ASPECTOS DA NOVA ALIANÇA

HB 8.8-13

 

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

 

“8 Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, Em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei uma nova aliança, 9 Não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para tirá-los da terra do Egito; Como não permaneceram naquela minha aliança, Eu para eles não atentei, diz o Senhor. 10 Porque esta é a aliança que depois daqueles dias. Farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo; 11 E não ensinará cada um a seu próximo, Nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; Porque todos me conhecerão, Desde o menor deles até ao maior. 12 Porque serei misericordioso para com suas iniqüidades, E de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais. 13 Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar”.

 

 

INTRODUÇÃO:

 

1. Olhando para o Velho testamento, podemos notar que Deus sempre firmou “alianças” com seu povo. Ele pode ser chamado naquele período de “Deus da Aliança”, devido a esta particularidade. Fez aliança com Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Davi, e muitos outros.

 

2. Conforme vimos pela leitura da Palavra de Deus desta noite, o assunto em questão é a nova aliança, estabelecida por Deus com seu povo. A palavra “aliança”, vem do termo hebraico tyrb” - berith, e do termo grego diatheke” - diatheke, que também podem ser traduzidos por “pacto”, “concerto”, “acordo”, “testamento”, e indicam um acordo bilateral, onde há exigências, e privilégios.

 

3. Quando Jesus instituiu a sua Ceia, usou o termo diatheke, associado ao seu sangue, 1 Co 11.25, “Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim”. Tal colocação de Jesus indica que sua aliança conosco é uma aliança, cujo elemento principal foi o seu sangue derramado na cruz.

 

4. Nesta noite queremos ver a partir do texto lido, “alguns aspectos da aliança que Deus fez conosco mediante o sangue de Cristo”.

 

 

I. A NOVA ALIANÇA, É UMA ALIANÇA EM QUE SEUS TERMOS SÃO GRAVADOS NO CORAÇÃO DE CADA PARTICIPANTE

 

Vs. 10, “Porque esta é a aliança que depois daqueles dias. Farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo”.

 

1. Todos nós sabemos que a aliança antiga, era carregada de preceitos legais, aos quais se deveriam obedecer. Porém tais preceitos tornavam a lei em muitos pontos impraticável, o que colocava o seu participante debaixo de maldição, Gl 3.10, “Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”.

 

2. Agora, na nova aliança, estes preceitos não seriam mais transcritos em pedras, pergaminhos, mas nas mentes e nos corações dos participantes. Não seria uma simples legislação a ser obedecida pelo homem, mas algo que vem pelo Espírito de Deus sobre a alma, transformando o homem em alguém de conformidade com a “imagem moral” de Cristo. Este processo faz do homem um “filho de Deus”.

 

3. Paulo chama esta nova lei de “A Lei do Espírito de Vida”, Rm 8.2, “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte”.

 

a) De acordo com este texto, Paulo deixa claro que a Lei do Espírito de Vida, implantada em nossas mentes e corações, substituiu a lei mosaica. Em Rm 8.1, o apóstolo, fala da condenação que era imposta sobre os antigos participantes, agora isenta, para os que estão em Cristo Jesus: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”. Note o advérbio “agora”, que expressa um determinado tempo da história, que é evidentemente, o tempo da nova aliança, onde as condenações da antiga aliança, não mais recairiam sobre o participante da nova. Este novo participante, que está em Cristo Jesus, não está mais sujeito a “nenhuma condenação”.

 

b) O argumento de Paulo é forte, quando diz que a Lei do Espírito de Vida, o havia “livrado da lei do pecado e da morte”. Certamente, esta lei do pecado e da morte é a lei mosaica, que punia com morte os desobedientes. Paulo fala em outro texto que o pecado e consequentemente as imposições legais, não mais exercem domínio no homem da nova aliança, Rm 6.14, “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”.

 

4. Note que a nova lei, a Lei do Espírito de Vida, atinge dois pontos: O Entendimento (razão) e o coração. Isto ocorre porque o homem não é só sentimento, mas também razão. Em nosso relacionamento com Deus estão envolvidas tanto as nossas faculdades mentais (raciocínio), como também nossas faculdades sentimentais (coração):

 

a) Mente, Rm 12.1-2, “1 Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. 2 E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. Dois pontos são importantes aqui:

 

a.1) Paulo nos fala que precisamos “apresentar nossos corpos em sacrifício, que é o culto racional”. Isto equivale a dizer que o nosso culto a Deus não é composto só de sentimentos, mas também de razão, inteligência.

 

a.2) Paulo fala também em “renovação de nosso entendimento”. Ou seja, a nossa maneira de pensar, de entender, precisa passar por um processo de renovação, na medida em que o Espírito Santo traz à nossa mente novas revelações. Temos aqui a palavra grega “nous” - nous, que é traduzida por “mente”.

 

b) Sentimento, Cl 3.23, “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens”. Não somente nossa mente, nosso intelecto, deve ser envolvido em nosso culto a Deus, mas também os nossos sentimentos, o nosso coração.

 

5. Como vimos a nova lei, é uma lei que é gravada tanto na mente como também no coração do verdadeiro filho de Deus, capacitando-o para uma adoração perfeita, e que agrade aos propósitos de Deus, Cl 3.16, “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração”.

