Neemias, Preparando-se Para
Reconstruir
Ne 1.1-2.1
por Rev. Misael
- Igreja Presbiteriana Central do Gama
Pr. José Antônio Corrêa
Introdução
O
texto que terminamos de ler relata a experiência de Neemias, servo de Deus e
funcionário de confiança do rei da Pérsia, Artaxerxes I, por ocasião dos meses
quisleu a nisã do calendário judaico, provavelmente novembro-dezembro de
Estamos
diante de um relato introdutório para o grandioso tema deste livro. Grande
parte da população judaica havia sido levada "para o exílio"; os que
foram deixados em Jerusalém passavam por "grande miséria e desprezo".
Quanto à cidade, estava desolada, com seus muros "derribados, e as suas
portas, queimadas". Sião, a cidade de Deus, era agora uma caricatura
daquilo que havia sido nos tempos de Salomão; a glória do Senhor havia partido;
os alegres cânticos do templo estavam silenciados – aliás, o próprio santuário
estava destruído; não se ouvia a leitura da Palavra de Deus, nem era confirmada
a sua graça mostrada nos cerimoniais vespertinos. O centro de proclamação do
juízo e da bondade divina estava maculado, destruído. O orgulho judaico estava
lançado ao pó. Enfim, a realidade existente em Judá destoava das descrições
grandiosas dos relatos escriturísticos. Jerusalém, trono de Davi, núcleo
mundial de glorificação dos atributos divinos, estava exaurida, envergonhada e
fulminada.
Esse
registro preparatório serve de palavra inicial para o assunto do livro: Como
reagir ao infortúnio ou como reconstruir o que foi derrubado. Reconstruir é
mais difícil do que iniciar do zero. Qualquer construtor ou mesmo proprietário
de um imóvel sabe que é mais complicado corrigir falhas do que construir a
partir de um projeto em um terreno vazio. Isso se aplica a imóveis e se aplica
à vida. É muito mais fácil iniciar um relacionamento do que encontrar novamente
o caminho de entrada em um coração magoado. É excitante começar na vida
profissional, mas extremamente difícil levantar novamente a cabeça e tentar de
novo, depois de um fracasso. É maravilhosa a entrada nos estudos, mas o mais
desafiador é voltar depois de parar por alguns anos. Começar a servir a Deus é
uma bênção repleta de alegrias; porém, constatar que a vida com o Senhor está
em ruínas, que os valores espirituais encontram-se carcomidos, que a glória do
Altíssimo se foi e que agora é preciso reconstruir – eis uma tarefa a que
muitos poucos se dispõem.
Um
fato da existência é que todos nós – todos, sem exceção – temos áreas da vida
que precisam de reconstrução e reforma. Apesar da abundante provisão divina, há
aqueles que encontram-se em "grande miséria". Apesar do amor divino,
que enche os céus e nos circunda em todo o tempo, há aqueles que experimentam
"grande desprezo". Os muros de algumas vidas – seus limites de
proteção – "estão derribados". Em outras, encontramos "portas
queimadas".
Tais
situações de vexame e desalento se fazem presentes na individualidade e na
existência corporativa e orgânica que Deus chama de Igreja. A Igreja do Senhor
encontra-se, em diversos aspectos, desolada. Dentre o povo de Deus, não são
poucos os que estão, no que diz respeito aos seus recursos espirituais,
"em grande miséria e desprezo". O lugar de adoração foi derrubado no
coração de alguns e os muros de proteção, as barreiras da graça que deveriam
estar firmes, separando e protegendo-nos dos ataques dos inimigos, tem sido
sistematicamente derrubadas e queimadas.
Esta
é uma palavra que se dirige a desalentados, a pessoas que olham para dentro de
si mesmas – ou ao redor – e enxergam fatos que incomodam, perturbam,
entristecem e desesperam. Estou falando com gente que olha dentro ou em torno
de si e percebe que as coisas não estão como deveriam estar, que aquelas portas
e aqueles muros estão faltando; que o santuário, morada do Espírito, foi
maculado, que há evidências de destruição.
