A CRUZ DE
CRISTO
MT 27.35
Pr. José
Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
1. A crucificação era um modo
antigo de execução. Era usada na Pérsia e em Roma para executar os piores
criminosos. Nos tempos de Cristo, três tipos de cruzes eram utilizadas:
a) Cruz Decussa, ou Cruz de Santo
André, em forma de X;
b) Cruz Comissa, ou Cruz de Santo
Antônio, em forma de T;
c) Cruz latina, em forma de t.
2. Não há absoluta certeza em que
modalidade de cruz Jesus foi crucificado. Contudo,
supõe-se que tenha sido usada a Cruz Latina. O vocábulo grego “stauros”,
que normalmente é traduzido em nossa língua por “cruz”, pode indicar
também “um poste”, “uma trave” ou ainda “um madeiro”.
3. Vejamos algumas verdades a
respeito da “Cruz de Cristo”:
I. CRUZ DE CRISTO
FOI UM INSTRUMENTO DE MALDIÇÃO
Gl 3.13, “Cristo
nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está
escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”.
1. A palavra “maldição” vem da palavra
grega “katara” que significa o ato, ou efeito de “amaldiçoar”,
“dirigir palavras de aversão”, “praguejar”, “maldizer”.
2. Quando Deus pronuncia uma
maldição, ela pode ser:
a) Uma denúncia contra o pecado,
Dt 29.19-20, “19 ninguém que, ouvindo as palavras desta maldição, se abençoe no
seu íntimo, dizendo: Terei paz, ainda que ande na perversidade do meu coração,
para acrescentar à sede a bebedice. 20 O SENHOR não lhe quererá perdoar; antes,
fumegará a ira do SENHOR e o seu zelo sobre tal homem, e toda maldição escrita
neste livro jazerá sobre ele; e o SENHOR lhe apagará o nome de debaixo do céu”.
b) Um
Julgamento contra o pecado, Is 24.5-6, “5
Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm
transgredido as leis, mudado os estatutos, e quebrado a aliança eterna. 6
Por isso a maldição tem consumido a terra; e os que habitam nela são desolados;
por isso são queimados os moradores da terra, e poucos homens restam”.
c) A
pessoa que sofre as consequências do pecado é chamada de maldita, Jr
29.18, “E persegui-los-ei com a espada, com a fome, e com a peste; e
dá-los-ei para deslocarem-se por todos os reinos da terra, para serem uma
maldição, e um espanto, e um assobio, e um opróbrio entre todas as nações para
onde os tiver lançado”.
3. Jesus sofreu a maldição da
cruz: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós;
porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”, Gl
3.13.
a) A pena
legal descrita no Antigo Testamento, Dt 21.22-23, “22
Quando também em alguém houver pecado, digno do juízo de morte, e for morto, e
o pendurares num madeiro, 23 O seu cadáver não permanecerá no madeiro,
mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de
Deus; assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em
herança”. Temos aqui a verdade de que “todo aquele que é pendurado no madeiro,
é maldito”.
b)
“Cristo nos resgatou da maldição da lei” e isto indica:
b.1) Que éramos escravos da lei e do
pecado. Fomos resgatados – “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus,
te livrou da lei do pecado e da morte”, Rm 8.2.
b.2) Que era impossível nos livramos
da condenação. Fomos libertos – “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os
que estão em Cristo Jesus”, Rm 8.1.
c)
“Cristo fez-se maldição em nosso lugar”, o que indica:
c.1) Não quer dizer que Cristo fez-se
pecador, mas recebeu a culpa dos nossos pecados – “Antes de tudo, vos entreguei
o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras”, 1Co 15.3.
c.2) Foi
nosso substituto – “9 porque Deus não nos destinou para a ira, mas para
alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo, 10 que morreu por nós
para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele”, 1Ts
5.9-10.
d) “Maldito todo aquele que for
pendurado no madeiro”. Isto nos dá a ideia de que:
d.1) Cristo
recebeu a maldição da lei em nosso lugar.
d.2) Cristo
recebeu a condenação da lei em nosso lugar.
4. A grande verdade é que Jesus
recebeu a maldição que era para mim e para você. O que temos feito por Jesus?
II. A CRUZ
DE CRISTO FOI UM INSTRUMENTO DE SOFRIMENTO
Hb 13.12, “E por
isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora
da porta”.
1. A crucificação ocorria fora da
cidade e a vítima era obrigada a carregar sua própria cruz, até o local da
execução. Era um sofrimento horrível, pois além de carregar a cruz, o condenado
recebia chicotadas e escárnios durante o trajeto.
2. A certa altura Jesus não suportou
o peso da cruz, e alguém foi requisitado para ajudá-lo, Mt
27.32, “E, quando saíam, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a
quem constrangeram a levar a sua cruz”.
Talvez isto tenha ocorrido em
virtude de sua desnutrição, ou por ter ficado horas sem dormir, ou ainda em
razão dos ferimentos provocados pelos açoites, espancamentos.
3. As mãos do condenado eram
cravadas, enquanto ele ainda permanecia sobre a terra. Seus pés sofriam o mesmo
tratamento.
4. A morte era muito lenta, e
podia ocorrer em 36h, mas podendo durar até 9
dias. Para se apressar a morte, muitas vezes, o condenado tinha suas pernas
quebradas, esmagadas com um tipo de martelo ou pedaço de pau. Este ato era
chamado o “golpe da misericórdia”. Por pouco este golpe não foi aplicado
em Jesus:
“31
Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como
era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se
lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. 32 Foram, pois, os
soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como
ele fora crucificado; 33 Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe
quebraram as pernas”, Jo 19.31-33.