 

 

II. A NOVA ALIANÇA, É UMA ALIANÇA EM QUE OS INTERMEDIÁRIOS SÃO DISPENSÁVEIS, POIS TODOS PODEM CONHECER A DEUS DIRETAMENTE E INDIVIDUALMENTE

 

Vs. 11, “E não ensinará cada um a seu próximo, Nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; Porque todos me conhecerão, Desde o menor deles até ao maior”.

 

1. Desde seus primórdios, os praticantes do cristianismo, insistiam no fato de que havia necessidade de alguém que intercedesse diante de Deus pelos homens. Foi quando o clero foi criado. Se você olhar nos melhores dicionários da língua portuguesa, você vai encontrar uma das definições de “clero”, como sendo “a classe sacerdotal”. Devemos lembrar que no AT, os sacerdotes, eram responsáveis para intercederem diante de Deus pelos homens, sendo portanto, seus representantes e intermediários. O mesmo sistema ainda é usado hoje na Igreja Católica Romana.

 

2. Porém a nova aliança, realizada através de Cristo com seu sangue, elimina a função sacerdotal, fazendo com que todos os filhos de Deus sejam sacerdotes, podendo interceder por si próprios, 1 Pe 2.5, “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo”.

 

a) No presente texto Pedro estabelece uma nova classe sacerdotal: A de todos os filhos de Deus, que compõem a nova aliança. Cada um de nós é um “sacerdote” diante de Deus.

 

b) Como “sacerdotes” estamos aptos, sem a interferência e intercessão de ninguém, para “oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus...”. O que isto significa? Significa a eliminação de qualquer intermediário entre Deus e os homens.

 

3. Se precisamos de um intercessor, precisamos nos conscientizar que somente um é apto, qualificado para nos apresentar diante de Deus, Jesus Cristo:

 

a) 1 Tm 2.5, “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem”. Temos aqui a palavra grega mesites” - mesites, que significa “árbitro”, “mediador”. Cristo é o único que pode ser nosso mediador. Este termo aparece também em alguns versículos da carta aos Hebreus. Um deles é Hb 12.24, “E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel”.

 

b) Rm 8.34, “Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós”. O texto nos informa que Cristo está à direita de Deus (posição de destaque), de onde vive a interceder por nós. A palavra “interceder”, tem a ver com a atitude daquele que “intervém com pedido, rogo ou súplica a favor de outrem”. Esta é a função que Cristo ocupa ao lado de Deus.

 

4. É por esta razão que ao orarmos a Deus, devemos fazê-lo sempre em nome de Jesus, nosso intercessor diante do Pai, Jo 16.23, “E naquele dia nada me perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar”.

 

5. Tirando a pessoa de Jesus, nosso intercessor por excelência, a Bíblia não nos apresenta nenhum outro com esta função, razão pela qual discordamos de orações feitas a qualquer outro que não seja a Jesus, ou a Deus em nome de Jesus. Todos nós podemos aparecer diante de Deus, mediante Jesus Cristo para fazermos nossos pedidos.   

 

 

III. A NOVA ALIANÇA, É UMA ALIANÇA EM QUE PELA MISERICÓRDIA DE DEUS, OS NOSSOS PECADOS NÃO MAIS SERÃO IMPEDIMENTOS PARA NOSSA COMUNHÃO COM CRIADOR

 

Vs. 12, “Porque serei misericordioso para com suas iniqüidade, E de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais”.

 

1. Quando olhamos para Deus e sua Palavra, podemos ver que nossos pecados são denunciados, punidos. Porém, como pecadores, somos alvos da misericórdia de Deus, Lm 3.22, “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim”. Deus pune o pecado, mas ama o pecador.

 

2. Pelo amor que Deus tem para com seus filhos, nesta nova aliança, Ele é misericordioso em relação às nossas iniqüidades, esquecendo-se de nossos pecados. Não que Deus seja injusto, mas Ele tem uma forma especial para tratar com nossos pecados e fraquezas:

 

Velho Testamento

 

a) Is 1.18, “Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”.

 

b) Is 43.25, “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro”.

 

Novo Testamento

 

a) 2 Co 5.19, “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação”.

 

b) 1 Jo 1.7-9, “7 Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. 8 Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. 9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”.

 

Conclusão:

 

1. Vimos nesta noite os principais aspectos da nova aliança:

 

a) Seus termos são gravados nos corações dos participantes,

b) Nela não há mais necessidade de intermediários entre Deus e o homem,

c) Ela atinge diretamente nossos pecados, os quais são perdoados por Deus e consequentemente apagados.

 

2. Como filho de Deus você pode desfrutar destas bênçãos e ter a convicção de que a Palavra de Deus está em sua mente e coração, e que você não necessita mais de intermediários em seu relacionamento com o Senhor, e ainda que seus pecados foram perdoados e esquecidos por Deus. Desfrute destas bênçãos!

 

3. Quando àqueles que não são crentes, nesta noite nós os convidamos para que façam parte desta nova aliança, recebendo Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas.