O DEUS DE PODER
DN 2.20-22
Pr. José Antônio Corrêa
Texto: "20 Disse Daniel: Seja bendito o nome de
Deus para todo o sempre, porque são dele a sabedoria e a força. 21 Ele muda os
tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; é ele quem dá a
sabedoria aos sábios e o entendimento aos entendidos. 22 Ele revela o profundo
e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz".
INTRODUÇÃO
1.
As palavras contidas no texto da leitura inicial, fazem parte de um contexto,
onde Nabucodonosor, rei da Babilônia, começou a ser incomodado por alguns
sonhos, vindo inclusive a perder o próprio sono. Diante disso, ele mandou
chamar em sua presença os magos, encantadores, adivinhadores, astrólogos, etc.,
afim de que eles interpretassem os seus sonhos e especificamente um sonho em
particular, v. 3.
2.
Diante do pedido de Nabucodonosor, os referidos sábios pediram que o rei lhes
declarasse o que tinha sonhado, para que pudessem dar-lhe a devida
interpretação. Percebendo o rei que aqueles homens queriam enganá-lo, exigiu
deles que além de interpretarem o sonho, deveriam dizer também o que o rei
havia sonhado. Caso não cumprissem as exigências reais, seriam despedaçados e
suas casas destruídas, v. 5. Diante das ameaças, aqueles sábios disseram
ao rei que ninguém havia na terra que pudesse atender às suas exigências. O
rei, então, ordenou a morte de todos os magos e encantadores da Babilônia, v.
12.
3.
Foi neste momento que Daniel entra em cena. Como ele era também considerado
sábio, seria morto juntamente com os colegas de profissão. Assim Daniel
apresentou-se ao rei como candidato a revelar o seu sonho e a dar a sua devida
interpretação. Indo para casa convocou seus companheiros Hananias, Misael e
Azarias, para que o ajudassem a pedir "...misericórdia ao Deus do céu
sobre este mistério, a fim de que ... (ele) e seus companheiros não perecessem,
juntamente com o resto dos sábios de Babilônia", v. 17.
4.
Durante o período de oração, o segredo do rei foi revelado a Daniel, sendo
nesse momento que ele pronunciou as palavras de nossa passagem bíblica inicial,
que não passam de uma declaração sobre as manifestações e o poder de Deus.
Vejamos nesta noite:
"COMO ‘SABEDORIA E PODER’
DEUS":
I. TEM O CONTROLE DAS FORÇAS DA
NATUREZA
"Ele
muda os tempos e as estações", v. 21
a)
Atos 17.24-25, "24 O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há,
sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de
homens; 25 nem tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de
alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as
coisas". Duas declarações importantes no texto:
-
"...sendo Ele Senhor do Céu e da terra...". Esta expressão tanto pode
significar "o dono", como também a realidade de que Deus comanda as
ações da natureza ocorridas, tanto na terra como também nos ares, no cosmo onde
os planetas, estrelas, etc. estão inseridos.
-
"...é quem dá a todos vida, a respiração e todas as coisas". Até
mesmo os animais criados (peixes, aves, repteis, insetos, vertebrados,
invertebrados, etc.) respiram e vivem pelo cuidado de Deus!
b)
Êx 9.1-4, "1 Depois o Senhor disse a Moisés: Vai a Faraó e
dize-lhe: Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: Deixa ir o meu povo, para que
me sirva. 2 Porque, se recusares deixá-los ir, e ainda os retiveres, 3 eis que
a mão do Senhor será sobre teu gado, que está no campo: sobre os cavalos, sobre
os jumentos, sobre os camelos, sobre os bois e sobre as ovelhas; haverá uma
pestilência muito grave. 4 Mas o Senhor fará distinção entre o gado de Israel e
o gado do Egito; e não morrerá nada de tudo o que pertence aos filhos de
Israel". O texto em referência é um aviso de Deus aos egípcios, sobre a
iminência das pragas que atingiriam sua terra, caso Faraó não permitisse a
saída imediata dos judeus. Observe no texto que:
-
Deus atingiria com pragas os animais dos egípcios, que morreriam, mas ao mesmo
tempo os animais dos judeus seriam poupados. Se num mesmo pasto, ou curral
estivessem juntas ovelhas e bois dos egípcios e judeus, somente seriam
castigados aqueles pertencentes aos egípcios. Note que o Senhor faria distinção
entre os dois rebanhos. Deus não é minucioso?