Pessoas
reagem aos infortúnios de formas diferentes. Há quem fique paralisado. Ocorreu
a destruição; o caos deixou sua marca e não há como apagá-la. Não há,
absolutamente, nenhuma possibilidade de reconstruir. Os motivos para tal
passividade podem ser vários: medo (reconstruir é amedrontador), incredulidade
(a convicção ou sentimento de que não é possível reconstruir), vontade fraca
(reconstruir dá trabalho); comodidade (tem gente que se acostuma a viver em
meio às ruínas).
Há
quem creia que reconstruir é possível. Esta segunda categoria de pessoas é
muito bem representada por Neemias. Existe uma raça de seres humanos –
denominada "raça eleita" (1 Pe 2.9) que é assessorada, orientada e
capacitada pelo Criador para impactar a história, alterando quadros
considerados irreversíveis. Há na Bíblia um grupo de pessoas – uns tais
cristãos – que não se dobram diante do mal, que não se acostumam com a visão
das portas queimadas e dos muros derribados.
Você
pode encarar a vida de duas formas, sob o ponto de vista natural ou sob o ponto
de vista de Deus. As ações resultantes destas duas maneiras de ver as coisas
são muito diferentes. Quem enxerga a existência sob a ótica natural se torna
fácil presa da desdita, da desgraça. Como os empreendedores de Babel, termina
seu empreendimento em meio a grande confusão. Quem enxerga os fatos sob a ótica
divina recebe a graça da fé, do arrependimento, da esperança. Impulsionado pelo
Espírito Santo, prossegue confiante no Senhor, fortalecido pela "força do
seu poder".
O
que é necessário para reconstruir? Quais os recursos, as posturas, as
definições da vontade que se tornam imprescindíveis para levarmos adiante as
reformas, as reconstruções orientadas por Deus? O Soberano nos responde a tais
perguntas, através do exemplo de Neemias.
Verifique O Que Precisa Ser Reconstruído
A
primeira ação necessária é definir o que precisa ser reconstruído. Neemias
recebeu informações claras sobre o estado de Jerusalém (vv. 2-3). Ele mostrou
interesse em saber como as coisas estavam e tudo lhe foi dito por Hanani e seus
companheiros. As notícias não foram nada agradáveis, mas foram fundamentais
para que se iniciassem no coração de Neemias as disposições para a obra de
reconstrução.
O
levantamento de dados negativos é uma tarefa desagradável e por isso mesmo
evitada por muitas pessoas. O levantamento detalhado de informações mostra o
real estado de um problema. É comum sentir-se ameaçado com o desvendamento
desses detalhes. Deixar de considerá-los dá uma falsa impressão de que eles não
existem ou são menores do que realmente são.
É
mais fácil cobrir uma trinca ou rachadura com uma cortina do que quebrar a
parede e refazer as cintas ou fundações. É aparentemente mais simples fingir
que a necessidade de reconstrução não existe. Há quem finja não saber dos
fatos. Neemias podia receber os amigos, oferecer-lhe uma refeição, conversar
sobre diversos assuntos e dispensar o tema "desgraça de Jerusalém".
Podia despedir seus amigos com alegria depois de uma tarde agradável e depois
envolver-se em suas tarefas profissionais, como alto funcionário da corte de
Artaxerxes. Por que tocar em assuntos desagradáveis, por que tomar conhecimento
de fatos que o arrancariam de sua zona de conforto? Esse é o raciocínio de
alguns que preferem "não avaliar, não conhecer, não verificar as
necessidades de reconstrução".
Note
aquela área de sua vida – totalmente "derribada" e ao mesmo tempo
totalmente desconsiderada por você. Você finge que está tudo bem, que não é
preciso tomar nenhuma providência. Você acorda e se deita todos os dias com
aquela sensação de peso, aquele incômodo, aquela espetada da consciência,
aquele desconforto, aquela "azia" existencial, uma sensação de
queimação, de angústia indefinida. Algo precisa ser mudado, precisa ser
reformado, precisa ser reconstruído, mas você insiste em não encarar os fatos
de frente, você os nega fingindo que não os vê. O Espírito Santo lhe incomoda
diariamente mas você volta as costas para os fatos e retorna para a sua
"corte Persa", sem "tomar pé" das verdades importantes que
podem produzir mudanças em sua alma.