5. As dores eram muito intensas,
e as artérias da cabeça e do estômago ficavam grossas de sangue, e normalmente
o condenado sofria febre alta e tétano, provocando horrível sede, Jo
19.28-30, “28 Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam
terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede. 29 Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de
vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissope, lha chegaram à boca. 30 E,
quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça,
entregou o espírito”.
6. Muitas vezes, o condenado
sofria com o forte calor do sol, além de suportar do enxame de moscas que o
perturbavam grandemente.
7. Para aumentar ainda mais o
sofrimento do condenado, vinham os zombadores que pronunciavam frases sádicas,
escárnios:
Mt
27.39-44, “39 E os que passavam blasfemavam dele, meneando as
cabeças, 40 E dizendo: Tu, que destróis o templo, e em três dias o
reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz. 41
E da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, e
anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam: 42 Salvou os outros, e a si
mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e
crê-lo-emos. 43 Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse:
Sou Filho de Deus. 44 E o mesmo lhe lançaram também em rosto os
salteadores que com ele estavam crucificados”.
8. O pior sofrimento de Cristo
foi receber sobre si o peso de nossos pecados:
a) Mt 27.46, “E perto da hora nona exclamou Jesus
em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por
que me desamparaste?”.
b) Is
53.1-8, “1 Quem deu crédito à nossa
pregação? E a quem se manifestou o braço do Senhor? 2 Porque foi subindo
como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem
formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o
desejássemos. 3 Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens,
homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens
escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. 4 Verdadeiramente
ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e
nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. 5 Mas ele foi
ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados. 6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas;
cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a
iniquidade de nós todos. 7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a
sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda
perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. 8 Da
opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto
foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi
atingido”. Temos neste texto de Isaías, um poema que relata os
sofrimentos de Cristo. Este sofrimento deveria ter sido meu, seu.
c) 1Pe 2.21-25, “22 O qual não cometeu
pecado, nem na sua boca se achou engano. 23 O qual, quando o injuriavam,
não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga
justamente; 24 Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o
madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e
pelas suas feridas fostes sarados. 25 Porque éreis como ovelhas
desgarradas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas”.
Aqui, Pedro nos mostra que Jesus foi nosso substituto no sofrimento. Você tem
avaliado o sofrimento de Cristo?
III. A CRUZ
DE CRISTO FOI UM INSTRUMENTO DE MORTE
1. A
agonia do sofrimento na cruz, culminava com a morte do
condenado. Em Mt 27.50, a Palavra de
Deus nos informa que Jesus “Bradou com grande voz, e entregou o Espírito”.
No relato de João, a Palavra nos informa que Jesus disse: “Está consumado e
inclinando a cabeça, entregou o Espírito”, Jo 19.30.
Os
evangelhos e as cartas nos informam que a morte de Jesus foi voluntária:
Jo 10.15,
18, “15 Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o
Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas. 18 Ninguém ma tira de mim,
mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e
poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai”.
Ef 5.2, “e
andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós,
como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”.
Gl 1.4, “o qual
se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso,
segundo a vontade de nosso Deus e Pai”.
As
expressões: “entregou o espírito”, “nos amou e se entregou a si mesmo
por nós”, “se entregou a si mesmo pelos nossos pecados”, nos mostram
que Jesus só morreu quando Ele próprio decidiu morrer. O homem só o pode matar
porque chegou o tempo dele morrer, e não o contrário.
2. É
incrível como Jesus morreu em tão pouco tempo, conforme nos mostra Marcos
15.44 – “Mas Pilatos admirou-se de que ele já tivesse morrido. E, tendo
chamado o centurião, perguntou-lhe se havia muito que morrera”. Veja como o
texto nos traz a informação de que “Pilatos admirou-se de que tivesse morrido”.
Acostumado com a agonia dos condenados à morte de cruz, Pilatos admirou-se pelo
fato de Cristo ter morrido tão rapidamente. Tudo indica que Ele foi crucificado
às 9hs e morreu às 13hs.
3. A morte de Cristo foi
necessária para a redenção do pecador:
a) 1Co 15.3, “3 Porque primeiramente vos
entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as
Escrituras”.
b) Rm
5.8, “8 Mas Deus prova o seu amor para conosco, em
que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”.
Observe
que “ele morreu pelos nossos pecados”, “morreu pelos pecadores”, o que nos
indica que Jesus é o único que poder perdoar pecados e levar o homem à
justificação e salvação – “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do
céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que
sejamos salvos”, At 4.12.
4. Cristo
morreu para a nossa salvação eterna, 2Ts 5.9-10, “9
Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação,
por nosso Senhor Jesus Cristo, 10 Que morreu por nós, para que, quer
vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele”. Cristo morreu por você!
CONCLUSÃO:
1. O sofrimento e morte de Cristo
foi a ação de Deus em seu plano de reconciliação com o
homem, Rm 5.10, “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com
Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos
salvos pela sua vida”.
2. Pelo pecado você tornou-se
inimigo de Deus, e Deus vem em direção a você através de Cristo, para
convencê-lo de seus pecados e estabelecer contigo uma relação de amizade, Ef
2.13, “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo
sangue de Cristo chegastes perto”.
3. Para que esta relação seja
completa, é necessário o arrependimento dos pecados. Esta reconciliação te
introduz no Reino de Deus.