A PÁSCOA E JESUS CRISTO

Extraído da Bíblia de Estudos Pentecostal

 

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

 

Introdução: Para os cristãos, a Páscoa contém rico simbolismo profético a falar de Jesus Cristo. O NT ensina explicitamente que as festas judaicas “são sombras das coisas futuras”, Cl 2.16,17, “16 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados. 17porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo”. Ver também Hb 10.1, “Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem”. Ela tem a ver com a redenção pelo sangue de Jesus Cristo.

 

Note os seguintes itens em Êxodo 12, que nos fazem lembrar do nosso Salvador e do seu propósito para conosco.

 

 

1. O âmago do evento da Páscoa era a graça salvadora de Deus.

 

Deus tirou os israelitas do Egito, não porque eles eram um povo merecedor, mas porque Ele os amou e porque Ele era fiel ao seu concerto, Dt 7.7-10, “7 Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, 8, mas porque o SENHOR vos amava e, para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o SENHOR vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito. 9 Saberás, pois, que o SENHOR, teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e cumprem os seus mandamentos; 10  e dá o pago diretamente aos que o odeiam, fazendo-os perecer; não será demorado para com o que o odeia; prontamente, lho retribuirá”.

 

Semelhantemente, a salvação que recebemos de Cristo nos vem através da maravilhosa graça de Deus, Ef 2.8-10, “8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; 8 não de obras, para que ninguém se glorie. 10 Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. Ver também Tt 3.4-5, “4 Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, 5 não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”.

 

 

2. O propósito do sangue aplicado às vergas das portas era salvar da morte o filho primogênito de cada família.

 

Esse fato prenuncia o derramamento do sangue de Cristo na cruz a fim de nos salvar da morte e da ira de Deus contra o pecado, Êx 12.13, 23, 27, “13 O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito 23 Porque o SENHOR passará para ferir os egípcios; quando vir, porém, o sangue na verga da porta e em ambas as ombreiras, passará o SENHOR aquela porta e não permitirá ao Destruidor que entre em vossas casas, para vos ferir 27 Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao SENHOR, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e adorou”. Ver também Hb 9.22, “Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão”.

 

 

3. O cordeiro pascoal era um “sacrifício” a servir de substituto do primogênito.

 

Êx 12.27, “Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao SENHOR, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e adorou”.

 

Isto prenuncia a morte de Cristo em substituição à morte do crente (ver Rm 3.25, “a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos”).

 

Paulo expressamente chama Cristo nosso Cordeiro da Páscoa, que foi sacrificado por nós, 1Co 5.7, “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado”.

 

 

4. O cordeiro macho separado para morte tinha de ser “sem mácula”.

 

Êx 12.5, O cordeiro será sem defeito, macho de um ano; podereis tomar um cordeiro ou um cabrito”.

 

Esse fato prefigura a impecabilidade de Cristo, o perfeito Filho de Deus, Jo 8.46, “Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes”. Ver ainda Hb 4.15, “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado”.

 

 

5. Alimentar-se do cordeiro representava a identificação da comunidade israelita com a morte do cordeiro. Esta morte os salvou da morte física.

 

Êx 12.12-13, 12 Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até aos animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o SENHOR. 13 O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito”.

 

Ao participarmos da Ceia do Senhor, também nos identificamos com a morte do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, 1Co 10.16-17, 16 Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? 17 Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão”. Ver também 1Co 11.24-26, “24 e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. 25 Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. 26 Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha”.

 

Assim como os israelitas com a Páscoa, lembravam do livramento da morte e consequentemente sua saída do Egito, também realizamos a Ceia do Senhor como um memorial, (“em memória”) de nossa libertação ocorrida no Calvário, 1Co 11.24, “e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim”.

 

 

6. A aspersão do sangue nas vergas das portas era efetuada com fé obediente.

 

Êx 12.28, “E foram os filhos de Israel e fizeram isso; como o SENHOR ordenara a Moisés e a Arão, assim fizeram”. Ver ainda Hb 11.28, “Pela fé, celebrou a Páscoa e o derramamento do sangue, para que o exterminador não tocasse nos primogênitos dos israelitas”.

 

Essa obediência pela fé resultou, então, em redenção mediante o sangue, Êx 12.7, 13, “7 Tomarão do sangue e o porão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem. 13 O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito”.

 

A salvação mediante o sangue de Cristo se obtém somente através da “obediência da fé”, Rm 1.5, “por intermédio de quem viemos a receber graça e apostolado por amor do seu nome, para a obediência por fé, entre todos os gentios”. Ver também Rm 16.26, “e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações”.

 

 

7. O cordeiro da Páscoa devia ser comido juntamente com pães asmos.

 

Êx 12.8, “naquela noite, comerão a carne assada no fogo; com pães asmos e ervas amargas a comerão”.

 

Uma vez que na Bíblia o fermento normalmente simboliza o pecado e a corrupção (Mt 16.6, “E Jesus lhes disse: Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus”; Mc 8.15, “Preveniu-os Jesus, dizendo: Vede, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes”), esses pães asmos representavam a separação entre os israelitas redimidos e o Egito, i.e., o mundo e o pecado, Êx 12.15, “Sete dias comereis pães asmos. Logo ao primeiro dia, tirareis o fermento das vossas casas, pois qualquer que comer coisa levedada, desde o primeiro dia até ao sétimo dia, essa pessoa será eliminada de Israel”. Semelhantemente, o povo redimido por Deus é chamado para separar-se do mundo pecaminoso e dedicar-se exclusivamente a Deus.