A CHAMADA
PARA O DISCIPULADO, MT 4.18-22; 9.9-13.
EXTRAÍDO DO “PONTOS SALIENTES”, ANO 1979, 3T, LIÇÃO 1, COM ACRÉSCIMOS
E NOTAS PELO PR JOSÉ ANTÔNIO CORRÊA
IMPLICAÇÕES
DA CHAMADA DE CRISTO
Pr. José
Antônio Corrêa
Mt 4.18-22, “18 E Jesus, andando
ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos - Simão, chamado Pedro, e seu
irmão André, os quais lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores. 19
Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. 20 Eles, pois,
deixando imediatamente as redes, o seguiram. 21 E, passando mais adiante, viu
outros dois irmãos - Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com
seu pai Zebedeu, consertando as redes; e os chamou. 22 Estes, deixando
imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no”.
Mt 9.9-13, “9 Partindo Jesus
dali, viu sentado na coletoria um homem chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me.
E ele, levantando-se, o seguiu. 10 Ora, estando ele à mesa em casa, eis que
chegaram muitos publicanos e pecadores, e se reclinaram à mesa juntamente com
Jesus e seus discípulos. 11 E os fariseus, vendo isso, perguntavam aos
discípulos: Por que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores? 12 Jesus,
porém, ouvindo isso, respondeu: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os
enfermos. 13 Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não
sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores”.
INTRODUÇÃO:
1. Olhando para o texto da Palavra de Deus
lido nesta noite, iremos notar que Cristo chama vidas que estejam dispostas a
um envolvimento com Ele e com a sua obra na terra. Esta chamada inclui a mim e
a você. É evidente que existem dois tipos de chamadas: A chamada para o
discipulado e a chamada para um ministério mais específico – para pescar
homens. Nesta noite queremos avaliar a chamada para
discipulado que envolve todas as pessoas.
2. É preciso que conheçamos os pontos
essenciais dentro desta chamada de Cristo, e ao mesmo tempo nos envolver neles
de corpo e alma, para que possamos ser úteis como filhos de Deus e no serviço
do Reino. VAMOS VER NESTA NOITE, AS IMPLICAÇÕES DA CHAMADA DE CRISTO:
I. Mudança de Vida
“Vinde após mim, eu
vos farei pescadores de homens”, v. 4.19
1. Para vir a Cristo e ao mesmo tempo se
colocar à sua disposição, é preciso saber que isto implica numa mudança radical
de vida e de comportamento. Quem não está disposto a mudar de forma radical seu
estilo de vida e consequentemente seu comportamento, jamais será apto para a
chamada de Cristo.
2. Cristo não chamou homens para que
alcançassem as glórias e os louvores do mundo, mas chamou pessoas que
estivessem dispostas a servi-lo. Ao sermos chamados precisamos entender o teor
e as implicações de nossa chamada – “Se alguém me
serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o
meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará”, Jo 12.26. O
verdadeiro servo vai pisar as mesmas pisadas do Senhor. O verdadeiro servo será
honrado pelo Senhor!
3. Quando assumimos nossa chamada, tudo vai
mudar para nós e em nós. O apóstolo Paulo, que anteriormente era cheio de si
mesmo e das glórias próprias de um doutor da lei e fariseu, mais tarde entendeu
que na posição de servo e Apóstolo de Cristo, veio a perder tudo o que tinha no
mundo. Percebeu que os apóstolos (e consequentemente ele mesmo) eram
considerados o “refugo” do mundo e a “escoria” de tudo, 1Co
4.13, “somos difamados, e exortamos; até o presente somos considerados como
o refugo do mundo, e como a escória de tudo”. Ver ainda
Ele
perdeu tudo:
“4 Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer
outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: 5 circuncidado ao oitavo
dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à
lei, fariseu, 6 quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há
na lei, irrepreensível. 7 Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda
por causa de Cristo”, Cl 3.4-7.