c)
Lv 25.20-21, "20 Se disserdes: Que comeremos no sétimo ano, visto
que não haveremos de semear, nem fazer a nossa colheita? 21 então eu mandarei a
minha bênção sobre vós no sexto ano, e a terra produzirá fruto bastante para os
três anos". Aqui, encontramos Deus transmitindo instruções ao seu povo
sobre a observância da lei para o descanso da terra, que deveria ocorrer no
sétimo ano, após seis anos consecutivos de plantação e colheita. Havia uma
preocupação do povo sobre o fato de que, não havendo plantação neste sétimo
ano, poderia haver falta de alimentos. Porém, o Deus que cuida de tudo, diz que
providenciaria para eles uma farta colheita no sexto ano que abasteceria seus
filhos por "três anos consecutivos". Não é o Senhor que cuida de
tudo? Sua ação na natureza é vista de forma clara por todos aqueles que são
filhos do reino!
3.
Este controle e comando de Deus sobre as forças da natureza, pode ser visto de
uma maneira muito clara em Jesus, durante o seu ministério terreno:
a)
Sobre o mar e os ventos, Mt 8.26, "Ele lhes respondeu: Por
que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se repreendeu os ventos e o
mar, e seguiu-se grande bonança". Jesus repreendeu os ventos e a agitação
do mar, e estes O obedeceram!
b)
Na grande pesca, Lc 5.4-6, "4 Quando acabou de falar, disse
a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca. 5 Ao que disse
Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua
palavra, lançarei as redes. 6 Feito isto, apanharam uma grande quantidade de
peixes, de modo que as redes se rompiam". O mar não estava para peixe, mas
o Senhor os fez aparecer!
c)
Durante sua morte, Lc 23.44, "Era já quase a hora sexta, e
houve trevas em toda a terra até a hora nona, pois o sol se escurecera".
As trevas ocorridas não foram provenientes de um eclipse comum, mas uma
alteração na natureza, provocada por Deus, para aquela hora e momento!
4.
Sim, Daniel, como também nós precisamos reconhecer que tudo o que existe na
natureza não caminha descontroladamente, mas sob o comando e a direção de Deus!
Até nas tempestades, nas catástrofes, no aparente descontrole das forças da
natureza, podemos ver a mão do Todo-Poderoso, que jamais abandona sua criação.
II. TEM O CONTROLE DOS GOVERNOS DAS
NAÇÕES
"...ele
remove os reis e estabelece os reis...", v. 21.
1.
Outra reconhecimento de Daniel acerca do Deus de Israel, está no fato de Ele, o
Senhor Todo-Poderoso, mantém o controle de todos os governantes das nações. Não
importa como um determinado rei, presidente, primeiro ministro, etc.., tenha
assumido o poder de uma nação, seja pelo voto direto, ou por um golpe militar,
Deus está por detrás destes magistrados e está atento a todos os seus atos. Quando
Paulo escreve aos romanos nos informa que "...não há autoridade que não
venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus", Rm 13.1.
2.