Note
aquela área da igreja que precisa ser reconstruída. As portas de devoção estão
queimadas; Jerusalém foi tomada e deixada em ruínas; o santuário foi profanado
e torna-se urgente a tarefa de reconstrução – mas você continua impassível,
indiferente a este lastimável estado de coisas.
A
orientação apostólica, lembrada na Ceia, "examine-se, pois, o homem a si
mesmo" (1 Co 11.28a) é muito pouco praticada em profundidade. Não de trata
de fazer um rápido levantamento sobre as "escorregadas" da última
semana, nem listar aquelas falhas cerimoniais ou transgressões superficiais. No
auto-exame, não somos chamados a analisar os riscos existentes na pintura de
nossa alma, mas para checar seus alicerces, suas muralhas e suas portas.
Precisamos fazer isso para constatar as verdadeiras necessidades de reforma e
reconstrução.
A
carne e o diabo farão de tudo para dissuadi-lo desta verificação. Eles estarão
contentes com sua auto-indulgência. O pecado vai lhe estimular a plantar
girassóis diante dos muros derribados e a disfarçar as portas queimadas com
agradáveis cortinas de seda.
O
problema é que você continuará sem defesa ou segurança alguma. Girassóis e
cortinas não contém o avanço de exércitos inimigos. É preciso reconstruir os
portões e as muralhas. Temos de abrir os olhos para perceber tais necessidades.
Para verificar o que precisa ser reconstruído, conte com o auxílio do Espírito
Santo:
"Quando
ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado,
porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis
mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado" (Jo
16.8-11).
"Sonda-me,
ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se
há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno" (Sl 139.23-24).
"Quem
há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas.
Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei
irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão" (Sl 19.12-13).
Entenda
claramente que Deus quer ajudá-lo a reconstruir. O Senhor faz todas as coisas
com beleza, santidade e harmonia. Ele é o Senhor da Criação – Ele é o Senhor da
Nova Criação, aquele que "faz novas todas as coisas".
Para
as pessoas que desejam contar com a ajuda divina para reconstruírem, eis uma
sugestão de oração: "Deus Triúno, digno de toda honra e louvor, mostra-me
as áreas de minha vida que precisam ser reconstruídas. Senhor e Redentor meu,
sonda-me, desperta-me, revela a mim o que precisa ser mudado. Mostra-me também,
em tua Igreja e em meu compromisso com o teu reino, o que precisa ser
reconstruído. Em nome de Jesus, amém".
Deixe-se Tocar Pelo Infortúnio
Não
apenas Neemias obteve informações sobre a ruína de Jerusalém – ele deixou-se
impactar por elas (v. 4a): "Tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me, e
chorei, e lamentei por alguns dias".
Conhecer,
encarar os fatos sobre aquilo que está derribado, demolido e queimado; esse é
um primeiro passo abençoado, mas ainda não é o suficiente para produzir
reconstrução. É preciso algo mais. Principalmente para nossa geração
televisiva, não é incomum receber informações e permanecer impassivo.
Assistimos a cenas de violência em uma grande capital brasileira ou vemos
crianças morrendo de fome na África. Ficamos superficialmente chocados,
desligamos a TV e vamos jantar. É assim que as coisas funcionam. Recebemos
notícias terríveis mas não somos pessoalmente envolvidos por elas. O mesmo
ocorre com relação às coisas espirituais. Sabemos que determinada área de nossa
vida precisa ser reconstruída, está arruinada, precisando de obras urgentes e
pensamos: "quando Deus quiser ele muda isso" ou "não há problema
algum em ter uma portinha queimada aqui e uma parede caída ali; esse negócio de
crente que cresce continuamente conforme a imagem de Cristo é fanatismo, é
utopia, é coisa pra bitolados... Eu vou seguindo assim mesmo". E a vida
continua torta, capenga – uma fachada pintada aqui; a porta dos fundos
queimada, os muros do quarta derribados, o santuário – a vida devocional –
destruído. E assim caminhamos.
Lembro-me
da estória da conversa do imperador romano com seu general, enquanto caminhavam
por uma plantação de trigo. O soberano perguntava ao seu homem de guerra
"o que devo fazer para manter-me sempre no poder, para impedir que surja
alguém que me tire do trono?". O militar desembainhou sua espada e cortou
rente uma parte do trigo que encontrava-se à beira da estrada. "Mantenha
toda a população assim. Nivele por baixo; impeça que qualquer um se destaque
dos demais". A manutenção da mediocridade, a nivelação por baixo – eis a
estratégia dos déspotas para impedir a ascensão dos virtuosos. O povo, ao invés
de ser estimulado a desenvolver-se integralmente, passou a ser
"suprido" com pão e circo.