O que não podemos entender é como certos
elementos que se dizem apóstolos, buscam o dinheiro e a fama deste mundo em
nome de Cristo, construindo verdadeiros “impérios religiosos”, onde não há
quaisquer escrúpulos em suas atividades.
4. Cristo chamou seus discípulos do mundo
para que, na mais nobre e mais útil de todas as causas, fossem instrumentos nas
mãos de Deus para a convocação de outros homens. A missão principal que temos
como filhos de Deus é pregar a Palavra (“vos farei
pescadores de homens”) a outros:
a)
A ordem de Jesus, Mc 3.14, “Então, designou doze para
estarem com ele e para os enviar a pregar”. Ver
ainda Lc 9.2, “Também os enviou a pregar o reino de Deus e a curar os
enfermos”.
b) O cumprimento desta ordem At 5.42, “E
todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar
Jesus, o Cristo”. Ver também At 16.6, “E, percorrendo a região
frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na
Ásia”.
c) A pregação envolvia grande responsabilidade pessoal, 1Co 9.16, “Se anuncio o evangelho, não tenho de que
me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar
o evangelho!”.
5. Para sermos pregadores da Palavra de Deus,
precisamos estar dispostos a deixar muitas coisas. Notem que aqueles pescadores, foram chamados
a deixar suas profissões, seu “ganha pão”, e se
tornarem “pescadores de homens”. O envolvimento principal deles agora deveria
ser com o Reino de Deus.
6. Tinham que viver na prática o princípio de
vida, descrito por Jesus em Mt 6.33,
“Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas”.
7. Isto significa que precisamos muitas vezes
parar o que estamos fazendo para obedecer a voz do
Espírito Santo – o exemplo de Felipe, At 8.26, “Um
anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no
caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e
foi”.
Ilustração:
Chamada de Eliseu
– “19 Partiu, pois, Elias dali e achou a Eliseu,
filho de Safate, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante dele; ele
estava com a duodécima. Elias passou por ele e lançou o seu manto sobre ele. 20
Então, deixou este os bois, correu após Elias e disse:
Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe e, então, te seguirei. Elias
respondeu-lhe: Vai e volta; pois já sabes o que fiz contigo. 21 Voltou Eliseu
de seguir a Elias, tomou a junta de bois, e os imolou, e, com os aparelhos dos
bois, cozeu as carnes, e as deu ao povo, e comeram. Então, se dispôs, e seguiu
a Elias, e o servia”.
Ilustração: William Carey (inglês) – “Na sua pequena
oficina pendurou um mapa mundial feito pelas suas próprias mãos. Neste mapa,
ele incluíra todas as informações disponíveis: população, flora, fauna,
características dos indígenas, etc. Enquanto trabalhava, olhava para ele,
orava, sonhava e agia! Foi assim que sentiu mais e mais a chamada de Deus em
sua vida. A denominação a que Carey pertencia achava-se em grande decadência
espiritual. Quando quis introduzir o assunto de missões numa sessão de
ministros, foi repreendido pelo venerável presidente John Ryland, que lhe
disse: "Jovem assente-se. Quando
Deus resolver converter os pagãos, fa-lo-á sem a sua e a minha ajuda."
Mas Carey continuou a sua propaganda promissões estrangeiras, e tomando Isaías
54.2 como texto, pregava sobre o tema: "Esperai grandes coisas de Deus;
praticai proezas para Deus". Depois de muitas lutas finalmente, no dia 13
de Junho de 1793, a bordo do navio Kron Princesa Maria, William Carey deixou a
Inglaterra e nunca mais voltou, partindo para a Índia com sua família, onde, em
condições dificílimas e de oposição, trabalhou durante 41 anos. Durante sua
viagem, aprendeu suficiente o Bengali, e ao desembarcar, já comunicava com o
povo.
II. Espírito de renúncia
“Deixando
imediatamente as redes... deixando... o barco e se pai, seguiram-no”, vs.
4.20-22.
1. A chamada de Cristo tem prioridade. Nenhum
interesse humano pode sobrepor-se a ela. É difícil, mas é o preço do
discipulado. Os discípulos tiveram que deixar “redes”, “barcos de pesca”,
“família”, e outras coisas importantes, para que se tornassem úteis para Deus.