Isto posto, podemos afirmar que nenhum governante agirá sem a permissão de
Deus, mesmo ainda, que tal governante não tenha consciência disso. Muitas
vezes, agimos nesciamente ao criticar nossas autoridades, nos esquecendo que se
elas estão no poder, porque Deus assim permitiu. Não podemos nos esquecer de
que é Deus quem coloca os reis no trono, e os tira, de acordo com os seus
propósitos para aquele país ou nação. Temos muitos exemplos da ação de Deus
para erguer ou derrubar autoridades e magistrados:
a)
Saul, 1Sm 15.28, "Então Samuel lhe disse: O Senhor rasgou de
ti hoje o reino de Israel, e o deu a um teu próximo, que é melhor do que
tu". O texto em referência é uma palavra profética transmitida por Samuel
a Saul quando este foi rejeitado pelo Senhor, em razão de sua contumaz
desobediência. Embora seu reinado depois desta profecia dada por Samuel, ainda
durasse alguns anos, podemos ver mais adiante como a Palavra de Deus se cumpriu
ao pé-da-letra, com Saul sendo morto e Davi assumindo o seu lugar no trono, 1
Cr 10.13-14, "13 Assim morreu Saul por causa da sua infidelidade para
com o Senhor, porque não havia guardado a palavra do Senhor; e também porque
buscou a adivinhadora para a consultar, 14 e não buscou ao Senhor; pelo que ele
o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé".
b)
Nabucodonosor, Dn 4.33, "Na mesma hora a palavra se cumpriu
sobre Nabucodonosor, e foi expulso do meio dos homens, e comia erva como os
bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceu o cabelo
como as penas da águia, e as suas unhas como as das aves". Nabucodonosor
foi um dos mais poderosos e influentes reis de seu tempo! Porém seu orgulho e
presunção, fez com que Deus o removesse de seu reino e do meio dos homens,
transformando-o numa besta-fera, um perfeito animal, até que ele reconhecesse o
poder e a glória do Altíssimo. Após a experiência desastrosa, veja a declaração
de Nabucodonosor: "Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e
glorifico ao Rei do céu; porque todas as suas obras são retas, e os seus
caminhos justos, e ele pode humilhar aos que andam na soberba", v. 37.
Muitas pessoas precisam passar por uma lixa divina para aprenderem sobre a
grandeza e o poder de Deus!
c)
Herodes, At 12.21-23, "21 Num dia designado, Herodes,
vestido de trajes reais, sentou-se no trono e dirigia-lhes a palavra. 22 E o
povo exclamava: É a voz de um deus, e não de um homem. 23 No mesmo instante o
anjo do Senhor o feriu, porque não deu glória a Deus; e, comido de vermes,
expirou". Ao olharmos para o capítulo 12 de Atos podemos ver as
atrocidades cometidas por este rei perverso, quando ordenou a morte de Tiago,
um dos discípulos de Jesus, além de mandar Pedro para a prisão com a intenção
de matá-lo no dia seguinte. Observe Pedro que foi livre da prisão, graças à
intervenção de um anjo, vs. 7-11. Porém, Herodes, no auge de seu ibope
político e ao aceitar a glória que somente é devida ao Criador, morreu comido
de bichos, ficando vazio o seu trono à espera de um sucessor!
3.
Pelos exemplos vistos e ainda por muitos outros que poderiam ser citados,
podemos afirmar, sem medo de errar, que Deus coloca no trono quem Ele quer e
abate também quem Ele quer. Muitas vezes o Senhor até permite que suba ao trono
um governante perverso para poder tratar com um determinado povo. Não podemos
nos esquecer do adágio popular: "Cada povo tem o governo que merece".
III. CONCEDE INTELIGÊNCIA E
SABEDORIA AOS HOMENS
"...é
ele quem dá a sabedoria aos sábios e o entendimento aos entendidos", v.
21.
1.
Outro reconhecimento de Daniel é que o Deus Eterno é a fonte de sabedoria e
entendimento. Comumente, costumamos confundir sabedoria com conhecimento.
Porém, sabedoria e conhecimento são distintos. Não queremos dizer que sejam
totalmente opostos, mas são conceitos diferentes, havendo necessidade um
discernimento, até mesmo profundo, para poder separá-los, diferenciá-los.
Muitas vezes, só poderemos conhecer a real diferença entre sabedoria e
conhecimento através de um entendimento pelo Espírito de Deus.