Pergunta-se
onde estão os grandes santos do século XXI. Onde estão os profetas, o povo que
se destaca pela obediência, coragem, humildade, unção, frutificação e poder?
Onde está a geração que fará diferença na história do cristianismo deste início
de século? Alguém respondeu que nenhum santo aparece porque nenhum dos crentes
está disponível. Muitos estão ocupados demais querendo construir o seu
patrimônio terreno, enquanto o restante encontra-se despreocupado –
reconhecendo que algo precisa ser refeito, algo precisa ser restaurado, algo
precisa ser reconstruído, mas por que se importar com isso, por que
desgastar-se com preocupações fanáticas e idéias tolas? Por que buscar
restauração, reconstrução e reforma?
De
acordo com o texto, após receber as notícias sobre o povo e a cidade de
Jerusalém, Neemias assentou-se, chorou e lamentou por "alguns dias"
(v. 4). Por quantos dias? Lemos em Ne 1.1 que aquele servo de Deus recebeu a
notícia "no mês de quisleu, no ano vigésimo" (novembro-dezembro de
Eu
quero chamar você nesta hora a considerar a sua vida diante do Senhor, a expor
suas mazelas e ruínas e a lamentar. Busque fazer isso sem atenuar a dor.
Sinta-a por inteiro, exponha-se ao juízo divino e peça para enxergar as coisas
de acordo com a ótica da santidade divina. Suplique para que Deus lhe conceda
ver o pecado e suas conseqüências com os olhos dEle. Entristeça-se, lamente,
chore, deixe que o Espírito Santo complete Sua obra em seu coração. Deixe que a
graça inicie sua cirurgia espiritual produzindo arrependimento, tristeza
segundo Deus e que ela instile em você o desejo fortíssimo de reconstruir, de
buscar restauração e reforma:
Bem-aventurados
vós, os que agora chorais, porque haveis de rir.
Ai
de vós, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar. Lc 6. 21b, 25b.
Este
é o segundo passo necessário: deixar-se afetar, impactar pelo infortúnio.
Incomodar-se e chorar pelas ruínas, pela desgraça e pelo desprezo. Não
conformar-se com o atual estado de coisas e lançar-se diante de Deus com choro
e lamentação.
Comece a Agir
Todo
o livro de Neemias, como eu já afirmei há pouco, trata do grandioso tema da
reconstrução ou de "como reconstruir o que foi derribado". Todo o
livro é cheio dos atos de Deus e dos atos dos homens, destacando-se,
obviamente, os atos de Neemias, que foi o líder da reconstrução dos muros
enquanto Esdras liderou a reconstrução do templo de Jerusalém.
Temos
visto também que o cristianismo é uma fé que convoca para reconstruir.
Definitivamente a fé cristã é totalmente diferente do hinduísmo, que prega o
conformismo baseado na lei do carma. O cristianismo nos convida a olhar para o
que está arruinado e reconstruir, a olhar para o que está feio e embelezar, a
olhar para o que está maculado e santificar, a olhar para o que está estragado
e consertar. O cristianismo é a religião viva e verdadeira de Deus e Deus é o
Senhor que "faz novas todas as coisas" (Ap 21.5), que traz vida nova,
que muda, transforma, quebranta, molda, restaura, edifica, planta, rega, produz
fruto – enfim, o Deus da Vida que vivifica. Então, não devemos nos conformar
com menos do que a plenitude de Deus para nossas vidas.
"Por
esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por
vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a
sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor,
para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno
conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da
sua glória, em toda a perseverança e longanimidade, com alegria, dando graças
ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na
luz" Cl 1.9-12.
A
próxima verdade a estabelecer é esta: toda reconstrução que permanece começa
com oração e jejum: "e estive jejuando e orando perante o Deus dos
céus" (v. 4). A reconstrução de Jerusalém, uma obra física, demandava
recursos espirituais. A reconstrução de qualquer aspecto de nossas vidas, a
restauração espiritual da igreja de Jesus Cristo aqui chamada de Igreja
Presbiteriana Central do Gama, enfim, qualquer obra relacionada à glória de
Deus em nós demanda busca de sua face e prática do jejum.
