A VINGANÇA
DO AMOR
(Testemunho)
Por: Sammis
Reachers
Pr. José Antônio Corrêa
Meu nome é Dabousu. Nasci na França e durante a Segunda
Guerra Mundial defendi minha Pátria nos campos de batalha.
No ano de 1944 fui
feito prisioneiro pela Gestapo (polícia alemã) e fui condenado à morte.
Considerando que era casado e tinha quatro filhos, não me mataram, mas fui
levado a um campo de concentração e condenado à cadeia perpétua.
Depois de nove meses,
pesava somente 40 quilos. Meu corpo estava coberto de chagas. Quebrei o braço
direito, e, devido á falta de recursos médicos, o osso se soldou fora do lugar.
No dia 24 de dezembro
meus pensamentos estavam mais do que nos outros dias, voltados para minha
família. Eu estava no meio da depravação e da sujeira e, em contraste,
imaginava como estariam minha esposa e filhos. Mergulhado nestes pensamentos,
um policial entrou no pavilhão onde eu e os presos dormíamos. Gritou meu nome.
Apresentei-me a ele e me deu ordem para segui-lo. Levou-me à casa do
comandante. Guiou-me até a sala de jantar onde o comandante estava assentado
perante uma mesa preparada como se fosse o banquete de um rei. Que visão
maravilhosa para os meus olhos famintos! No entanto, não me ofereceu sequer as
migalhas.
Deixou-me parado,
fitando-o, enquanto se regalava com as várias iguarias que estavam sobre a
mesa. Assim passou o tempo; ele comendo e eu olhando-o.
Certamente, o
comandante sabia que eu era um cristão no Senhor Jesus Cristo e escolheu esta
maneira de torturar-me. Deve ter chegado a ele a notícia de que eu falava de
meu Salvador a meus companheiros. E satanás tentou-me de maneira terrível.
Soavam em minha mente estas palavras: “Como é, Dabousu, continuas crendo no
Salmo 23? Nele não está escrito: “O Senhor é meu Pastor, NADA ME FALTARÁ?”.
Naquele momento orei fervorosamente ao Senhor, ao mesmo tempo em que dizia para
comigo mesmo: Sim, continuo crendo no Salmo 23. Continuo crendo na Palavra de
Deus”.
Naquele preciso
momento, um rapaz chegou trazendo uma bandeja com uma xícara de café e vários
pastéis. Os pastéis pareciam bem saborosos e o comandante comia-os com muita
satisfação. Voltou-se para mim e me disse: “Sr. Dabousu, sua senhora é uma
excelente cozinheira. Dou-lhe os meus parabéns por seu trabalho”.
Quando o comandante
percebeu que eu não o entendia foi mais explícito: “Há sete meses que sua
esposa está enviando-lhe periodicamente um pacote com biscoitos, pastéis,
tortas e todas estas coisas que está vendo sobre a mesa. Tenho apreciado muito
a comida de sua esposa”.
Agora eu estava
entendendo o que ele quis dizer-me. Pensei em minha querida esposa e nas
crianças. Do pouco que certamente teriam para comer, abstinham-se do melhor
para que eu tivesse alguma coisa para comer. E ali estava um homem enchendo seu
estômago com ricos manjares à custa de minha querida família.
Mais uma vez, o diabo
veio tentar-me. A voz do tentador soava em minha mente: “Odeie-o, Dabousu,
aborreça-o, maldiga-o, grite, bata nele...” Eu orei fervorosamente e Deus me ajudou.
Nenhum sentimento de ódio encheu meu coração, porém, eu ansiava que ele me
convidasse para comer. Mesmo que não me desse nada para comer, que pelo menos
deixasse pegar naqueles alimentos feitos carinhosamente pelas mãos de minha
esposa. Mas o comandante egoísta e glutão comeu tudo e depois me dirigiu
palavras grosseiras. Finalmente, disse-lhe: “Senhor comandante, embora o Sr.
tenha tantas coisas, na realidade é pobre. Quanto a mim, sou rico, pois sou
salvo pelo sangue precioso do Senhor Jesus Cristo”.
Após ouvir meu
testemunho, seu furor acendeu-se contra mim de tal maneira que suas palavras
passaram a cair sobre mim como uma cachoeira. Mandou-me de volta para o
pavilhão, junto com meus companheiros.
Quando terminou a
guerra fui libertado junto com os outros prisioneiros. Daquele dia em diante me
propus a descobrir o paradeiro do comandante. A maior parte dos comandantes dos
campos de concentração foram mortos. Este, porém, tinha escapado usando um
disfarce. Durante mais de dez anos o procurei, até que por fim consegui
descobrir seu paradeiro. Fui visitá-lo, acompanhado de um pregador do
Evangelho. Inicialmente, fingiu não me reconhecer.
“Eu era o número 175
no registro do campo de concentração”, disse-lhe eu. “O Sr. não se lembra do
dia 24 de dezembro de 1944?”
Como uma folha
estremecida pelo vento, o homem começou a tremer. Sua esposa, que estava a seu
lado, ficou cheia de pânico. “Veio para vingar-se?”, disse-me ela com voz
temerosa e fraca. Eu respondi: “Sim, vim para vingar-me”. Olhou-me atemorizada.
Abaixei-me para pegar
um pacote que eu tinha trazido, abri-o e apareceu uma magnífica torta feita por
minha esposa. Pedi a Sra. do comandante que nos preparasse um café. Quando
ficou pronto, os quatro nos assentamos à mesa.
Enquanto comíamos, os
olhos do antigo comandante se encheram de lágrimas. Implorou-me que o
perdoasse. Respondi-lhe: “Ali mesmo, enquanto o Sr. me perseguia, eu o perdoei
em nome do Senhor Jesus Cristo”.
Um ano mais tarde, o
antigo comandante juntamente com sua esposa aceitaram o Senhor Jesus como seu
Salvador. Continuaram na fé e deram evidências de que tinham nascido de novo.
Guiados pelo Espírito Santo, eles entenderam o amor de Deus, derramado em nosso
coração. Este mesmo amor nos ajuda a obedecer às palavras do Senhor Jesus
Cristo. “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos
torneis filhos de vosso Pai celeste (Mateus 5.44-45)”.