A ATRAÇÃO
DA CRUZ
Pr. José
Antônio Corrêa
“E do modo por
que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem
seja levantado”, Jo 3.14. Ver ainda Jo 12.32, “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo”.
INTRODUÇÃO:
1. Um dos fatos mais lembrados em
todo o mundo cristão é a morte do Filho de Deus na cruz do Calvário. Foi na
cruz do Calvário que teve iniciação todo e qualquer movimento cristão no mundo.
Sem cruz não poderia haver Cristianismo. Sem cruz o homem não poderia ser
resgatado de seu estado pecaminoso. Sem cruz o mundo seria verdadeiramente um
caos sem fim! A cruz é a maior necessidade do homem!
2. No texto que lemos nesta noite,
encontramos o Senhor nos falando do “poder de atração”, que a cruz exerce sobre
nós. A palavra usada no original para “atrair” é a palavra grega “elkuw” -
helkuo, que significa “puxar”, “arrastar”, “atrair”. Consultando a palavra
“atrair” no Dicionário Aurélio Eletrônico, temos a seguinte definição: “Trazer,
puxar ou solicitar para si; exercer atração sobre”, “exercer atração sobre;
seduzir, fascinar, prender”, “chamar, incitar a aproximar-se”.
3. Pelo sentido desta palavra fica
claro que a “Cruz do Senhor”, exerce um poder, um fascínio sobre nós que deve
ser considerado com uma causa importante sobre nossas vidas. Queremos ver nesta
noite: “ALGUMAS VERDADES RELACIONADAS À
ATRAÇÃO QUE A CRUZ DO SENHOR EXERCE SOBRE NÓS”:
I. A ATRAÇÃO DA CRUZ TEM COMO FONTE MOTIVADORA, O AMOR DE DEUS
1. O verdadeiro amor
dentro da Escritura tem origem na palavra grega “agaph” - agape. Este amor é o amor do tipo de Deus.
Um fato importante a comentar é que enquanto nós só podemos ter o amor “agape”
se este nos for concedido pelo Senhor, Ele não recebe o amor que tem, de
ninguém, pois sua essência é amor. A Palavra de Deus nos afirma que “Deus é
amor”: “Aquele que não ama não
conhece a Deus, pois Deus é amor”, 1 Jo
4.8.
2. Quando o Senhor
entregou-se para ser crucificado, naquele momento estava envolvido o maior ato
de amor de que temos notícia. Trata-se do amor “agape”, que é o amor-entrega, o
amor sacrificial. Este amor só pode ser notado quando é demonstrado por meio de
uma ação equivalente. Vejamos como a Palavra descreve a ação do amor de Deus
para com o homem:
a) Já no Velho
Testamento Deus mostra seu amor ao seu povo, Jr 31.3, “De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor
eterno eu te amei; por isso, com benignidade te
atraí.”. Deus atraiu para si o seu povo no Antigo Testamento através de seu
amor e benignidade. Isto fica claro nos atos de Deus para com seus filhos, como
por exemplo em seu relacionamento com Abraão, Isaque, Jacó, José, e muitos
outros.
- Quando Deus escolheu Abraão para ser uma grande nação,
estava envolvido o seu amor pela nação que seria criada. Deus queria formar um
povo onde pudesse demonstrar o seu grande amor. Em Isaías 43.21, temos uma expressão interessante: “...povo que formei
para mim”. Deus queria exclusividade em seu relacionamento com seu povo!
- Outro ponto importante está na amplitude deste amor -
amor eterno. Notem que o amor de Deus não é passageiro como o amor humano. Hoje
amamos alguém e mais adiante deixamos de amar. Porém o amor que Deus tem por
nós não é transitório, mas “eterno”. Isto equivale a dizer que Deus jamais
deixou de amar seu povo.
b) Olhando para o Novo Testamento, podemos ver também em
muitos textos da Palavra de Deus a demonstração do amor de Deus:
- João 3.16,
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Aqui está a maior
prova do amor “agape”, o amor do tipo de Deus: “Deus deu o seu filho”. Quando
de uma conversa com seus discípulos, Jesus fala desta dádiva preciosa do Pai: “Ninguém
tem maior amor do que este: de dar alguém a própria
vida em favor dos seus amigos”, Jo 15.13.
Jesus deu a sua vida pelos seus discípulos!
- Veja como Paulo fala do amor-sacrifício em Rm 5.8, “Mas Deus
prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de
ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”. O amor “agape”, como
vimos, precisa ser demonstrado através de atos de amor, e não apenas expresso
por meio de belas palavras. Foi o que Deus fez. Ele nos deu prova de seu amor,
quando enviou seu Filho ao mundo.
- Ainda é Paulo quem nos dá maiores detalhes sobre o
amor de Deus em Ef 5.25: “Maridos,
amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”. Embora o ensino do
apóstolo aqui, seja mais voltado para amor do marido para com sua esposa, o
termômetro de comparação é o amor de Cristo pela sua igreja. Cristo amou sua
igreja e demonstrou este amor quando se entregou por ela.
3. Não nos resta qualquer dúvida! A fonte
motivadora de nossa atração para a cruz do Senhor, foi o amor de Deus. Quando
vemos o amor de Deus em operação, somos atraídos, compungidos, arrastados!
“Quando for levantado da cruz, todos atrairei a mim!”
II. A ATRAÇÃO DA CRUZ, TEM COMO ABRANGÊNCIA A TOTALIDADE DOS HOMENS
1. Notem na expressão
de Jesus a palavra “todos”, que abrange universalidade. Através de sua morte na
cruz o Senhor Jesus atraiu “todos”. O objetivo principal de Deus sempre foi a
totalidade dos homens, muito embora nem todos os homens correspondam ao apelo
amoroso de Deus. Mais são aqueles que rejeitam o amor de Deus, do que aqueles
que a ele correspondem.