Veja o que Jesus disse em Lc 14.33: “Assim, pois, todo aquele dentre vós
que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo”.
2.
Na parábola do semeador, Jesus fala de um tipo de coração, semelhante a um solo
rochoso, que recebe a Palavra de Deus sem calcular os custos desta decisão. As
pessoas semelhantes a este tipo de solo não permanecem no reino, Mt 13.5-6, “5 Outra
parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não
ser profunda a terra. 6 Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha
raiz, secou-se”. Ver também Mt 13.20-21, “20 O
que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo,
com alegria; 21 mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração;
em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se
escandaliza”. Observe as seguintes expressões:
a) “Não têm raiz”. A “raiz” é a parte de uma planta
que serve para fixá-la
e para retirar do solo os nutrientes e a água necessários à sua vida. Assim
como uma planta depende da raiz para mantê-la de pé e viva, assim também, como
discípulos de Cristo precisamos nos enraizar nEle.
Quando recebemos a Palavra de Deus devemos estar cientes de que há coisas no
mundo que precisamos deixar, para não nos tornarmos crentes superficiais. Ao
abandonarmos certas coisas que faziam parte de nossa vida e buscando a Palavra
de Deus, iremos “criar raízes” em nossa vida em Deus. Paulo nos diz: “e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando
vós arraigados e alicerçados em amor”, Ef 3.17.
b)
“De pouca duração”.
Abraçar o evangelho de Deus é um compromisso para toda a vida e não uma apenas
uma diversão por algum tempo. Se a planta que nasce num solo rochoso tem vida
curta, também terá vida curta aquele que não abraçar a Palavra de Deus como o
bem mais precioso do mundo, deixando para traz o mundo e suas paixões. Um
exemplo claro de como devemos assumir o reino de Deus é o exemplo da parábola
da “perola de grande preço” – “45 O reino dos céus é
também semelhante a um que negocia e procura boas pérolas; 46 e, tendo achado
uma pérola de grande valor, vende tudo o que possui e a compra”, Mt 13.45-46. O reino de Deus é daqueles que
perseveram até à morte – “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”, Ap 2.10. Ver ainda Mt
24.13, “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”.
c)
“Chegando a angústia, ou a perseguição”. Isto se refere a
contratempos que teremos como filhos de Deus. Estes contratempos certamente
virão quando tivermos que optar pelos valores do reino em troca dos valores do
mundo. Veja como Paulo instruía seus convertidos: “21
E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos,
voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia, 22 fortalecendo a alma dos
discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de
muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus”, At 14.21-22.
Jesus também nos advertiu: “No mundo, passais por
aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”, Jo 16.33.
Quando vivemos o verdadeiro evangelho de Deus certamente iremos
incomodar o reino das trevas, isto porque não iremos compartilhar com o mundo
em sua maneira de valores. Ao nos comportarmos assim, atrairemos sobre nós
intempéries, oposições, tribulações. Quem não quiser sofrer incômodos, não está
apto para se tornar um filho de Deus. Veja o que Jesus disse: “Porquanto, quem
quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa
achá-la-á”, Mt 16.25. É por esta razão que os
discípulos se alegravam diante das adversidades: “40 Chamando os apóstolos,
açoitaram-nos e, ordenando-lhes que não falassem em o nome de Jesus, os
soltaram. 41 E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido
considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome”, At 5.40-41.
3. Ilustrando ainda, a negativa dos filhos de Deus em relação ao
mundo e seus valores, dentro da mesma parábola do semeador, temos um outro exemplo. É o exemplo do “solo espinhoso” – “Outra
caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram”, Mt 13.7. Veja a explicação dada pelo Senhor:
“22 O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os
cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica
infrutífera”, Mt 13.22. Também aqui,
precisamos analisar algumas palavra e frases:
a) “Os cuidados do mundo”. Esta frase tem a ver com
aqueles que tentam abraçar o reino, mas não conseguem se desvincular do mundo.