Neemias
lançou-se a um período contínuo de oração e jejum: "Estejam, pois, atentos
os teus ouvidos, e os teus olhos, abertos, para acudires à oração do teu servo,
que hoje faço à tua presença, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus
servos..." (v. 6). Eles fez isso por quatro meses consecutivos,
ininterruptamente.
Este
relato combina com outras histórias da Escritura. Moisés buscou a presença do
Senhor em um jejum de 40 dias, antes de receber as tábuas da Lei (Êx 24.18). O
Senhor Jesus jejuou 40 dias e 40 noites antes de enfrentar o diabo e iniciar o
seu ministério frutífero (Mt 4.1-2). De acordo com At 14.23, os presbíteros
eram eleitos na igrejas de Listra, Icônio e Antioquia, depois da prática de
orações "com jejuns". O apóstolo Paulo fala de sua experiência
ministerial nestes termos: "nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos
trabalhos, nas vigílias, nos jejuns" (2 Co 6.5a) e ao referendar o seu
apostolado, em 2 Co 11.27, ele reafirma: "em trabalhos e fadigas, em
vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e
nudez".
Há
quem diga que oração e jejum não é coisa para presbiterianos. "Somos
calvinistas", dizem, como se o termo calvinista significasse "alguém
que não ora nem jejua". Na verdade desafio você a ler a maior obra
teológica de João Calvino, suas Institutas, e a constatar que ele dedica mais
páginas ao ensino sobre oração e busca de Deus do que à doutrina da
predestinação. Temos de banir de vez esta noção de que presbiterianismo é
sinônimo de flacidez devocional, que Igreja Presbiteriana é refúgio para quem
não gosta de orar e jejuar.
Você
quer reconstruir? Antes de qualquer coisa pare, ore e jejue. Por quanto tempo?
Pelo tempo que o Espírito lhe orientar. Busque-o persistentemente,
humildemente, disciplinadamente. Lute pela reconstrução até vê-la finalizada,
para a glória do Senhor Jesus.
De
acordo com o texto, o sinal da verdadeira sensibilidade ao infortúnio chama-se
sede de Deus e arrependimento, manifestados na confissão (vv. 6-9).
Veja
que, no final do período de oração, Neemias tinha uma estratégia concedida pelo
Altíssimo (v. 11). Esse foi o resultado de sua busca de Deus com lamento, choro
e jejum.
Conclusão
Estamos
designando este mês de o mês das bases da restauração. Isso porque todo o
Conselho tem convicção de que temos muitas "portas queimadas" e
"muros derribados". Individualmente, coletivamente, mudanças são
necessárias. O Espírito Santo está soprando em muitos corações, afirmando que
coisas vão acontecer. Deus vai realizar o seu propósito em sua vida e na vida
desta igreja. Mas para sermos a igreja que está na mente de Deus, precisamos
edificar de acordo com o projeto divino.
Estamos
conclamando todos à dedicação de suas vidas em jejum e oração. Deus tem algo a
fazer e ele nos chama a lamentar, chorar, confessar e jejuar. É findo o tempo
do domínio do pecado. É findo o tempo da vida superficial com o Senhor. É findo
o tempo da ausência de frutos. Chegou a hora de reconstruir muros e assentar
novas portas. E isso tudo diz respeito a você.
Hoje
pela manhã o evangelista Cícero falou sobre avivamento espiritual, na
congregação do Lago Azul. Pude afirmar ali que todo avivamento registrado na
história começou com um período de busca de Deus, de consagração, uma
disposição firme da vontade para reconstruir.
Faça
um levantamento do que precisa ser mudado; torne-se sensível à visão das
ruínas, deixe-se tocar pelo infortúnio e busque a Deus com choro, com lamento e
com jejum. Este é o mês das bases da restauração.
Quero
terminar convidando você a ler comigo Ne 2.18: "E lhes declarei como a boa
mão do meus Deus estivera comigo e também as palavras que o rei me falara.
Então, disseram: Disponhamo-nos e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a
boa obra".