2. Mesmo no Velho
Testamento, já podemos ver a intenção de Deus:
a) Na chamada de Abraão, Gn 12.3, “Abençoarei os que te abençoarem e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da
terra”. A expressão “em ti serão benditas todas as famílias da terra”, implica
na universalidade da bênção. O povo que haveria de ser formado deveria ser uma
bênção a todos os povos.
b) Na instrução dada a Moisés, Êx 19.5-6,
“5 Agora, pois, se
diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis
a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é
minha; 6 vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras
que falarás aos filhos de Israel”. O ministério sacerdotal do povo de
“propriedade exclusiva” seria diante das nações da terra, cumprindo assim o
propósito que Deus manifestou quando chamou Abraão.
3. O mesmo princípio é aplicado no Novo Testamento à
Igreja. Como Israel falhou em sua missão, Deus criou através de Jesus a Igreja,
que tem a tarefa de levar a mensagem cristã a todos os povos:
a) At 1.8,
“mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos
confins da terra”. Podemos observar que o mandamento de Jesus para seus
discípulos fossem testemunhas do amor de Deus, abrangia não apenas o povo
Judeu, nas províncias da Judéia, Samaria, Galileia, mas também estavam sendo
enviados até “...aos confins da terra”. O mundo é o nosso campo de ação. Quando
Jesus esteve sobre a cruz “atraiu todos”, não importando sua raça, cor,
nacionalidade.
b) At 28.28, “Tomai, pois, conhecimento de que esta salvação de Deus
foi enviada aos gentios. E eles a ouvirão”. Por estas palavras, podemos deduzir
que Paulo tinha consciência de que o Evangelho de Deus deveria ser
levado a todos os povos. Segundo ele a salvação de Deus deveria ser anunciada
aos gentios (os demais povos, não pertencentes a Israel) e estes certamente
ouviriam a mensagem e a receberiam. A salvação de Deus, tida pelos judeus, como
exclusividade, seria também outorgada a todos os gentios.
c) Gl 1.15-16, “15 Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e
me chamou pela sua graça, aprouve 16 revelar seu Filho em mim, para que eu o
pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue”. Aqui o
apóstolo Paulo declara que sua chamada para o serviço de Deus, era em função
dos gentios. Embora pregasse também à sua própria gente, sua missão principal
era levar a Palavra de Deus a todos os outros povos.
4. Quando Cristo foi levantado naquela cruz “todos os
homens” foram atraídos por Ele, embora nem todos correspondam!
III. A ATRAÇÃO DA CRUZ ENVOLVE A NOSSA MORTE
2. Para que esta morte tenha efeito sobre nós precisamos
aceitá-la pela fé, assim como aceitamos nossa salvação por meio de Cristo. Se
cremos que através da cruz recebemos salvação, devemos também crer que através
da cruz nossa natureza humana também foi tratada, morreu. Paulo nos ensina que
“devemos considerar” esta morte: “Assim também vós considerai-vos mortos para o
pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus”, Rm 6.11. A palavra “considerar”, vem do grego “logizomai” - logizomai e significa “considerar”, “levar em conta”,
“contar com”. Seria como se eu “considerasse” que tenho a quantia de 200 reais
no banco e de fato eu tenho.
3. Quando aceitamos a morte de nosso “velho homem”,
podemos levar uma vida santificada, e o pecado não mais terá “domínio sobre
nós”, Rm 6.12-14, “12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo
mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; 13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo
ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como
ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de
justiça. 14 Porque o pecado não terá
domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça”.
- Notem neste texto Paulo falando que o pecado foi
destronado e não temos mais que ficar debaixo de seu domínio. Os membros de
nosso corpo outrora servos do pecado, agora são servos a serviço do reino, são
verdadeiros “instrumentos de justiça”.
- Com a consciência (considerando) da morte do velho
homem, não vou mais “oferecer” o meu corpo como “instrumento” do pecado, campo
de ação da iniquidade, mas vou oferecê-lo como “instrumento” de Deus, campo de
ação para a manifestação da justiça de Deus. O verbo “oferecer”, vem do grego “paristhmi” - paristemi, e nos traz a ideia
de “apresentar”, “colocar à disposição”.
-
Gl 2.19-20, “19 Porque eu, mediante
a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado
com Cristo 20 logo, já não sou eu quem vive, mas
Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no
Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”. Note a
ênfase numa ação passada: “Eu estou”. Para ele, a sua crucificação era um fato
ocorrido no passado, ou seja na morte de Cristo. A experiência da cruz estava
agora determinando o seu estilo de vida, o seu comportamento, não vivendo mais
na carne, mas sim na fé do Filho de Deus.
-
Gl 6.14, “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de
nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo”. A certeza que Paulo tinha de
sua morte na cruz, era também a certeza de que ele havia morrido para o mundo e
o mundo também morrera para ele.
5. Você crê que quando Cristo morreu, você também foi
atraído para morrer com Ele? A crença nesta verdade certamente fará a
diferença!
CONCLUSÃO:
2. Porém você que está aqui nesta noite, tomou
consciência de que há um poder de atração na cruz de Cristo ao qual precisamos
nos submeter. Devemos lembrar que a História da Cruz foi motivada pelo grande
amor de Deus pelo homem perdido. Quando consideramos o que Deus fez por nós,
seu ilimitado amor, nos entregando aos seus cuidados paternos, certamente
seremos abençoados.
3. Como você irá corresponder à atração da Cruz?