O Túmulo Vazio
por Gary Fisher
Pr. José Antônio Corrêa
Não
havia noticiário na televisão, no primeiro século. Mas, se tivesse havido, você
pode imaginar o que um comentarista poderia ter relatado na manhã da
ressurreição, cerca de 1970 anos atrás: "Bom dia, senhoras e senhores.
Aqui fala Claudius Marcellus diretamente de Jerusalém. Estamos aqui na cena de
um desaparecimento espantoso... mas antes de discutir isso, deixem-me preencher
alguns detalhes do cenário. Há cerca de três anos este homem, Jesus, começou a
viajar pelo interior da Judéia pregando um novo tipo de religião. Enquanto
conseguia muitos seguidores, ele desagradava a maioria dos líderes religiosos
da Palestina. Na manhã de sexta-feira, ele foi crucificado por acusação de
traição e blasfêmia. Na tarde dessa sexta-feira, ele foi tirado da cruz e
colocado num túmulo em forma de caverna, no qual agora me encontro. Agora,
domingo de manhã, o corpo se foi. As únicas coisas deixadas são as mortalhas,
bem dobradas e deixadas de lado. A cena aqui é de confusão e alvoroço. A
pergunta na boca de cada pessoa é: 'O que aconteceu com o corpo?'"
A
questão do desaparecimento do corpo de Jesus de um túmulo em Jerusalém, dois
milênios atrás, ainda é fundamental para a fé cristã. Cerca de 50 dias depois
do "desaparecimento", os apóstolos de Jesus começaram a pregar sua
ressurreição e milhares começaram a ser convertidos. Os céticos denunciavam os
apóstolos e seu ensinamento e perseguiam violentamente os seguidores de Jesus,
mas ninguém jamais disputou o único fato incontestável: o túmulo estava vazio.
Teria sido impossível discutir este ponto. Uma caminhada de quinze minutos por
uma secretária de Jerusalém, no intervalo do seu almoço, poderia ter confirmado
visualmente o fato.
O túmulo estava vazio!
A
resposta à questão do túmulo vazio requer investigação da evidência, indo desde
o depoimento de testemunhas a uma análise das circunstâncias. Esta evidência
precisa ser objetivamente esmiuçada para determinar o que, de fato, aconteceu.
Fatos verificáveis
1. Jesus viveu. Sobre isso não há dúvida substancial.
Documentos escritos por cristãos (Mateus, Marcos, Lucas, João, Paulo, Pedro,
etc.) no primeiro século confirmam este fato. Assim também o fazem os escritos
de historiadores romanos (Tácito e Suetônio) e judeus (Josefo).
2. Jesus morreu. Depois de ser espancado e açoitado, Jesus
foi crucificado. Os soldados furaram seu lado, do qual escorreram sangue e
água, confirmando que ele tinha morrido (João 19:33-34). O governador romano,
Pilatos, depois de verificar sua morte, liberou o corpo para ser tirado da cruz
e sepultado (Marcos 15:44).
3. Jesus foi sepultado. Um proeminente chefe religioso judeu,
que era um discípulo secreto de Jesus, um homem chamado José, tinha um túmulo
novo escavado na rocha, dentro do qual ele colocou o corpo de Jesus (Mateus
27:57-61; Marcos 15:42-47; Lucas 23:50-56; João 19:38-42). Diversas mulheres
observaram José e seu amigo Nicodemos colocarem o corpo dentro do túmulo em
forma de caverna e rolarem uma grande pedra sobre sua abertura. Eles tinham
tido pouco tempo para embalsamar o corpo adequadamente, pois o sábado judaico
começava ao pôr-do-sol da noite de sexta-feira. As mulheres fizeram planos para
virem cedo na manhã de domingo com mais especiarias para completar o
embalsamamento. Mas quando chegaram, encontraram a pedra tirada e nenhum corpo
no túmulo.
4. Testemunhas oculares alegaram que viram Jesus vivo. Entre estas estavam
discípulos que viram Jesus muitas vezes num período de 40 dias e puderam
tocá-lo, falar com ele e até mesmo comer junto com ele. Como julgaríamos o
depoimento destas testemunhas? Geralmente, avaliamos o testemunho por fatores
tais como honestidade, competência e número.
Honestidade: Os apóstolos nada ganhavam (dinheiro,
popularidade, etc.) por terem pregado a ressurreição. De fato, foram
freqüentemente mortos por causa disso. Sua disposição a morrer por sua crença
confirma sua integridade.
Competência: Os escritos destes homens demonstram
competência mental, lucidez e atenção aos pormenores. O fato que muitos deles
já conheciam bem Jesus e foram capazes de ter contato físico íntimo com ele
certamente os coloca em posição de verificar a ressurreição.
Número: Normalmente, duas ou três testemunhas são
suficientes para estabelecer um fato histórico, mas neste caso, houve
literalmente centenas (1 Coríntios 15:6). A relutância inicial das testemunhas
oculares em crer reforça seu testemunho (Marcos 16:11, 13; João 20:19-29).
Alguns a quem Jesus apareceu nem eram discípulos antes de terem visto Jesus
ressuscitado: seu irmão Tiago, por exemplo (João 7:5; 1 Coríntios 15:7) e Saulo
(Paulo).