2.
Observe que Daniel não disse que Deus dá "conhecimento", mas sim dá
"sabedoria" e "entendimento". Temos aqui uma referência à
capacitação espiritual que vem sobre aqueles que desenvolvem um relacionamento
com Deus. A verdadeira sabedoria somente pode ser adquirida através de uma
comunhão estreita com o Senhor. Salomão, nos dá uma "dica", uma
"receita", de como adquirir a verdadeira sabedoria: "O temor do
Senhor é o princípio do conhecimento; mas os insensatos desprezam a sabedoria e
a instrução, Pv 1.7. A palavra "temor" não tem a ver com
"medo", "pavor", mas sim com "reverência",
"respeito" ao Senhor. Somente vivendo debaixo do temor do Senhor é
que seremos sábios nas questões da vida. Vejamos alguns conceitos de sabedoria
na Palavra de Deus:
a)
Sua origem – somente em Deus, Êx 28.3, "Falarás a todos os
homens hábeis, a quem eu tenha enchido do espírito de sabedoria, que façam as
vestes de Arão para santificá-lo, a fim de que me administre o ofício
sacerdotal". Ver ainda Êx 31.3, "...e o enchi do espírito de
Deus, no tocante à sabedoria, ao entendimento, à ciência e a todo ofício".
Vejam como Deus capacitou com seu "Espírito" determinados homens,
para que pudessem desenvolver certos ofícios em sua presença. No primeiro
texto, alguns homens foram revestidos com sabedoria para confeccionarem as
roupas de Arão; já no segundo, Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de
Judá, foi cheio da sabedoria divina para ser artífice na construção do
Tabernáculo.
b)
Sendo transferida por imposição de mãos, Dt 34.9, "Ora,
Josué, filho de Num, foi cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés lhe
tinha imposto as mãos; assim se filhos de Israel lhe obedeceram, e fizeram como
o Senhor ordenara a Moisés". Aqui, podemos ver a sabedoria sendo
transferida de Moisés para Josué, através da imposição das mãos. O objetivo
principal do Senhor era que a mesma sabedoria que estava sobre Moisés, agora
estivesse sobre Josué, já que este teria a mesma função de Moisés, ou seja
ocupar a liderança da nação.
c)
A sabedoria em ação, 1Rs 3.16-28, "16 Então vieram duas
mulheres prostitutas ter com o rei, e se puseram diante dele. 17 E disse-lhe
uma das mulheres: Ah, meu senhor! eu e esta mulher moramos na mesma casa; e
tive um filho, estando com ela naquela casa. 18 E sucedeu que, no terceiro dia
depois de meu parto, também esta mulher teve um filho. Estávamos juntas;
nenhuma pessoa estranha estava conosco na casa; somente nós duas estávamos ali.
19 Ora, durante a noite morreu o filho desta mulher, porquanto se deitara sobre
ele. 20 E ela se levantou no decorrer da noite, tirou do meu lado o meu filho,
enquanto a tua serva dormia, e o deitou no seu seio, e a seu filho morto
deitou-o no meu seio. 21 Quando me levantei pela manhã, para dar de mamar a meu
filho, eis que estava morto; mas, atentando eu para ele à luz do dia, eis que
não era o filho que me nascera. 22 Então disse a outra mulher: Não, mas o vivo
é meu filho, e teu filho o morto. Replicou a primeira: Não; o morto é teu
filho, e meu filho o vivo. Assim falaram perante o rei. 23 Então disse o rei:
Esta diz : Este que vive é meu filho, e teu filho o morto; e esta outra diz:
Não; o morto é teu filho, e meu filho o vivo. 24 Disse mais o rei: Trazei-me
uma espada. E trouxeram uma espada diante dele. 25 E disse o rei: Dividi em
duas partes o menino vivo, e dai a metade a uma, e metade a outra. 26 Mas a
mulher cujo filho em suas entranhas se lhe enterneceram por seu filho), e
disse: Ah, meu senhor! dai-lhe o menino vivo, e de modo nenhum o mateis. A
outra, porém, disse: Não será meu, nem teu; dividi-o. 27 Respondeu, então, o
rei: Dai à primeira o menino vivo, e de modo nenhum o mateis; ela é sua mãe. 28
E todo o Israel ouviu a sentença que o rei proferira, e temeu ao rei; porque
viu que havia nele a sabedoria de Deus para fazer justiça". Olhando para a
história ocorrida um pouco antes, observamos que quando Salomão teve
oportunidade de pedir "coisas" a Deus, optou por pedir
"sabedoria" e não riquezas ou qualquer outra coisa. Com isso, ele foi
capacitado pelo Senhor com uma sabedoria fora do comum, como demonstrada no
episódio acima, 1Rs 4.30, "A sabedoria de Salomão era maior do que
a de todos os do Oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios".