O mundo é o grande problema para este tipo de gente! Jamais alguém poderá
servir a Deus sem deixar o mundo e seus prazeres – “15 Não ameis o mundo nem as
coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; 16
porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos
olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. 17 Ora, o
mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele,
porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente”, Jo 2.15-17. A
amizade com o mundo nos colocará como “inimigos de Deus” – “Infiéis, não
compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser
ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”, Tg 4.4.
b) “A fascinação das riquezas”. Os bens deste mundo
provocam “fascinação” em muita gente. Porém, jamais poderão fascinar aqueles
que são comprometidos pela cruz de Cristo. Quando o fascínio dos bens materiais
e das riquezas entra no coração de um homem, isto o tornará incapaz de
permanecer no reino de Deus. Nossa permanência no reino dependerá de uma vida
centrada em Deus, e longe da ganância na aquisição de bens materiais. Isto não
quer dizer que o crente não possa ter bens na terra, mas não pode concentrar
seu coração neles: “19 Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra,
onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; 20 mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem
ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; 21 porque, onde está o
teu tesouro, aí estará também o teu coração”, Mt 6.19-21.
c) “Sufocam a Palavra e ela
fica infrutífera”. Nosso coração deve estar aberto continuamente bebendo com toda
intensidade a Palavra de Deus. Ela deve ser nosso alimento diário: “Achadas as tuas
palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o
coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos”, Jr
15.16. Porém quando o mundo com suas atrações começam a ocupar nosso
coração, a Palavra de Deus é sufocada em nosso coração e consequentemente,
perde o seu poder de frutificação. Ela só frutificará num coração totalmente
aberto e em total rendição a Deus!
4. Quando estamos dispostos a renunciar tudo
por amor a Cristo, devemos saber que haverá para nós, uma recompensa futura,
que contemplamos pela fé, por vezes em meio a privações e provações amargas
neste mundo. Paulo escrevendo a Timóteo em sua segunda carta. disse: “6 Quanto a mim, já estou sendo derramado como
libação, e o tempo da minha partida está próximo. 7 Combati o bom combate,
acabei a carreira, guardei a fé. 8 Desde agora, a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a
mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”, 2Tm 4.6-8.
III. Prontidão no atendimento
“Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram”,
v.20; “Então, eles, no mesmo instante, deixando o
barco e seu pai, o seguiram”, v.22
1. A chamada de Cristo não admite demora. É
uma questão de tamanha importância, que leva o indivíduo a uma atitude decisiva
e imediata, assim que ouve a convocação do Senhor para o trabalho na santa
seara.
2. Veja o que Jesus disse a uma pessoa que
poderia segui-lo, mas ao mesmo tempo queria estar comprometido com outras
obrigações: Lc. 9.59-61,
“59 E a outro disse: Segue-me. Ao que este respondeu:
Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. 60 Replicou-lhe Jesus: Deixa os mortos
sepultar os seus próprios mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus. 61
Jesus, porém, lhe respondeu: Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é
apto para o reino de Deus”.
a) Obedecer ao chamado de Cristo implica até
mesmo, em deixar certas obrigações sociais. A expressão “sepultar o pai” tinha a
ver com uma das obrigações do filho mais velho, que deveria cuidar de seu pai
até à sua morte. Só assim, ficaria livre para cuidar de sua própria vida.
Quando Jesus chama alguém, este deve deixar
tudo, até mesmo obrigações consideradas imprescindíveis, e sem demora ou
questionamentos, segui-LO. Exemplo: Levi na coletoria – “Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na
coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu”, Mt 9.9.
b)
Assim como aquele que trabalha com o arado deve olhar apenas para frente,
traçando uma linha reta, assim também aquele que assume o chamado de Cristo não
pode jamais olhar para traz. Foi por esta razão que Eliseu destruiu seus arados e
matou os bois, que eram a sua fonte de renda.
