uma portinha queimada aqui e uma parede caída ali; esse negócio de crente que cresce continuamente conforme a imagem de Cristo é fanatismo, é utopia, é coisa pra bitolados... Eu vou seguindo assim mesmo". E a vida continua torta, capenga – uma fachada pintada aqui; a porta dos fundos queimada, os muros do quarta derribados, o santuário – a vida devocional – destruído. E assim caminhamos.

Lembro-me da estória da conversa do imperador romano com seu general, enquanto caminhavam por uma plantação de trigo. O soberano perguntava ao seu homem de guerra "o que devo fazer para manter-me sempre no poder, para impedir que surja alguém que me tire do trono?". O militar desembainhou sua espada e cortou rente uma parte do trigo que encontrava-se à beira da estrada. "Mantenha toda a população assim. Nivele por baixo; impeça que qualquer um se destaque dos demais". A manutenção da mediocridade, a nivelação por baixo – eis a estratégia dos déspotas para impedir a ascensão dos virtuosos. O povo, ao invés de ser estimulado a desenvolver-se integralmente, passou a ser "suprido" com pão e circo.

Pergunta-se onde estão os grandes santos do século XXI. Onde estão os profetas, o povo que se destaca pela obediência, coragem, humildade, unção, frutificação e poder? Onde está a geração que fará diferença na história do cristianismo deste início de século? Alguém respondeu que nenhum santo aparece porque nenhum dos crentes está disponível. Muitos estão ocupados demais querendo construir o seu patrimônio terreno, enquanto o restante encontra-se despreocupado – reconhecendo que algo precisa ser refeito, algo precisa ser restaurado, algo precisa ser reconstruído, mas por que se importar com isso, por que desgastar-se com preocupações fanáticas e idéias tolas? Por que buscar restauração, reconstrução e reforma?

De acordo com o texto, após receber as notícias sobre o povo e a cidade de Jerusalém, Neemias assentou-se, chorou e lamentou por "alguns dias" (v. 4). Por quantos dias? Lemos em Ne 1.1 que aquele servo de Deus recebeu a notícia "no mês de quisleu, no ano vigésimo" (novembro-dezembro de 446 a.C.). Ne 2.1 nos informa que ele apresentou-se ao rei, para suplicar ajuda, "no mês de nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes" (março-abril de 445 a.C.). Isso indica um período de 4 meses ou 120 dias de choro e lamentação. Estamos diante de um homem que foi afetado profunda e poderosamente pelo infortúnio.

Eu quero chamar você nesta hora a considerar a sua vida diante do Senhor, a expor suas mazelas e ruínas e a lamentar. Busque fazer isso sem atenuar a dor. Sinta-a por inteiro, exponha-se ao juízo divino e peça para enxergar as coisas de acordo com a ótica da santidade divina. Suplique para que Deus lhe conceda ver o pecado e suas conseqüências com os olhos dEle. Entristeça-se, lamente, chore, deixe que o Espírito Santo complete Sua obra em seu coração. Deixe que a graça inicie sua cirurgia espiritual produzindo arrependimento, tristeza segundo Deus e que ela instile em você o desejo fortíssimo de reconstruir, de buscar restauração e reforma:

Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir.

Ai de vós, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar. Lc 6. 21b, 25b.

Este é o segundo passo necessário: deixar-se afetar, impactar pelo infortúnio. Incomodar-se e chorar pelas ruínas, pela desgraça e pelo desprezo. Não conformar-se com o atual estado de coisas e lançar-se diante de Deus com choro e lamentação.

 

Comece a Agir

Todo o livro de Neemias, como eu já afirmei há pouco, trata do grandioso tema da reconstrução ou de "como reconstruir o que foi derribado". Todo o livro é cheio dos atos de Deus e dos atos dos homens, destacando-se, obviamente, os atos de Neemias, que foi o líder da reconstrução dos muros enquanto Esdras liderou a reconstrução do templo de Jerusalém.

Temos visto também que o cristianismo é uma fé que convoca para reconstruir. Definitivamente a fé cristã é totalmente diferente do hinduísmo, que prega o conformismo baseado na lei do carma. O cristianismo nos convida a olhar para o que está arruinado e reconstruir, a olhar para o que está feio e embelezar, a olhar para o que está maculado e santificar, a olhar para o que está estragado e consertar. O cristianismo é a religião viva e verdadeira de Deus e Deus é o Senhor que "faz novas todas as coisas" (Ap 21.5), que traz vida nova, que muda, transforma, quebranta, molda, restaura, edifica, planta, rega, produz fruto – enfim, o Deus da Vida que vivifica. Então, não devemos nos conformar com menos do que a plenitude de Deus para nossas vidas.

"Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade, com alegria, dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz" Cl 1.9-12.

A próxima verdade a estabelecer é esta: toda reconstrução que permanece começa com oração e jejum: "e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus" (v. 4). A reconstrução de Jerusalém, uma obra física, demandava recursos espirituais. A reconstrução de qualquer aspecto de nossas vidas, a restauração espiritual da igreja de Jesus Cristo aqui chamada de Igreja Presbiteriana Central do Gama, enfim, qualquer obra relacionada à glória de Deus em nós demanda busca de sua face e prática do jejum.

Neemias lançou-se a um período contínuo de oração e jejum: "Estejam, pois, atentos os teus ouvidos, e os teus olhos, abertos, para acudires à oração do teu servo, que hoje faço à tua presença, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos..." (v. 6). Eles fez isso por quatro meses consecutivos, ininterruptamente.

Este relato combina com outras histórias da Escritura. Moisés buscou a presença do Senhor em um jejum de 40 dias, antes de receber as tábuas da Lei (Êx 24.18). O Senhor Jesus jejuou 40 dias e 40 noites antes de enfrentar o diabo e iniciar o seu ministério frutífero (Mt 4.1-2). De acordo com At 14.23, os presbíteros eram eleitos na igrejas de Listra, Icônio e Antioquia, depois da prática de orações "com jejuns". O apóstolo Paulo fala de sua experiência ministerial nestes termos: "nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns" (2 Co 6.5a) e ao referendar o seu apostolado, em 2 Co 11.27, ele reafirma: "em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez".

Há quem diga que oração e jejum não é coisa para presbiterianos. "Somos calvinistas", dizem, como se o termo calvinista significasse "alguém que não ora nem jejua". Na verdade desafio você a ler a maior obra teológica de João Calvino, suas Institutas, e a constatar que ele dedica mais páginas ao ensino sobre oração e busca de Deus do que à doutrina da predestinação. Temos de banir de vez esta noção de que presbiterianismo é sinônimo de flacidez devocional, que Igreja Presbiteriana é refúgio para quem não gosta de orar e jejuar.

Você quer reconstruir? Antes de qualquer coisa pare, ore e jejue. Por quanto tempo? Pelo tempo que o Espírito lhe orientar. Busque-o persistentemente, humildemente, disciplinadamente. Lute pela reconstrução até vê-la finalizada, para a glória do Senhor Jesus.

De acordo com o texto, o sinal da verdadeira sensibilidade ao infortúnio chama-se sede de Deus e arrependimento, manifestados na confissão (vv. 6-9).

Veja que, no final do período de oração, Neemias tinha uma estratégia concedida pelo Altíssimo (v. 11). Esse foi o resultado de sua busca de Deus com lamento, choro e jejum.

 

Conclusão

Estamos designando este mês de o mês das bases da restauração. Isso porque todo o Conselho tem convicção de que temos muitas "portas queimadas" e "muros derribados". Individualmente, coletivamente, mudanças são necessárias. O Espírito Santo está soprando em muitos corações, afirmando que coisas vão acontecer. Deus vai realizar o seu propósito em sua vida e na vida desta igreja. Mas para sermos a igreja que está na mente de Deus, precisamos edificar de acordo com o projeto divino.

Estamos conclamando todos à dedicação de suas vidas em jejum e oração. Deus tem algo a fazer e ele nos chama a lamentar, chorar, confessar e jejuar. É findo o tempo do domínio do pecado. É findo o tempo da vida superficial com o Senhor. É findo o tempo da ausência de frutos. Chegou a hora de reconstruir muros e assentar novas portas. E isso tudo diz respeito a você.

Hoje pela manhã o evangelista Cícero falou sobre avivamento espiritual, na congregação do Lago Azul. Pude afirmar ali que todo avivamento registrado na história começou com um período de busca de Deus, de consagração, uma disposição firme da vontade para reconstruir.

Faça um levantamento do que precisa ser mudado; torne-se sensível à visão das ruínas, deixe-se tocar pelo infortúnio e busque a Deus com choro, com lamento e com jejum. Este é o mês das bases da restauração.

Quero terminar convidando você a ler comigo Ne 2.18: "E lhes declarei como a boa mão do meus Deus estivera comigo e também as palavras que o rei me falara. Então, disseram: Disponhamo-nos e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa obra".