d)
Sabedoria na escolha de autoridades sobre o povo, Ed 7.25,
"E tu, Esdras, conforme a sabedoria do teu Deus, que possuis, constitui
magistrados e juízes, que julguem todo o povo que está na província dalém do
Rio, isto é, todos os que conhecem as leis do teu Deus; e ensina-as ao que não
as conhece". Assim como Esdras, nós hoje como povo de Deus, precisamos
buscar a sabedoria divina para escolher aqueles que estarão ocupando posições
de autoridade na Igreja de Deus.
e)
No N. T. ela se constitui num dos dons do Espírito Santo, 1Co 12.8,
"Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo
mesmo Espírito, a palavra da ciência". Já vimos que somente Deus pode
trazer ao coração do homem a verdadeira sabedoria. Hoje, no tempo da Igreja,
ela é ministrada a nós, como "dom", através de seu Santo Espírito.
Este dom deve estar presente, principalmente, naqueles que ocupam cargos de
liderança na Igreja de Cristo. Caso contrário, a atuação desses líderes poderá
ser catastrófica.
3.
Para atuarmos com eficiência nas coisas do reino de Deus, precisamos buscar a
verdadeira sabedoria. Só assim seremos produtivos como filhos de Deus!
IV. TEM A REVELAÇÃO PARA TUDO O QUE
ESTÁ ESCONDIDO
"Ele
revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a
luz", v. 22
1.
Daniel reconheceu também que além de Deus ser o grande doador da sabedoria aos
homens, Ele também é o Deus que conhece tudo na sua profundidade! Nada pode
escapar aos seus olhos, uma vez que Ele tem o poder de conhecer todos os
segredos, até mesmo os mais escondidos! Um dos trechos mais impressionantes
sobre o poder de penetração do Senhor está no Salmo 139: "1 Senhor,
tu me sondas, e me conheces. 2 Tu conheces o meu sentar e o meu levantar; de
longe entendes o meu pensamento. 3 Esquadrinhas o meu andar, e o meu deitar, e
conheces todos os meus caminhos. 4 Sem que haja uma palavra na minha língua,
eis que, ó Senhor, tudo conheces", vs. 1-4. "7 Para onde me
irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua presença? 8 Se subir ao céu,
tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também. 9 Se
tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, 10 ainda ali a tua
mão me guiará e a tua destra me susterá", vs. 7-10.
2.
Não somente o Senhor conhece o "profundo" e o "escondido",
mas também traz às claras, quando necessário, os mais profundos segredos. Uma
das demonstrações de como Deus age pode ser vista em Atos 5: "1 Mas um
certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade, 2
e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e levando a outra parte,
a depositou aos pés dos apóstolos. 3 Disse então Pedro: Ananias, por que encheu
Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte
do preço do terreno?" Ananias, juntamente com sua mulher Safira, armou uma
trama para autoproteção no meio dos apóstolos, que consistia em mentir acerca
do valor de uma propriedade vendida para ser doada à igreja. Tudo foi feito às
escondidas! Porém o Espírito de Deus, que estava sobre Pedro, revelou este
segredo aos irmãos, culminando com a morte de Ananias e Safira na presença de
todos.