Quem
assume o chamado de Cristo, deverá depender dali para frente somente de Deus – “1 Tendo Jesus convocado os doze,
deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para efetuarem curas. 2
Também os enviou a pregar o reino de Deus e a curar os enfermos. 3 E
disse-lhes: Nada leveis para o caminho: nem bordão, nem alforje, nem pão, nem
dinheiro; nem deveis ter duas túnicas”, Lc 9.1-3.
Se por acaso em suas viagens, os discípulos levassem provisão não
estariam mostrando dependência de Deus, pelo contrário, estariam confiando em
seus próprios recursos. O Deus que os enviava, certamente iria
supri-los em tudo – “8 Quando entrardes numa cidade e
ali vos receberem, comei do que vos for oferecido. 9 Curai os enfermos que nela
houver e anunciai-lhes: A vós outros está próximo o reino de Deus. 10 Quando,
porém, entrardes numa cidade e não vos receberem, saí pelas ruas e clamai: 11
Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós
outros. Não obstante, sabei que está próximo o reino de Deus”, Lc 10.8-12.
Paulo ensina o princípio da dependência de Deus para aqueles que
pregam o evangelho, 1Co 9.14, “Assim ordenou também
o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho”. Viver do evangelho
não é “desfrutar” do evangelho, como fazem muitos falsos líderes que exploram
suas igrejas e os crentes incautos, mas sim, depender de Deus, que certamente
usará pessoas, igrejas, para abençoar aqueles que são chamados para esta tão
importante tarefa – a pregação da Palavra de Deus.
3. Ao falar sobre seu chamamento, o Apóstolo Paulo nos fornece um
dado importante: “15 Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me
chamou pela sua graça, aprouve 16 revelar seu Filho em mim, para que eu o
pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue, 17 nem
subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas parti para as
regiões da Arábia e voltei, outra vez, para Damasco”, Gl 1.15-17.
a) Ao receber sua missão do Senhor, Paulo “imediatamente” partiu
para a Arábia. Observe que ele não foi buscar consentimento ou aconselhamento
junto a outros que já eram apóstolos antes dele, e até mesmo mais experientes.
Também não obedeceu a vontade e desejos de sua carne, mas, pelo contrário,
obedeceu ao Senhor.
b) Durante sua vida como apóstolo de Deus e pregador da Palavra,
Paulo sempre esteve atento à voz do Espírito Santo. Um dos exemplos que temos
está em Atos 16.9-10: “9 À noite, sobreveio a Paulo uma visão
na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo: Passa à
Macedônia e ajuda-nos. 10 Assim que teve a visão, imediatamente, procuramos
partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes
anunciar o evangelho”.
c) Paulo fez ao final de sua vida um inventário de seus atos de
obediência a Cristo num incentivo a Timóteo, seu filho na fé – “5 Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as
aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu
ministério. 6 Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da
minha partida é chegado. 7 Combati o bom combate, completei a carreira, guardei
a fé. 8 Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto
juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam
a sua vinda”, 1Tm 4.5-8.
4. Todas as nossas decisões para Deus, ou
tudo o que fazemos para Ele, deve ter o caráter de “imediatismo”. Que tenta
adiar seus planos em relação a Deus corre o risco de perder o melhor de sua
vida e ao mesmo tempo andará em contradição. Devemos ficar com a certeza de que
jamais poderemos apagar o chamado de Deus em nossa vida. Como disse James
Hillman: "Um chamado pode ser adiado, evitado, perdido... Mas um dia
ele se manifestará". Ana Paula Valadão, ministra de louvor do
ministério Diante do Trono: "Quando o Senhor lhe chamar para buscá-Lo,
corra para Ele!" A missionária em África, Analzira Nascimento,
contou: "Dizem que a mulher vai para missões por estar encalhada, por não
ter emprego e por não ter perspectiva. Eu tinha as três coisas e fui por um
chamado imperioso de Deus".
