A CONSAGRAÇÃO NA REDENÇÃO

Êx 19.1-25

Extraído: http://revistadominical.sites.uol.com.br/

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

INTRODUÇÃO: No capítulo 19 do Livro de Êxodo, vemos o cuidado de Deus, para com o povo de Israel, em toda a trajetória da saída do Egito pelo deserto, estabelecendo um concerto ao pé do monte Sinai. O maior interesse de Deus era que Israel se reconciliasse e se tornasse eternamente o povo escolhido e separado, requerendo, apenas, obediência e corações cheios de gratidão, se a aliança fosse guardada conforme as ordenanças preestabelecidas, Deus resguardaria, através desse povo a vinda do Salvador Jesus Cristo.

 

I. A EXIGÊNCIA DE DEUS PARA O CONCERTO

Após a saída extraordinária do povo de Israel do Egito, Deus estabelece um pacto, requerendo do seu povo obediência, gratidão e comunhão.

1. Obediência: A eleição contínua de Israel como povo de Deus, dependia em obedecer-lhe como Senhor. Entretanto, não queria uma obediência infrutífera e sem expressão, e sim, em amor e em gratidão, reconhecendo o seu cuidado quando os redimiu do Egito, v 4, “Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim”. O que Deus estava expressando é que queria um povo santo, separado, com o propósito de ser exemplo a outros povos, pois através dele o propósito divino se concretizaria.

Esta palavra aplica-se a nós no tocante à obediência a Cristo que deve ser irrestrita e em amor, Jo 14.21, “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele”.

O Escritor aos Hebreus nos adverte a não endurecermos os nossos corações à voz de Deus. Também a não termos um coração perverso, incrédulo e endurecido pelo pecado, antes, devemos nos apegar à confiança de sermos participantes de Cristo, se nos conservarmos firmes até o fim. Devemos estar cientes de que a nossa desobediência e dureza de coração deliberada contra Deus, pode fazer-nos ficar de fora do repouso celeste, tal como aconteceu com os israelitas que, por deslealdade e desobediência ao Senhor, foram impedidos de entrar na terra prometida:

Hb 3.7-19, “7 Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, 8 não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto, 9 onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras por quarenta anos. 10 Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos. 11 Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso. 12 Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; 13 pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. 14 Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos. 15 Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação. 16 Ora, quais os que, tendo ouvido, se rebelaram? Não foram, de fato, todos os que saíram do Egito por intermédio de Moisés? 17 E contra quem se indignou por quarenta anos? Não foi contra os que pecaram, cujos cadáveres caíram no deserto? 18 E contra quem jurou que não entrariam no seu descanso, senão contra os que foram desobedientes? 19 Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da incredulidade”.

 

2.  Gratidão. Deus esperava de Israel uma eterna gratidão, pois com mãos poderosas os havia resgatado do Egito, isso redundava em obedecer aos seus mandamentos e cumprir as suas obrigações diante d’Ele, além de lhe oferecer sacrifícios, seria a possessão preciosa do próprio Deus, propriedade peculiar, teria o privilégio de ter um relacionamento especial com o Criador.

Deus requer de sua igreja, que somos nós, a gratidão e o reconhecimento para com o seu grande amor, expresso através da graça salvífica manifestada a todos. Esta graça “nos ensina a renunciar a impiedade, às paixões mundanas, a vivermos de maneira, justa e piedosa, aguardando a gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo”, que se entregou por nós na cruz a fim de nos redimir de toda a maldade e iniquidade e nos tornar um povo separado do pecado para sermos possessão especial de Deus, reconhecendo o sacrifício de Cristo como vivo e eficaz, para triunfarmos sobre o poder de Satanás:

Tt 2.11-14, “11 Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, 12 educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, 13 aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, 14 o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras”.

 

1Pe 1.18,19, “18 sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, 19 mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo”.

 

3.  Comunhão. Implica em manter um estreito relacionamento com Deus, que nos guia orienta e nos conduz em paz. A nossa comunhão com Deus implica em obedecer-lhe, renunciar a nós mesmos e enaltecer a Sua vontade e soberania sobre a nossa vida. Que a palavra de Cristo habite ricamente em nós, Cl 3.16, “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração”. Pois só através dessa intimidade com Deus poderemos conhecer os seus segredos e gozarmos das delícias espirituais que Ele tem reservado para aqueles que o amam.

 

II. O RESULTADO DO CONCERTO

1. Propriedade exclusiva de Deus, v 5, “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha”.

Deus havia estabelecido uma condicional para Israel. “SE” o povo fizesse exatamente como Deus ordenara seriam eleitos propriedade exclusiva e peculiar entre todos os outros povos. Deus os adotaria como filhos e filhas a fim de abençoá-los e guiá-los pela terra que os tinha dado. A intenção de Deus era que através de Israel, as outras nações pudessem contemplar o zelo do Senhor para com eles, e que dessa forma as nações também se curvassem diante do único Deus verdadeiro. Israel seria o exemplo de devoção e fidelidade.

Da mesma maneira, Deus tem um zelo, ou porque não dizer, um ciúme “santo” pela sua igreja. O desejo do Senhor é que o seu povo permaneça fiel em amor, zeloso e de boas obras, devemos ser luz e sal da terra, vigiando para não nos contaminarmos com este mundo e com os enganos de Satanás, que a nossa fé e comunhão com o Senhor, seja um testemunho de Cristo vivendo em nós, Gl 2.20, “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”.

2.  Reino sacerdotal e povo santo, v 6, “vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel”.

O propósito de Deus para os israelitas era que eles deveriam se manter separados e consagrados ao serviço de Deus. Na verdade, o que o Senhor esperava é que Israel agisse como representante divino no mundo e em favor do mundo, que fosse exemplo para os outros povos, Gn 12.3, “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra”.

Da mesma forma, a Igreja foi eleita para ser um reino de sacerdotes e um povo separado da impiedade do mundo. Cada crente, individualmente, deve ser santo, ou separado do pecado, através do sangue de Jesus Cristo, que nos constituiu reino e sacerdotes para servi-lo, 1Pe 2.9-10, “9 Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; 10 vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia”.

 

A Igreja deve viver diante do mundo, em retidão moral, tendo um caráter irrepreensível para que possamos nos apresentar inculpáveis diante deste mundo tenebroso, Fp 2.14-15, “4 Fazei tudo sem murmurações nem contendas, 15 para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo”.

 

A Igreja do Senhor deve viver em santificação sem a qual ninguém verá a Deus, Hb 12.14, “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.

 

Pela graça fomos libertos da escravidão do pecado, e a cada dia, mortificamos os desejos pecaminosos da carne, Rm 8.1-17.

 

CONCLUSÃO: Assim como Israel deveria ter em memorial eterno o conserto feito com o Senhor, nós, a Igreja de Cristo devemos nos apresentar ao Senhor em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, Rm 12.1, “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”.

Para isso foi que Ele nos redimiu.

1. Você já consagrou a sua vida àquele que te libertou das trevas?

2. Você tem desempenhado a sua tarefa como participante do sacerdócio real?

3. Você tem se portado como verdadeira propriedade de Deus?