3.
Observe que este espírito de revelação, de conhecimento do
"escondido", sempre esteve com Jesus durante o seu ministério
terreno. Alguns textos:
a)
Mt 9.3-4, "3 E alguns dos escribas disseram consigo: Este homem
blasfema. 4 Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que pensais o
mal em vossos corações?" No texto em referência observamos Jesus
conhecendo os pensamentos dos escribas, que interiormente o acusavam de
"blasfêmia".
b)
Mt 12.25, "Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos,
disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou
casa, dividida contra si mesma não subsistirá". Este texto é semelhante ao
texto acima. Aqui Jesus conheceu os pensamentos dos fariseus, quando eles O
julgavam exorcizar demônios, não pelo poder de Deus, mas por Belzebu, príncipe
dos demônios.
c)
Jo 2.24, "23 Ora, estando ele em Jerusalém pela festa da páscoa,
muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. 24 Mas o próprio Jesus
não confiava a eles, porque os conhecia a todos, 25 e não necessitava de que
alguém lhe desse testemunho do homem, pois bem sabia o que havia no
homem". Esta passagem é uma das mais importantes que nos mostram o poder
que Jesus tinha para conhecer interiormente as pessoas. Ele conhecia até mesmo
aqueles que professavam uma "fé aparente", mas interiormente estavam
vazios de Deus. De nada adianta ser crente de rótulo, de fachada, pois o Senhor
nos conhece. Ele pode ver as verdadeiras intenções do homem!
4.
Assim como a sabedoria, a revelação constitui-se também num dos dons do
Espírito Santo, 1Co 14.26, "Que fazer, pois, irmãos? Quando vos
congregais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua,
tem interpretação. Faça-se tudo para edificação". Foi este dom que se
manifestou na vida de Pedro, quando ele conheceu a tramoia que estava por
detrás de Ananias e Safira, conforme já vimos anteriormente.
5.
Outro ponto importante a destacar é que as revelações de Deus somente ocorrem
para aqueles que se tornam "pequeninos" em sua presença, Mt 11.25,
"Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e
da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste
aos pequeninos". Observe que as revelações de Deus não são concedidas
àqueles que se julgam "sábios" e "entendidos", mas aos
"pequeninos". A palavra "pequeninos" - nhpiov (nepios) –
grego, significa simplesmente "crianças". É por esta razão que Jesus
afirmou que para alguém ser participante do reino, precisa recebê-lo como uma
"criança", M c 10.15, "Em verdade vos digo: Quem não
receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele".
6.
Busquemos através de uma vida humilde, conhecer as revelações de Deus, para
este tempo que estamos vivendo!
CONCLUSÃO:
1.
Vimos nesta noite, algumas características de Deus:
a)
Seu controle sobre a natureza;
b)
Seu controle sobre os governantes das nações;
c)
Sua concessão de inteligência e sabedoria aos homens;
d)
Seu conhecimento das coisas "profundas" e "escondidas".
2.
Como filhos de Deus, usando principalmente os dons da "sabedoria" e
"revelação" concedidos pelo Espírito Santo, podemos marcar presença
no mundo em que vivemos. Lembremos de Daniel, que em virtude de sua humilhação
na presença do Altíssimo, pode conhecer e revelar os sonhos, juntamente com a
sua interpretação, poupando desta forma não somente a sua vida, mas também as
vidas de seus colegas!
3.
Deus não somente deu este conhecimento a Daniel, mas pode dar também a nós na
presente era! Porém o único objetivo de Deus ao trazer sabedoria e entendimento
ao seu povo, é a Sua glorificação e nunca a exaltação do homem! Quem, no uso
das capacitações concedidas pelo Espírito Santo, se autoglorificar, ou
vangloriar-se, a bênção lhe será tirada, e esta pessoa certamente será alvo de
vergonha para a Igreja de Deus e para o mundo!