5. Devemos entender que o chamado de Deus
é o chamado mais importante que um homem possa receber. Ilustração: Se
conta do missionário Guilherme Carey, que tinha vários filhos também
missionários. Quando um deles, Félix, começou a pregar. Carey escreveu com
satisfação em seu Diário de Vida: "Meu filho, Félix, respondeu ao chamado
de pregar o evangelho". Anos mais tarde, quando esse mesmo filho aceitou o
cargo de embaixador da Grã Bretanha, Carey, desiludido e angustiado, escreveu a
um amigo: "Félix se rebaixou ao tornar-se um embaixador!" Carey tinha
uma correta visão do valor que as coisas têm para Deus. E é assim também que
temos de ver a suprema vocação que temos em Jesus Cristo
IV. Prescrição dos preconceitos
“Por que come o vosso
Mestre com publicanos e pecadores”, v. 9.11
1. Cristo não levou em conta as barreiras de
separação que os homens levantaram. Ele não reconheceu superioridades. Por
isso, não fez acepção de pessoas. Aproximou-se de todos com o mesmo interesse
de salvar.
2. Determinou que o seu Evangelho fosse
anunciado a toda a criatura como a provisão de Deus que atende às necessidades
de um mundo sem fronteiras. Em Cristo, todas as barreiras de preconceitos caem
por terra. Veja Gl 3.27-29, “27 Porque todos quantos
fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. 28 Não há judeu
nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós
sois um em Cristo Jesus. 29 E, se sois de Cristo, então sois descendência de
Abraão, e herdeiros conforme a promessa”.
3. Quantos preconceitos se têm levantado nos
dias em que vivemos, onde são levados em conta o status social, a cor, a raça,
o sexo, etc.? Vejam o que Tiago recomendou aos irmãos: Tg 2.1-9, “1 Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus
Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. 2 Porque, se entrar na vossa
reunião algum homem com anel de ouro no dedo e com traje esplêndido, e entrar
também algum pobre com traje sórdido. 3 e atentardes para o que vem com traje
esplêndido e lhe disserdes: Senta-te aqui num lugar de honra; e disserdes ao
pobre: Fica em pé, ou senta-te abaixo do escabelo dos meus pés, 4 não fazeis,
porventura, distinção entre vós mesmos e não vos tornais juízes movidos de maus
pensamentos? 5 Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que são pobres
quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos
que o amam? 6 Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não são os ricos os que
vos oprimem e os que vos arrastam aos tribunais? 7 Não os blasfemam o bom nome
pelo qual sois chamados? 8 Todavia, se estais cumprindo a lei real segundo a
escritura: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem. 9 Mas se fazeis
acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo por isso condenados pela lei como
transgressores”.
V. Anunciação das boas novas
“Não vim chamar
justos, mas pecadores”, v. 9.13
1. O simples anúncio das boas novas de
salvação proclama o fato de que o homem afastado de Deus,
está perdido; que o amor de Deus busca incessantemente o pecador e que
esse pecador passa a gozar os benefícios de salvação no momento em que se
arrepende dos seus pecados e aceita, em Jesus Cristo, a oferta do amor de Deus.
2. Como discípulos de Cristo, recebemos esta
mesma incumbência, ou seja nos tornamos anunciadores
das boas novas de salvação. Paulo falando aos Coríntios, expressou sua
preocupação com a tarefa que recebeu do Senhor, 1Co
9.16, “Pois, se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, porque me
é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!”
CONCLUSÃO:
1. Vimos que para
nos tornarmos discípulos produtivos no Reino de Deus, precisamos nos colocar
debaixo de algumas implicações:
a) Disposição para mudar de vida.
b) Espírito de renúncia.
c) Disposição imediata para o serviço.
d) Deixar de lado todos os preconceitos.
e) Estar disposto a cumprir nossa tarefa de
anunciar as boas novas de Cristo ao mundo.
2. Cumpridas estas exigências podemos
descansar debaixo do poder de Deus e saber que Deus cumpre com fidelidade todas as sua promessas a nosso favor. Caso contrário muitas
barreiras se levantarão contra nós e nossa marcha cristã será dolorosa.