Explicações
Diversas
teorias têm sido propostas para explicar os fatos do túmulo vazio e os
aparecimentos alegados. Vamos examiná-las cuidadosamente:
Teoria do desfalecimento. Esta explicação
sugere que Jesus não estava realmente morto quando o sepultaram. Ele só parecia
estar morto, porém mais tarde reviveu no túmulo. Mas, mesmo que ele não
estivesse morto quanto deixado no túmulo, ele estaria severamente enfraquecido
pela flagelação, pelo espancamento e pelas horas passadas na cruz. No seu
sepultamento, seu corpo tinha sido firmemente enrolado com ataduras engomadas.
Realmente, nesta condição enfraquecida, sem atendimento médico, poderia Jesus
de algum modo ter revivido, sem considerar que tivesse removido o embalsamento
como um casulo? Mesmo que tivesse, mais dois obstáculos teriam bloqueado seu
caminho à liberdade: A grande pedra que tinha sido rolada sobre a boca da cova
e os guardas romanos armados que estavam de plantão do lado de fora. Para, de
algum modo, remover a pedra e superar os guardas, seria exigida uma grande
força. Mais ainda, a evidência sugere que Jesus estava, de fato, morto quando
foi sepultado. Os romanos crucificavam homens freqüentemente e estavam aptos
assegurarem-se da morte da vítima. A teoria do desfalecimento simplesmente não
merece crédito.
Teoria da sepultura errada. Esta afirma que
todos, tanto amigos como inimigos, tinham esquecido onde Jesus tinha sido
sepultado e estavam, portanto, olhando para uma sepultura na qual nenhum corpo
tinha sido colocado. Isto explicaria o túmulo vazio, mas e quanto aos
aparecimentos de Jesus? E é possível que os amigos de Jesus, os soldados
romanos e mesmo José, o proprietário da cova, todos terem esquecido sua
localização apenas depois de dois dias? E por que as mortalhas de Jesus foram
deixadas no túmulo?
Teoria do roubo. Alguns pensam que os discípulos de Jesus
roubaram o corpo e mais tarde declararam que ele tinha sido ressuscitado.
Conquanto esta explicação seja a mais velha, é difícil levá-la a sério. Por que
os discípulos teriam roubado o corpo? A proclamação de ressurreição por eles
não lhes trouxe poder nem prestígio, mas perseguição e pobreza, jamais motivos
para um roubo tão ousado. Eles morreram por seu testemunho da ressurreição; os
homens morrem pelo que crêem ser verdade, não pelo que sabem ser mentira.
Considere também os padrões morais dos discípulos. É razoável que seu caráter
inatacável e ensinamento puro fossem baseados numa mentira premeditada e roubo?
Mas, mesmo que o quisessem, os discípulos não poderiam ter roubado o corpo
porque o túmulo estava guardado por soldados especialmente encarregados da
responsabilidade de prevenir o roubo desse corpo. A falta de um motivo, a
natureza moral dos discípulos e os soldados romanos todos permanecem como
testemunhas silenciosas. O corpo não foi roubado.
Teoria da alucinação. Esta noção implica em que os
discípulos, perturbados emocionalmente depois da morte de Jesus, apenas
pensaram tê-lo visto vivo. Mas os relatórios destas testemunhas oculares não
têm as características de alucinações. Eles envolveram tempos, lugares e grupos
de pessoas diferentes. Os aparecimentos terminaram subitamente. Mais de 500
pessoas viram Jesus vivo ao mesmo tempo (1 Coríntios 15:6), mas alucinações são
bem individuais. Além disso, esta teoria não tenta explicar o túmulo vazio.
Jesus foi ressuscitado. Esta é a única explicação que leva e
conta, adequadamente, todos os fatos do caso. Mas, se Jesus foi ressuscitado, o
que isto significa para nós?
Implicações da ressurreição
A ressurreição de Jesus garante nossa ressurreição (1 Coríntios 15; 1
Tessalonicenses 4:13-18), A ressurreição de Jesus não é um assunto de mero
interesse histórico, mas serve como o protótipo da ressurreição de todo ser
humano. Sua ressurreição é a base para a esperança (1 Pedro 1:3).
A ressurreição de Jesus prova que ele julgará o mundo (Atos 17:30-31). Ele
ainda vive e todos os homens o enfrentarão como Juiz, um dia. Este fato deve
provocar sóbria reflexão em nossa vida.
A ressurreição confirma as declarações de Jesus de ser o
Filho de Deus
(Romanos 1:4). Serve como fundamento de seu reinado (Efésios 1:19-23) e
sacerdócio (Hebreus 7:23-28).
A ressurreição de Cristo provê o modelo (Romanos 6:3-5) e
o poder (1 Pedro 3:21) do batismo cristão. Os pecadores precisam morrer para o
pecado como Jesus morreu na cruz. Eles precisam ser sepultados com Jesus no
batismo para que possam ser erguidos para caminhar numa nova vida, como Jesus foi
erguido dentre os mortos.
Uma
reportagem noticiosa 1970 anos atrás teria perguntado: "O que aconteceu
com o corpo?" Hoje somos desafiados a responder à mesma pergunta. O modo
como respondermos mudará nossa vida.